terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Alguns aspectos do Alto do Lumiar (Fevereiro de 2006)

Esta fúria de fazer pequenas reportagens sobre este bairro de Lisboa tem permitido ao longo dos últimos meses perceber o ritmo de evolução deste mega projecto urbanístico. Não é demais dizer que todos os dias se notam pequenos avanços nas obras mais emblemáticas que têm sido muito faladas nos folhetos de propaganda da SGAL.
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Quem não vive na área do Alto do Lumiar e zonas envolventes tem dificuldade em perceber no meio de tantas frentes de obra, quais são necessidades mais prementes dos habitantes. Isso aconteceu comigo, no período compreendido entre 2001 e 2005, onde apenas me apercebi da existência de alguns atrasos na construção das grandes obras emblemáticas: eixo Norte-Sul, passeio de Lisboa, Porta Sul (Calvanas) e Av. Santos e Castro.A partir do momento em que me tornei num habitante do Alto do Lumiar comecei a enfrentar as dificuldades da vivência diária de um bairro habitacional permanentemente em obras.

A meu ver a forma mais interessante de fazer estas pequenas reportagens é aliar o exercício físico com a fotografia. Pedalando posso facilmente observar o que se vai construindo ou já se construiu por estes lados da cidade de Lisboa. Eis algumas fotografias que retratam as áreas mais próximas do eixo N-S (datam de 26 de Fevereiro de 2006):

O empreendimento “Lx-condomínio”
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O nó da Ameixoeira do eixo N-S
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Eixo N-S e a Ameixoeira (por aqui o caminho para a estação de metro seria directo)
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Eixo N-S e o Lumiar (será que o célebre viaduto cabe aqui?)
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Lumiar visto do Alto do Lumiar (para quando a ligação entre estas duas zonas vizinhas?)
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Pedalar na Alta é "bué da fixe" !

Fiquei rendido! Incentivado pelo João Tito que me emprestou uma bicicleta, participei pela primeira vez no evento mensal de Bicicleta na Alta de Lisboa. Obrigado João!! :-)

Pois é, mesmo depois de uma -bem comportada?!- noitada de sábado lá me levantei -a custo- para cumprir com o que tinha combinado.

Porque é que estou a escrever estas linhas perguntam alguns de vocês... porque não quis deixar de partilhar com todos os que leem este blog o bem que me soube este passeio. Mesmo mal dormido, lá me aguentei a pedalar em cima da bicicleta que por sinal já não o fazia há já alguns anos.
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Passeámos por uma boa parte da zona da Alta de Lisboa. Foi um passeio bastante agradável e uma manhã de domingo muito bem passada.

Mesmo já pré-concordando com todo este movimento de implantação de vias cicláveis na Alta de Lisboa, no último passeio senti mesmo que a nossa Alta convida ao uso da bicicleta. As distâncias entre as várias zonas do nosso bairro encurtam considerávelmente e as mais valias para os seus moradores tanto em termos de comunidade como pessoais, serão concerteza muitas.

Se tiverem bicicleta, participem neste evento!. Para além do agradável passeio e companhia, estaremos sempre a dar uma ajuda por esta causa na Alta de Lisboa.

A aquisição de uma bicicleta já fazia parte dos meus planos de investimentos e saiu agora reforçada.

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domingo, 26 de fevereiro de 2006

Eixo Norte-Sul



E para que não digam que deixei definitivamente de postar sobre a Alta de Lisboa, aqui vão duas fotografias do eixo Norte-Sul. Desde as primeiras que tirei, esta e esta, os avanços são notórios.
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O eixo irá agora esventrar o Lumiar, voando num viaduto que se prevê estar pronto daqui a um ano. Centenas de pessoas passarão a ter como vista e companhia junto às suas janelas e varandas os milhares automóveis que cruzarão noite e dia a nova estrada. Era evitável? Podia ter-se optado por uma solução em túnel, poupando os moradores à poluição atmosférica, visual e sonora?

Sim, se se tivesse conjugado essa solução com o túnel do metro. Agora é tarde e impossível.

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A solidão nos bairros envelhecidos

O relato que o DN publica hoje da prisão forçada e do isolamento dos idosos que já não conseguem descer e voltar a subir as escadas dos prédios sem elevador onde habitam é desoladoramente triste.

Reflete não só o abandono dos velhos pelas suas famílias, dada a lufa-lufa quotidiana da casa-emprego que lhes retira tempo e humanidade, mas também retrata a vida dos bairros da Lisboa antiga, com prédios envelhecidos e desocupados, à espera que os últimos inquilinos partam de vez para serem deitados abaixo e reerguidos a preços exorbitantes.
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Idosos sem culpa em prisão domiciliária
Sónia Morais Santos
Paulo Spranger

Entre a dona Albertina e a rua há 68 degraus. Quatro andares. Entre ela e o bulício da Baixa lisboeta há uma barreira intransponível. Albertina Costa tem 82 anos e não sai de casa há cinco. "Já viu o que é, minha querida? Cinco anos aqui fechada? O que me vale é a janela. Sento-me aqui, tenho esta almofadinha para apoiar os braços e fico a ver quem passa. É triste. Mas é a vida."

A vida da dona Albertina ficou reduzida às duas pequeníssimas assoalhadas do seu quarto andar sem elevador quando, há cinco anos, caiu das escadas e partiu a bacia. "Desci um andar de rabo que foi uma pressa! Quando parei pensei que tinha morrido. Mas não. Tive azar. Não só não morri como fui condenada a prisão perpétua." Uma prisão perpétua sem culpa formada. Albertina leva um lenço aos olhos. Não se conforma: "Logo eu que sempre gostei tanto de andar na rua, de dar os meus passeios. Tinha o passe e ia para todo o lado. Ai menina, ai menina... Quando vou para a janela, farto-me de chorar. Sempre que vejo os meus autocarros passar penso nos sítios todos para onde eu ia, se pudesse."

Se pudesse, Albertina ia de caras a Belém comer um pastelinho ou dois, apanhava mais um autocarro ou outro e ia até à Avenida de Roma ver as montras, continuava por ali fora até voltar para casa ao fim do dia. Se não fosse a osteoporose e a coluna e as dores na perna e as artroses, se não estivesse "assim toda velha" não vivia pregada à janela a ver os autocarros passar.

Vale-lhe o apoio da família e da empregada que lhe trata da casa, faz companhia e descreve o que se passa na rua: "Os olhos dela são os meus. Ela vai à rua, conta-me as novidades, descreve-me os sítios que não vejo há cinco anos, manda-me os cumprimentos dos comerciantes... É um anjo. Se não fosse ela..."

Albertina é viúva há doze anos. Tem dois filhos e três netos. As visitas não são tão frequentes quanto ela gostaria, mas "já se sabe, eles têm a sua vidinha, é mesmo assim". E se há coisa que recusa é ser um estorvo na vida de alguém. "Deus me livre! Antes morrer já hoje."

Histórias como a de Albertina Costa são muito mais comuns do que se possa pensar, sobretudo nas zonas velhas da cidade de Lisboa. Alguns prédios antigos com quatro e cinco andares já sofreram alterações e receberam elevadores. Outros, por impossibilidade física ou indisponibilidade financeira, não. E os habitantes dos andares mais altos envelhecem entre quatro paredes, demasiado perto do céu, demasiado longe da vida que continua, vários andares abaixo.

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sábado, 25 de fevereiro de 2006

País corrupto VIII

Ricardo Sá Fernandes confirma alusões ao PS
DN - Sábado, 25 de Fevereiro de 2006

Ricardo Sá Fernandes confirma: houve alusões ao PS nas conversas com Domingos Névoa. Contudo, apesar de admitir que o empresário falou sobre os vereadores socialistas, o advogado e irmão do vereador eleito pelo Bloco de Esquerda, José Sá Fernandes, (alvo do alegado suborno) não quer revelar o conteúdo nem pormenores das palavras do empresário minhoto. "É melhor esperar que o processo deixe de estar em segredo de justiça para depois toda a gente poder conhecer o verdadeiro efeito das afirmações proferidas", disse ao DN.
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Ontem, o semanário O Independente noticiava que o administrador da Bragaparques, que alegadamente tentou corromper José Sá Fernandes, terá também garantido que os vereadores socialistas não seriam um obstáculo ao negócio dos terrenos da Feira Popular. O jornal, que se reporta à "transcrição das conversas gravadas pela Polícia Judiciária, entre Domingos Névoa, que foi indiciado pelo crime de corrupção, e Ricardo Sá Fernandes, que serviu de 'agente encoberto'", faz referência a afirmações de Névoa, segundo as quais o vereador do BE não teria que se preocupar com as tomadas de posição dos socialistas sobre a questão da venda dos terrenos da antiga Feira Popular porque, nas suas palavras, "o PS já está (...)".

De acordo com o Independente, o empresário terá reforçado a sua convicção junto de Ricardo Sá Fernandes evocando o negócio do Vale de Santo António. Recorde-se que este último negócio (de venda de lotes da EPUL a um promotor imobiliário) foi alvo da contestação da oposição camarária (BE, PCP, Maria José Nogueira Pinto) e de três dos cinco vereadores PS que em vão tentaram inviabilizá-lo. Dois eleitos socialistas acabaram por abster-se na votação que determinaria a rejeição das propostas da oposição e que ditou a prossecução destas negociações, apoiadas também pelo PSD.

