sábado, 30 de junho de 2007

Boxe no Bairro

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terça-feira, 26 de junho de 2007

Arghhhhquitectura


O Público decidiu, em boa hora, referendar os - no conceito dos seus leitores - 7 piores horrores arquitectónicos de Portugal.

A lista de candidatos, com a sua subjectividades, a sua provocação, a sua incoerência, poderá ser vista aqui. Relevo para a presença maciça de obras de Tomás Taveira (incluindo o estádio da filial do Paços de Ferreira em Lisboa) - talvez o arquitecto que todos adoram odiar mas que terá dos maiores volumes de encomendas entre os seus pares -, para muitas das obras religiosas de maior frequência no país (onde está patente um aparente divórcio entre a Igreja católica portuguesa e o bom-gosto que os templos de Teotónio Pereira e Siza Vieira vieram desmentir), para muita da arquitectura novo-rica que os anos 80 inventaram para o país (centros comerciais, centros empresariais, hoteis, escritórios...). Ausência relevante só a do arranjo da Praça do Areeiro com o monumento aos mortos da revolução francesa... e todos os edifícios de arquitectura civil que preenchem as paisagens suburbanas deste país.

Alegrem-se no entanto: nenhum edifício da Alta de Lisboa foi contemplado com uma nomeação. Se por serem considerados "bons" arquitectonicamente ou não suficientemente "maus" é que já não sei.

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O CanaLta 17b já tem concorrência!

Ó gentes, apressem-se a ver isto! Foi descoberto no YouTube um videozinho sobre o Parque Oeste, bem simpático, com musiquinha de fundo muito zen e tal, que mostra todas as valências do maior espaço verde construído de raiz na cidade de Lisboa nas últimas décadas. É aproveitar ver, enquanto está online. O leitor que nos enviou o link já tratou de o gravar para o caso de deixar de estar visível ao público.




Provavelmente é uma encomenda da SGAL, que se prepara para o lançamento do novo site, e é também uma boa resposta aos nossos videos, nomeadamente este:


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segunda-feira, 25 de junho de 2007

Saúdinha da boa na Alta de Lisboa!


O CanaLta 17b também lá foi. Ao fim de um ano de instalações novinhas em folha à espera, abriu hoje ao público a extensão do Centro de Saúde do Alto do Lumiar.

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Finalmente a porta abriu!

























É mesmo verdade, finalmente abriu a extensão do Centro de Saúde do Alto do Lumiar, para os mais cépticos aqui fica a fotografia!

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domingo, 24 de junho de 2007

CanAlta 17b: em cima do acontecimento

Face ao progressivo aumento dos acontecimentos dignos de notícia que vão ocorrendo na Alta de Lisboa e, mais lata mas não menos relevantemente, na freguesia do Lumiar, a administração do seu Canal mais representativo (a propósito: já aderiu à nossa promoção?) decidiu abrir os cordões ao orçamento e contratar mais um reporter.
E o reporter está motivado, inspirado, comprometido, com espírito de missão e proactivo suficiente para vestir a camisola da estação (uma t-shirt grifada por um grande nome do estilismo nacional; a propósito: já aderiu à nossa promoção?) e defender com garbo e profissionalismo os nobres valores que norteiam a sua existência e razão de ser.
Só que o reporter carece de formação adequada para enfrentar com distinção os desafios que as novas tecnologias de ponta exigem a um i-jornalista.
Portanto... tenham paciência e aguentem com semelhante espírito de missão a má qualidade das primeiras experiências. A freguesia não pára e é necessário dela dar conhecimento ao resto do Universo (principalmente aos magníficos **ze que se candidatam à presidência da Câmara... e a propósito de candidatura: já aderiu à nossa promoção?).


Como todos os anos faz desde que existe, a Marcha do Lumiar brindou os moradores da freguesia que resistem em casa à lenta invasão do Verão com uma amostra ao vivo do que foi a sua participação no manifestódromo da Avenida da Liberdade na noite do passado dia 12. Em relação às participações anteriores já se começa a ver algum progresso: a melodia fica no ouvido e os figurinos são um bocadinho mais consistentes.
Divertimento e bairrismo. Até parece o lema do CanAlta (a propósito: já aderiu à nossa promoção?)


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Andar em Lisboa sem o meu automóvel

A deslocação de pessoas e de mercadorias é um aspecto fundamental para todas as cidades do mundo. Graças ao grande rendimento energético do petróleo, os veículos automóveis constituem hoje um meio cómodo e acessível para o transporte de pessoas e de mercadorias. Ora, nas grandes cidades, o uso intensivo dos motores de combustão tem aumentado muito a poluição e, consequentemente, têm reduzido a qualidade de vida urbana. Lisboa não foge a esta regra pois, nesta cidade, o automóvel ganhou espaço em demasia galgando muitas vezes o exíguo passeio reservado ao peão.
Iniciativas como a “Lisboa bike tour” servem, acima de tudo, para chamar atenção para o lado saudável da prática de exercício físico usando a bicicleta. Estas iniciativas são por isso bem vindas a uma cidade como Lisboa constantemente inundada por centenas de milhar de automóveis. Todavia, estas acções, ao mobilizarem milhares de ciclistas põem a nu as fragilidades do nosso tecido urbano.
O percurso da “Lisboa bike tour” terminou na zona da Gare do Oriente, em pleno coração do bairro da “Expo 98”. Ora, o regresso a casa de milhares de ciclistas num curto espaço de tempo, chocou com as dificuldades de atravessamento da avenida Infante D. Henrique que separa o bairro da Expo do bairro dos Olivais. O atravessamento dos ciclistas em direcção à avenida de Berlim foi feito através das exíguas passagens de peões nos semáforos existentes por baixo do viaduto da avenida Infante D. Henrique. Depois de um grande esforço físico os pobres dos ciclistas tinham à sua espera uma cidade voltada só para o automóvel!
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Lisboa, 24 de Junho de 2007

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Amesterdão, 7 de Abril de 2005

Como foi possível projectar e construir uma zona urbana, como a da “Expo 98”, que convida os cidadãos a andar a pé ou de bicicleta, mas que não tem uma ligação pedonal ou ciclável com o resto da cidade?
Lisboa tem tido um crescimento voltado para o desenvolvimento de “ilhas urbanas”. Bairros rodeados por grandes avenidas sem continuidade pedonal com o resto da cidade. Continuam a construir-se túneis e viadutos só para atrair mais automóveis. Estas grandes estruturas viárias não devolvem mais espaço ao cidadão sem automóvel. Vejam-se os exemplos dos túneis do Campo Pequeno ou do Marquês de Pombal. Neste locais passou a haver mais automóveis a circular por hora, mas o peão cada vez tem que fazer um percurso maior só para atravessar as novas vias asfaltadas. Graças a este desenvolvimento Lisboa perdeu espaço urbano de qualidade, ganhou poluição atmosférica e sonora, tornando-se cada vez mais agressiva e cansativa para quem se desloca a pé ou em transportes públicos.
Por cada mil euros gastos em vias para os automóveis deveria haver uma percentagem aplicada na construção de vias para as pessoas se deslocarem a pé, de bicicleta ou em transportes públicos com eficiência, segurança e muita qualidade. Se para os automóveis se projectam as estradas mais planas e mais directas por que razão os transportes públicos, os peões ou os ciclistas são condicionados pelo voraz apetite do automóvel particular pelo espaço vital da cidade? Para quando o desenvolvimento de uma rede eficiente de eléctricos que percorram algumas das vias nobres de Lisboa em alternativa ao pesado e poluidor trânsito automóvel?
Estas questões são muito pertinentes sobretudo quando Lisboa vai mais uma vez a votos.

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Missing dog

Desapareceu no dia 19 de Junho de 2007 na Charneca do Lumiar, um cão de raça teckel, vulgo salsicha.

De tamanho pequeno, macho, agradece-se a quem o encontrar o favor de contactar


Susana Viegas- 962593982

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sexta-feira, 22 de junho de 2007

Uma Campanha Alegre, ed.3

Extra, extra!!!

HELENA ROSETA RECONHECE QUE É UMA LEITORA ASSÍDUA DO VIVER NA ALTA DE LISBOA

Depois de ler atentamente o post publicado na madrugada do passado dia 20, onde se realçava a proactividade e a qualidade da intervenção e das propostas de António Câmara, Roseta apressou-se a reunir-se com o empresário numa jogada de antecipação que deverá ter surpreendido os seus opositores mais radicais.
"Infelizmente esteve ocupada com aquela chinfrineira da SIC e não pode assistir à sessão do S.Luiz " confidenciou fonte bem informada ao Campanha, "mas ainda bem que tem por hábito ler o vosso blog logo pela manhã - e assim pode antecipar-se à concorrência". "Concorrência" que, perante as propostas radicais que Câmara ofereceu a Helena, aparenta alguma desmoralização face às pálidas iniciativas que tinha programado. Sá Fernandes já desistiu de guiar o eléctrico 28 por um dia, António Costa anulou a corrida que tinha planeado entre um taxi e uma camioneta de carreira da Portela até à Ota, Carmona adiou a apresentação do prolongamento do túnel do Marquês até à radial de Chelas, Câmara Pereira a realização de uma serenata monumental nas escadarias de S. Bento, Ruben de Carvalho a proposta de construção de um manifestódromo no eixo central da Avenida da Liberdade e Fernando Negrão o lançamento da pré-campanha. Só Garcia Pereira permanece inalterado. Tendo presenciado a exposição de António Câmara, não lhe achou novidade de registo. "Também nós já ousámos ousar em 74/75", alguém lhe ouviu dizer, "o tempo agora não está para dreams".

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quinta-feira, 21 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania (VIII)

Uma e meia da manhã. O concerto da noite anterior continua. Ocasionais chegam os risos dos operários, o raspar de uma qualquer máquina eléctrica, o bater do ferro contra ferro. O som cavo da vibração de um qualquer mecanismo em funcionamento. À medida que a noite avança vão deixando de ser o intervalo entre carros para serem a companhia persistente dos noctívagos ou a causa do acordar dos que têm um sono mais leve.

Ainda bem que isto é apenas temporário, penso, as obras não vão durar para sempre. Mas depois lembro-me da auto-estrada que virá para ficar. É tão bom saber que ela só vem porque se quer tirar o trânsito da cidade.

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quarta-feira, 20 de junho de 2007

Buracos


Dúvidas:

1. As obras mal acabadas são feitas por quem?
2. Estas ruas foram já recepcionadas pela CML ou são ainda da responsabilidade da SGAL?
3. Quem tem a obrigação de remendar os buracos?

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Lx2007 - Cidadania (VII)

É uma hora e vinte da manhã. Gostava de ter um gravador com um bom microfone para aqui colocar a chinfrineira provocada pelos trabalhos ininterruptos de betonagem do tabuleiro do eixo Norte-Sul.

É nestas coisinhas de arrogância que se vê o quanto os organismos públicos deste país estão afastados da população para o bem da qual supostamente estão a trabalhar.

