quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Bruxas e Medos

Hoje é o Dia das Bruxas! O dia de todos os medos.

É uma importação americana que veio para ficar e que já entusiasma os portugueses.

O encontro está marcado para hoje, no Centro Social da Musgueira, das 20H00 às 22H00. Há Concurso de Máscaras e uma incrível Casa do Terror para os mais ousados.

Uns perguntarão certamente: o que é que isso tem a ver com Portugal? E, o que é que isto tem a ver com a Alta de Lisboa? Pois, na Alta também há Bruxas! Na Alta também há Medos!

Venha vencer os seus. A brincar. Conhecendo quem também tem medo.

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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Lisboa, 2307

(Lisboa abandonada, em 2307. Imagem de Kenn Brown)

Um exercício inverso ao proposto no post anterior, na evocação de lugares que perdemos para sempre, substituídos por coisas com as quais nos custa criar o mesmo vínculo afectivo, é o que faz este post da barriga de um arquitecto. O que será dos nossos lugares daqui a 300 anos? E o que seria de Lisboa e da ponte sobre o Tejo, se o Homem desaparecesse da face da Terra de repente?

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Uma esquina da minha rua

Há uns dias, enquanto a vasculhava um baú mais ferrugento do Arquivo Fotográfico de Lisboa, encontrei imagens da rua onde vivi os primeiros vinte e cinco anos de vida. Lembro-me da minha rua assim, ainda. Lembro-me de a olhar de cima, desde a varanda de um quarto andar, e ver apenas dois carros estacionados. Nessa altura, no início dos anos 80, pouca gente ainda tinha carro. Esta casa de esquina, com um andar, ainda lá estava. Mas foram morrendo uns velhotes, outros regressaram à terra, a casa ficou vazia, foi-se degradando, até que se tornou refúgio de toxicodependentes. Uma noite, começou a arder.

Foi memorável. Gentes em pânico, pessoas dos prédios vizinhos, à janela, de mangueira na mão, imitando o primeiro louco nessa histeria colectiva, procurando conter as chamas sem se dar conta da ineficáfia do método. Outras pessoas, cujas casas não estavam imediatamente em perigo, escondiam com dificuldade a excitação do acontecimento que quebrava a rotina. Entretanto os bombeiros chegaram e o fogo foi rapidamente extinto.

Meses mais tarde a carcaça do edifício foi arrasada e no seu lugar construído um mamarracho horrendo que ainda hoje lá está. Um prédio de cinco andares que reduziu a cinza e memórias aquela esquina de rua para todos os que lá moraram, viveram e passaram antes. Nos afectos de quem conheceu a rua antes, este prédio nada substituiu, antes sendo um corpo estranho e arrogante, um intruso. E ver esta fotografia fez-me sentir um bocadinho mais velho, saudoso, recuando quase trinta anos no tempo, quando os meus pais me iam buscar ao infantário ali perto e no caminho parávamos na mercearia onde escolhia sempre o mesmo chocolate, o das risquinhas, e depois, nesta mesma esquina, onde tinha sido colocado um sinal de trânsito, me divertia a subi-lo, caminhado parede acima.

Um dia, quando o prédio que estreou parte do meu reaccionarismo for abaixo, serão outros os putos a sentir parte de si a morrer, o tempo a passar, o seu bairro a mudar, e farão pequenos balanços de vida.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Segurança insegura

Não sei se os motards são personae non gratae ou se o paradigma das quatro rodas é tal que torna impossível conceber e manter uma via rodoviária onde os veículos de duas rodas possam circular em completa segurança.

É verdade que muitos abusam - aqui da minha janela dá para os ouvir a acelerar a fundo no Eixo Norte-Sul para além da capacidade de absorção das barreiras sonoras - mas também há os que circulam conscienciosamente e, mesmo assim, são vítimas deste estado de coisas.

Há dois dias (perdoe-se a falta de actualidade da coisa mas há que contar com os critérios editoriais deste blog) o Viver presenciou em directo um destes acontecimentos em que as estradas nacionais são pródigas: na acabada de inaugurar Norte-Sul, na saída da Ameixoeira, um motociclista teve o azar de travar na zona suja próxima da passadeira de peões - zona suja que, diga-se em abono da verdade, se estende a toda a largura da via. Os efeitos foram imediatos: condutor a limpar o chão com o braço e a perna, chão a limpar a pele do motociclista e mota em derrapagem incontrolada até ao meio da rotunda.




Senhores responsáveis, será que:

1. Na hora de colocar camadas de desgaste mais rugosas junto das passadeiras dar instruções aos serviços de fiscalização para exigirem ao empreiteiro a limpeza dos detritos que a empreitada provocou?

2. Podem exigir aos serviços de manutenção uma maior eficácia na manutenção e limpeza das vias?

3. Podem enviar uma brigada ao local para limpar devidamente todos os acessos?

4. Por último, importam-se de reconhecer rapidamente que, no caso deste acidente, a responsabilidade é toda da entidade gestora desta via (será a CML? serão as Estradas de Portugal? será aquela senhora que insistem em dizer que morre solteira?) e, assim obviarem o processo de responsabilidade cível para num tempo curto o acidentado ser indemnizado?

NOTA ADICIONAL: Como já foi notado nos comentários e como se pode ver nas fotografias, a camada de desgaste de protecção à passadeira ou teve uma aplicação deficiente ou tem deficiente qualidade pois a maior parte do material solto que provocou a derrapagem é proveniente da sua deterioração precoce (veja-se a zona da passadeira já invadida por manchas avermelhadas)

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Obras mal acabadas

Eixo Norte-Sul, ontem, dia 24 de Outubro de 2007, duas semanas após a abertura ao tráfego.

Na minha máquina fotográfica, que é daquelas pequeninas, só couberam 4 homens, mas ao todo eram muitos mais.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Santos e Castro - o que falta II

A Av. Santos e Castro seria, se já tivesse sido inaugurada, uma EXCELENTE alternativa ao Eixo Norte-Sul enquanto desmembrador de bairros residenciais consolidados há décadas, violador da qualidade de vida de munícipes com os mesmos direitos e deveres que qualquer outro.

Em vez de um viaduto que trespassa a cidade a poucos metros das janelas de prédios habitados muito antes da génese do projecto, a Av. Santos e Castro foi pensada em vala, abaixo do nível das zonas residenciais, minimizando o mais possível os efeitos negativos de poluição sonora e visual.

Infelizmente a CML não honrou os compromissos assumidos com os munícipes e com a construtora da via, a SGAL, também sua parceira neste gigantesco projecto da Alta de Lisboa, e é agora a única responsável pela surrealista situação de estarem mais de seis sétimos da via construídos, faltando no entanto pontos de grande complexidade.