Ricardo Sá Fernandes sublinha a "eloquência" das palavras do empresário da Bragaparques e assegura: "É bom que tais palavras possam vir a ser ouvidas já que estas gravações vão ter o mesmo efeito que as imagens do cemitério de Santa Cruz em Timor tiveram na política internacional". Segundo Ricardo Sá Fernandes, "naquelas conversas o senhor Névoa explica tudo, como é que se faz, onde é que se faz, está lá tudo", acrescenta Ricardo Sá Fernandes, que faz questão de sublinhar, "da nossa parte, minha e do meu irmão, não há qualquer acusação feita ao PS, que isso fique claro!". Entretanto, os socialistas de Lisboa rejeitaram liminarmente o conteúdo da notícia d'O Independente. Em comunicado, o PS diz que "a notícia se baseia em insinuações, constituindo um exercício de especulação jornalística", condena "a aparente violação do segredo de justiça que está na base desta notícia" e mais: "A notícia visa pôr em causa a honra e o bom nome do PS e da sua vereação na CML". Se houver suspeitas, diz o PS " investigue-se até ao fim, sem limites, sem demoras e doa a quem doer".

Contactado pelo DN, Dias Baptista, um dos vereadores do PS que se absteve na votação sobre o Vale de Santo António, rejeita "qualquer ligação" do seu nome com a questão. "Eu não conheço o senhor Domingos Névoa. A minha posição na votação sobre o Vale de Santo António, foi clara, segui uma prática anterior do PS em relação a questões semelhantes. Os outros vereadores do PS votaram de maneira diferente porque houve uma dessincronia na nossa bancada", disse.

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País corrupto VII



O que estava em causa no negócio da Feira Popular?
A CML era proprietária dos terrenos de Entrecampos, que eram o “filet mignon” dos terrenos camarários. A Bragaparques era proprietária dos terrenos do Parque Mayer que, por estarem numa área classificada, tinham pouca margem de construção A permuta dos terrenos de Entrecampos pelos do Parque Mayer resumiu-se a trocar ouro por palha.
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O negócio que resultou na venda da outra metade dos terrenos da Feira Popular, também foi mau?
Quando a câmara resolveu pôr em hasta pública a outra metade dos terrenos aparecem vários concorrentes, entre os quais a Bragaparques. Esta empresa, salvo erro, apresenta a quarta melhor oferta. E as duas primeiras, feitas por João Bernardino Gomes, que também estava envolvido no negócio do Vale de Santo António, foram retiradas. Não entendo como é que a câmara aceita que se retirem as duas melhores propostas.
Ainda ficou uma proposta superior à da Bragaparques…
A Bragaparques resolveu exercer um direito de preferência para ficar com os terrenos. O problema é que esse direito de preferência não existia, mas foi aceite pela câmara.

Porquê?
Porque parece que a Bragaparques só aceitaria o acordo anterior se tivesse o direito de preferência. Mas o problema é que não houve nenhuma deliberação da câmara ou da assembleia municipal a dizer que aceitava essas condições.

Esse é o objecto da acção que pôs no Tribunal Administrativo?
O objectivo foi impugnar o negócio da permuta dos terrenos e contestar a retirada das duas melhores propostas da hasta pública e o exercido de um direito de preferência que não existia. Sendo certo que no meio disto, a lei diz que é preciso fazer um plano antes de se saber qual o índice de construção. Em Entrecampos e no Parque Mayer fez-se a transacção antes de qualquer plano. No primeiro caso, também posso afirmar que quem fez o plano foi o arquitecto da Bragaparques, que foi contratado pela câmara.

A sua proposta para investigação de todos os negócios que envolviam a câmara e a Bragaparques foram chumbados. Tem algum comentário a fazer?
Parece-me mal. Sabemos que uma empresa está sob forte suspeita do Ministério Público e do Tribunal. Domingos Névoa foi indiciado pelo crime de corrupção activa. Face a isto, o mínimo que a câmara tinha de fazer era dar resposta aos meus pedidos.

Que pedidos eram esses?
Um relatório de todos os negócios antigos entre a CML e a Bragaparques e, o que era natural, um relatório dos negócios em curso. Também se devia fazer uma auditoria financeira e dos procedimentos administrativos para analisar estes negócios todos. Era do interesse da própria câmara e dava um sinal de que queria combater a corrupção e acabar a suspeição que recai sobre si própria.

A vereadora social-democrata Gabriela Seara disse que não era justo deixar sob suspeita todo o executivo do PSD…
Não é uma crítica justa. Não quero pôr ninguém sobre suspeita. Quero rigor.

A tentativa de corrupção gravada pelo seu irmão vai mudar alguma coisa?
A gravação foi fundamental. Os lisboetas e os portugueses têm agora uma certeza: isto existe. Vale a pena combatermos com muito vigor a corrupção. E, por isso, estranho que a câmara não queira identificar os negócios em curso com a Bragaparques.

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País corrupto VI



«O PS já está»
Administrador da Bragaparques que tentou corromper José Sá Fernandes garantiu que os vereadores socialistas não seriam um obstáculo ao negócio dos terrenos da Feira Popular. PJ tem tudo gravado.

Francisco Trigo de Abreu

Domingos Névoa, sócio e administrador da Bragaparques, garantiu a Ricardo Sá Fernandes, advogado e irmão do vereador da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, que o PS levantaria nenhum problema à consumação do negócio de venda dos terrenos municipais onde estava situada a antiga Feira Popular à Bragaparques.
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Na transcrição das conversas gravadas pela Polícia Judiciária entre Domingos Névoa, que foi indiciado pelo crime de corrupção, e Ricardo Sá Fernandes, que serviu de “agente encoberto” numa operação dirigida pela PJ, o construtor civil sublinha que José Sá Fernandes não teria de se preocupar com futuras tomadas de posição dos socialistas em relação ao negócio que envolve a venda dos terrenos da antiga Feira Popular. “O PS já está (...)“, garantiu Domigos Névoa a Ricardo Sá Fernandes. O sócio da Bragaparques avançou mesmo com o exemplo de outro negócio imobiliário que envolve a autarquia para garantir a Ricardo Sá Fernandes que o irmão não ficaria isolado politicamente se aceitasse recuar na oposição ao negócio da Feira Popular: “Você não vê o que aconteceu no Vale de Santo António?”, perguntou Névoa durante o encontro gravado pela PJ.

Este outro negócio envolveu a venda de vários lotes de terrenos camarários ao construtor João Bernardino Gemes (entretanto falecido). Em Novembro do ano passado, deram entrada três propostas da oposição camarária que visavam parar todos os negócios entre a EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa) e um promotor imobiliário — no caso João Bernardino Gomes, através da sua empresa Melro Imobiliária – para a venda, por cerca de 61,5 milhões de euros, de lotes de terreno no Vale de Santo António

As propostas de suspensão do negócio foram chumbadas devido a providencial aliança dos vereadores do PD e de Dias Baptista e Natalina Moura, vereadores do PS, que se abstiveram na votação final. Os outros três vereadores socialistas, Manuel Maria Carrilho, Nuno Gaioso Ribeiro e Isabel Seabra votaram a favor da suspensão do negócio. Tal como José Sá Fernandes, Maria José Nogueira Pinto, do CDS/PP e os dois vereadores do PCP

“Charutada ao Sampaio”. Além das referências ao envolvimento do PS no negócio do Vale de Santo António, as transcrições das conversas entre Ricardo Sá Fernandes e Domingos Névoa, que decorreram no bar do Hotel Mundial, em Lisboa, durante o mês de Janeiro, e foram noticiadas na última edição do “Expresso”, são muito explícitas em relação à tentativa de corrupção sobre José Sá Fernandes. De acordo com os registos das conversas, no primeiro encontro Domingos Névoa já propusera a Ricardo Sá Fernandes que o irmão vereador do Bloco de Esquerda aceitasse uma verba para recuar na sua oposição ao negócio da venda dos terrenos da Feira Popular.

No segundo e terceiro encontros, as propostas foram ainda mais directas. Numa das conversas, e depois de Ricardo Sá Fernandes explicar a Domigos Névoa que ia jantar com José Sá Fernandes nesse mesmo ia, o construtor civil não teve meias palavras: “O seu irmão que diga quanto quer.” Perante a falta de propostas de Ricardo Sá Fernandes, Névoa avançou com uma proposta de 200 mil euros para fazer o vereador bloquista mudar de ideias.

Nos diálogos também são discutidas detalhadamente as condições para que José Sá Fernandes pudesse receber o dinheiro. O vereador teria de retirar a acção que moveu contra a Bragaparques no Tribunal Administrativo e na qual o vereador pede a anulação do negócio entre a empresa de Domingos Névoa e Câmara de Lisboa.

Uma conferência de imprensa e uma declaração na autarquia seriam outras duas exigências de Névoa. Nestas acções encenadas, José Sá Fernandes explicaria que, contrariando tudo o que defendera até à data, não via nenhum problema nos negócios da venda de terrenos da Feira Popular à Bragaparques. Durante as conversas com Ricardo Sã Fernandes, Névoa também discutiu a possibilidade de José Sã Fernandes fazer um ataque directo ao Presidente da República; “O seu irmão podia dar uma ‘charutada’ ao Sampaio”, sublinha o construtor, numa referência ao facto de Jorge Sampaio ter vetado um primeiro negócio entre a Bragaparques e a Câmara Municipal de Lisboa. Este passava pela construção de um casino nos terrenos do Parque Mayer, propriedade da Bragaparques, que, mais tarde, foram o objecto da permuta que permitiu que a empresa ficasse proprietária de vários lotes de terreno na Feira Popular.

Uma “conversa do Além”. Domingos Névoa explicou ainda que os 200 mil euros seriam entregues em dinheiro. Na primeira conversa com Ricardo Sá Fernandes avançou a sua casa no Minho como o local apropriado para o pagamento. Nas conversas posteriores, e já mais à vontade, concluiu que a entrega dos valores poderia ser feita no parque de estacionamento do Martim Moniz e que seria feita em duas etapas. A primeira tranche de 100 mil euros seria oferecida antes de José Sá Fernandes tomar uma posição pública. A segunda, depois de concluído todo o negócio.