Em que é que uma auto-estrada de 6 pistas a atravessar a cidade contribui para o afastamento do trânsito da cidade?

Como é que um engenheiro do ambiente pode, em honestidade, subscrever a opinião de que é admissível uma auto-estrada de 6 pistas a passar em viaduto ao nível de um terceiro andar no meio de um núcleo urbano consolidado?


Em nome de que pressas autárquicas se sujeitam os cidadãos a estes decibeis à uma da madrugada? Que bem comum é este que justifica o incumprimento dos limites configurados na lei?

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Lx2007 - Cidadania (VI) - UM DIA POR LISBOA - Fazer e Não Fazer

Interessante o encontro de hoje no S. Luiz. Gente com propostas politicamente correctas, gente séria, gente radical, gente com pouca noção do como, gente com pouca paciência para o porquê. O Miguel Sousa Tavares a seduzir com o seu carisma enquanto defendia acaloradamente o uso do automóvel e recusava liminarmente a vocação da cidade para o uso ciclista (mais um que acha que a cidade acaba no Maruês). Comum a todos o evidente amor pela cidade e o desgosto pela situação actual.
Dos oradores que ouvi, todos se apresentaram reactivos. Todos, com excepção do António Câmara que nos habituou a pensar proactivamente com a sua YDreams. Desta vez não foi excepção, brindando-nos com três propostas que, inversamente ao que a primeira vista poderia indicar serão de execução muito mais fácil e eficácia mais garantida que todas as proibições sugeridas por muitos dos intervenientes:
- Ceder em exploração os passeios existentes entre o marquês de Pombal e o rio a artistas de rua;
- Criar um prémio municipal para as ideias mais utópicas para a cidade;
- Utilizar as nuvens baixas para, através de equipamento laser (ele afirma que tecnologicamente já é possível) exibir jogos de futebol.
Conseguem imaginar-se deitados na relva de um parque ou esparramados numa cadeira de esplanada a olher para o céu deleitados, não com um jogo de ludopédio, mas com imagens de, por exemplo, os paraísos perdidos do mundo? Why dreams indeed...

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segunda-feira, 18 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania (V) - Reabilitação Urbana

Sob o lema "Um Compromisso Estratégico para Lisboa", Sá Fernandes compromete-se a:
"Atrair gente a Lisboa, combatendo o abandono da cidade. Lisboa perdeu 300.000 habitantes nos últimos 25 anos. O nosso objectivo é, nos próximos dois anos, estancar a perda de população e, nos próximos seis anos, recuperar, pelo menos, os cerca de 50 000 habitantes perdidos nos últimos seis."
Tal atracção passa por uma intervenção subordinada aos seguintes pontos
- reabilitação do espaço edificado;
- promoção da Sustentabilidade Ecológica;
- política de Mobilidade Saudável;
- ligação à área metropolitana de Lisboa.
Não percebo no que é que a melhoria da ligação à área metropolitana poderá influenciar os ex-lisboetas a voltar à cidade natal. Concordando com a maior parte do que é referido quanto à política de mobilidade urbana (podendo discordar em pormenor no que respeita ao modo como serão definidos os parques de estacionamento previstos para os habitantes dos bairros históricos, designamente na sua quantificação, disponibilização e custo de aquisição) e na totalidade no que respeita à promoção da sustentabilidade ecológica (desde que escolham árvores compatíveis com os habitantes e não insistam nos deploráveis exemplos de crescimento rápido que enxameiam a cidade) interessa-me discutir a agenda respeitante à reabilitação urbana.
Vejamo-la então:
"- Na reabilitação do espaço edificado, o princípio é a substituição da primazia da nova construção pela primazia da reabilitação do edificado e as prioridades são:
Como conceito faz todo o sentido - faz muito mais sentido do que a insistência na preservação das fachadas quando todo o restante edifício será demolido -porquê insistir num pot-pourri arquitectónico que encarece a construção e não traz qualquer mais-valia arquitectónica ou urbanística? Pode tornar-se perigoso se aplicado cegamente, ao conduzir à obrigatoriedade de tudo reabilitar apesar dos custos. Do meu ponto de vista dever-se-ia complementar esta atitude com duas medidas preventivas: a de criar uma "urgência" no dono do edifício em não o deixar degradar-se - com um aumento progressivo e acentuado do IMI para fogos devolutos; a de fixar um tecto para o custo da reabilitação, a partir do qual passaria a ser possível uma nova construção, desde que submetida a princípios de coerência e de respeito pelas características da rua, designadamente cérceas, elementos avançados em relação ao plano do edifícios, etc.
Criar, até ao fim do ano, um Fundo Municipal de Habitação destinado a intervir no mercado imobiliário, de forma a favorecer os mercados de arrendamento e de reabilitação, bem como a fixação de jovens;
Estará a candidatura a pensar numa forma de dumping? Carece de melhores e mais profundas explicações.
Criar, até ao fim do ano, uma Bolsa Municipal de Habitação, com imóveis do Município e de privados, que fomente o mercado de arrendamento;
A CML não tem neste momento, que eu saiba, fogos dispóníveis em condições para serem habitados. Se tivesse não gastaria as fortunas que ainda gasta com os realojamentos temporários de habitantes dos bairros históricos. Note-se: fogos devolutos tem; o que não tem é fogos em condições regulamentares de habitabilidade, fogos para os quais possa ser passada uma licença de habitação. Achará possível a execução de obras até ao final do ano ou será que se pretende alugar fogos como estão com o compromisso dos moradores em responsabilizarem-se pelo arranjo daqueles? Isso não é ilegal?
Consagrar, no novo PDM, a obrigatoriedade de quotas de habitação nas zonas centrais da cidade;
Não estão já consideradas no actual PDM as zonas de habitação no centro da cidade?
Consagrar, no novo PDM, a obrigatoriedade da afectação de uma quota de 20% para habitação a custos controlados nos novos projectos de reabilitação ou construção;
Isto não faz sentido nenhum, a menos que nos projectos seja contemplado mais do que um edifício. Estando fora de questão construir uma parte do edifício por um valor inferior ao restante (diferentes materiais? diferentes acabamentos?) e não sendo crível que o promotor venda sem lucro os 20% referidos, serão os restantes compradores a suportar a venda de 20% a custos controlados. Para além de injusto seria um duplo castigo pois os mesmos pagariam valores inflacionados pelo privilégio duvidoso de habitar um prédio de habitação a custos controlados. O mercado imobiliário português é bastante irracional mas não será um pouco demais considerar que tal estratégia comercial pode ser bem sucedida? No caso de reabilitação dos imóveis, com os custos muito superiores aos definidos para habitação a custos controlados que a maior parte dos edifícios de alguns bairros históricos apresentam, a equação ainda será mais difícil de promover.
Praticar, desde já, uma limitação à ocupação dos vazios urbanos com nova construção;
Completamente de acordo desde que, em paralelo, se defina um objectivo - com a respectiva acção - para a ocupação/recuperação dessses espaços. De baldios/lixeiras já o passado está cheio.
Preservar sempre a escala e a imagem da cidade histórica, que lhe foi conferida pelo processo histórico urbanístico;
Sim, ainda que a definição de imagem dê pano para mangas e possa originar muitas arbitrariedades na avaliação dos projectos propostos para licenciamento. Quem decide - os serviços, carregados de licenciados que pouco ou nada projectaram? Recupera-se a velha Comissão de Estética? Seria interessante assistir a essa ressurreição...

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sexta-feira, 15 de junho de 2007

Uma Campanha Alegre, ed.2

E pronto, mais uma edição do post politicamente incorrecto Uma Campanha Alegre. Desta vez com a prova evidente de como na campanha para Lisboa 2007 as candidaturas começam a extremar posições. A reter a inversão de papeis: enquanto a esquerda toma de assalto o moralismo castigador apanágio da direita no passado - devem os lisboetas ser castigados pelas escolhas eleitorais anteriores? -





esta parece amenizar-se, dar um ar familiar e heterogéneo à candidatura. Tempos de mudança, tempos de mudança...

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quinta-feira, 14 de junho de 2007

Boas Ideias para 2007 - Passadeira na Rua Helena Vaz da Silva


Um leitor chamou-nos a atenção para a inexistência perigosa de uma passadeira de peões no meio da Rua Helena Vaz da Silva, precisamente aqui, uns metros à frente do fotógrafo, ligeiramente antes da paragem de autocarros à direita. O passeio até está rebaixado já a pensar na zebra, mas na CML ainda ninguém deu ordem aos pintores para virem cá.

O leitor enviou um email ao Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego da CML, com o conhecimento da Junta de Freguesia do Lumiar no dia 5 de Abril de 2007. Até hoje, mais de dois meses depois, nem uma resposta, nem, obviamente, a zebra pintada.

Querem os leitores reforçar o pedido?

Email do DSRT da CML: dsrt@cm-lisboa.pt

Email da JFL: info@jf-lumiar.pt

Email do munícipe, aqui.

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Gato que procura dono, urgente!

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"O "Pantufa" (nome que lhe dei), foi encontrado no passado dia
1.Junho.2007 na rua, meio perdido e confuso, na zona da Alta de
Lisboa, Lumiar, e até à data não há sinais do dono.
Trata-se de um gato com idade de 1 a 2 anos, com pelo cuidado, muito
dócil e meigo.

Tem características bem próprias de um gato domesticado e adaptado à
viver num apartamento, como sendo:
- É fácil dar-lhe banho, embora não goste muito do secador;
- Adora ser escovado;
- Tem as unhas aparadas;
- Está castrado;
- Está habituado a comer ração;
- Só faz as necessidades na WC própria;
- Está sempre a pedir festas;
- Acompanha-nos para qualquer lado que vamos, faz sempre companhia.

Por motivos de saúde, não me é possível ficar com ele, por isso
procuro um lar que esteja disposto a cuidar dele.
Neste momento encontra-se fechado numa marquise, o que não é o lugar
ideal para um gato lindo e meigo como o Pantufa.

Se tiver condições para ficar com o "Pantufa", por favor contacte:
Lúcia Inês (919388774)
lucia.pedro.ines@gmail.com"

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quarta-feira, 13 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania (V) - Mobilidade e Transportes

Um amigo acusou-me de ser um chato inconsequente, quando lhe contei que tínhamos enviado uma lista infindável de questões que considerávamos pertinentes a todas as candidaturas. "Porque é que não lês os programas? Tenho a certeza que elas já lá estão respondidas... deixa lá esse quixotismo naif e ocupa o tempo de todos de forma mais eficaz..."

Na sequência da resposta do Manuel João Ramos, comecei a vasculhar os sites das candidaturas para a confrontar com as posições dos outros e deparei-me com a declaração de Ruben de Carvalho sobre políticas de mobilidade. Eu sei que o direito à asneira é universal (e eu exerço-o algumas vezes). Mas depois de ler a colecção de lugares comuns, incoerências e demagogia que o texto é, tive saudades do tempo em que o que me afastava do PCP era a sua concepção de sociedade e de organização do Estado e não a garantia de que, com posições como esta, pra pior já basta assim.