Já mostrámos um, o do pilar no Concelho de Loures, mostramos agora os restantes:

Para remover aquele monte de terra ali ao fundo, é preciso comprar o terreno que pertence aos Armazéns Ruela. O acordo foi conseguido há mais de dois anos, mas ficou entretanto esquecido numa gaveta qualquer do Departamento do Património da CML. Não se pagou, não se comprou o terreno, e a obra parou por ali. Há quem diga que o acordo não é vantajoso para a CML, qualquer coisa como 10 milhões de euros. Havia sempre a hipótese de levar a situação a outras instâncias, expropriar-se o terreno e o Tribunal de Contas que encontrasse o preço justo. Mas nem uma nem outra foi feita e o monte de terra ali continua, à espera de ser removido para dar lugar a uma rotunda.

O ponto mais delicado e moroso de resolver é, no entanto, o nó de Calvanas, onde ficará a Porta Sul. Parece que nem a própria CML sabe a quem pertencem os terrenos necessários para a construção de uma gigantesca obra que irá juntar os fluxos da Av. Santos e Castro, do Eixo Central da Alta de Lisboa e da Av. Marechal Craveiro Lopes, mais conhecida por 2ª circular. Esta obra mataria vários coelhos de uma só vez, porque não só resolveria os problemas graves de escoamento para Sul de toda a Alta de Lisboa, como também alguns dos pontos negros da 2ª circular que se concentram naquele local.

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Voam, mas voam baixinho


Que o lambebotismo foi sempre uma imagem de marca das camadas inferiores do poder já era de há muito conhecido no anedotário político nacional. Que esse particular uso da língua foi sempre gravoso para o sentido da vista também foi desde sempre comprovável pela corrente negação da realidade a que essa atitude muitas vezes obrigava.

Felicitar o chefe pela última inauguração ainda é compreensível. Ignorar as cautelas com que o seu ex-número dois e actual presidente da Câmara brindou a inauguração de mais uma auto-estrada no interior da cidade faz parte de quem se preocupa mais em manter o brilho perante a autoridade presente do que em pensar com consciência no futuro.

Mas não será abusar da tolerância dos seus concidadãos considerar que a existência de uma auto-estrada em viaduto sobre uma área urbana consolidada melhora as "condições ambientais da Cidade"? As condições ambientais da cidade??? Ó meu amigo que este ditirambo lhe melhore as suas condições dentro do partido ainda acredito, agora as da cidade? Ou será que o Lumiar e a Alta de Lisboa não fazem parte desta cidade? Ou será que se esqueceu de que, como coordenador da Secção do Ps do Lumiar, Ameixoeira e Charneca, deve alguma consideração aos seus vizinhos?

E porque é que há uma palavra de preocupação para o infrequentado polidesportivo e para o manhoso mercado e nenhuma para os moradores?

PS - Antes que o representante eco´lógico para o Lumiar da coligação CDU se venha pôr em bicos dos pés nos comentários a publicitar a abstenção dos seus pares, publicito-a eu. Mas deixo já uma pergunta: abstenção porquê se defendiam nas últimas eleições intercalares a conclusão urgente deste troço?

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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Concurso de fotografia

O K'Cidade está a promover um concurso de fotografia subordinado ao tema "Memórias da Alta de Lisboa" com inscrições abertas até ao dia 30 de Novembro a todos os moradores da Alta de Lisboa com a idade mínima de 16 anos.

"Podem concorrer fotografias a preto/branco e a cores subordinadas a dois temas:

1 - Manifestações de "Carinho e Amizade"
[entre homem/mulher (namorados, casais), pais/filhos, irmãos, avós/netos, alun@s/professores, atletas/treinadores, entre outros].

2 - "O Meu Cantinho Especial"
[a casa, a rua, o banco de jardim, a festa, o parque, a mata/quinta das conchas, a igreja, o café, a tasca, o grupo desportivo, a associação, entre outros].

Para este efeito, basta apenas preencher a ficha de inscrição e de caracterização, juntamente com as fotografias para concurso e entregá-las ao K'Cidade, sito na R. Luís Piçarra, N.º 6A ou 12A.

Todas as dúvidas poderão ser esclarecidas através dos seguintes contactos:
Telefone: 217 551 707 (João Queiroz)
Telemóvel: 963 910 793
E-Mail: altadelisboa@kcidade.com

Este concurso, inserido no projecto de recolha de memórias, tem como objectivo fundamental:

1) Contribuir positivamente para equilibrar as representações sociais estereótipadas que são mantidas sobre as populações mais antigas da Alta de Lisboa.

1A) Contribuir para a melhoria das relações sociais, de segurança e comunitárias entre moradores da Alta de Lisboa."
Serão premiadas fotos a preto/branco e cores, cada qual com 3 prémios que são: leitores DVD portátil; máquinas fotografia digital; molduras digitais.

A sessão/exposição para divulgação dos premiados acontecerá dia 19 de DEZEMBRO (hora a definir) no Espaço do K'Cidade.

[press release enviado pelo K'Cidade]

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1ª Corrida Luzia Dias Alto do Lumiar

















A Associação de Moradores do Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar vai organizar, dia
18 de Novembro, a primeira Corrida de Atletismo (10Km) na Freguesia do Lumiar em mais de 12 anos. Boa parte do traçado da prova é no Alto do Lumiar e a meta será no Bairro da Cruz Vermelha. Para mais informações consultem o folheto (frente e verso).

Para quem não sabe a Luzia Dias é uma nossa vizinha moradora no Bairro da Cruz Vermelha que é
atleta do Sporting Clube de Portugal.

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Av. Santos e Castro - o que falta I


Há anos que se arrasta um imbróglio entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Loures. Para a construção de Av. Santos e Castro é necessário colocar um pilar numa parcela de terreno que pertence ao concelho de Loures. Há anos, garanto. Pelo menos há anos que oiço falar nisto e vejo o viaduto crescer, coxo, sem o tal pilar e o resto da via.

Cabe à UPAL chegar ao acordo, mas como é a SGAL que paga a maior parte da obra da Santos e Castro e como no Estado ninguém é despedido por adiar para amanhã o que podia fazer hoje, os anos passam, deixando crescer este elefante branco.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Daniel Carrapa na Antena 1



Daniel Carrapa, autor de a barriga de um arquitecto, um magnífico blog sobre arquitectura, urbanismo, design, mas também sobre pessoas e coisas, conversou com Pedro Rolo Duarte, na Antena 1. Falou-se de muitas coisas, mas também sobre cidades, sobre viver em comunidade e em como pensar nos espaços públicos para que sejam vividos pelas pessoas, e não lugares mortos, resultado de projectos que nunca deviam ter saído do estirador.