Ainda durante os encontros, Domingos Névoa vincou a Ricardo Sã Fernandes a necessidade de sigilo máximo sobre a abordagem ao vereador da Câmara de Lisboa: “Isto são conversas do Além”, afirmou o construtor. Confuso, Ricardo Sá Fernandes pediu-lhe para explicar o significado da expressão. Névoa significado da expressão. Névoa não se faz rogado: “É como se estivéssemos num carro funerário”.

Domingos Névoa foi constituído arguido na passada sexta-feira, permanecendo em liberdade após o pagamento de uma caução de 150 mil euros. O sócio e administrador da Bragaparques está indiciado pelo crime de corrupção activa. Este tipo de crime não necessita que seja feita uma entrega de dinheiro efectiva. Basta a verificação, com provas abundantes, de que houve uma proposta ilícita. Desde o início do caso que a Bragaparques tem negado todas as acusações.

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País corrupto V

Corrupção: vereador quer ver todos os contratos
2006/02/23 17:26 Tatiana Alegria

Sá Fernandes investiga relação entre a câmara de Lisboa e a Bragaparques

O vereador José Sá Fernandes, apoiado pelo Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, quer passar a pente fino todos os negócios entre a Câmara de Lisboa e a Bragaparques, empresa que acusa de o ter tentado subornar.

O vereador independente enviou hoje um requerimento ao presidente da autarquia a solicitar uma «elaboração exaustiva» de todos os contratos entre a empresa e a câmara, de todas as deliberações camarárias em relação a estes contratos, e de todos negócios que ainda estão em curso com a Bragaparques, esclareceu a assessora do vereador, Catarina Oliveira ao PortugalDiário.
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O envio do requerimento tem o mesmo teor da moção que José Sá Fernandes apresentou ontem na reunião da Câmara de Lisboa e que foi rejeitada pela maioria de direita. O vereador seguiu o conselho que o vice-presidente da autarquia, Fontão de Carvalho, deu na reunião de Câmara de transformar a moção num requerimento, esclareceu a assessora bloquista.

«É evidente, até porque a gravidade da situação é reconhecida por entidades exteriores à própria Câmara Municipal de Lisboa - Ministério Público e Tribunal de Instrução Criminal -, que este é um momento que tem de ser aproveitado para tornar toda esta matéria transparente», salienta o Bloco de Esquerda em comunicado.


A moção do vereador bloquista foi rejeitada ontem pela maioria de direita, com a abstenção da vereadora social-democrata Marina Ferreira e dos socialistas. A CDU votou favoravelmente.

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País corrupto IV

Negócio Parque Mayer/Feira Popular
CML rejeita moção do vereador José Sá Fernandes
22 Fevereiro 2006


A maioria de direita da Câmara de Lisboa rejeitou hoje uma moção do vereador José Sá Fernandes, que pedia para os serviços camarários elaborarem uma relação «exaustiva» de todos os contratos e negócios entre a autarquia e a Bragaparques, de todas as deliberações camarárias e de todos os processos em curso que envolvam a referida empresa.
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Depois de quase duas horas de discussão, a moção teve os votos favoráveis da CDU, e contou com a abstenção da vereadora Marina Ferreira (PSD) e dos socialistas.

O vereador independente eleito pelo Bloco de Esquerda pôs em cima da mesa a tentativa de suborno de que terá sido alvo pela empresa Bragaparques, mas o máximo que conseguiu foram votos de solidariedade e de repúdio pela tentativa de corrupção, moção apresentada, em alternativa, pelo vereador social-democrata Pedro Feist e pela vereadora do CDS-PP, Maria José Nogueira Pinto, aprovada por unanimidade.

Em causa está a denúncia feita no passado fim-de-semana por José Sá Fernandes de que um administrador da Bragaparques teria oferecido 200 mil euros para que o vereador bloquista retirasse a providência cautelar que interpôs contra o negócio que envolveu a permuta dos terrenos privados do Parque Mayer (pertencentes àquela empresa) com parte dos terrenos municipais da Feira Popular, em Entrecampos.

Recorde-se que a Bragaparques é agora detentora da totalidade da área anteriormente ocupada pelo parque de diversões, depois de ter exercido em hasta pública um direito de preferência, que foi muito contestado pela oposição de esquerda.

O administrador da Bragaparques, Domingos Névoa, já anunciou a intenção de avançar com um processo por difamação contra Sá Fernandes, alegando que houve um «um mal entendido» e que as acusações são «falsas e caluniosas».

O vereador do BE considerou «extraordinário» que a maioria tenha rejeitado «um pedido tão simples», anunciando aos jornalistas que irá pedir, por requerimento, que lhe sejam facultados aqueles dados.

A moção inicialmente apresentada por Sá Fernandes pedia ainda que a Câmara Municipal promovesse a realização de «auditorias independentes financeiras e dos procedimentos administrativos», além de defender a suspensão de «todos os actos relativos ao processo do Parque Mayer/Feira Popular até à apresentação e discussão dos resultados da auditoria».

Sobre as declarações do vereador, o vice-presidente da autarquia, Fontão de Carvalho, também responsável pelas Finanças, disse que «põem em causa o bom-nome desta Câmara. O vereador Sá Fernandes alvorou-se mais uma vez comoo grande paladino da verdade. Foi para a comunicação social tirar aproveitamento de uma situação muito grave, o que é, do meu ponto de vista, lamentável».

O vereador comunista Ruben de Carvalho, por sua vez, defendeu que, pelo conjunto das circunstâncias, há razões suficientes para que a Câmara faça, no mínimo, uma análise cuidada, «suspendendo a exequibilidade daquilo que for possível». Considerou, porém, que «não é legítimo envolver toda a vereação, deputados municipais e os mais de 10 mil trabalhadores municipais numa suspeita generalizada de corrupção, a não ser até ao momento em que ela for provada e os seus responsáveis identificados».

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País corrupto III

Sá Fernandes questiona todos os negócios da Bragaparques
Diário Digital / Lusa 20-02-2006 14:19:00

O vereador apoiado pelo Bloco de Esquerda José Sá Fernandes levantou hoje suspeitas sobre a legalidade de todos os negócios realizados em Lisboa pela Bragaparques, empresa acusada de ter tentado subornar o autarca.
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«Tenho legítimas razões para suspeitar de todos os negócios da Bragaparques em Lisboa e vou apresentar uma moção sobre esta matéria na reunião de Câmara da próxima quarta-feira», afirmou o vereador à margem de uma conferência de imprensa sobre as salas de injecção assistida.

José Sá Fernandes revelou no sábado que foi alvo de uma tentativa de corrupção por parte do sócio principal da empresa BragaParques no âmbito do processo de permuta de terrenos da Feira Popular e do Parque Mayer.

Para o autarca, a tentativa da corrupção é «um despudor criminoso que resulta do à-vontade com que se aceita praticamente tudo».

«Quem tem o desplante de fazer isto permite-nos suspeitar de todos os outros negócios», sublinhou José Sá Fernandes, anunciando que vai pedir investigações sobre os negócios da Bragaparques, inclusivamente por parte da autarquia.

O vereador defende que «esta cumplicidade de políticos e da construção civil tem de acabar de uma vez por todas» e afirma esperar que esta situação «seja um exemplo».

«É com esta facilidade que tudo se faz. Se isto é a montra eu pergunto o que será no armazém? Enquanto vereador fui alvo de um acto de corrupção e tinha de o denunciar publicamente. Demorei algum tempo a fazê-lo porque não quis prejudicar o processo», sublinhou.

José Sá Fernandes escusou-se a comentar a queixa de difamação apresentada pelo administrador da empresa Bragaparques contra o autarca.

«A queixa apresentada por Domingos Névoa por difamação não merece comentário. O despudor e o desplante com que eu e o meu irmão [o advogado Ricardo Sá Fernandes] fomos abordados foi tanto, que indicia também que este à vontade anda por aí, o que me faz não comentar isto», adiantou.

O autarca salientou que «as provas estão no processo, estão gravadas e são insofismáveis» e que esta situação desde o princípio teve a protecção da Polícia Judiciária e do poder judicial.

O autarca contou que a alegada oferta para o «comprar» implicava três situações.

«Enquanto vereador deveria fazer uma declaração pública de que o negócio tinha sido muito interessante, que os privados se tinham portado muito bem e que, quanto muito, teria havido alguma incompetência da parte do anterior executivo. Deveria fazer uma declaração pública a dizer que desistia da acção judicial que tinha interposto antes de ser vereador e realizar uma conferência de imprensa», contou.

«Na primeira proposta foram-me oferecidos duzentos mil euros», afirmou o autarca, adiantando que a oferta dava a entender que era negociável.

«O alvo desta corrupção era eu», afirmou o vereador que diz já ter falado com a vereadora do CDS-PP Maria José Nogueira Pinto, o socialista Manuel Maria Carrilho e com o presidente da autarquia, Carmona Rodrigues, que «se manifestaram indignados e solidários».

Segundo Sá Fernandes, Domingo Névoas foi ouvido em tribunal e posto em liberdade depois de pagar uma caução de 50 mil euros.

O processo em causa envolve a permuta dos terrenos privados do Parque Mayer com parte dos terrenos municipais da Feira Popular, em Entrecampos, que passaram no anterior mandato autárquico para a posse da Bragaparques, segundo uma proposta do presidente do município aprovada na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) por maioria, apenas com os votos contra do PCP e dos Verdes.

A Bragaparques passou em 2005 a deter a totalidade da área anteriormente ocupada pela antiga Feira Popular, depois de ter exercido direito de preferência na hasta pública, realizada em Julho, para adquirir a parte que lhe faltava dos terrenos de Entrecampos.