E para que analisem por vós, aqui está o texto de Ruben (selecção, sublinhados e comentários meus - podem consultar o texto na íntrega a partir do link acima posto):

Apresentação das Propostas para a Mobilidade e Transportes em Lisboa
Declaração de Ruben de Carvalho sobre políticas de mobilidade

Estamos a apresentar as propostas da CDU para a Mobilidade e Transportes neste local, pelo grande significado que tem o facto de ter havido um gravíssimo acidente na construção da estação do metro do Terreiro do Paço e estarmos em meados de 2007 e a estação não estar pronta e a conclusão do prolongamento da linha azul a Santa Apolónia esperar melhores dias.
Dizia o Engº Carmona Rodrigues, então Ministro das Obras Públicas, em Julho de 2004, numa visita à obra, que a mesma ficaria pronta no meio de 2005! Passaram 2 anos e o trabalho não está concluído. Um escândalo.

Se o escândalo é a falta de capacidade do presidente Carmona enquanto engenheiro perceber quando é que uma obra fica pronta, estamos de acordo. Se é pelo atraso, como o mesmo não tem nada a ver com a CML , mais do que um escândalo é demagogia barata.

Situação parecida se passa com o túnel Ferroviário do Rossio, cuja conclusão vem derrapando, prejudicando quem mora e trabalha em Lisboa, com consequências na paralisação do funcionamento do elevador da Glória e afectando fortemente a estação de Sete Rios.
Estes exemplos mostram à evidência as consequências das políticas desastrosas do governo na CML.

Campanha para a CML, para a AR ou para o conselho de administração da REFER?

Seis anos de política do PSD associado ao CDS/PP e com o apoio do PS nas medidas mais importantes e estruturantes, conduziram a cidade ao estado caótico em que se encontra, tornando a vida de quem habita e trabalha em Lisboa num inferno: seis anos de degradação do espaço público e da mobilidade, com problemas ao nível do planeamento, piores transportes, pior estacionamento e piores acessibilidades.

Presume-se que: a) de 1990 a 2000 o PCP não teve nada a ver com a gestão de Lisboa; b) miraculosamente, o que foi feito no passado não tem repercussões no presente.

(...)
As acessibilidades que estruturantes que faltam concluir, tais como o Eixo Norte – Sul, CRIL, radial da Pontinha e de Benfica, etc., mantém-se na mesma.

(...)

O recurso transporte individual continua a ser cada vez mais dominante na mobilidade e ainda foi potenciado com as medidas do governo do PS e da CML , provocando o aumento do congestionamento, maior poluição atmosférica e sonora e obrigando os transportes públicos a menores velocidades comerciais e tempos de trajecto mais dilatados.

Em que é que ficamos - defende-se o acabamento da Norte-Sul e ao mesmo tempo ataca-se o aumento do tráfego para a cidade?

(...)

É fundamental alterar completamente esta política, que se conjuga com uma política semelhante do governo do PS, de ataque frontal aos transportes.
Tal só é possível com a CDU, assegurada através de um projecto integrado visando o desenvolvimento sustentável da cidade e da qualidade de vida dos lisboetas e uma gestão:
- eficaz;
- descentralizada;
- identificada com os problemas e as aspirações de quem vive e trabalha em Lisboa;

Não é uma das aspirações da maioria dos que trabalham em Lisboa vir para o trabalho confortavelmente no seu carrinho sem passar muito tempo em filas?

- assegurando um correcto ordenamento do espaço e uma mobilidade urbana sustentável.
- participada;
As propostas da CDU assentam numa PRIORIDADE ABSOLUTA AOS TRANSPORTES PÚBLICOS, AO PEÃO E AOS ESPAÇOS PÚBLICOS na qual é determinante o papel da Autoridade Metropolitana dos Transportes.

Mais uma vez, em coerência com esta posição não se deveria defender o encerramento das saídas da Norte-Sul e da CRIL para o interior da cidade em vez de se criticar o atraso na sua conclusão?

A CDU tomará medidas ao nível da Autoridade Metropolitana de Transportes, para alterar os seus estatutos, de modo a que garantam a participação dos trabalhadores e dos utentes dos transportes e deixe de ser uma entidade governamentalizada, (...)

Presumo que o PCP estará a pensar nos trabalhadores representados pelos sindicatos filiados na CGTP e nas comissões de utentes coordenadas pela DREL.

(...)

A CDU actuará ao nível das acessibilidades e espaços públicos
- Realizando uma acção permanente de manutenção da rede viária e do espaço público, eliminando todos os factores perturbadores de uma circulação eficaz e fluída, entre os quais se incluem a construção e repavimentação das vias degradadas e eliminando os “buracos” que proliferam por toda a cidade;

Seria importante explicar o financiamento destas obras face ao descalabro das contas camarárias. Para António Costa ainda compreendo a almofada governamental, para o PCP...

- Concluindo as obras prioritárias, tais como o Eixo Norte – Sul, a radial da Pontinha e de Benfica e a CRIL, que são, de facto, as medidas que se impõem para concluir uma malha fundamental para garantir a mobilidade em Lisboa e defender a utilização do centro da cidade.

Não percebo, não percebo, não percebo. Não se importa de repetir - o eixo Norte-Sul e a utilização do centro da cidade? Estará o candidato a pensar que, com a conclusão destas obras se retira definitivamente o trânsito do centro da cidade? Qual centro? Neste momento o trânsito que será dirigido para os troços a concluir passa quase exclusivamente na 2ª circular! Benfica e Campo Grande já são centros da cidade? Se calhar... Seria tão bom, Ruben, se me esclarecesse...

- Aumentando as faixas “bus”, garantindo maior rigor na fiscalização das cargas e descargas nos horários que estão definidos, removendo os carros abandonados nas ruas e alterando das regras de circulação de veículos pesados na cidade.

Sim senhor, completamente de acordo - haverá alguma candidatura que defenda o contrário?

A CDU tomará medidas ao nível da mobilidade do peão
- Devolvendo-lhe o espaço público e criando mais espaços reservados devidamente protegidos;
- Dando combate à colocação de obstáculos nos passeios e fiscalizando rigorosamente o estacionamento irregular e a ocupação dos passeios;
- Construindo passagens desniveladas, colocando sinalização adequada ao atravessamento de peões e utilizando equipamentos limitativos da velocidade, tais como, lombas artificiais, nos locais mais perigosos;

Mais frases feitas que não querem dizer rigorosamente nada. O que é devolver o espaço público ao peão? Quer isto dizer que o peão já só anda no espaço privado? Espaços reservados? Isso não são os passeios? Será que quer dizer que vai proibir o estacionamento em cima dos passeios? Não é já proibido? Ou será que quer dizer que vai fechar mais ruas ao transito automóvel? Então porque é que não diz exactamente isso? E não é obrigação de sempre da CML probir a ocupação da via pública sem autorização? Estará Ruben a criticar os trabalhadores da CML por não cumprir o seu papel fiscalizador? Estará a acusar a política de licenciamento dos serviços? Estará a propor a proibição de instalação de estaleiros na via pública? Quanto à construção de passagens desniveladas: serão a melhor solução - ou mesmo exequíveis - face à obrigação de fazer os acessos em rampa? Serão feitos estudos para perceber qual a perspectiva de utilização? Relembro o caso da passagem inferior entre a avenida da Igreja e o jardim do Campo Grande. E, mais uma vez - vão ser pagas com que verbas?

A CDU actuará ao nível do estacionamento
- Construindo parques de estacionamento para residentes, quer subterrâneos, quer em superfície, quer em altura;
- Construindo parques de estacionamento dissuassores na periferia e nas entradas de Lisboa, gratuitos para os utentes dos transportes públicos e integrados em adequados interfaces dos vários modos de transporte;
- Ordenamento o estacionamento, integrado-o numa perspectiva de prioridade aos transportes públicos.

Saiu o Euromilhões ao PCP e ele vai aplicá-lo todo no orçamento da CML! Parques de estacionamento públicos e gratuitos para habitantes e trabalhadores que deixem o carro na entrada da cidade? Leia-se o que sobre isto escreveu MJR.

A CDU dará uma atenção especial ao sistema de transportes
- Valorizando a intervenção das empresas públicas de transportes;
- Dando prioridade absoluta ao serviço público de transportes, componente fundamental do sistema de transportes, através de uma melhoria substancial da qualidade, do conforto, da diminuição dos tempos de viagem, do aumento da segurança, da frequência e da capacidade da oferta de transporte, sem que haja permanentemente aumentos dos bilhetes e dos passes;
- Alargando as coroas do passe social intermodal, tornando-o extensivo a todos os operadores e criando bilhetes multi-modais, válidos por um determinado período de tempo em todos os operadores;
- Aumentando a intervenção do caminho de ferro ao nível do serviço urbano, em perfeita complementaridade e coordenação com a CARRIS, o METRO e os táxis, com adequados interfaces, que permitam uma cadeia de transporte fluída, rápida, eficaz e a preços acessíveis;
- Acelerando a expansão da rede do metropolitano, com a conclusão dos troços que estão em construção, a extensão Alameda/Saldanha/S.Sebastião/Campo de Ourique, a extensão da Linha do Oriente a Sacavém e ao Aeroporto, assim como construir a ligação a zonas de forte densidade habitacional, tais como Alcântara/ Ajuda, num conceito de sistema com os restantes operadores;

Para além do orçamento camarário, o PCP tambem vai aplicar o Euromilhões na compra de todas as empresas públicas - CARRIS, METRO, REFER... só assim poderá ser ele a decidir como, onde e quando intervir no desenvolvimento e prolongamento das redes. Ah, e no financiamento da construção.

(...)

- Tomando medidas no sentido de se melhorar a acessibilidade e deslocação das pessoas de mobilidade reduzida, quer enquanto peões, quer nos transportes públicos, acesso aos terminais, estações, interfaces e acesso ao próprio meio de transporte (comboios, autocarros, táxis, etc.);

Finalmente uma medida justa, realista, exequível e pagável!

- Promovendo e dinamizando a utilização de combustíveis menos poluentes em todos os transportes públicos.

Tirando os taxis e os aviões (os aviões são transportes públicos?) não é o que acontece já? Os comboios a energia eléctrica e os autocarros a biogás...?