Toda a entrevista aqui.

Um excerto pequenino, para abrir o apetite, aqui:

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domingo, 21 de outubro de 2007

Concurso Gig Street no Viver

Há coincidências misteriosas, sentidos de oportunidade intrigantes, timmings telepáticos. Por exemplo, o Viver já se fartou de publicar sobre coisas pequenas, buracos nas ruas, tapumes que tiram visibilidade aos automobilistas, falta de passeios, ausência de abrigos nas paragens de autocarro, enfim, coisas que facilmente se resolvem com boa vontade da CML ou SGAL, dependendo de quem é a administração do espaço, e que nalguns casos foram resolvidas poucos dias depois. Nós aqui, que não somos nada tendenciosos, ficamos logo com a sensação que há uns senhores nessas entidades que nos lêem com atenção e carinho, mas fica sempre uma pontinha de dúvida se tudo isto não pode ser apenas uma gigantesca e improvável coincidência.

Isto tudo porque acabo de receber uns comentários anónimos a perguntar por um concurso antigo, ainda do mês de Agosto, que suscitou bastante interesse e dedicação por parte de muitos leitores. Ora acontece que por acaso, por coincidência, passei o fim de semana a pensar que já era hora de revelar que obra composta para um filme tinha seis notas em comum com o Nature Boy, que publicámos aqui cantado pelos Gig Street, mas uma crise de alergias adiou-me a empreitada. Umas horas mais tarde, aqui fica a resposta: Poverty, de Ennio Morricone, da banda sonora original do Once Upon a Time in America, de Sergio Leone, um filme magnífico com Robert de Niro e James Woods.



Ninguém ganhou, temos pena. Mas prometo mais música e concursos para breve.

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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Personal Rapid Transit (PRT)


Uma ideia muito ousada que revolucionaria Lisboa e que colocaria a Alta de Lisboa nas bocas do mundo pelas melhores razões, apresentada no Uptown Lisbon. Uma rede de veículos não poluentes, movidos a motor eléctrico alimentado por energia solar, num circuito de carris.

Mais uma bela ideia para a SGAL agarrar com unhas e dentes e apresentar à CML.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Sente-se bem informad@ acerca da Alta de Lisboa?

Sabe porque não se acaba a Av. Santos e Castro, apesar de estar a inauguração prevista para Dezembro de 2004?

Sabe porque se inaugurou o Parque Oeste em Julho de 2006 e só um ano mais tarde se iniciou a obra do eixo pedonal?

Sabe porque se inaugurou a Pista de Atletismo Moniz Pereira a 15 de Fevereiro deste ano, mas ainda não abriu à utilização do público?

Sabe porque se adia ad eternum o início da Malha 5, apesar de já há tantos anos anunciada?

Sabe porque nunca mais se constrói a malha 6, em frente ao Parque Oeste, apesar da SGAL ter dito em tempos que iria arrancar em Março de 2007?

Sabe porque é que o Centro Cultural projectado por Siza Vieira para a Alta de Lisboa muito provavelmente jamais será construído?


Todas estas e muitas mais perguntas podiam e deviam ser respondidas pela SGAL e CML (UPAL) de forma acessível a todos, sem opacidades, com frontalidade, com coragem, com lisura e respeito por cidadãos, munícipes e clientes. Infelizmente não é assim.

Quando comprou a sua casa foi seduzido apenas pelos pormenores e acabamentos, ou também por todo o projecto urbanístico que a envolvia? Venderam-lhe por quanto os sonhos futuros de boas acessibilidades, de boulevards repletos de vida, comércio, actividades culturais e desportivas?

O Viver desafiou a SGAL, no dia 2 de Maio deste ano, a dar a conhecer no seu site, em cima do acontecimento, as razões do incumprimento dos prazos, as dificuldades e atrasos da responsabilidade de entidades exteriores à empresa, a evolução dos diversos projectos, as datas previstas para lançamento e conclusão dos mesmos e todos os restantes elementos que constroem a vida deste empreendimento - os sucessos, as ideias e os objectivos. O desafio foi aceite no mesmo dia, e prometida a alteração de postura durante o Verão.

Aos habitantes de Lisboa interessa saber que linhas cosem os destinos desta cidade. Seja no Lumiar, nas Mercês ou em Santos-o-Velho. E na Alta de Lisboa, onde a CML se associou a uma empresa privada, a SGAL, para viabilizar um processo gigantesco de requalificação de uma zona degradada de Lisboa, as vontades são as mesmas e as responsabilidades iguais.

Para o bem de todos, para o interesse de todos, toda a informação devia estar disponível. A SGAL teria todo o interesse em explanar claramente as razões de tanto desaire, desilusão e angústia na sua aparente letargia. O incómodo que essa informação causaria na CML, o dano que eventualmente faria às relações entre ambas, seria muitíssimo menos prejudicial ao projecto da Alta de Lisboa do que tantos anos de adiamento, incumprimento e má publicidade. E a UPAL, mesmo fazendo parte do monstro gordo e pesado que é o Estado, tem autonomia, se os seus responsáveis assim o quiserem, para inovar os serviços, dinamizar a sua relação com o munícipe e satisfazer um desejo tantas vezes expresso pelos moradores.

Serve isto para dar por encerradas as sondagens iniciadas há pouco mais de uma semana no Viver. Tirem os leitores as conclusões devidas.



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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Boas intenções


45000 (quarenta e cinco mil) portugueses mostram-se hoje indignados com o fosso entre ricos e pobres que aumenta de ano para ano. Segundo números avançados pelo PÚBLICO, um sexto da população mundial (um quinto em Portugal) vive em condições de pobreza extrema, não tendo acesso a medicamentos nem à educação básica. Por outro lado, 12 por cento da população global - ou seja, o grupo dos 22 países mais ricos do mundo, onde se inclui Portugal - consome 80 por cento dos recursos naturais disponíveis.

E o que vão então fazer estas 45000 pessoas que se chocam com crianças famintas, gentes sem acesso à educação e cuidados médicos básicos? Juntar-se-ão numa iniciativa chamada "Levanta-te" que decorrerá durante o dia, organizada pela OIKOS no âmbito da "Campanha Pobreza Zero", com mais de 2000 acções em todo o país e que assinalam o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. As crianças e jovens até ao univesritário que aderiram à iniciativa irão vestir de branco. Na Alameda da Universidade, pretende-se reunir [centenas de estudantes universitários numa cama gigante para que os participantes se "deitem juntos" e "despertem juntos contra a pobreza". Para participar nesta curta sesta, explicam os organizadores, os estudantes terão apenas de se dirigir à tenda da Associação PAR, situada ao cima da Alameda, para levantar o número de participante e uma almofada insuflável.] Em Telheiras, pelas 17h30, outra mole de gente se juntará para dar uma monumental assobiadela contra a pobreza.