Na altura, a oposição e a AML contestaram o negócio, alegando não ter aprovado qualquer direito de preferência à Bragaparques.

Enquanto candidato pelo Bloco de Esquerda, a 14 de Julho de 2005, José Sá Fernandes anunciou que iria tentar inviabilizar a permuta dos terrenos, com uma providência cautelar no tribunal Administrativo Fiscal de Lisboa.

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País corrupto II

Reacção à acusação de tentativa de suborno do vereador
Sócio da Bragaparques fez queixa-crime contra Sá Fernandes por difamação
18.02.2006 - 12h53 Lusa, PUBLICO.PT


O sócio e administrador da empresa Bragaparques, Domingos Névoa, negou hoje as acusações de tentativa de corrupção de José Sá Fernandes e afirmou ter apresentado uma queixa- crime por difamação contra o vereador da Câmara Municipal de Lisboa.

Em declarações à Lusa, o sócio principal da Bragaparques garantiu que "há um mal entendido" nas acusações do autarca, que considerou "falsas e caluniosas".

"A minha advogada, Rita Matias, que é do escritório de Ricardo Sá Fernandes, está a tratar do assunto", adiantou, escusando- se a entrar em mais detalhes devido ao "segredo de justiça".

O empresário não adiantou onde foi apresentada a queixa-crime.

[...]

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País corrupto I

No âmbito do processo Feira Popular-Parque Mayer
José Sá Fernandes alvo de tentativa de corrupção pela Bragaparques
18.02.2006 - 08h14 Lusa, PUBLICO.PT


O vereador da Câmara Municipal de Lisboa apoiado pelo Bloco de Esquerda, José Sá Fernandes, foi alvo de uma tentativa de corrupção por parte do sócio principal da empresa Bragaparques, no âmbito do processo Feira Popular-Parque Mayer, anunciou hoje o gabinete municipal do partido.
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O processo envolve a permuta dos terrenos privados do Parque Mayer com parte dos terrenos municipais da Feira Popular, em Entrecampos, que passaram no anterior mandato autárquico para a posse da Bragaparques, segundo uma proposta do presidente do município aprovada na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) por maioria, apenas com os votos contra do PCP e dos Verdes.

Em comunicado, o gabinete municipal do BE acusa o empresário da Bragaparques Domingos Névoa de ter feito no final de Janeiro uma primeira proposta no valor de 200 mil euros com o objectivo de convencer o vereador a "produzir uma declaração em reunião de Câmara ou de Assembleia Municipal que retirasse aos privados qualquer responsabilidade pela situação criada, remetendo essa mesma responsabilidade para o anterior Executivo municipal".

Por outro lado, era também exigido que Sá Fernandes promovesse a retirada da acção popular que "impende sobre o negócio Parque Mayer/Feira Popular" e que interpôs ainda antes de ser vereador da autarquia.

Na tentativa de corrupção era exigido ao vereador que convocasse uma conferência de imprensa para falar sobre o assunto. "As provas sobre os factos mencionados encontram-se na posse da Polícia Judiciária, que actuou com a maior prontidão e eficácia", sublinha o gabinete municipal do BE.
O comunicado salienta que "a atitude do vereador foi a de denúncia imediata da situação às autoridades policiais" e que actualmente Sá Fernandes "aguarda serenamente" que as autoridades competentes se pronunciem sobre esta matéria.

A Bragaparques passou em 2005 a deter a totalidade da área anteriormente ocupada pela antiga Feira Popular, depois de ter exercido direito de preferência na hasta pública, realizada em Julho, para adquirir a parte que lhe faltava dos terrenos de Entrecampos.

Na altura, a oposição e a AML contestaram o negócio, alegando não ter aprovado qualquer direito de preferência à Bragaparques.

Enquanto candidato pelo Bloco de Esquerda, a 14 de Julho de 2005, José Sá Fernandes anunciou que iria tentar inviabilizar a permuta dos terrenos, com uma providência cautelar no tribunal Administrativo Fiscal de Lisboa.

"Este é o meu último acto como advogado antes das autárquicas", disse na altura Sá Fernandes, considerando esta tomada de posição como "um dever cívico".

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Irra!

Porquê?. Porque ninguém do Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego se digna a responder-me por causa disto e já lá vai um mês desde que enviei o meu primeiro e-mail.

Adenda: A paciência é uma virtude, não é?

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Por uma cidade amiga da bicicleta


MASSA CRÍTICA - BICICLETADA
6ª feira – 24 de Fevereiro
concentração às 18:00 horas no Marquês de Pombal
(junto à saída de Metro da Rua Joaquim António de Aguiar )
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Domingo – 26 de Fevereiro
10:00 horas
Veja aqui como chegar ao ponto de encontro.


PARTICIPE NESTES MOVIMENTOS!

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Bairros da Alta no Bairro Alto

Ontem, eu e o João Tito, fomos ao núcleo da Fundação Aga Khan na Rua Luis Piçarra. Vai abrir no próximo dia 4, com pompa e circunstância, e quisemos saber o que vêem afinal trazer ao nosso bairro. Confesso que eu, pessoalmente, fiquei muito bem impressionada. Mais do que com os projectos concretos, com a ideia subjacente que não é de “fazer” mas de “capacitar a comunidade para fazer” o que entender que deve/pode/gostava de ser feito. É, aliás, essa ideia que dá nome ao programa para a Alta de Lisboa e Ameixoeira - K’Cidade (leia-se “capacidade”). Mas a conversa deu pano para mangas e não é de ontem para hoje que conseguimos organizar uns posts.

Para já, e só porque está mesmo em cima da hora, quero dar conta de um pequeno projecto de empreendorismo de um grupo de jovens músicos da Alta de Lisboa, já apoiado pelo K’Cidade e pela associação Freestylaz. O resultado do projecto está aqui, vale a pena ler. O que começou com uma iniciativa local, transbordou as fronteiras do bairro e culmina no próximo Domingo dia 26 com uma festa de lançamento do cd demo “No bairro”, na Galeria Zé dos Bois no Bairro Alto. A entrada custa 5 euros, com direito a almoço de gastronomia cabo-verdiana e ao cd. Para além dos concertos durante a tarde, vão ser exibidos, logo a seguir ao almoço, os documentários Outros Bairros de Vasco Pimentel e Inês Gonçalves e Um Pantera Negra em Portugal de Rigo 23 e Luis Tranquada.


Eu acho que vou lá almoçar. Mais do que com uma conversa, não há melhor maneira de perceber realmente o que pode ser o K’Cidade do que com um pequeno projecto concreto, já resultado do trabalho desenvolvido junto da nossa comunidade. E não há melhor maneira de perceber, também, do que a nossa comunidade é capaz e tem para oferecer. Neste caso, no contexto musical. É claro que um programa como este, que se propõe a trabalhar connosco por um período mínimo de 10 anos não pode, obviamente, ser resumido na festa de Domingo. Mas há que começar por algum lado.

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Um ano de blog!



Eu que até sou do tipo de me esquecer do próprio dia de aniversário, estou muito surpeendido de me ter lembrado disto. Tarde, mas a tempo.

Nascido Forum Alta de Lisboa, e rebaptizado Lisboa Setentrional, faz hoje um ano o blog do Pedro Veiga. Foi o primeiro blog que descobri sobre a Alta de Lisboa, quando aí procurei casa, e foi uma inspiração para a criação do Viver.

Na história deste bairro novo de Lisboa, nestes anos que passaram e nos que virão ainda, estes blogs estão a tornar-se uma fonte de documentação interessante, com a evolução retratada das ruas, dos prédios, dos parques. E das pessoas, também. Porque isto só será cidade quando pudermos aqui viver integralmente, quando pudermos sair para dar um passeio, para fazer compras na mercearia da esquina, quando sairmos à noite para ir ao cinema, a um concerto ou beber um copo num bar. Quando houver também escritórios e postos de trabalho para que a Alta de Lisboa não seja apenas uma cidade-dormitório.

E blogs como o do Pedro ajudam a cidade a humanizar-se. Parabéns!

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Sabe onde fica a 41ª Esquadra da P.S.P.?

(foto cedida pela Associação de Moradores do Bairro da Cruz Vermelha no Lumiar)

Em 2001 a Esquadra da PSP que existia na Musgueira Norte foi transferida para a Rua Maria José da Guia no Bairro da Cruz Vermelha no Lumiar, integrado na área de intervenção da Alta de Lisboa. Até há data não foi colocada nenhuma placa de identificação na referida esquadra. Existe apenas um símbolo de indicação de Parque de estacionamento reservado. Note-se que o painel adicional (com a seta) na foto indica o início do local em que se aplica a prescrição a que se refere o sinal e não a Esquadra.

Na freguesia do Lumiar só existe outra esquadra em Telheiras não se percebendo porque razão a 41ª Esquadra não está indicada ao utente.

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

O (Lento) Fim do Bairro das Calvanas

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domingo, 19 de fevereiro de 2006

A Cidade Imaginada (V)

(foto de mywords no sapo)

Imagino que os alfacinhas vejam a sua Lisboa de uma forma positiva e que aprendam a olhar para ela não só pelos seus defeitos, mas também por toda a sua beleza, virtude e prazeres que nos oferece.

Este meu sentimento estende-se naturalmente à Alta de Lisboa e aos seus moradores.

Adenda: E porque não também a Portugal e aos portugueses?

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sábado, 18 de fevereiro de 2006

A Escola da Alta

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Afinal, o Rem Koolhaas também fez um projecto para Lisboa.

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E está na Alta!
(Nota para os que me levarem a sério: este Koolhaas é o autor da Casa da Música do Porto)

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Grande derby!