28/05/2007

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Século XXI – Um século de mudança

O urbanismo em Portugal tem alguns paradoxos inexplicáveis, tal como este exemplo: investe-se forte e feio numa auto-estrada de seis faixas que rasga Lisboa ao meio (o eixo norte-sul) …
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… que desemboca numa azinhaga de uma só via onde é impossível a circulação de veículos com segurança, como é o caso da estreita azinhaga de S. Bartolomeu:
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Na óptica do desenvolvimento urbano da nossa cidade, esta auto-estrada tornou-se necessária, pois o trânsito automóvel cada vez mais asfixia as ruas dos bairros de Lisboa. Por outro lado, esta via irá funcionar como atractivo para a vinda de mais veículos para o interior da cidade. É neste conceito errado de desenvolvimento que Lisboa tem crescido.
É claro que, se o desenvolvimento urbano de Lisboa assentasse noutras premissas voltadas para a criação de uma rede eficiente de transportes públicos e para a construção de espaços pedonais, tudo seria muito diferente. A nossa cidade teria mais espaço para se respirar e se viver em segurança. Infelizmente, as políticas definidas pelos nossos governantes continuam voltadas para a primazia do automóvel sobre o peão. Ainda no domingo passado, o Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa teve a amabilidade de afirmar que a bicicleta não serve como meio de transporte em Lisboa. Perante tal afirmação, ficamos a saber como está mal formada a consciência dos nossos fazedores de opinião pública acerca das ideias do desenvolvimento sustentável das cidades.
Este é, sem dúvida, um tema da ordem do dia! A informação que circula nas cadeias de televisão e nos jornais não nos alerta para o que se está a passar globalmente no nosso planeta. A explosão do desenvolvimento das nações mundiais trouxe um vertiginoso aumento do consumo de recursos energéticos e materiais. Hoje, a necessidade de metais-base essenciais à nossa indústria, como o ferro, o chumbo, o cobre, o estanho, etc., disparou de tal modo que os preços têm subido vertiginosamente. No campo dos recursos energéticos, a procura de petróleo tem aumentado a um ritmo muito forte, que está a ultrapassar a capacidade de oferta por parte da natureza. Para estes recursos existe um limite geológico de extracção, conceito que a esmagadora maioria dos nossos governantes e seus conselheiros parece desconhecer por completo.
Actualmente, o mundo necessita de mais de 80 milhões de barris diários de petróleo para satisfazer as suas necessidades energéticas e materiais! Ora, tal sede por este versátil e rentável recurso está a ser satisfeita pelos gigantes campos petrolíferos descobertos há mais de 40 anos. Estes campos estão actualmente a dar fortes sinais de exaustão. Tais sinais traduzem-se pela diminuição progressiva da quantidade de crude extraída. Especialistas nesta área afirmam que, globalmente, o planeta Terra não conseguirá fornecer mais de 100 milhões de barris de petróleo diários. Ora, isto significa, que o volume de extracção actual (cerca de 84 milhões de barris) estará próximo do limite geológico (cerca de 100 milhões de barris)! Ou seja, estamos a atingir o pico de extracção de petróleo (“peak oil”).

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É, portanto, urgente mudar de hábitos e acabar com o desperdício energético, símbolo do desenvolvimento no século XX e da insustentabilidade no século XXI. Por isso, a promoção de modos de deslocação ecológicos e mais racionais é um dos caminhos a percorrer para o harmonioso desenvolvimento das cidades. Devem ser defendidos os transportes públicos, as vias pedonais e os caminhos cicláveis em detrimento do uso abusivo do transporte particular, grande consumidor de energia. Ao considerar um disparate o uso da bicicleta em Lisboa, o Professor Marcelo, mostra estar atrasado 50 anos, altura em que foi descoberta a maior parte dos grandes campos petrolíferos que ainda hoje saciam a nossa sede energética.
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À luz destes sinais da natureza, todos os grandes projectos que envolvam o consumo de energia não renovável devem ser cuidadosamente pensados. Se, daqui a uma década o barril de petróleo valer 500 dólares ou mais, qual será o preço médio de uma viagem de avião para uma cidade da Alemanha? Provavelmente, só uma minoria de pessoas poderá viajar frequentemente de avião. Valerá a pena construir um colossal aeroporto novinho em folha?
A meu ver, o crescimento económico está dependente dos limites geológicos do planeta. O modelo económico actual assenta na equação:
Crescimento económico = Crescimento energético
Este tipo de crescimento poderá continuar enquanto o nosso planeta aguentar a pressão. O século XXI será, de certeza, um século de mudança. Espero que para o bem.

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Eixo Pedonal - afinal é para quando?



5 de Abril de 2007, site da SGAL. Uma notícia anuncia "finalmente" o início da construção do Eixo Pedonal, obra emblemática da Alta de Lisboa, e deixada em cascalho e terra mesmo depois da inauguração pública do Parque Oeste, em Julho do 2006.




12 de Junho de 2007, Eixo Pedonal da Alta de Lisboa. Exactamente no mesmo estado em que se encontrava no dia da notícia da SGAL, publicada há mais de dois meses; exactamente no mesmo estado em que se encontrava no dia da inauguração do Parque Oeste, há quase um ano.

Haverá certamente razões de força maior, imponderáveis, imprevistos. Há sempre. Mas falta uma palavra de parte da SGAL a repôr a actualidade no site, ou explicando o fiasco. Falta pouco para o Verão, felizmente.

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terça-feira, 12 de junho de 2007

Lisboa ciclável?

A preocupação com os estilos de vida ambientalmente sustentáveis é, cada vez mais, uma constante. A eficiência energética dos edifícios é muito falada por aqui, assim como o uso do transporte público em detrimento do carro. Ou das bicicletas em detrimento do carro e do/a par do transporte público.

Aqui pela Alta o uso da bicicleta é fácil, não há desníveis. Volta e meia, aqui o blog, a ARAL, ou a Associação de Moradores do Bairro da Cruz Vermelha promovem uns passeios. Mas e no resto de Lisboa?

No Domingo passado o Prof. Marcelo (lá em casa sempre lhe chamámos o Sr. Prior por fazer o sermão ao Domingo), a propósito do passeio de bicicleta de António Costa, disse qualquer coisa como: "Descer do Príncipe Real para o Cais-Sodré, isso também eu, queria vê-lo era a subir do Cais-Sodré para o Príncipe Real. Se há cidade em que não faz sentido defender a utilização da bicicleta é em Lisboa". Quem quiser o texto ipsis verbis pode ouvir aqui, nos últimos minutos.

Tem uma certa razão. As 7 colinas exigem boa forma física e com os empregos sedentários de hoje em dia, é coisa difícil de conseguir. Mas uma ajudinha do Município, uma aposta a sério nas alternativas ao carro próprio, incentivava-nos mais a todos.

Não é preciso reconstruir a cidade para a tornar ciclável. Podemos adaptá-la. Os desníveis, as escadarias antigas (ou novas, como nas estações de Metro) podem ser vencidos com algum engenho. Em Setembro passado, a Câmara Municipal de Almada, por exemplo, criou estes modelos de calhas para bicicletas.

Parque Infantil de Bicicletas, Plano Almada Ciclável
Fonte: Câmara Municipal de Almada / AGENEAL


Mas Almada tem o Plano Almada Ciclável. E outros sítios no mundo têm outras ideias, como este elevador para bicicletas. Esta era uma boa ideia para ir do Cais-Sodré para o Príncipe Real, não era?

Com a "renovação" da Autarquia era boa altura para ver ideias para Lisboa. A melhor que vi até ao momento está na candidatura do BE: "Criar, nos próximos dois anos, um parque municipal de bicicletas para utilização pública, com postos espalhados pela cidade; Executar, nos próximos dois anos, uma rede ciclável, nos seguintes eixos: eixo ribeirinho Algés / Moscavide, eixo Alcântara / Jardim Zoológico / Carnide e eixo Benfica / Telheiras / Campo Grande / Parque Eduardo VII". As outras dizem coisas tão gerais como "privilegiar os transportes públicos", mas sem dizer como nem onde.

No entretanto, o Metro aumentou ligeiramente o horário em que é permitido o transporte de bicicletas, e a Carris diz que é para o final do ano (via Cenas a Pedal).

Para quem tem vontade, mesmo com a pouca ajuda da Câmara, Metro e Carris, fica aqui um blog de dicas para ciclar em Lisboa: Utilizar a bicicleta na cidade.

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Lx2007 - Cidadania (IV) - As perguntas

E à terceira semana, uma resposta. Não sei se era necessário tempo às candidaturas para sedimentarem as suas ideias (ou para arranjar ideias) se, como alguém anonimamente comentou, era o que faltava um candidato responder a qualquer marmelo que lhe apetecesse fazer perguntas ou se,a pressão feita por um blog com alguma audiência vale muito mais do que o mail de um não-conhecido.

O que é um facto é que tivemos as primeiras respostas. Manuel João Ramos, presidente da ACA-M (Associação de Cidadão Auto-Mobilizados) e membro da candidatura Cidadãos por Lisboa, deixou nos comentários do post original a sua visão para a solução de alguns dos problemas subjacentes no nosso questionário.

Não sei se a sua posição corresponde à posição oficial da candidatura; antagónica não será com certeza. É, mais do que um contributo inicial, um contributo muito importante para se perceber em que águas navega esta candidatura, nomeadamente no que respeita à relação dos habitantes da cidade com o trânsito automóvel e, por tabela, nas consequências que, caso levadas à prática, essas ideias teriam no urbanismo da cidade. Não posso deixar de concordar com algumas ainda que considere que, noutros casos, estão tão desligadas da realidade que as considero um "wishfull thinking" bem-intencionado mas completamente... lírico. De realçar a sua negativa visão da Alta de Lisboa ainda que laborando sobre um erro (o de que a Alta foi pensada como um dormitório, esquecendo as áreas pensadas para comércio e serviços - mas aí a SGAL pode sempre rebater por mim). E, aparentemente, caso a sua candidatura ganhe as eleições, não haverá obras no nó da 2ª Circular (pelo menos é o que depreendo da sua resposta).

Porque o seu lugar é num post autónomo e bem situado no presente para aqui as translado com, desculpem-me a pretensão, alguns comentários.

Mais uma vez obrigado, Manuel João, tanto pela disponibilidade como pelo empenho cívico que tem amplamente demonstrado na ACA-M!

Concorda com a eliminação do aeroporto na cidade? Porquê? Poderia o mesmo ser mantido em Lisboa? Em que circunstâncias e quais as medidas a tomar? O que fazer com o terreno deixado vago pelas instalações caso o Governo não entenda manter Figo Maduro? Está disposto a comprometer-se com a solução apresentada, propondo desde já, caso vença as eleições a necessária alteração do PDM?

A candidatura Cidadãos Por Lisboa já se pronunciou desfavoravelmente à decisão de encerrar o aeroporto da Portela. Na nossa opinião, o aeroporto deve ser mantido, aumento o seu nível de operacionalidade, e criado um aeroporto secundário para vôos de low cost. Face às incertezas que rodeiam a crise petrolífera mundial, encerrar a Portela para lançar obras faraónicas cuja eventual viabilidade assenta na miragem do aumento do número de vôos daqui a vinte anos é de uma tremenda irresponsabilidade.Em relação à crise petrolífera, há uma só certeza: é que o petróleo é finito e vai acabar mais cedo ou mais tarde (15 anos? 30 anos?). O transporte aéreo será fortemente afectado por esta escassez: os combóios e automóveis podem circular a electricidade, os navios podem circular a carvão, nuclear e/ou vento, mas ainda não foi descoberta alternativa viável ao fuel para fazer voar os aviões.A urgência, em termos de ligações internacionais, deve ir para a ligação ferroviária de Lisboa às linhas de alta velocidade e velocidade elevada europeias, por Madrid, num primeiro momento, tanto para passageiros como para carga.A telenovela da Ota impede que sejam tomadas decisões estruturais fundamentais sobre ligações ferroviárias. Lisboa precisa de uma nova estação central, na linha de cintura (eventualmente, em Chelas-Olaias), bem como ligação da linha de Cascais à linha de cintura.