No âmbito das iniciativas de empresas, realça-se a TMN que se propôs a enviar a todos os seus clientes SMS de alerta para que participem na iniciativa.

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terça-feira, 16 de outubro de 2007

Moção apresentada por Cidadãos por Lisboa pela segurança no Eixo Norte-Sul com aprovação unânine

A leitura do último parágrafo deste post, como o Vereador Manuel João Ramos aqui comentou, levou os Cidadãos por Lisboa a apresentar ontem uma moção na Assembleia Municipal, entretanto aprovada por unanimidade.

Diz a moção:

1 - Street racing no novo troço do Eixo Norte-Sul

Considerando que:

Após a inauguração do último troço do Eixo Norte-Sul, no passado dia 10 de Outubro, começou já esta via a atrair os chamados “street racers”, especialmente na zona do viaduto sobre o Lumiar, sobrepondo-se o som das viaturas transformadas à eficácia das barreiras sonoras e provocando grande número de reclamações por parte dos moradores da zona;

Venho por este meio propor que:

A Câmara Municipal de Lisboa delibere, não só uma apertada fiscalização desta via por parte da PSP, como a instalação urgente de medidas de controlo e abrandamento de velocidade em permanência.

Lisboa, 12 de Outubro de 2007

Os Vereadores
“Cidadãos por Lisboa”
Manuel João Ramos



Esta leitura atenta dos blogs revela de parte dos Cidadãos por Lisboa uma postura louvável de querer servir a população, procurando conhecer os seus problemas e actuando para a sua resolução. Um bom exemplo para todos os que se esquecem rapidamente do significado de «causa pública».

Aproveito para alertar que o street racing existe também na Alta de Lisboa, com ocorrência frequente na Av. Nuno Krus Abecassis e na Rua Helena Vaz da Silva. Não sendo especialista na matéria, proponho para resolução imediata e eficaz deste problema que põe em causa a segurança dos moradores a implementação de passagens de peões desniveladas, com cerca de 20cm de altura, como existem em milhares de cidades europeias e muitas portuguesas também. Não faço ideia se é a melhor solução, se agrada à maioria dos moradores, mas não tenho dúvidas que o street racing seria impossível.

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segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Uma Mudança de Paradigma

Deixem-me começar com uma história que é um exemplo.

Há sessenta anos, a Companhia de Jesus fundou um colégio numa quinta situada no extremo Norte da cidade de Lisboa. (O desenvolvimento da cidade estava ainda tão longe que talvez fosse mais preciso dizer no extremo Norte do concelho de Lisboa). Duplamente elitista pela sua própria natureza e pelas circunstâncias - tratava-se de ensino pago num tempo em que a percentagem de jovens que faziam o percurso escolar era muito reduzida -, a margem de crescimento (e, como tal de criação de massa crítica para a sua viabilidade económica) era muito apertada e cedo o colégio se viu envolvido em dificuldades.


(1968, Arquivo Municipal)


O modo como certas circunstâncias permitiram a sobrevivência da instituição nessas primeiras décadas não é relevante para o exemplo. O que interessa relevar é que, no início da década de setenta, uma parte significativa da quinta foi vendida para urbanização - grosso modo, a fatia paralela à Alameda das Linhas de Torres que começa após o Centro Comercial do Lumiar, hoje ocupada por um conjunto de prédios de habitação e que se estende até aos limites actuais do Colégio.

(Terrenos vendidos. Ao fundo, o actual edifício da Junta de Freguesia do Lumiar, 1968, Arquivo Municipal)


Esteve subjacente a esta venda uma imperiosa necessidade de realizar capital? Sim e não. Mais do que reforçar financeira e, temporariamente, os seus cofres, esta venda correspondeu e fomentou uma mudança de paradigma quase radical, a qual esteve na base da actual dimensão e pujança: ao colégio não lhe bastava ser muito bom se os seus potenciais alunos moravam longe - na hora de escolher, factores como os tempos de deslocação, a distância, pesavam a desfavor face a alternativas mais próximas do centro da cidade. Era necessário alargar tanto o número de potenciais usufrutuários quanto as vantagens comparativas. Com o impulso dado à grande urbanização do Lumiar com esta venda o Colégio atingiu estes objectivos. Objectivos consagrados com a inclusão, nas regras de escolha dos alunos, de um factor ponderativo relativo à proximidade da morada.

A história é mais complexa e muito mais recheada de factos, razões e explicações mas o essencial está indicado e é importante para o que se expõe de seguida.
(Terrenos na actual Alta de Lisboa, 1940, Arquivo Municipal - os edifícios ao fundo ainda existem)


A Alta de Lisboa surgiu como solução para a resolução do grave problema social e urbanístico de uma zona de habitações degradadas e precárias, numa operação auto-financiada em que as venda de apartamentos cobririam as despesas de construção dos fogos de realojamentos e da total urbanização da zona.



(Azinhaga de acesso à Alta de Lisboa, 1968, Arquivo Municipal)

Num processo proactivo de valorização do seu produto, entenderam os seus responsáveis ir mais longe no processo, dotando a área de equipamentos de alguma forma incomuns para standart usual nos processos de loteamento privados em Portugal. A Alta tornou-se pois o que parecia um produto comercialmente viável pela conjugação dos seguintes factores:

- Uma boa conjuntura económica nacional e o crescimento da procura de habitação nova;

- Um projecto urbanístico e arquitectónico atractivo, dentro dos limites da capital;

- Uma bem projectada rede de acessos intra e extra-citadinos, aparentemente sobre-dimensionada.


Como o Colégio, um projecto sólido, desenvolvido e apoiado por bons profissionais e gerador de boas expectativas de retorno pessoal e financeiro (satisfação, valorização do produto).

Presentemente, a sensação da maioria dos envolvidos (isto é, moradores) é a de que o projecto vive num limbo de desenvolvimento, com alguns indicadores - promoções com baixa de preços, incumprimento das datas anunciadas pelo promotor para o início de construção de novos empreendimentos, atrasos profundos na execução de infra-estruturas viárias essenciais para a circulação interna e para os acessos, degradação rápida em alguns equipamentos públicos, falta de manutenção de infra-estruturas - a anunciar um prenúncio de crise que a ninguém traz vantagens, a ninguém interessa.