Será disputado com grande temperamento e bravura um dos jogos mais aguardados do Campeonato Distrital da 1ª Divisão. À 20ªjornada, Recreativo das Águias da Musgueira e União Desportiva da Alta de Lisboa voltam a defrontar-se!

Complexo Desportivo do Alto do Lumiar, Domingo, 15h

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Lisboa, arrendamento e reabilitação



A Vereadora para a habitação social, Maria José Nogueira Pinto, escreveu hoje, no DN, sobre o arrendamento e reabilitação em Lisboa.

Para reflexão, aqui ficam também alguns textos publicados em 2004 no Planeta Reboque, entre muitos outros que por lá estão sobre as dificuldades e implicações de uma reabilitação séria das malhas antigas da cidade.

A Reabilitação Urbana e Lisboa (I)

A Reabilitação Urbana e Lisboa (II)

A Reabilitação Urbana e Lisboa (III)

A Reabilitação Urbana e Lisboa (IV) - Rendas e Gentrificação

A Reabilitação Urbana e Lisboa (V) - Propostas

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Já há passeio!



Tínhamos alertado para a ausência de passeios condignos nesta rua, a 30 de Janeiro. Apesar do estado provisório da Rua Eduardo Covas, aliás, de grande parte ainda do projecto da Alta de Lisboa, há que conciliar o estaleiro inevitável com as condições razoáveis de qualidade de vida necessárias a quem vive neste novo bairro.

Obrigado SGAL e UPAL. Obrigado também aos blogs que nos apoiaram, o Canhoto, O Jumento, a barriga de um arquitecto, o Tese & Antítese, o Às duas por três, o RandomBlog02, e o RetortaBlog.

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Acessos

E porque é que a SGAL em conjugação com a CML, o Metro e a Carris não constroi uma rede de teleféricos a ligar os condomínios maiores às estações de Metro do Lumiar e Ameixoeira?
- Seria com toda a certeza uma solução mais barata que a nova linha de Metro que se prevê construir;
- Constituiria um motivo de atracção turística pelas vistas da cidade que garantiria;
- Resolveria o problema dos acessos às estações existentes, descongestionando as vias e evitando a transformação do Lumiar e Ameixoeira em gigantescos parques de estacionamento que se verifica no presente (o que não parece incomodar quem as utiliza);
- Permitiria o percurso casa-trabalho sem utilização do automóvel;
- Finalmente, constituiria uma poluição visual muito menos pesada que a que a construção dos viadutos da Norte-Sul irá deixar nas zonas urbanas consolidadas onde serão implantados.
Que melhor maneira para começar o dia que um passeio panorâmico pelas alturas do bairro?

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

A Cidade Imaginada (IV)

A propósito da anunciada vaga de fundo que se tenta erguer a favor da criação da casa-museu de Cesário Verde (poetas em museu... mensagens em garrafas?) relembro a leitaria que Pessoa habitou perto da Estefânia, há muito transformada em pensão Estrelinha, reminiscência do nome original - Estrela d'Alva.
Muitos houve que desistiram de a encontrar, na constante mutação que sofrem os becos das avenidas novas mas por lá ela ainda permanece, vetusta e distante, parada involuntariamente no que terá sido o ambiente da Lisboa de Rosa Araújo nos primeiros decénios do século XX. Nunca compreendi a sua arquitectura interior, tantas as camadas que se soprepõem de intervenções múltiplas, bem-intencionadas umas, cúpidas quase todas. Há quartos que só têem acesso através de outros, passagens que nos levam onde não tencionávamos chegar, números de portas repetidos para alcovas diferentes. Mãos desconhecidas rabiscaram poemas incompletos, frases desconexas, rimas esdrúxulas nas manchadas paredes dos estreitos corredores. Os quartos são despojados, uma cama de ferro estreita, uma cómoda alta, dois cabides na parede, lavatório. Numa semana em que lá permaneci fui perseguido a todas as horas pelas dolentes badaladas de sinos de uma igreja próxima. Num feriado de Verão ocupei um quarto onde me surpreendeu uma inesperada brisa do rio que não vi mas que me lembrou o rio que passa na aldeia dos meus avós.
Um dia um estrangeiro questionou-me acerca da sua localização exacta quando ensaiávamos uma conversa após simultânea e infrutífera busca do jazigo do poeta no Cemitério dos Prazeres. Não fui capaz de lha dizer.
Há segredos que não se contam nem ao mais estranho dos estrangeiros.

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Centro e polaridade

Para acabar com as más-interpretações.

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A Alta pode e deve ser um pólo urbano. Mas, em relação à cidade, está na sua periferia. Cabe a quem a vive levar a cabo a transformação.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

A marcha dos mortos-vivos


(Azinhaga da Cidade, 9h30m da manhã. Ao fundo, o túnel do Eixo Norte-Sul)

Por mais eixos Norte-Sul que fizermos, Av. Santos e Castro, CRIL, CREL, tuneis do Marquês, o problema do trânsito em Lisboa não acaba, apenas será adiado. Haverá sempre um ponto de gargalo em que a quatidade de automóveis que quer entrar será superior à capacidade de absorção da cidade. Aí recomeçam as buzinadelas, as irritações, a poluição atmosférica, sonora e visual.
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Nos debates das autáquicas de 9 de Outubro de 2005, as propostas de medidas dissuasoras da entrada de automóveis na cidade foram timidamente aventadas por medo que fossem impopulares e tivessem consequência eleitorais negativas. Parecem-me, no entanto, tão inevitáveis para Lisboa como inevitável é constatarmos que apesar da crise as pessoas têm mais recursos financeiros agora do que há 20 anos. Mas alguma da qualidade de vida que pensamos ter melhorado é apenas aparente.

Não havendo coragem e competência política para tomar já as decisões necessárias para regular a mobilidade das cidades, só nos resta esperar pelo extertor dos combustíveis fósseis que tornará insutentável para as nossas bolsas a rotina sado-masoquista de mergulhar diariamente nas filas de trânsito.

Então seremos obrigados a acordar deste torpor estupidamente comodista, talvez os transportes públicos passem a ser o meio de deslocação preferencial e se comece finalmente a planear a cidade de forma mais saudável, diminuindo as distâncias entre habitação e emprego.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Cidade Imaginada (III)
























Imagino uma cidade (que tinhamos há poucos anos) em que os edíficios não estão forrados com publicidade. Imagino uma cidade (que tinhamos há poucos anos) em há locais próprios para a colocação de pequenos cartazes. Imagino uma cidade (que nunca tivemos) em que os governantes se preocupam com os pequenos problemas que há para resolver.

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E ainda dizem que o e-mail acelera a comunicação...

Ainda estavamos nós no passado dia 24 de Janeiro de 2006, quando resolvi enviar um mail para aqui utilizando este endereço amávelmente fornecido pelo António Gouveia no seu blog Altalx.

No dia 26 de Janeiro de 2006, recebi um simpático mail daqui a dizer que o mail tinha sido reencaminhado para ali.

No dia 30 de Janeiro de 2006, achei estranho pois ninguém me respondia de volta -Será que estavam em época de férias e este municipe não sabia!?- e então resolvi enviar novo mail (em jeito de reminder) mas com uma pequena nuance: Resolvi inverter a ordem dos destinatários e então enviei um e-mail directamente para aqui com conhecimento destes.

Passaram-se mais alguns dias -8 de Fevereiro- e entretanto recebi mais um simpático mail daqui indicando-me que estes seus colegas dali tiveram problemas no sistema informático e como tal, o processo (?!) naturalmente atrasou-se e o meu mail estava a dar entrada (?!).

Estamos a 14 de Fevereiro de 2006. Agora pergunto eu na minha mais pura das intenções: Será que ainda estão com problemas informáticos? É que se assim for imagino o -pequeno- caos que deve estar Lisboa no que toca à manutenção das áreas que estão sob alçada deste departamento.

Para que todos vós entendam o contexto, o assunto é este e o mail enviado originalmente está aqui transcrito:

"
Boa Tarde,

Venho desta forma informar-vos que a passadeira existente na Azinhaga da Musgueira perto da Rua Helena Vaz da Silva (lado de quem vai para o Lumiar e perto do Condominio da Torre, após a paragem da Carris) necessita de manutenção urgente pois já não está vísivel.

Peço a vossa actuação urgente, pois este é um local de grande afluência de veiculos e de peões (muitos deles crianças). Alerto-vos para a existência de uma escola bastante perto do local que indiquei.

Agradeço que indiquem, caso necessitem de algum esclarecimento adicional.

Desde já agradeço a vossa disponibilidade

Com os meus melhores cumprimentos,
Rodrigo Bastos

"


PS: Sei que a leitura deste post é algo cansativa, mas uma coisa podem ter a certeza é que é sempre muito mais rápida do que a resposta destes senhores. ;)




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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

A Cidade Imaginada (II)

Apesar de ser um pouco fora de contexto, decidi responder desta forma ao desafio colocado pelo Pedro.

Há tradições alfacinhas que não se podem perder e aos quais os novos bairros devem tentar dar continuidade. Os Santos Populares são para mim dos momentos mais mágicos da nossa bela cidade à beira tejo plantada e gostava de os poder viver na Alta de Lisboa.