Mas a opção Portela+1 é economica e tecnicamente viável? Mesmo este estudo da CIP, fortemente crítico da opção Ota, indica que a manutenção da Portela não é viável. Existem contas feitas e pareceres de especialistas aeronáuticos que indiquem o contrário? O petróleo vai durar muito mais do que 30 anos e as alternativas estão mais que estudadas. Inclusivé para os motores a reacção dos aviões.

Concorda com a demolição de alguns quarteirões para criação de áreas de estacionamento automóvel privado ausentes dos edifícios antigos e obrigatórias por lei nos edifícios contemporâneos?

A primazia deve ir para a redução do número de automóveis privados na cidade.

E, consequentemente, para a redução da classe média nos bairros históricos.

Concorda com a gentrificação dos bairros históricos? Em que termos – controlada pelos técnicos autárquicos, pelos instrumentos legais e financeiros definidos pela autarquia ou pelo mercado?


A gentrificação é uma operação de marketing imobiliário, que pode ser traumática para a vida da cidade. Em todo o caso, no que respeita a transportes, a gentrificação tem implicado a criação de mais estacionamento automóvel nos bairros históricos, o que é um erro dramático.

A gentrificação é uma consequência natural da evolução de uma cidade. Espaços que se transformam, que se reinventam. Coisas que nascem, coisas que deixam de existir... assim é a vida - não é todo o mundo composto de mudança? Da cristalização social e arquitectónica dos bairros históricos não parece ter saído muito mais do que uma apagada e vil tristeza... very typical para turista fotografar. Ganhou a cidade? Ganharam os habitantes? Não será melhor para todos - até para garantir a auto-sustentabilidade dos bairros - permitir a entrada de novos habitantes - com novos hábitos, com novas exigências, com mais dinheiro... - cuidando a autarquia que não se expulsem os existentes? (Não seria difícil: há muitos espaços vagos, muita da propriedade é municipal!)

Qual a sua posição face à Alta de Lisboa – considera benéfico um polo desta dimensão na periferia duma cidade com um centro cada vez mais desertificado?

Em termos de mobilidade, o problema da disparidade populacional entre o centro histórico e a coroa exterior da cidade é a falta de uma rede consistente de transporte público eficiente e apelativa. Benfica, Lumiar, Marvila e Olivais são as freguesias lisboetas que mais contribuem para o congestionamento do trânsito da cidade, na medida em que foram concebidos como uma primeira linha de dormitórios e não como pólos alternativos ao centro.

Aqui parece-me que MJR traz a discussão para o seu âmbito - o dos transportes - quando o que está em causa é um problema de planeamento. Então o problema da macrocefalia de Lisboa é não existir uma rede de transportes eficaz entre a periferia e o centro??? E se as freguesias referidas fossem auto-sustentáveis em termos de comércio e serviços o que seria do centro da cidade -um deserto?

Tenciona, em caso de eleição, inverter o, verificado actualmente, desinteresse da autarquia no cumprimento dos compromissos estabelecidos com os promotores e a sua população? Concretamente, quando avançarão as obras viárias indispensáveis a uma boa ligação com o resto da cidade e ponto fulcral na obtenção da qualidade de vida que seduziu os compradores e que, implicitamente, a CML endossou?

A boa ligação com o resto da cidade, e a obtenção de melhor qualidade de vida dos lisboetas, deve assentar na oferta de transporte alternativo ao automóvel privado, na conclusão da rede de vias dedicadas (vulgo BUS), com maiores restrições ao estacionamento, e não no continuo alargamento de vias que não faz senão aumentar a dimensão do problema do congestionamento do trânsito automóvel.

Se li bem, MJR não concorda com a realização das vias, cruzamentos e ligações previstas já que as mesmas irão potenciar o trânsito automóvel para o centro da cidade.

TRANSPORTES

O túnel do Marquês de Pombal está em funcionamento, com aparente sucesso. Quer comentar?

O sucesso é aparente. A Av. Fontes Pereira de Melo está permanentemente engarrafada, assim como a Av. Liberdade. Se e quando abrir a saída para a Av. António Augusto de Aguiar, então a parte alta desta avenida terá pressões semelhantes às que se verificam no Saldanha. O túnel do Marquês foi contruído para facilitar a entrada na cidade a partir da A5. Uma política sustentável de mobilidade urbana deve assentar na restrição da oferta de vias e não na sua duplicação. O facto de o túnel não permitir circulação de transporte público – porque a inclinação é perigosa – torna-o um equipamento que apenas serve 1) a invasão diária a partir da periferia Oeste e 2) os acessos à projectada urbanização do Quartel de Artilharia Um do promotor imobiliário João Pereira Coutinho.O túnel do Marquês foi pago pelos lisboetas para uso das periferias, porque aí é que estão os votos para as eleições legislativas.

Completamente de acordo. Só a demagogia do "túnel pago pelos lisboetas" me custa a aceitar. Não provém o grosso das receitas da CML das taxas cobradas pela emissão de licenças de construção? E essas não são pagas pelos promotores imobiliários? Então, por redução ao absurdo, o senhor Pereira Coutinho só obteve aquilo que ajudou a pagar (legalmente).

Considera que a construção de túneis no interior da cidade é um factor positivo para o fluir do trânsito automóvel e, portanto, deve ser implementada?

A construção de túneis intra-urbanos é parte de uma visão brutalista e miope da mobilidade urbana. Oferecer duplicações de vias através de desnivelamento é atraír mais trânsito. Dado que o trânsito funciona como o sistema sanguíneo do corpo, os túneis são como by-passes que vão recriar a juzante novas escleroses. Em termos de circulação pedonal, os túneis rodoviários são equipamentos agressores que impedem a fluidez das travessias de zonas nobres (entre o Campo Pequeno e Entrecampos, por exemplo, não é possível atravessar a Av. República, numa extensão de mais de 500 metros).

Sim, a construção de túneis espelha a visão "automobilistica" de cidade que os seus promotores têm - aqui não há diferenças entre Sampaio, Soares, Lopes e Carmona. O resto é demagogia. Antes da sequência de túneis Campo Pequeno-Entrecampos já existia a mesma dificuldade em atravessar a Av. da República. E a existência do túnel do Campo Pequeno melhorou substancialmente a circulação pedonal à superfície na zona - não é mais fácil agora atravessar a avenida em fente à praça de touros do que seria sem túnel? E há três passagens subterrâneas entre a Av. Berna e Entrecampos, para além de alguns semáforos. A situação do atravessamento pedonal era melhor antes?

Na sua concepção, Lisboa seria uma melhor cidade com mais área de estacionamentos no seu interior ou com mais parques dissuasores nas entradas da cidade? Onde ficariam situados esses parques – nos concelhos vizinhos ou na cidade? Concretamente em que locais? Com que dimensão? Qual o modelo de execução e gestão – concursos para concepção/construção/exploração? Abertura a propostas originárias de privados? Parcerias publico-privadas ou equivalente?

Os parques dissuasores não devem sequer ser construídos à entrada da cidade mais nos pontos de origem das grandes vagas de tráfego, ou seja, nas autarquias suburbanas. As ligações devem ser maioritariamente feitas de transporte público (comboio, autocarro). Complementarmente, mas só complementarmente, devem ser fomentados parques dissuasores nas entradas da cidade,Este tipo de decisões está dependente de concertação ao nível da area metropolitana, e de uma Autoridade Metropolitana de Transportes, que continua por nascer. O problema é que Lisboa não tem, neste momento, clout negocial face às autarquias suburbanas. Daí o interesse e a importância destas eleições: por uma vez, os destinos da cidade podem ser tratados sem cálculos demagógicos para captar o voto partidário das periferias. Nos próximos dois anos, Lisboa pode retomar, através de medidas de restrição à entrada de excesso de carros na cidade, uma posição negocial forte, de modo a suscitar multimodalidade no transporte, e futura – e imprescindível – multipolaridade de centros, nas áreas limítrofes.A atractibilidade de Lisboa, e o seu repovoamento, aumentará à medida que quem hoje prefere viver na periferia mas vir trabalhar na cidade de automóvel perceber que é mais simples passar a viver na cidade, e prescindir do automóvel.

Se houvesse mercado imobiliário de arrendamento, não tenho dúvidas de que a visão de MJR se poderia concretizar. Só que as casas foram compradas, estão hipotecadas e, neste momento, o mercado está em retracção. Do perceber que é mais simples viver na cidade ao vir viver para a cidade vai o "pequeno" salto de conseguir fazê-lo. Vende a casa do subúrbio a quem? Por que preço? E compra em Lisboa onde? Nos bairros históricos? E a gentrificação? Decide viver numa casa sem elevador, sem estacionamento e vende o carro? Quantos portugueses estão dispostos a largar a sua pobre classe média para retornarem ao lumpenproletariado?

Concorda com a introdução de portagens na entrada da cidade? No interior – restringindo o trânsito no centro? Extensivas a todos os que entram na mesma ou com excepção dos moradores?

As experiências com portagens têm sucesso misto. As “portagens” – ou condicionamento do tráfego por taxação da circulação em vez de taxação do estacionamento – funcionaram bem no centro desertificado da City de Londres, mas tem-se revelado problemático o seu alargamento ao West End. Londres estudou a questão durante 30 anos. Lisboa não produziu ainda uma linha sequer de estudos. Por outro lado, não é possível comparar os problemas de mobildiade numa megapoliscom 15 milhões de habitantes e que funciona em anéis concêntricos com uma conglomoreção de 3,5 milhões de habitantes, centrada numa cidade ribeirinha com apenas duas travessias do Tejo (que já são portajadas), e com formato de meia coroa.A decisão de fazer portagens parece ser uma solução miraculosa para evitar pensar de forma criativa, negociada e participada, na resolução do problema da insustentabilidade da invasão do trânsito automóvel pendular. Mas criar portagens onde? Na Baixa? No centro histórico? Ou estender o condicionamento às Avenidas Novas? Nunca ninguém pensou no assunto. Limitar o número de vias, aumentar a oferta e a qualidade do transporte público, criar alternativas razoáveis para o trânsito pedonal, e eventualmente aumentar o custo do estacionamento – com proibição de recarregamento do parquímetro para evitar o trânsito pendular – são para já alternativas que ainda não foram experimentadas e que são incomparavelmente mais baratas, menos controversas e menos complexas que as “portagens”. Mas qualquer decisão deve começar por ser informada, e actualmente não há informação suficiente sobre custos, eficácia e benefícios da introdução de um tal sistema.