Mais uma vez, alguns factores se podem indicar como principais justificativos para esta situação:

- A diminuição acentuada da bolha de especulação imobiliária em vigor em Portugal nos últimos 20 anos;

- O aumento simultâneo de produtos imobiliários para o mesmo público-alvo na cidade de Lisboa (as promoções da EPUL, a zona da EXPO, a zona a norte do Aeroporto, entre outros);

- O completo desinteresse da Câmara Municipal de Lisboa em cumprir o postulado nos acordos efectuados com a sociedade proprietária da zona, nomeadamente nas expropriações e compras necessárias à disponibilização dos terrenos para implantação das infra-estruturas viárias e nas aprovações, nos prazos previstos por lei, dos processos de licenciamento dos novos produtos;

- A publicidade negativa gerada pela proximidade das zonas de realojamento dos antigos habitantes dos edifícios de venda livre, muita da qual fantasiosa e ou apoiada em receios infundados de quem não conhece o local ou com a intenção declarada de despromover o local face a ofertas concorrenciais.

Como o Colégio, a Alta tem um problema: tem um produto bom que não consegue viabilizar totalmente.

Como inverter a situação?

Pode-se chorar pela perda de solidariedade da CML e esperar que, com a nova vereação, os problemas sejam ultrapassados.

Pode-se fazer como a avestruz e, baseando-se na erosão que o tempo causará em alguns destes problemas, esperar pela era dourada que se anuncia para daqui a dez anos (esquecendo-se que, num mundo que se caracteriza pela velocidade da mudança, esperar 10 anos sem nada fazer é um bilhete para o fracasso).

Pode-se esperar que um sismo desvastador crie uma procura espectacular por novas habitações.

Pode-se continuar a apostar numa baixa de preços que só vem criar animosidade de quem comprou o mesmo mais caro, agravar a imagem de produto de segunda linha e criar uma sensação de incoerência face à propalada excelência do mesmo.

Ou pode-se mudar de paradigma.

Ainda que a Alta tenha sido planeada como uma zona urbana mista, isto é com uma predominância de habitação mas com a inclusão de zonas de serviços, toda a acção da Sociedade promotora tem sido até agora a promover primeiro as zonas de habitação (com áreas quase residuais de serviços e que correspondem esmagadoramente às áreas previstas nos pisos térreos dos edifícios). Os serviços têm sido menosprezados. Isto implica necessariamente que todos os habitantes da Alta trabalhem noutro ponto da cidade o que implica que todos sejam obrigados a duas deslocações diárias as quais, mesmo com a conclusão das vias de acesso ao centro, serão sempre morosas.

Porque não usar o exemplo do Colégio e viabilizar a parte habitacional da Alta com os trabalhadores das zonas de serviços a criar? Não estaria criada um vantagem competitiva esmagadora em relação aos produtos concorrentes? Não se poderia então empregar com toda a propriedade e sem receio de ser entendido como publicidade mentirosa o argumento de que o trabalho estaria a 5 minutos de casa?

O tempo em que se criava uma cidade com um centro administrativo e de serviços rodeado de zonas de habitação (sendo a concepção dos Olivais o expoente lisboeta dessa linha de pensamento) está a morrer. Pela qualidade de vida que não cria. Pela despesa energética gerada pelas deslocações diárias. Pela destruição do comércio local que implica (não há tempo nem horários para a frequência de lojas que, pela sua dimensão, não têm capacidade de abertura aos fins-de-semana ou à noite). O tempo é de uma rede urbana de pequenos pólos habitacionais , dispondo de um completo equipamento local (comércio de proximidade, instalações desportivas e escolares básicas, centro de saúde, pólos culturais, serviços, pequena indústria), e agregados em rede de modo a usufruir dos grandes equipamentos (hospital central, centro de espectáculos de grande dimensão, universidade).



A Alta pode iniciar esse novo paradigma e voltar a significar uma nova forma de fazer cidade. Para isso precisa de urgentemente, inverter o previsto e iniciar rapidamente a construção das malhas previstas no Projecto de Urbanização (PUAL) para zonas de serviços. Aumentar a oferta a empresas e criar condições para a sua instalação no bairro. Deixar a habitação para uma segunda fase, depois de criar mais apetência para a mesma. Negociar a implantação de equipamentos que recorram ao emprego de muitos funcionários (promovendo deste modo o emprego para as populações dos PER e ajudando à sua inclusão social), sendo a proposta para implantação das novas instalações do Instituto Português de Oncologia sugerida neste blog um bom exemplo.

Terá a SGAL a coragem e a capacidade para esta mudança? Terá a vontade? Esperemos pela resposta. Pode ser que apareça.

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domingo, 14 de outubro de 2007

Grande corrida de carrinhos de rolamentos 2007

Realizou-se ontem a Grande Corrida de Carrinhos de Rolamentos 2007, organizada pelo KCidade e que contou com participações de várias entidades da zona. O ambiente era de festa, apesar de haver alguma competição à mistura. Miúdos de muitos bairros, muitos que se conheciam, outros que ainda não, passaram o dia juntos, a afinar os bólides, comparando inovações tecnológicas, a gabar os tunnings, a invejar a qualidade dos rolamentos dos adversários, e a sorrir de felicidade ao cruzar a meta, fosse qual fosse o resultado.

O CanaLta 17b, que adora estas coisas, esteve lá.

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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Uma Questão de Moral


Vamos todos jogar à hipocrisia e dizer, como a Presidência dos Estados Unidos, que estamos muito felizes pelo prémio Nobel atribuído a Al Gore e à agência da ONU para as Alterações Climáticas (The Intergovernmental Panel on Climate Change), enquanto atacamos quem defende um maior uso dos transportes públicos e da bicicleta?

Vamos bater palmas aos minutos que poupamos pela nova auto-estrada no nosso carrinho de 5 lugares ocupado por só um viajante?

Vamos ignorar os procedimentos para diminuir as emissões de carbono e olhar sarcásticos para os que sacrificam "qualidade" de vida em nome de um futuro mais seguro para as próximas gerações, porque "mais ninguém se preocupa com isso"?

Ou vamos finalmente aceitar que é um FACTO CIENTÍFICO que o equilíbrio ecológico da Terra está em perigo e que é uma QUESTÃO MORAL o nosso empenho, esforço, sacrifício para eliminar as presentes ameaças que sobre ela pairam?

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Uptown Lisbon

Um curiosa adaptação do video publicitário da SGAL, a ver no Uptown Lisbon. Achei piada à proposta de elevação de estatuto dos vândalos dos grafittis para artistas de rua patrocinados pela SGAL. Arte Urbana é um conceito lato que pode abranger as mais variadas formas de expressão.