Para terminar, deixo-vos então com o "Cheira Bem, Cheira a Lisboa" que vos convido desde já a cantarolar e até sugiro que a imaginem a ser cantada pela nossa Amália Rodrigues. Tenham um belo voo...
"
Lisboa já tem Sol mas cheira a Lua
Quando nasce a madrugada sorrateira
E o primeiro eléctrico da rua
Faz coro com as chinelas da Ribeira

Se chove cheira a terra prometida
Procissões têm o cheiro a rosmaninho
Nas tascas da viela mais escondida
Cheira a iscas com elas e a vinho

(Refrão)
Um craveiro numa água furtada
Cheira bem, cheira a Lisboa
Uma rosa a florir na tapada
Cheira bem, cheira a Lisboa
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar

Cheira bem, cheira a Lisboa (2x)

A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar

Lisboa cheira aos cafés do Rossio
E o fado cheira sempre a solidão
Cheira a castanha assada se está frio
Cheira a fruta madura quando é Verão

Teus lábios têm o cheiro de um sorriso
Manjerico tem o cheiro de cantigas
E os rapazes perdem o juízo
Quando lhes dá o cheiro a raparigas

(Refrão)

Cheira bem, cheira a Lisboa (2x)

A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar
"

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A Cidade Imaginada (I)

Desafio radical para um blog colectivo que fala de coisas novas: que geografias afectivas gostariam de implantar na Lisboa idealizada?

Eu começo: uma linha de eléctrico em funcionamento 24/24, percorrendo dolente as colinas da cidade histórica, com serviço de café (uma afectiva bica, um absorto pastel de nata) com auscultadores onde uma voz sussurrasse um poema por cada local de passagem. Imaginem-se à beira da janela aberta, a brisa de fim de tarde do Tejo e o silêncio do nosso mundo interior em diálogo com a paisagem. E à noite, um aquário deslizante perante quem se espraiasse pelas esplanadas dolentes, uma miragem flutuante nas ruas da cidade. Conseguem imaginar, conseguem?

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Lisboa cresce ou engorda?



Brad Mehldau no CCB. Foi um concerto fabuloso, por um trio de jazz composto por piano, contrabaixo e bateria.

Quando conheci o Rodrigo, há uns meses, confidenciei-lhe estar arrependido de ter dado um início exclusivista ao blog. Tinha acabado de conhecer o Brad Mehldau através de um CD emprestado. Ouvia-o compulsivamente, várias vezes por dia. Na altura não encontrei forma de conciliar o meu entusiasmo e vontade de mostrar a música que me perseguia com as fotografias das ruas e jardins em construção. Parecia-me deslocado num blog que se propunha a debater o desenvolvimento e vivência de uma zona nova de Lisboa fazer um post de carácter pessoal a falar de um disco que me estava a obcecar.
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Mas hoje penso de maneira diferente. Uma cidade faz-se de pessoas, com prazeres, motivações, paixões. E nesta teia de blogues que falam de cidades, no Céu, no Planeta, n'a barriga, em todos os outros que lutam por uma vida mais saudável, por um maior respeito pelas pessoas, hierarquizando a importância que tem as várias opções tomadas e por tomar pelas autarquias e governos, apercebi-me que uma cidade precisa de inteligência, de açúcar e afecto.


[aqui jaz um pedaço de música]

(Brad Mehldau - Places, Los Angeles)


As pessoas precisam de tempo para viver, para pensar nas coisas, para encontrar razões e motivações para as suas vidas. E quando falamos da cristalização dos bairros antigos de Lisboa, do comércio instalado, na vida de rua possível de ter, falamos de harmonia entre as casas das pessoas, dos empregos, e de toda a estrutura comercial e de equipamentos que permite a subsistência autónoma do bairro. Os males acontecem quando temos grandes urbanizações onde pouco existe para além de casa de habitação, e grandes bairros onde pouco existe para além de escritórios e comércio.

A vida de rua feita dentro do automóvel, desde a saída da garagem do prédio de habitação à entrada na garagem do escritório ao parque de estacionamento do hipermercado está, aos poucos, a matar a cidade. Bairros inteiros vazios à noite, como a Baixa Pombalina, bairros inteiros vazios de dia, como alguns subúrbios lisboetas, indiciam uma perda de tempo nas deslocações entre a casa e o emprego, desnecessária se a cidade fosse construída (ou melhor, mantida) de forma planeada, incentivando a fusão entre habitação, emprego e comércio. Esta perda de tempo e qualidade de vida está a deixar as pessoas dormentes, indiferentes a tudo o que as rodeia, olhando o próximo como um estranho, desinteressando, ignorando e desresponsabilizando-se das opções governamentais tomadas. A falta de tempo não nos permite ler, manter informados, pensar, discutir, questionar o rumo das coisas. Ter tempo, hoje em dia, começa a ser considerado um luxo ou sinal de preguiça e ociosidade.

Numa cidade pequena, como a Guarda, por exemplo, com 40000 habitantes, é possível fazer um percurso casa-emprego em cerca de 10 minutos, bem menos que a hora e meia que em hora de ponta leva do Cacém ao centro de Lisboa. Ao fim de um dia de trabalho sobra tempo para outras coisas, para viver. E se vêm com o chavão de que fora das grandes metrópoles pouca oferta de cultura e entretenimento existe, atentem no Teatro Municipal da Guarda: têm um site bem estruturado, um blog com informação mais recente, um programa em papel com uma apresentação fantástica, e, mais importante que tudo isso, uma programação variada e rica.

Não faço ideia do orçamento desta programação, nem das audiências médias de cada espectáculo. É provável que seja bastante dispendioso, é provável que sem uma boa divulgação e uma ligação inteligente com as escolas todo este esforço financeiro seja em vão, mas não deixo de me espantar com o contraste de dinamismo que vejo cada vez mais nas cidades do interior e em Lisboa.


Nesta discussão recente sobre a Alta de Lisboa ficou a ideia de que ou se está do lado do projecto ou se está contra. Essa discórdia fundamentalista passa-me ao lado. Ou se discute o colapso económico, o colapso da construção civil, a corrupção instalada nas Câmaras Municipais que vendem ao desbarato os seus terrenos oportunamente licenciados para habitação, aumentando o surrealismo de algumas zonas da cidade, num adiar cego da falência, ou então jamais se chega a conclusões acerca seja do que for.

Há portanto algumas dúvidas urgentes: Quando houver maior oferta do que procura, que valores terão as casas onde famílias hipotecaram grande parte do seu orçamento? Qual deverá ser a aposta dos governos centrais e locais? A reabilitação, reconstrução ou abandono das malhas antigas? A construção de novas zonas planeadas de raiz, tipo Alta de Lisboa, ou o crescimento canceroso da cidade, sem critério que não seja lucro rápido? O que vai acontecer aos bairros históricos de Lisboa se se continuar a adiar a sua reconstrução ou restauro estrutural? Até quando ou quanto será tolerável a incompetência e corrupção dos vários governos nestas questões?

Parece-me que a Alta de Lisboa como projecto é exemplar, mas o cenário que se estende à sua volta torna preocupante o seu futuro. As questões trazidas à discussão recentemente, mais do que porem em causa o projecto da Alta de Lisboa, põem em causa a política de urbanismo e de rigor de qualidade em Portugal. Valerá a pena continuar a licenciar a construção de prédios de habitação se começa a haver mais oferta que procura? Valerá a pena continuar a permitir o aumento dessa oferta sem critérios de qualidade urbana quando simultaneamente se é parceiro num projecto gigantesco como a Alta de Lisboa que pode ficar condenado ao insucesso por questões extrínsecas ao seu planeamento? Vale a pena continuar a fomentar a desumanidade de ser perder duas horas diárias em deslocações casa-emprego em detrimento da família e lazer?

Seria bom também que a própria SGAL, UPAL, CML tivessem uma participação séria e honesta nesta discussão. Que todos abríssemos os olhos, acordássemos deste torpor optimista porque não gostamos de andar deprimidos.

Finalizando este longo post: quando será possível assistir-se a uma programação cultural no Centro Cultural da Alta de Lisboa que traga nomes como Brad Mehldau, Grigory Sokolov ou a Orquestra Filarmónica de Berlim? Para isso fazer sentido é necessário que a Alta de Lisboa tenha crescido, cristalizado na Lisboa e ganho uma vida que neste momento não tem.

[aqui jaz um pedaço de música]

(Brad Mehldau - Elegiac Cycle, Bard)

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Arrumar a casa

Quis, nos dois últimos posts, lançar duas questões que me parecem fundamentais para Lisboa, ainda que só paralelamente relevantes para um blog como é este Viver. Feliz ou infelizmente, temos sempre a tendência de traduzir o que lemos de acordo com as nossas preferências / preocupações e - mesmo sendo extremamente salutar a discussão que se gerou nos comentários - parece-me que, para alguns, as questões passaram ao lado.

Ponto prévio: as minhas palavras não visavam atacar a Alta - antes lançar um debate que me parece relevante para o futuro da cidade - e muito menos menorizar o "produto" imobiliário que a maior parte dos participantes adquiriu - antes torná-los mais conscientes dos "riscos" que correm ao tornarem-se proprietários de imobiliário em Portugal - e, como tal, consumidores mais exigentes e intervenientes.

Deste modo, vou relançar as questões de uma forma mais directa (se é que isso é possível em alguém que - vá-se lá saber porquê... - parece fazer do gongorismo imagem de marca das suas intervenções):

1. Numa cidade em acentuado decréscimo populacional, com uma zona histórica em que é consensual a necessidade de preservação e consequente reabilitação e com uma rede de transportes de superfície sufocada pelo trânsito automóvel de privados, fará sentido criar uma nova polarização habitacional na periferia da mesma com uma perspectiva de ocupação que atingirá quase 15% da população actual?

e

2. Dados os preços cobrados por metro quadrado e o tipo de construção realizado será que se está a pagar um preço justo? Sendo - ao contrário do que já vi referido - a "qualidade" da construção um dado fisicamente mensurável e comparável com o previsto na regulamentação nacional, não terá chegado o momento de exigir essa comprovação?