Parabéns pela franqueza. Sabe bem, no meio de uma campanha cheia de candidatos cheios de frases pomposas sem a menor base de sustentação.

Concorda com a existência de empresas municipais? Porquê? Concorda com a manutenção das empresas municipais existentes? Quais?

A extinção da EMEL é uma possiblidade que deve ser estudada com o cuidado necessário para que o trânsito de Lisboa não volte à situação do início dos anos noventa, em que o estacionamento em segunda fila e sobre os passeios era uma tortura para os lisboetas.Tal como existe hoje, a EMEL é uma empresa municipal ineficiente, com má imagem pública, com um quadro financeiro e de gestão iníquos. Mas é possível reabilitá-la, desde que limpa do funcionariato partidário, e saneada financeiramente.

Não sei como é que vai conseguir despedir tanta gente mas força, tem o meu apoio.

Manuel João Ramos
11/06/07

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segunda-feira, 11 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania (III)

Ainda a propósito das perguntas aos candidatos feitas em nome individual e nunca respondidas, vem-me à memória esta lei de Heródoto, citada por Kapuscinski(*):

"É mais fácil enganar uma multidão do que um único indivíduo"

(*)Andanças com Heródoto, ed. Campo das Letras

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sábado, 9 de junho de 2007

VIVER MAGAZINE - Restaurantes

Dar a conhecer os restaurantes da freguesia do Lumiar (na qual a Alta se insere), eis o propósito que nos anima nesta nova secção do “Viver...”. Porque há vida para além do défice crónico da maioria das famílias portuguesas que se atreveram a comprar casa. Na Alta ou na Baixa, em Lisboa ou nos arredores.


Há muitos, muitos anos, quando a cidade fenecia por volta das avenidas novas, quando a avenida da República era uma sucessão espaçada de moradias endinheiradas, estava enraizado o hábito na Lisboa popular e burguesa de reservar os Domingos para, em alegres grupos ou pacatas famílias, excursionar até aos retiros e hortas da periferia. Na Estrada de Sacavém, um longo percurso que se iniciava por volta de Arroios, estava concentrada a maioria dos retiros mais afamados, dos quais o “Perna de Pau” gozava de maior renome. Cabo Ruivo, Estrada de Benfica, Campo Grande, eram outros dos locais de romaria que a memória popular guardou.

Fosse por ser local de quintas afidalgadas, fosse por ser local de passagem para outros poisos, do Lumiar não ficaram retiros dignos de perdurar nos registos. Perto, na sua periferia, sobreviveram até há relativamente pouco tempo, dois: o Quebra-Bilhas no Campo Grande e a Quinta de S. Vicente em Telheiras. Infelizmente abatidos ao serviço – como poderiam sobreviver nestes tempo de normalização à força?- resta ainda o local, à vista de passantes e de curiosos do passado.

Voltando ao presente. Não encontrando no passado tradições para cumprir, aos lumiarenses resta a invenção de novos locais de peregrinação gastronómica na freguesia . Um deles será certamente o “Retiro da Matilde”, em pleno coração do Lumiar, na sua zona histórica.

Os países de língua inglesa têm uma expressão que definiria muito bem o tipo de culinária que se pratica neste restaurante não fossem as presentes preocupações nacionais com a hipertensão impedirem a sua utilização: “hearty food”. Não é decididamente uma culinária que pratique uma relação, digamos... saudável com o sistema vascular de cada um o que por aqui podemos encontrar. Mas é com certeza uma culinária feita com o coração e que deixa o coração mais empedernido satisfeito com as alegrias que proporciona.

No “Retiro da Matilde” pratica-se uma cozinha não de autor mas de amor. Amor pelos pratos que de cada região atracaram à capital há muito, amor pelos produtos que, pelo país os séculos de mão sapientes foram aperfeiçoando no calor da lareira. Amor pelos clientes que aportam, descendentes indirectos dos excursionistas dominicais de antanho.


ENTRADAS
Morcela da Guarda com frutas; Alheira de Caça com Verdura; Queijo de Castelo Branco; Salpicão de Barrancos

Das entradas, destaque para os enchidos. Das nossas incursões pudemos comprovar a excelência da morcela da Guarda e da alheira de caça: a morcela com o excesso de gordura que lhe é natural devidamente cortado pela acidez dos gomos de laranja, a alheira acompanhada por uns grelos cozidos no ponto e salteados em azeite e alho. Já o salpicão nos pareceu menos digno de nota, um tom inferior face à pujança dos seus acompanhantes.

Ficou por provar o queijo de Castelo Branco, igualmente anunciado na ementa.

PEIXES
Camarão na Grelha; Amêijoas à Bulhão Pato; Choquinhos à Algarvia; Dourada Grelhada; Feijoada de Camarão

Concessões à diversidade de gostos dos clientes, ao camarão e à dourada dissemos nada, reservando-nos para a feijoada de camarão. Bem apurada, com fartura de crustáceos valeu a escolha.

Já dos choquinhos não gostámos do excesso de sal, a acentuar em exagero a fortaleza do refogado e da presença do alho.


CARNES
Pernil de Porco no Forno; Perna de Veado no Forno; Pato no Forno com Laranja; Presa de Porco Preto na Grelha; Picanha Fatiada na Grelha; Carne de Porco Alentejana; Feijoada de Lebre; Coelho com Amêijoas; Moelas Estufadas; Bife da Vazia Frito ou Grelhado

Há nos pratos de carne disponíveis um visível cuidado em combinar as concessões ao gosto pouco exigente dominante actual (o pernil de porco, a picanha, o bife da vazia) com uma culinária menos vista mas mais regionalista. Boas surpresas poderão ser, para quem queira arriscar sair do habitual a feijoada de lebre ou o coelho com amêijoas. A presa de porco, provada, pareceu-nos um bocadinho seca, acusando um ligeiro excesso de tempo na grelha, eventualmente acidental; a utilização de fruta como parte do acompanhamento, um bocadinho despropositada.


SOBREMESAS
Mousse de Chocolate; Baba de Camelo; Doce de Maçã com Doce de Ovos

Enfim, não se pode ter tudo. E no capítulo das sobremesas, a nossa animação decresceu perante tão rala oferta. O doce de maçã é um atentado aos menos gulosos. Puré de maçã envolto em claras batidas em castelo e levado ao forno, revestido com um doce de ovos transbordante é a proposta.

CARTA DE VINHOS
A carta de vinhos é, ao contrário das vitualhas, pouco variada e muito menos apelativa. Tivesse o amigo Almeida tempo, recomendar-lhe-íamos umas expedições aos locais de origem dos seus pratos em busca de bons casamentos vinícolas para disponibilizar aos comensais.

PRATOS DO DIA
Terça – Pato no forno com laranja; Quarta – Feijoada à Brasileira; Quinta – Arroz de Polvo com Camarão; Sexta – Pernil de Porco no Forno; Sábado – Choquinhos Fritos à Algarvia; Domingo – Cabrito Assado no Forno

SERVIÇO
Extremamente prestável e atento, o dono da casa, Sr. Almeida, oficia sozinho e de tudo dá conta.

COMO IR
O restaurante fica na Rua do Lumiar mas o melhor é deixar o carro no princípio da vizinha e paralela Alexandre Ferreira e depois a ela aceder a pé pelo pequeno pátio situado no saguão do primeiro prédio do lado esquerdo. Para os menos avisados, a rua Alexandre Ferreira começa no prolongamento da Alameda das Linhas de Torres, junto às bombas da Repsol.

APRECIAÇÃO
Localização e acessos - 4/6; Espaço interior, conforto – 3/6; Serviço - 5/6; Ementa – 5/6; Culinária – 5/6; Carta de Vinhos – 2/6. Valor final – 4/6. Apreciação final: um espaço definitivamente a frequentar quando em busca de uma cozinha sólida, regional, apurada.

RESTAURANTE RETIRO DA MATILDE
Rua do Lumiar, 18-20, Lumiar

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quinta-feira, 7 de junho de 2007

IPO vai para Oeiras

IPO vai para Oeiras
Transferência anunciada por Isaltino Morais
O Instituto Português de Oncologia vai ser transferido para Barcarena, no concelho de Oeiras. O anúncio foi feito, esta quinta-feira, pelo presidente da autarquia.

SIC online

Ora aqui está mais um assunto que eu gostaria de ver discutido pelas diversas candidaturas. Não consegui encontrar referências na net mas julgo concluir bem se disser que a venda se inclui na desesperada tentativa do Governo alienar tudo o que luza como forma de reduzir o malfadado défice orçamental – ainda que a justificação oficial possa ser pagar instalações mais modernas com o dinheiro da transferência.

Mas fazer dinheiro como? Não sendo crível que se tenha encontrado uma jazida de petróleo no subsolo, a única hipótese plausível é a da venda do terreno para construção imobiliária. O que implicará uma mudança do PDM. O que, dados os custos envolvidos, parece ser um dado certo para o ministro da Saúde.

Terá Correia de Campos poderes mediunicos? Saberá ele mais do que nós? Terá ele já a certeza de que o PS ganhará com maioria absoluta não só as próximas eleições intercalares mas as eleições “gerais” para Lisboa de 2009?

Ou será que todas as forças passíveis de eleger vereadores também estão de acordo com a mudança do PDM e a construção no local de mais um mega-empreendimento?

E Lisboa? O que ganha ela com mais esta densificação do seu território?

E os seus utentes – o que ganharão com a deslocalização do maior hospital oncológico da região para lá do horizonte, numa região pior servida de transportes públicos, mais afastada de hoteis e pensões, mais longe da maioria?

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Obras mal acabadas, outra vez


Há um ano e meio fotografámos esta obra mal acabada, e no dia seguinte, coincidência ou não, já tinha sido reparada.

Esta fotografia mostra mais uma vez o desleixo típico dos finais de obras. Esta terminou há cerca de 15 dias. Vejamos quanto tempo mais ficará neste estado e daqui a quantos pneus e suspensões substituídas se irá colocar o remendo de alcatrão por cima.

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O Viver, tal e qual.


O Viver foi eleito como "Blog bem informado" da semana no Tal&Qual de 1 de Junho de 2007. O post ilustrativo foi o do vidrão a abarrotar.

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quarta-feira, 6 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania (II)

E para não serem só perguntas sem resposta, eis uma possível resposta para algumas das perguntas...

PROPOSTAS PARA UMA CAMPANHA ELEITORAL

REABILITAÇÃO URBANA


Defina-se em primeiro lugar qual o âmbito em que iremos tratar a “reabilitação urbana” já que, no seu sentido mais lato, reabilitação urbana será qualquer tipo de intervenção de requalificação que se faça numa cidade. Assim, de que falamos, quando falamos de reabilitação urbana em Lisboa? Especificamente, estamos a referir-nos à actuação do poder público na definição e na execução de políticas que eliminem as patologias urbanas (sociais, arquitectónicas, económicas) e as causas a elas associadas de que enfermam os denominados bairros históricos da cidade (concretamente Alfama, Mouraria, Madragoa, Bairro Alto, Bica). Em linguagem mais pragmática: que procurem reconduzir estes bairros a patamares de vivência que já tiveram, com diversidade etária, social e económica e com capacidade de gerar, sem auxílio externo, condições para que esses níveis se mantenham.