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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

De Dei After


A sorte para eles é que estas coisas em Portugal são muito espuma dos dias, no dia seguinte já ninguém se lembra (na verdade, nem mesmo no momento em que são proferidas deixam muita impressão) dos números que foram atirados ao vento para justificar as opções. Melhor ainda, ninguém se apercebe de que os mesmos variam com o emissor, às vezes com a hora da emissão. Um ouvido mais atento ficará sem perceber se foi a citação que saiu mal ou se deveu a correcção à intervenção atempada de um assessor mais atento.

Uma volta rápida pela comunicação social dá-nos uma visão dos "números" do Eixo Norte-Sul. Eu ouviu o sr. ministro antes da chegada do chefe para a inauguração falar do 80.000 veículos que seriam desviados da 2ª Circular para o Eixo Norte-Sul. Tanto o Jornal de Notícias quanto o Expresso citam o presidente das Estradas de Portugal para afirmar que 22.500 (ou 22.000... apesar se ser uma citação há uma variação de 500 automóveis) serão desviados da mesma via.

O que justifica esta diferença? Será que o ministro pensava em termos de meia-semana? Ou será que foi o seu proverbial entusiasmo por estas questões (jámé! jámé!) que o levou a exagerar?


Mas exagero por exagero, citemos o valor anunciado para esta obra: 73,6 milhões de euros a que se acrescenta o valor (não divulgado) das expropriações a cargo da CML (terão sido pagas?) e, provavelmente, os arranjos exteriores e reconstruções (veremos se faziam parte desta empreitada). O que, convenhamos, é um balúrdio para 4,3 km de uma via que só vai retirar 20.000 carros por dia de... onde quer que eles estavam. E é um balúrdio suficiente para manter caladinhos os habitantes prejudicados pela implantação da coisa à frente de suas casas: não fizeram as Estradas de Portugal o especial favor de colocar tabiques de absorção sonora e asfalto especial?

Antes que a histeria habitual dos que não suportam dar dois passos na rua sem pegar no carrinho comprado com tanto esforço comece a inundar a caixa de comentários, deixem-me acrescentar que, aparentemente, não estou só na condenação deste elefante creme. Se os jornalistas não se enganaram a ouvir, até o insuspeito Presidente da Câmara se declarou embaraçado com esta via. De acordo com o Público, o presidente da Câmara de Lisboa considera que, apesar de essencial para a melhoria do trânsito, a conclusão do Eixo Norte-Sul pode gerar "efeitos perversos em matéria de circulação": o regresso dos congestionamentos à Segunda Circular, quando os automobilistas perceberem que ali se passou a circular melhor. "Para evitar isto é fundamental uma grande aposta na prioridade à alteração do modo de transporte individual para o transporte colectivo", observou António Costa.

Eu bem sei que é fácil falar depois do trabalho feito e que esta posição precisa dos factos para a tornar coerente. É um princípio, no entanto. E, aparentemente, uma mudança de paradigma no modo de gerir esta cidade.

NOTA FINAL - Esperemos que o último argumento adiantado por José Sócrates na resposta a António Costa (ser verdadeiramente chocante que esta obra tenha levado 20 anos a completar) não tenha sido a razão principal para a decisão de a terminar no presente. A ser assim, ainda veremos um dia destes o primeiro-ministro a inaugurar o boulevard previsto há 120 anos para ligar Santa Apolónia ao Castelo de S. Jorge. Isso é que seria um acontecimento digno de vulto senhor genheiro!


NOTA ADICIONAL - Afinal nem todos andam distraídos dos discursos oficiais. Aparentemente seduzidos pelo anúncio de que, a partir de agora, seria mais rápido chegar à A1 (e, consequentemente, à Ponte Vasco da Gama), alguns street racers já experimentaram esta madrugada a velocidade de ponta das suas máquinas no viaduto sobre o Lumiar. Diz quem acordou que o som do tunning se sobrepôs claramente à eficácia das barreiras sonoras.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Efeitos colaterais

Hoje é o dia em que mais ministros e secretários de estado, entre outras pessoas importantes do nosso país, pisaram as freguesias do Lumiar, da Charneca e da Ameixoeira. Infelizmente, não fizeram nenhum percurso a pé através das zonas mais problemáticas destas freguesias do ponto de vista de mobilidade urbana. Deslocaram-se em automóveis e autocarros confortáveis através do novo asfalto recém aplicado. O objectivo foi inaugurar o último troço do eixo norte-sul que tem uma extensão de 4,5 km.
Ora bem, estava eu hoje a reflectir sobre os efeitos colaterais desta nova infra-estrutura rodoviária eis que no meu caminho pedonal, entre casa e o metropolitano, deparo com este cartaz:

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Bem, pelos vistos já se consegue ver algum efeito positivo da abertura do eixo norte-sul aqui pelos lados da Alta de Lisboa. Agora já sabemos mais acerca do caminho pedonal da Alta de Lisboa. Parabéns à SGAL e à CML pela iniciativa! Oxalá esta iniciativa informativa seja o mote para muitas mais. Nós, os residentes deste bairro, necessitamos urgentemente de mais informação sobre as obras em curso, sobretudo de informação visível.


P.S. Ainda a propósito da inauguração de hoje fica a questão no ar: Como é que um troço de auto-estrada com 4,5 km de extensão contribui para a diminuição das emissões de CO2 em 0,8 %?

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UM TRISTE TIGRE


Hoje é dia de banda e foguetório. O palanque que acolherá os altos dignatários já se encontra montado, estrategicamente colocado face ao verdejante parque Oeste

(suficientemente perto para apadrinhar o conceito de uma cidade ecológica, suficientemente longe para ocultar dos media o estado de abandono a que o votou uma descuidada gestão camarária). Longe do Lumiar-passado. Perto da Alta de Lisboa-futuro.



Como sempre num país de festas, a aparência será superior à substância. Todos os olhos criticamente apreciarão os reluzentes vidros/muralhas acústicas, as seis-faixas-seis que permitirão um tão rápido (até ao departamento de trânsito montar mais um radar) escoamento do tráfego suburbano, os iluminados túneis que permitiram poupar um morro ao desgastante deslizar dos automóveis. Poucos ou nenhuns repararão (ou tudo farão para ignorar) nas ligações de esgoto por terminar,

na balbúrdia que ainda se mantém no Lumiar,

no Mercado que falta reconstruir,



nas instalações provisórias esquecidas por uma fiscalização da ASAE,


na ausência de concretização da projectada alteração viária do centro do Lumiar (o que se passa com isto? onde pára o projecto? terá sofrido alterações face à não-expropriação da estação de serviço?).

Os discursos seguirão juntos ao lugar-comum. A Norte-Sul que é uma mais-valia para a cidade de Lisboa. A 2ª Circular que ficará livre de engarrafamentos. Os cidadãos que chegarão num instante ao centro da cidade. A Alta de Lisboa que ficará mais perto do ideal projectado. Publicitado. Prometido.