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Qualidade

Dos muitos comentários que o último post suscitou, fiquei com a ideia de que uma das principais razões - se não a principal - que levaram as pessoas a querer vir habitar a Alta foi a da qualidade. Qualidade do espaço urbano (sim, aceito que, pelo menos no projectado, ela é inegável), qualidade do espaço habitacional.
E volto a repetir a pergunta que fiz então: têm a certeza da qualidade da "qualidade" do espaço habitacional?
Tenho tido, no decorrer da minha actividade profissional, a oportunidade de conhecer com algum detalhe a actividade imobiliária em alguns países - tanto no que se refere às definições de construção como aos diversos produtos imobiliários disponibilizados em relação à gama de preços. E cheguei a duas convicções: em Portugal, o que é considerado o supra-sumo da qualidade - o "luxo" - é poeira para os olhos de quem tem muito dinheiro para gastar e poucas exigências para viver; a relação preço/qualidade de construção (mensurável fisicamente) é altamente deficitária.
O que é considerado luxuoso nos outros países não existe em Portugal e, inversamente, o que é considerado "de luxo" em Portugal não valeria dois caracois em mercados mais exigentes.
Por outro lado, pagam-se como excepcionais, características que são consideradas quase corriqueiras noutros países.
Porque é que se valoriza tanto um sistema de condicionamento térmico quando até já há legislação que impõe capacidades mínimas de inércia térmica aos edifícios que - a ser efectivamente seguida - quase o tornariam dispensável? E porque é que vidros duplos, caixas de ar revestidas com isolamento térmico e acústico, pavimentos flutuantes são referidos como excepções a ser devidamente realçadas? O facto da estrutura ser em betão ou os prédios terem elevador ou canalização de gás é-o?
Acresce que, o facto de existirem estes componentes não assegura que o funcionamento dessas infra-estruturas seja o desejado. Em Portugal constroi-se cada vez mais desleixadamente.
E para que não venham já dizer que estou a exagerar pergunto-vos: nas vossas casas novas da Alta já tiveram ocasião de apreciar as qualidades vocais de um dos vossos vizinhos (de cima, de baixo, do lado)? as conversas no átrio do vosso piso? o levantar voo de um avião na Portela (tudo isto evidentemente de portas e janelas fechadas)? Já tiveram de ir a correr aumentar o fluxo de ar ou de água quente no sistema de aquecimento ambiente porque, ao amanhecer, sentiram especial relutância em circular de pijama pela casa? E num outro plano, nunca terão ido em desespero pedir encarecidamente ao vizinho de baixo para desligar a lareira porque o ar na vossa sala se aproximava rapidamente do irrespirável? Nunca descobriram com surpresa uma preocupante ausência de ligação do esquentador à conduta de evacuação de ar da cozinha? Ou sentiram uma zoada nos ouvidos devida ao barulho do exaustor automático da cozinha...? Nunca tiveram as portas completamente arruinadas devido às infiltrações de água vindas do andar de cima porque, devido à inexistência de um tubo de fuga, a água acumulada na varanda acabou por inundar todo o apartamento? OU - caricatura das caricaturas - acharam que era um exagero de salubridade usar-se água quente no autoclismo?
Não, não estou a inventar. Tudo isto são casos passados em casa de amigos e, à excepção de um, todos em edifícios do admirável sítio novo... É que se constroi mesmo com duas mãos esquerdas em Portugal.

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

O futuro passado

Valerá a pena discutir a viabilidade da Alta numa altura em que o bairro se constitui como o futuro dos milhares de habitantes que aí compraram casa? Isto é, valerá a pena discutir o futuro quando, para eles (a possibilidade de ele vir a acontecer) já é discussão passada (tendo-se baseado a decisão de compra no pressuposto - ou dogma? - da sua existência benigna)?

O que é Lisboa-cidade? Uma metrópole pujante, em crescimento económico e populacional ou uma cidade envelhecida, centro terciário de dia gerador de fluxos de tráfego de centenas de milhar de pessoas mas que viu perder para a periferia nos últimos 30 anos cerca de metade da sua população? O que é Lisboa-cidade para além de um cadáver adiado?

A Alta de Lisboa no seu conceito original despido de galões publicitários glamorosamente fim-de-século - ou seja, o "Alto do Lumiar" - foi a proposta do presidente Abecassis para a erradicação da chaga urbana e social que os bairros de barracas e habitações clandestinas formavam na zona extrema da cidade, junto ao aeroporto. Numa época pré-União Europeia e sem os milhões que chegaram depois, com uma Câmara Municipal sem muito dinheiro mas com uma perspectiva de crescimento populacional que, ainda que não comprovada nas estatísticas, era admissível face aos fluxos de migração interna para a capital, o "ovo-de-colombo" de uma operação urbanística megalómana que permitisse pagar a demolição do existente e a edificação de habitação social para os desalojados com parte das mais-valias realizadas com o loteamento e a construção parecia ter sido encontrado. Em sintonia com o programa politico-económico do presidente da Câmara, a intervenção seria conduzida por entidades privadas.

À boa maneira portuguesa passaram os anos até que o projecto arrancasse. Passaram vereações de outros quadrantes políticos. Passaram os milhões europeus. Passaram os habitantes cada vez mais em direcção à periferia. Passou-se tanta coisa e só a ideia inicial de construir um polo gigantesco - numa cidade que já tem mais fogos vagos que a velocidade dos serviços camarários em os contabilizar - se manteve.

O Alto, crismado em "Alta" (não é tão mais apetecível morar em alta do que num alto?) aguentou-se nos primeiros anos de vendas com a ilusória corrida de promitentes compradores que mais não passavam, na sua grande maioria, de promitentes especuladores, robustecidos por operações semelhantes de compra e trespasse de posições de compra nas Amoreiras, Parque dos Príncipes, Laranjeiras dos selvagens anos oitenta de crescimento da economia e das novas-ricas classes emergentes. Só que, com a crise da balança de pagamentos e com o pântano subsequente de que Guterres pressurosamente se demitiu, a procura diminuiu e, com ela, os cash-flows necessários ao prosseguimento do plano traçado em gabinete e vendido aos futuros moradores. E nem o dinheiro fresco trazido pela compra da sociedade por um capitalista chinês parece poder recuperar o dinamismo dos primeiros anos.

A verdade é que não há compradores para tanta habitação.

Como pode haver, quando a população decresce, o poder económico baixa e o mercado imobiliário estagna por falta de novos compradores que, a montante, permitam a permuta de habitações?

E a Lisboa? Interessa-lhe que a Alta atinja os resultados iniciais? Sendo os meus dados correctos, numa Alta "completa" viverão cerca de 40.000 pessoas, um décimo da população actual da cidade. De onde virão? Dos subúrbios? Como, se não têm a quem vender os apartamentos actuais e a diferença de preço por metro quadrado ainda é significativa? De outros pontos da cidade? E se sim, de apartamentos próprios ou arrendados? E à cidade interessa-lhe esvaziar ainda mais as zonas centrais para uma periferia pouco servida de transportes públicos com o consequente aumento de deslocações automóveis para o centro e a desertificação ainda mais acelerada do mesmo? E onde fica a política de reabilitação urbana? Para quem? Para as populações envelhecidas e carenciadas? Com que sustentabilidade futura?

Tantas perguntas e nenhuma resposta oficial. Pior, nenhuma tentativa das entidades oficiais para - ao menos! - equacionar os problemas.

Não sendo uma mais-valia para a cidade em termos globais, não tendo hipótese de, a curto-prazo, criar mais-valias para cobrir os investimentos, que futuro resta então à Alta?

O de cumprir o fado lusitano e lá ir sobrevivendo numa apagada e vil tristeza?

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Reflexão...

Não é só com hinos à Engenharia e à Arquitectura que se patrocina a qualidade de vida dos moradores da Alta de Lisboa, outras componentes são igualmente importantes e até então tem sido algo descuradas.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

ESTAVAS TU Ó LINDA INÊS POSTA EM SOSSEGO

Não que eu tenha nascido com uma luzinha na ponta do dedo (ainda que, com o advento dessas fantásticas superfícies comerciais que dão o nome da origem a tudo aquilo que nos outros é disfarçado com uma etiqueta ocidental, fosse fácil e barato desencantar uma que se adaptasse imperfeitamente à torta anatomia que me coube por sorte) ou consiga fazer levitar bicicletas sobre subúrbios mais ou menos glamorosos (o que, com o aproximar da idade do reumático (mais mental que real, enfim) daria muito jeito nos passeios de bicicleta organizados pela vizinhança) mas fui logo avisando que me sentiria como o ET no quarto de Elliot ao pisar com canhestra estranheza estes caminhos da Alta.

Pois que em ET viesse se fosse o caso, como ET seria bem-vindo.

E depois pus-me a pensar ...................................................................
...................................................................................


(como é bom de ver, isto era eu a pensar)


... bem vistas as coisas, o que é a Alta de Lisboa (née Alto do Lumiar 20 anos antes do marketing dominar o imobiliário para a classe média) senão um volumoso ET deixado em herança à cidade pela aspiração a resolver problemas de um defunto presidente da Câmara?

E assim cá me encontro (ainda a atarrachar a dita luz que os moldes chineses ainda se encontram na fase em que se encontravam os primeiros radios de pilhas japoneses quando começaram a invadir a Europa: feios e manhosos ainda que apetecivelmente adquiriveis) com assento no lado de cá da audiência (ou seja, escrevendo para uma imensa minoria) em vez de, mudo e ocasionalmente comentador, continuar desse lado daí de onde vocês me leem.

E descansem: textos encaracoladamente renitentes como este só ocasionalmente verão a luz do dia. Ou, se preferirem a analogia, raramente subirão à Alta.

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Viver na Lisboa

Continuando a necessidade de discutir a Alta de Lisboa como parte integrante da Lisboa, cidade antiga, com bairros históricos erudidos pelo tempo e desinteresse eleitoral, com movimentos demográficos que explicam o aparecimento das cidade-dormitório, com outros bairros construídos de raiz como foram Alvalade e Olivais, com tantas variáveis da equação que nos interessam enquanto cidadãos, precisamos de mais pessoas capazes de pensar e falar nos problemas e soluções, mesmo que não morem na Alta de Lisboa.