Demasiado críptica a intenção? E que tal, em português mais directo: que se criem condições para que saiba bem lá viver?

Esta dificuldade aqui expressa de definição de um objectivo que, à partida, pareceria tão fácil de definir, é um espelho das dificuldades que as várias forças (na verdade foram só duas: o PCP e o PSD) no poder tiveram para, mais do que saber o que queriam, concretizar o que queriam para a parte antiga de Lisboa.

Tentemos então sistematizar ideias.

Quais são então os principais factores para “criar” qualidade de vida” num bairro? Resumidamente,

- A arquitectura (das fachadas aos espaços interiores)
- O urbanismo (no que respeita à “disfrutabilidade” dos espaços)
- A facilidade de acessos, de circulação automóvel, de estacionamento
- A proximidade dos equipamentos e serviços
- A proximidade de transportes públicos
- A existência de espaços de lazer e a sua agradabilidade

Penso ser do senso comum concordar que estes factores tanto funcionam para as novas urbanizações como para as existentes. Se assim é, então para que exista uma efectiva reabilitação do bairros históricos lisboetas é necessário garantir que neles estes factores existam ou voltem a ser oferecidos – não é pela lágrimazinha furtiva que emitimos quando por eles passeamos, ou quando a sardinheira no varandim, o candeeiro antigo na fachada ou as ruelas perfumadas pelo manjerico nos captam a atenção que mais população decidirá voltar a habitá-los.

Não é pelos seus lindos olhos que os bairros históricos passarão a ser atractivos o suficiente para motivar o aumento da sua população.

Mas é mesmo o aumento da população que o poder camarário quer para os bairros históricos?

Pelo que fez e disse através dos responsáveis da altura, ao PCP (e, por força da coligação ao PS) isso não interessava: objectivo fundamental era o de criar condições de habitabilidade à população residente, evitando, num equilíbrio precário, a sua fuga mas também a gentrificação dos locais, numa espécie de nunca assumido, parque temático socialmente correcto. Em simultâneo, defendia-se a necessidade dos bairros criarem a sua própria sustentabilidade e a vontade dos mesmo não se gentrificarem (ou seja que não se alterasse a sua composição sociológica) o que, perante uma população que tinha demonstrado à saciedade não ter recursos para tal (daí a necessidade de intervenção camarária na reabilitação dos edifícios), nunca ninguém soube ou pode explicar como. Também o PSD, por omissão – já que nunca contestou a política anterior, antes a anunciou mais eficazmente gerida -, pareceu concordar com esta ideia (o que ideologicamente parece também fazer sentido: à média burguesia as urbanizações limítrofes, aos pobrezinhos o depauperado centro para turista ver). Quanto aos restantes partidos, para além das bondosas frases de circunstância em defesa do politicamente correcto, nada de mais específico se ouviu.

E será o aumento da população nos bairros históricos o que Lisboa precisa? Como?

Do meu ponto de vista, essa necessidade é uma evidência.

Porque não faz sentido – urbano, económico, social – ter uma cidade esvaziada no centro, tomada pela pobreza e/ou pelos serviços, e superlotada na periferia.

Porque Lisboa precisa de massa crítica populacional de modo a viabilizar toda uma gama de pequenos serviços que servem para dar tessitura a uma cidade – o comércio de proximidade, os serviços de apoio aos moradores, por exemplo.

Porque, como já foi referido, os bairros precisam de auto-sustentabilidade de modo a suportarem-se por si próprios, numa sempre activa regeneração que cria actividade, gera riqueza, aumenta o nível de vida das populações.

Porque, mesmo para consumo turístico, uma zona viva, pujante, activa, gera mais riqueza e mais oportunidades para todos, do que uma relíquia que apenas tem para oferecer os sinais da decadência e de um passado morto.

Porque a democracia se constrói com gente activa e não com uma população decadente e sem futuro, porque uma cidade se constrói em evolução e não em involução.

Se então se torna claro que o aumento da população é uma necessidade, onde buscar essa população?

Nos últimos 30 anos Lisboa encontra-se num ciclo claramente regressivo de população. Há uma fuga clara para os concelhos limítrofes que anula os efeitos da imigração interna do interior do país para a capital e da imigração vinda do exterior, fruto, não da oferta de melhores condições de habitação mas de uma melhor relação preço/qualidade da habitação. Há uma fuga para as novas urbanizações da periferia da cidade pela mesma razão.

Perante esta realidade, ou se seduz a população já residente na cidade ou se procura o regresso dos que emigraram para os concelhos vizinhos. Ou se depaupera ainda mais o interior do país.

A primeira hipótese está fora de questão por não contribuir para o aumento da população da cidade, do mesmo modo que, a terceira parece de todo em todo recusável. Resta assim dirigir os esforços de captação de nova população para aquela que já na cidade habitou.

Como criar então atractividade suficiente nos Bairros Históricos para que nos mesmo se verifica uma inversão da procura actual? Pela conjugação de dois factores: o económico e o emocional.


Porque é que as gentes fugiram de Lisboa? Porque lhes desgostava viver na cidade onde nasceram? Porque a perspectiva de passar entre duas a três horas nos percursos entre casa e o emprego lhes era atraente? Porque a desumanidade das cidades dormitório lhes era indiferente? Ou porque simplesmente não tinham dinheiro para viver na Lisboa que queriam?

Repare-se no tipo de produto imobiliário disponível nos bairros históricos para preços por metro quadrado equivalentes aos da periferia: apartamentos de áreas reduzidas, inferiores muitas vezes aos mínimos sociais definidos na legislação, em prédios antigos a necessitar de obras, sem garantias de resistência sísmica, sem garantias de estanqueidade, sem elevador, em zonas de difícil acesso automóvel e quase impossível estacionamento.




Como é possível acreditar-se verdadeiramente que, apesar destes elementos desfavoráveis (que constituem o fulcro de toda a decisão de escolha de uma casa), ainda haverá uma população suficientemente numerosa que escolha morar nos bairros históricos?

Só alterando profundamente estas condições se inverterão os fluxos habitacionais actuais. Acrescentando à parte afectiva que existe – as vistas do rio, a cultura própria dos sítios, a patine histórica, a luz – razões mínimas de conforto suportadas por preços concorrenciais.

A nível arquitectónico escolhendo criteriosamente – por razões arquitectónicas, históricas, culturais – quais os poucos quarteirões a preservar e demolindo e recriando, em condições regulamentares e em coerência com o existente, novos espaços de habitação numa lógica de intervenção quarteirão a quarteirão, aproveitando a economia de escala e – factor fundamental – criando condições de resistência a sismos (o que, diga-se frontalmente, é quase impossível de garantir em intervenções individuais). Recorde-se que a reabilitação, em condições regulamentares, de um edifício em Alfama ou Mouraria atinge, sem grandes descontrolos orçamentais, valores que são duplos a triplos dos valores definidos por lei para habitação social – é esta a principal razão porque, apesar das boas intenções, a maioria dos projectos de intervenção da CML não foi concluída.

A nível urbano, aproveitar alguns desses quarteirões para instalação de silos de estacionamento. Deixar quarteirões vazios de habitação e criar espaços de fuga para o Tejo para os olhares e de fruição para os sentidos. Acautelar a manutenção das carreiras de eléctricos existentes e criar transportes públicos interiores (não existem já os transportes sociais pagos pela CML?) em veículos ecológicos com dimensão adequada à dimensão das ruas. E – porque não? – reestruturar circulações, criando ou alargando algumas ruas de modo a racionalizar circuitos de acesso aos edifícios (e não para trânsito automóvel) acabando de vez com a mentira da proibição ao trânsito automóvel em vigor em alguns bairros.

É arrepiante pensar na demolição de muitos dos prédios destes bairros?

Arrepiante é pensar que, no estado em que estão as coisas, alguém ainda possa acreditar que muitos deles terão à sua frente uma vida longa. Muitos vêm morrendo há décadas, corroídos por múltiplas infiltrações derivadas da ausência de obras de manutenção e reabilitação; muitos degradam-se fruto de intervenções casuísticas efectuadas por moradores pouco esclarecidos ou empreiteiros ignorantes; quase todos não têm um mínimo de condições de resistência a um sismo de intensidade semelhante à dos que atingiram Lisboa no passado.

Arrepiante é acreditar na bondade das intenções da autarquia que garante todos pretender reabilitar. Como, se lhe faltam as verbas? Como se são as verbas no passado aplicadas na reabilitação de um ínfimo da área existente que tanto pesam na dívida de hoje, a ponto de paralisarem a acção da Câmara?

O presente exige realismo, pragmatismo e inteligência. Para se aceitar que as teorias do passado foram as responsáveis pelo presente, para compreender que, para além dos gostos estão as necessidades da cidade. E para se evitar cair em tentações de sinal contrário em que o camartelo é rei e o progresso fazendo tábua rasa de tudo. Porque se é tempo de acabar com uma Lisboa antiga, miserável e moribunda, nunca o será da construção de uma alta coimbrã ou de uma ceausesquiana Bucareste.

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terça-feira, 5 de junho de 2007

Os adiados de Calvanas

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segunda-feira, 4 de junho de 2007

Lx2007 - Cidadania

Há uma semana, enchi-me de preocupações lisboetas e enderecei a todas as candidaturas que tinham um endereço electrónico disponível, um conjunto de perguntas objectivas visando vários dos temas que me preocupam e de que cuja resolução - penso eu - depende a capacidade de Lisboa se tornar uma melhor cidade, uma mais-cidade, um melhor local para se viver.

Até hoje, de nenhuma me veio um ai, um sopro de existência, uma confirmação de que tinham recebido as minhas palavras e que, pelo menos no campo das intenções, as iriam ler e procurar dar atenção. Nada. Zilch. Zero.

Acredito que a CDU, depois da mensagem ter passado pelo funcionário de serviço, pelo controleiro respectivo, pela DORL, pela comissão política e pelo secretário geral, tenha decidido agendar o tema para a próxima reunião do comité central de modo a decidir se o candidato Ruben de Carvalho deveria a) ter conhecimento das perguntas b) respondè-las c) conhecer as respostas oficiais, pelo que não espero resposta antes do próximo Congresso.

No caso do PP parece-me óbvio que se decidiram organizar em tendências antes de decidir o que fazer - se responder, se ignorar, se perguntar ao Paulo Portas, se as mandar para Bruxelas ao cuidado do Dr. Ribeiro e Castro e assim lhe criar mais um entalanço político - pelo que antes de se engalfinharem todos à estalada na próxima reunião da comissão política não deve haver novidade (novidade seria o Paulo telefonar-me).

Quanto ao PS, a explicação é evidente. Depois do Prof. Marcelo ter vaticinado a sua vitória, já nem se dignam a responder ao eleitores, mera formalidade eleitoral.