Será mesmo assim?

Começado a ser projectado há quase 20 anos com a ambição de desviar o trânsito de passagem do centro da cidade, o Eixo Viário Norte-Sul perdeu parte da sua importância com a construção de várias infra-estruturas que lhe foram posteriores em concepção mas que o ultrapassaram em realização. O trânsito regional e nacional passou a ser primeiro dividido e mais tarde quase todo desviado para a ponte Vasco da Gama e, recentemente, para a nova A13 directa a Santarém. A Radial de Benfica permite a ligação directa ao IC19 e – para quando a sua conclusão? – à CRIL.

Do trânsito insuportável de veículos pesados e ligeiros de passagem quanto resta nos tempos de hoje? Não o suficiente para justificar tanta obra, não o suficiente para justificar uma auto-estrada em viaduto sobre uma zona urbana consolidada.

A Norte-Sul é, hoje em dia, uma via suburbana de ligação da cidade aos dormitórios da outra-banda e de Odivelas a Loures. Um modo de chegar mais rapidamente aos engarrafamentos de acesso à Ponte 25 de Abril, à 2ª Circular e à Avenida Padre Cruz.

A partir da sua conclusão o que mudará? Muito pouco. Continuarão as filas na saída para a ponte. Continuarão as filas para a saída da Avenida Padre Cruz (uma vez que a saída em túnel para a mesma desapareceu do projectado). A 2ª Circular passará a estar menos cheia (será?) e o trânsito desviado continuará a parar junto ao acesso à A1. Telheiras verá o centro mais desimpedido.

E a Alta? A Alta verá alterar-se o perfil dos seus engarrafamentos, pelo menos nos primeiros dias. Naturalmente, muitos sentirão a tentação de experimentar o novo acesso, abandonando a problemática ligação por Calvanas, a muito entupida saída pelo parque Europa desde a inauguração do colégio de S. Tomás e as muito caóticas, paradas e sofridas saídas pelo Lumiar e Ameixoeira. A Avenida Krus Abecasis, com as suas duas faixas encher-se-à rapidamente a partir das duas retardadoras rotundas para onde igualmente confluirá o trânsito agora em sentido contrário vindo da Ameixoeira e Lumiar. Trocou-se uma fila por outra. E dado que a Norte-Sul continuará com as mesmas alternativas de ligação ao centro da cidade, os moradores da Alta, mais satisfeitos porque percorreram mais rapidamente os quilómetros iniciais, encontrarão as mesmas filas entediantes de sempre. Mantém-se a filosofia habitual nos acessos da cidade: mais auto-estradas para se chegar mais depressa aos engarrafamentos.

À Alta não bastará a abertura dos três acessos previstos no Plano de Urbanização (Portas Norte e Sul e Ligação ao Eixo Norte-Sul) porque estes conduzirão inevitavelmente, mais quilómetro menos quilómetro, a engarrafamentos. A solução para os moradores da Alta passa pela implementação de uma área de serviços suficientemente atractiva que permita a médio prazo a parte dos seus moradores encontrar trabalho perto da residência e, mais importante, pela implementação de uma rede de transportes públicos rápidos com uma oferta superior à do transporte privado individual. Eléctricos de superfície. Metropolitano. Tudo soluções menos dispendiosas que esta. Tanto a curto quanto a longo prazo.

E quanto ao Lumiar, esse filho esquecido? Ao Lumiar resta-lhe esperar pela conclusão das obras cá em baixo, enquanto as palmas se esbatem, lá em cima.

Ao Lumiar resta-lhe ter esperança que seja – finalmente! – efectuado um rearranjo rodoviário que resolva o problema do duplo cruzamento da Alameda das Linhas de Torres com a Estrada da Torre e com o acesso à Padre Cruz.


Ao Lumiar resta-lhe olhar resignado para o edifício da Junta de Freguesia acachapado sob o mastodôntico viaduto.

Ao Lumiar resta-lhe esperar pela reabilitação do mercado velho já que a verba não sobrou para a construção de um novo mercado com potencial para chamar os novos residentes da Alta (e, tanto quanto sei, não está previsto nenhum para a mesma, para além do Continente do costume a colocar na malha 5) e rezar para que a ASAE não encerre as instalações provisórias.

Ao Lumiar resta-lhe cobrir os ouvidos ao tráfego constante que passará por cima das suas cabeças, fechar aos olhos os viaduto que lhe desvirtuou as vistas

e tapar o nariz ao mau ar que lhe chega dos escapes dos que passam apressados para o engarrafamento seguinte.



E esquecer, esquecer as vistas curtas dos que os governam e que tão pouco pensam na qualidade de vida de alguns dos seus cidadãos.

PS- Já agora uma palavra de apreço para todos os executivos da Junta de Freguesia (do Lumiar, da Alta de Lisboa) que souberam manter um silêncio salomónico durante o processo. Ao longo de todos estes anos, nem uma palavra publicada sobre esta temática, nem uma tomada de posição, nem um protesto pela destruição do centro do Lumiar, nem uma proposta para a requalificação da zona das demolições naqueles boletins de propaganda que chegam tarde e a más-horas às caixas de correio. É obra!

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O Viver na Antena 1 para falar do Eixo Norte-Sul

O Viver foi contactado por Mário Galego, do programa Portugal em Directo da Antena 1, para dar a sua opinião acerca das vantagens e prejuízos que o novo troço Eixo Norte-Sul trará ao Lumiar e Alta de Lisboa.

A nós juntaram-se outras pessoas do Lumiar, moradores, uma senhora que tem uma banca de jornais e o dono de um café. As opiniões são várias.



Durante dois anos andámos a discutir esta nova auto-estrada. As vantagens que traz para os moradores da Alta de Lisboa, que até hoje saíam para Lisboa por ruas demasiado estreitas para tanto fluxo, ou para os residentes dos Concelhos de Loures e Odivelas que entopem diariamente a Calçada de Carriche. As vantagens para a viabilidade da Alta de Lisboa, tão sedenta de trunfos que a façam vencer a guerra do mercado imobiliário.

Mas o Eixo Norte-Sul tem também um lado mau, que ficará indissociável a toda a classe política que protelou mais de 20 anos esta obra. Ao perder-se a oportunidade de a fazer em túnel, tornou-se inevitável para a sua conclusão invadir uma malha residencial já estabelecida no Lumiar há mais de 30 anos, substituindo para sempre a vista de árvores e outros prédios por uma auto-estrada de 6 faixas a funcionar 24 horas por dia. Poluição sonora, atmosférica e visual. O sacrifício de uns lisboetas para benefício de outros. Justifica-se?