A nossa mais recente aquisição mora muito perto. Mas por acaso. Não foi essa a condição sine qua non para o convite.

E pela primeira vez anuncio a entrada de mais um elemento para este blog porque me envergonho e penitencio de ter sido tão mau anfitrião nas chegadas da Ana, da Ana Louro, da Joana, do Rodrigo, do Pedro e do João. Eles sabem que não foi por mal, mas por timidez. Sempre me ofuscou a luz forte dos palcos.

Dentro de momentos surgirá então o novo morador deste blog!

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Os Abrigos das Paragens de Autocarros

O tema dos abrigos dos autocarros da Carris está a ganhar pó nas "Conversas que ainda não acabaram aqui" do nosso Viver.

Infelizmente, venho mais uma vez constatar que tanto a Carris como a UPAL/CML, aparentam ter uma especial falta de interesse em melhorar -neste ponto- a qualidade dos serviços prestados aos utentes da Carris da nossa área.

Note-se, que ao longo de vários meses já foram efectuadas as mais diversas solicitações às entidades em causa, questionando as mesmas sobre quais as razões concretas que levam à não colocação de um abrigo no local indicado neste post.

Em resposta ao meu último mail, a Carris mais uma vez se desresponsabiliza e indica que a responsabilidade é inteiramente da CML/UPAL e para vosso conhecimento a CML/UPAL têm estado até agora..."muda". Será que a JCDecaux já foi entretanto contactada?

Mas qual é a dificuldade em colocar algo parecido com isto:


neste local?


Paragem da Carris no cruzamento entre a
Rua Helena Vaz da Silva e a Estrada da Torre.


A Carris como entidade prestadora do serviço e a UPAL\CML como institução pública responsável pela colocação dos abrigos, não poderão efectuar diligências conjuntas e concretas para que este abrigo se torne uma realidade? Os utentes desta paragem concerteza que agradecem...

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domingo, 5 de fevereiro de 2006

O Homem na Cidade



Lisboa e Tejo são indissociáveis. A beleza extraordinária do estuário, a imensidão que separam a costa de Lisboa da outra margem, Alcochete, Montijo, Barreiro, Seixal, Almada, fazem deste rio um ser com caraterísticas únicas que poucas cidades se podem gabar.

Roubá-lo à cidade, às pessoas que nela habitam, visitam e passeiam, é de uma boçalidade e insensibilidade atroz. Este blog não quer, não deve, nem pode cingir-se a assuntos relacionados com o Alto do Lumiar, apesar da sua principal vocação ser essa, porque a vida das cidades é o resultado de uma intrincada equação que não acaba nas fronteiras de cada bairro ou freguesia.

E porque amo a Lisboa onde nasci, a Lisboa onde sempre vivi desde há três décadas, mas que vejo transfigurada para pior em muitos pontos fundamentais que a faziam uma cidade diferente de todas as outras, não posso deixar de ficar preocupado com o que li no Céu, aqui e aqui.

E porque acredito que as pessoas, se quiserem, podem impedir atentados como este, acho que podíamos fazer alguma coisa por isto.

[Aqui jaz música]
(O Homem na Cidade - Ivan Lins e Trio de Bernardo Sassetti)

[Aqui jaz música]
(O Homem na Cidade - Carlos do Carmo)

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Av. Santos e Castro - expropriações de terrenos e avanço das obras

Continuando as informações sobre a construção da Av. Santos e Castro, aqui ficam imagens do resultado de uma das expropriações que faltava, a da Transportadora Lusitânia.


8 de Dezembro de 2005


5 de Fevereiro de 2006

O troço que ligará a Rotunda Este aos viadutos do Campo das Amoreiras teve também um considerável avanço desde há dois meses.



A Porta Norte tem registado progressos, com a asfaltagem.



Informações sobre a conclusão do viaduto do Eixo Norte-Sul sobre a Av. Padre Cruz, a ver aqui.

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Carta dirigida ao Presidente da CML

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Rua Eduardo Covas em hora de ponta da manhã

Estando a minha vida a ser afectada pelas condições de circulação no Alto do Lumiar, resolvi no dia 19 de Janeiro de 2006 enviar uma reclamação por escrito dirigida ao Presidente da CML nos seguintes termos:

"Ex.mo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,

Na qualidade de morador no Alto do Lumiar, na freguesia da Charneca, venho expor a seguinte reclamação:
Nas minhas deslocações diárias de casa até ao meu local de emprego atravesso o Alto do Lumiar em direcção a uma das três estações de metropolitano mais próximas, Ameixoeira, Lumiar ou Quinta das Conchas a fim de poder viajar até ao centro da cidade de Lisboa. Nestas deslocações, utilizo quer o transporte individual quer o transporte público (autocarros da Carris), pelo que, invariavelmente, percorro várias ruas e avenidas desta zona de Lisboa.
Como morador nesta zona desde meados de Setembro de 2005, constato que as condições de circulação nestas vias têm vindo a degradar-se muito rapidamente, atingindo o ponto de ruptura em determinados momentos. Por exemplo, no domingo dia 16 de Janeiro de 2006, pelas 14h e 40 minutos, a Rua Eduardo Covas era atravessada em toda a largura da sua faixa de rodagem por uma vala profunda que quase impossibilitava a circulação automóvel. Ao passar por este local, que estava coberto por água da chuva, por pouco não fiquei imobilizado no veículo em que seguia.
Este triste acontecimento é demonstrativo do que se está a passar no Alto do Lumiar em matéria de acessos rodoviários. Os exemplos de piso degradado são inúmeros e não param, infelizmente, de aumentar. Os principais acessos a esta área (Av. Santos e Castro e Eixo Norte-Sul) estão ainda em fase de construção, desconhecendo-se a data da sua entrada em funcionamento. As alternativas a estes acessos (Av. Santos e Castro antiga e Azinhaga de S. Bartolomeu) estão actualmente em péssimas condições de utilização e não suportam o volumoso tráfego rodoviário: têm piso irregular, apresentam grandes áreas sem asfalto, não têm passeios pedonais, não possuem rede eficaz de escoamento das águas pluviais, etc.
As vias pedonais previstas para o Alto do Lumiar, tão difundidas nos folhetos de propaganda da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa, estão praticamente todas por concluir, ao que se alia a falta de passagens de peões devidamente sinalizadas na grande maioria das ruas e avenidas. Perante este cenário, qualquer deslocação a pé se torna muito perigosa, pois o peão é frequentemente obrigado a pisar a faixa de rodagem, quer pela ausência de passeio quer pela existência de tapumes de obras em execução. Vejam-se os exemplos da Rua Eduardo Covas, da Avenida Krus Abecassis e o lado ocidental da Rua Helena Vaz da Silva.
Deste modo, venho apelar a V. Exa. uma intervenção rápida no sentido de fiscalizar as empresas que actualmente operam no Alto do Lumiar, para que estas cumpram as normas de segurança no que se refere à boa conservação da rede viária. Por outro lado, peço também uma sua intervenção no sentido da criação urgente de vias e passagens pedonais seguras, adequadas aos muitos milhares de habitantes do Alto do Lumiar, a fim de se acabar com o isolamento de todos os quarteirões habitacionais.

Com os melhores cumprimentos,

(assinatura)"


Ainda não obtive qualquer resposta mas pelo menos é mais um grito de alerta sobre a realidade deste bairro de Lisboa onde a falta a qualidade prometida.

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"Cidadãos Anónimos Salvaram Azulejos de Sá Nogueira"
























Jornal Público, 3 de fevereiro de 2006

Este foi o título escolhido para o artigo que hoje saiu no jornal Público sobre o painel de azulejos de Sá Nogueira. Fomos um dos blogs que alertou para o que estava a acontecer, apesar de por enquanto nada estar resolvido, as notícias começam a ser animadoras. Vamos continuar atentos e esperar que a C.M.L. comece rapidamente com a recuperação do painel.

Texto da notícia do jornal Público:

Cidadãos anónimos Salvaram azulejos de Sá Nogueira da Ruína

Não fosse o interesse e a perseverança de meia dúzia de cidadãos anónimos e o painel de azulejos de Rolando Sá Nogueira no prolongamento da Avenida dos Estados Unidos da América, em Lisboa, uma das últimas obras do pintor falecido em 2002, podia ter os dias contados. Isso mesmo indicava o demasiado evidente estado de degradação do painel, que se acentuava a olhos vistos de dia para dia perante a incredulidade de quem por lá passava. O primeiro alerta foi dado na morada de Internet www.amnesia.weblog.com.pt, no início de Janeiro, por um cidadão que se declarava “em estado de choque” ao constatar que eram já muitos os azulejos em falta no painel, tanto nas faixas verdes como nas borboletas de várias dimensões que o compõem, e muitos outros os que ameaçavam cair e partir-se. Ao apelo, repetido depois com fotografias que tinhas dez dias de intervalo mas indiciavam bem como os próximos meses podiam ser fatais, seguiram-se referências noutros blogues e e-mails enviados para diversos serviços da Câmara Municipal de Lisboa. A boa notícia, que é também uma prova do valor de cidadania como este, é que a autarquia garante que “ já tomou conta desse problema”, prometendo “em breve” remover os azulejos para que sejam restaurados a partir dos planos originais de Sá Nogueira. Segundo o assessor de imprensa do vereador da Cultura, , vai também ser construído um muro para contenção de terras com caixa de ar para suportar o painel, para que a ruína que alguns cidadãos anónimos conseguiram impedir não volte a ameaçar a obra do pintor.

Inês Boaventura

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