Hoje é dia de festa, com muitos discursos e foguetes. Virão inúmeros políticos à Alta de Lisboa para passear pelo viaduto do Eixo Norte-Sul e comer croquetes e rissóis. Mostrar-se-ão orgulhosos com a obra feita. Mas algum deles gostaria de viver a partir de hoje no Lumiar, com a janela do quarto virada para uma coisa a que chamam progresso?

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

O troço do eixo norte-sul que abre amanhã

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Amanhã abre finalmente ao trânsito o último troço do IP7 que liga a CRIL (zona do túnel do Grilo) a Elvas, isto para aplicar os termos técnicos.
O troço em questão (Av. Padre Cruz – CRIL) pertence ao eixo norte-sul que é uma auto-estrada que percorre todo o concelho de Lisboa, desde a ponte 25 de Abril até à CRIL.
O “Viver” pretende fazer um pequeno balanço sobre as vantagens e desvantagens da abertura deste troço de auto-estrada urbana no dia-a-dia dos habitantes da região de Lisboa. Para isso, a redacção do “Viver”, pede a colaboração dos seus leitores através do envio de fotografias e/ou de pequenos textos (devidamente identificados) que ilustrem as vantagens ou desvantagens da existência desta via. Esta informação será publicada no blog ao longo das próximas semanas. Poderão enviar a correspondência para viveraltadelisboa@gmail.com

O "Viver" agradece desde já a colaboração de todos.

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O Viver feito pelos seus leitores

O Viver feito pelos seus leitores é uma nova rubrica deste blog, hoje inaugurada apesar de não ser a primeira vez que publicamos aqui fotografias ou textos recebidos por email.

O leitor FX enviou uma série de fotografias e uma lista do ponto de situação de várias zonas da Alta de Lisboa. As fotografias, por serem tantas e de interesse relevante, resolvemos entregar ao director do CanaLta 17 que adorou a ideia de as passar em video com música dos Radiohead (era o que ele estava a ouvir quando recebeu o email e não convém contrariar gajos impulsivos). O resumo das situações, por acharmos uma boa síntese, publicamos também na íntegra a seguir ao video. Muito obrigado ao leitor FX pelo valioso contributo.

Esta é uma vertente que gostaríamos muito de ver desenvolvida no Viver. Este espaço é para si, caro leitor, vizinho, cidadão da Alta de Lisboa ou outra parte do planeta. Se quiser expôr uma situação, colaborar com o blog, juntar-se a nós neste trabalho de cidadania, envie-nos um mail com fotografias ou videos e texto a acompanhar. Será um prazer para toda a redacção dar eco do seu empenho cívico.


O Viver feito pelos seus leitores #1




No que se refere ao Parque Oeste, registe-se o facto das palmeiras estarem "clinicamente mortas" (mesmo antes de nascerem)... o vandalismo dos grafittis, os charcos de água estagnada, a relva por aparar, o caminho que atravessa o parque num estado lastimoso, com um bloco de betão no meio; a vegetação seca em outros locais e umas fotos curiosas de um batizado no jardim ...

Nas Conchas o lago sem água, os buracos na relva (será q temos toupeiras na Alta ???) a fonte vazia, etc.

Na zona envolvente:

1. inexistência de uma passadeira junto à descida que dá acesso ao parque das Conchas e ao condomínio com o mesmo nome;

2. Placas de metal que retiram visibilidade junto ao cruzamento, tornado mais perigoso o trânsito nesse local;

3. Inexistência de passadeiras na Av. Helena Vaz da Silva ( para além de uma em cada extremidade), mesmo com os desníveis dos passeios em pelo menos 2 locais destinados a esse efeito (em frente à paragem da carris e + outro);

4. Bloco de cimento junto ao cruzamento da Av. Helena Vaz da Silva com a Estrada da Torre e q retira grande parte da visibilidade, sem q se perceba a utilidade da sua colocação;

5. Telas inestéticas colocadas junto ao campo da malha no Condominio da Torre (alguém já viu alguém a usufruir daquele espaço para essa finalidade ???, não seria mais útil tornar aquele espaço um local de vários desposrtos tipo futebol, basquete, etc ?? )

Cumprimentos e continuação de bom trabalho no Viver

FX

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sábado, 6 de outubro de 2007

Esplanadas na Alta de Lisboa

Para que os lugares de uma cidade sejam vivenciados é preciso haver coisas que chamem as pessoas para a rua. Uma cidade sem oferta variada convida a população a isolar-se em casa, a ver televisão ou a fazer blogs. A esplanada no café O Bacano, junto à Alameda da Música, é uma mais-valia para a Alta de Lisboa.

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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Evolução do Eixo Norte-Sul

O "Viver" foi mais uma vez fazer uma pequena reportagem acerca do estado de evolução da construção do último lanço do eixo norte-sul. Sabendo o que se passa com os atrasos na construção das acessibilidades da Alta de Lisboa, é natural que a abertura ao tráfego desta via seja olhada como uma forma de contornar as dificuldades diárias do trânsito automóvel. A SGAL lançou uma nova campanha de promoção dos andares ainda não vendidos com base na expectativa da melhoria dos acessos (de automóvel) à Alta de Lisboa. Na rotunda D. António Ribeiro está exposto este anúncio:

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De facto, os preços de um T3 na Colina de S. Gonçalo estão mesmo baixos. Nada como uma subida nas taxas de juro para abafar um pouco os efeitos da especulação imobiliária!

A actividade de construção do último troço do eixo norte-sul é frenética! Não pára nem aos domingos nem aos feriados como hoje, dia 5 de Outubro. A comparação entre 5 de Agosto e 5 de Outubro mostra bem o ritmo de desenvolvimento desta obra:

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5 de Agosto (fotografia de Mário Oliveira)

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5 de Outubro


O asfaltamento do viaduto do Lumiar está quase terminado e a julgar pelo número de operários especializados a trabalhar é bem possível que a obra esteja terminada dentro de uma ou duas semanas:


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Quando o eixo norte-sul abrir toda a zona envolvente vai sentir grandes alterações nos ritmos de circulação automóvel. A rede de azinhagas e de cruzamentos perigosos das freguesias da Ameixoeira, da Charneca e do Lumiar não está preparada para receber um aumento colossal de automóveis em circulação. Seria bom ter apostado num plano paralelo que melhorasse o transporte público, no sentido de promover uma ligação eficaz com as estações de metropolitano mais próximas. Com o espaço disponível teria sido possível criar ruas ou faixas exclusivas para o transporte público bem como melhorar os caminhos pedonais. Ao invés disto, a nova auto-estrada, vai certamente atrair muitos mais automóveis para o centro urbano de Lisboa.

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