Já o silêncio das candidaturas independentes é um mistério. O de Carmona porque nem sequer me enviou um endereço para eu lhe fazer perguntas (parece que ainda anda à procura das assinaturas para formalizar a candidatura). O de Helena porque ela afirmou basear o programa nas propostas dos cidadãos. Será por eu ser engenheiro e ela arquitecta? Será por causa do 73/73? Será porque os arquitectos já sabem todas as respostas (mas assim seria a primeira a ter respostas debaixo da lingua...) Será porque esta arquitecta afinal só gosta de teorizar? Mistério.

Mistério menor o do PSD. Percebe-se, pelo nick do candidato que tudo deve andar às escuras na candidatura. Tão às escuras que não se encontra o seu maldito endereço electrónico. Eu não percebo a negritude. Afinal o roubador-de-votos Carmona ainda não sabe se se candidata ou não...

E para terminar o campeonato "dos grandes": o Zé. Faz-me falta, Zé, a tua resposta!!! Eu bem sei que não te fiz nenhuma pergunta jurídica, não te perguntei quantos requerimentos precisaria de preencher para te responder, nem ao abrigo de qual decreto-lei te exigiria a resposta, muito menos quantas escutas deveria apresentar para atestar a idoneidade do autor do questionário, mas que diabo! entre gente que ama a cidade não deveria haver dessas formalidades, não é? Nem desses silêncios...

Os que menos que intrigaram, no entanto, foram os chamados "pequenos". É óbvia a ausência de respostas. Que diabo, eles sabem que estão muito longe de eleger um vereador, quanto mais uma vereação! Aproveitam o tempo de antena mais para propaganda institucional ou, na melhor das hipóteses, para a apresentação de meia-dúzia de ideias generalistas do que para contribuir com propostas concretas, exequíveis para a resolução dos problemas. Eu compreendo-vos. Confesso que só mandei as perguntas para vos chatear com a hipotética angústia que enfrentariam para as responder caso ganhassem as eleições.

Foi uma ilusão minha, confesso-o, um arroubo de falsa modéstia, uma subida de ego - pensar que, face à modernidade da web e à proliferação de sites e blogs de candidatos, a este cidadão seria dada alguma atenção.

Pois.

Eis as perguntas:


Caros concidadãos,

Nasci em Lisboa, amo a minha cidade, preocupo-me com os seus problemas e tenho procurado, dentro das minhas capacidades e das minhas limitações, fazer parte das soluções e não dos problemas. Desde que a lei mo permitiu (já lá vão mais de 25 anos!) tenho participado civicamente nas eleições autárquicas, dando o meu voto às candidaturas que, do meu ponto de vista, se prefiguravam como as mais próximas de atingir os objectivos que entendia como os mais importantes de alcançar, designadamente uma boa gestão dos recursos e o lançamento de políticas que proporcionassem uma melhor qualidade de vida aos seus habitantes, um desenvolvimento harmonioso da cidade e as bases para uma boa sustentabilidade da mesma.

Pelo estado actual das coisas, parece-me que me enganei - ou que muitos se enganaram.

Felizmente que, hoje em dia, existe a Internet. E felizmente que há candidaturas que, pelo menos na aparência, estão dispostas a dar este passo de aproximação aos munícipes, num ensaio de "democracia directa" que muito me apraz verificar. Aproveitando então esta abertura no que, na aparência, se assemelha muito a um autismo profundo dos partidos, venho apresentar uma série de questões que muito me auxiliariam a decidir o meu voto nas eleições que se aproximam. Será que me facultarão uma resposta?

Aguardando-a, agradeço desde já a Vossa disponibilidade e cooperação,

URBANISMO

Concorda com o actual PDM? Tenciona propor alterações? Quais?

Lisboa tem, hoje em dia, uma população residente que se aproxima da existente nos anos 40, contando, em contrapartida, com um fluxo de trabalhadores diário que a quase duplica durante o período diurno. Considera esta situação suportável pela cidade? O que se propõe fazer?

Se defende um aumento da população residente da cidade como o pretende implementar – com a descida, geral ou cirúrgica, do IMI? Com a isenção da cobrança de taxas em edifícios antigos?

Concorda com o licenciamento no presente de mais construção para habitação? Face à já referida diminuição da população residente como entende a concorrência desfavorável que a construção nova – com melhor oferta ao nível do cumprimento dos regulamentos e do conforto para os seus habitantes – irá fazer aos bairros históricos necessitados de um afluxo de população com recursos económicos que os torne auto-sustentáveis?

Perante a macrocefalia habitacional da cidade, com a maioria da população residente nos bairros periféricos de Benfica, Lumiar e Olivais/Chelas, para onde entende se devem orientar as políticas de transporte e de licenciamento das áreas terciárias? Pretende tomar medidas no sentido de fazer cumprir a lei no caso dos inúmeros fogos do centro da cidade com licença de utilização habitacional que estão ocupados por actividades de serviços de modo a promover o seu retorno ao uso original e, assim, aumentar os números de residentes?

Há hoje em dia – com a proliferação das grandes superfícies comerciais, com a dispersão da população pelos concelhos vizinhos, com o envelhecimento e empobrecimento da população residente nos bairros históricos – lugar para o comércio de proximidade? Como?

Em termos de urbanização dos espaços, existe uma Lisboa fruto do trabalho directo ou indirecto dos serviços camarários – que tem como exemplos mais recentes os Olivais, Chelas, Telheiras – e uma outra saída dos interesses exclusivos de promotores privados – que poderá ter como exemplo os terrenos de Telheiras de propriedade privada. Face aos resultados em termos de vivência urbana, qualidade dos espaços, densidade de ocupação que os diversos loteamentos alcançaram, qual a opção que defende deverá ser adoptada em Lisboa caso entenda que a autarquia deve continuar a incentivar novas urbanizações? Deverão os poderes públicos ter uma intervenção forte em Lisboa condicionando decisivamente o como, o quando e o porquê do movimento urbano da cidade ou deverão deixar que o mercado funcione, preocupando-se unicamente com o cumprimento dos valores mínimos previstos na legislação e aceitando como inevitáveis as ruínas dos projectos imobiliários que o mercado rejeitará?

Concorda com a eliminação do aeroporto na cidade? Porquê? Poderia o mesmo ser mantido em Lisboa? Em que circunstâncias e quais as medidas a tomar? O que fazer com o terreno deixado vago pelas instalações caso o Governo não entenda manter Figo Maduro? Está disposto a comprometer-se com a solução apresentada, propondo desde já, caso vença as eleições a necessária alteração do PDM?

REABILITAÇÃO URBANA

O discurso de todos os partido representados na autarquia tem sido, desde há muito, no sentido não só de confirmar a importância da reabilitação dos bairros históricos (vulgo reabilitação urbana) como de propor um reforço da intervenção da Câmara nesta área. Concorda com esta posição? Como se propõe financiar esta intervenção face às dificuldades financeiras actuais da autarquia e, numa perspectiva mais global, face à não-sustentabilidade actual dos bairros históricos que os impede de criar riqueza para os proprietários poderem pagar as obras?

O que propõe fazer perante o imobilismo dos proprietários quando intimados a promover obras de conservação e reabilitação – a expropriação? A realização de obras coercivas – com que modelos de financiamento? Estenderá esse rigor à própria câmara, um dos maiores proprietários da cidade e um dos mais incumpridores?

Que medidas poderá a CML implementar para o aumento da atractividade dos bairros históricos?

Concorda com a demolição de alguns quarteirões para criação de áreas de estacionamento automóvel privado ausentes dos edifícios antigos e obrigatórias por lei nos edifícios contemporâneos?

Face à degradação do parque habitacional existente e à rigidez das políticas camarárias para o sector que restringe fortemente a inovação e a criação de novos espaços a partir da demolição dos existentes, os bairros históricos, ao não apresentarem produtos imobiliários consentâneos com as aspirações e as necessidades da classe média tornam-se cada vez mais reduto das populações mais empobrecidas. Concorda com esta visão? Defende que este é o destino natural do centro da cidade em paralelo ou alternativa à sua terciarização quase total como no caso da Baixa? Concorda com este modelo em que as classes média e alta se deslocam para os bairros novos da periferia deixando o centro abandonado a uma cada vez maior pobreza ou desertificação nocturna terciária? É possível alterá-lo? Como?

A CML é um dos maiores proprietários imobiliários da cidade. É também um dos mais incumpridores face à legislação, nomeadamente no que obriga à execução de obras de manutenção, conservação e reabilitação. Por outro lado são públicas as dificuldades financeiras da autarquia o que permite prever a impossibilidade de inversão desta situação a médio prazo. Quer comentar? Propõe que solução – a obtenção de verbas comunitárias ou a alienação do s imóveis? Em que condições e a quem – moradores, investidores? Que garantias dará a uns e outros- aos primeiros de que manterão a sua residência e/ou nível de renda e aos segundos de que será um bom investimento?

A reabilitação profunda e cumpridora da regulamentação em vigor dos edifícios dos bairros históricos pode atingir valores (comprovados em obras municipais) que são o triplo dos valores definidos por lei para a construção de habitação social, sem se atingir em muitos casos, os níveis de conforto mínimo definidos no RGEU, nomeadamente no que respeita às área mínimas das diversas divisões. Entende que, mesmo assim, a CML deve continuar a promover indiscriminadamente, como o tem feito até agora (só restringida por disponibilidades financeiras), a reabilitação de todos os edifícios dos bairros históricos? Entende como defensável uma política que considere a demolição de alguns quarteirões e a construção de novos edifícios, mantendo uma exigência de coerência arquitectónica (que não mimética ou porque não mimética) libertando verbas para mais intervenções? Devem os bairros históricos ser uma cristalização política e sociologicamente correcta do que antiga e oficialmente se designava por “pitoresco”?

Concorda com a gentrificação dos bairros históricos? Em que termo – controlada pelos técnicos autárquicos, pelos instrumentos legais e financeiros definidos pela autarquia ou pelo mercado?

Entende que a CML deve ter um corpo técnico que execute os projectos de intervenção nas zonas históricas ou concorda com a promoção de concursos para execução dos mesmos ainda que tal represente um acréscimo de custos? Quer comentar os resultados obtidos até agora nos projectos definidos pela autarquia – Projectos Integrados e Mega-Empreitadas de Reabilitação?

ALTA DE LISBOA

Qual a sua posição face à Alta de Lisboa – considera benéfico um polo desta dimensão na periferia duma cidade com um centro cada vez mais desertificado?

Tenciona, em caso de eleição, inverter o, verificado actualmente, desinteresse da autarquia no cumprimento dos compromissos estabelecidos com os promotores e a sua população? Concretamente, quando avançarão as obras viárias indispensáveis a uma boa ligação com o resto da cidade e ponto fulcral na obtenção da qualidade de vida que seduziu os compradores e que, implicitamente, a CML endossou?

TRANSPORTES

O túnel do Marquês de Pombal está em funcionamento, com aparente sucesso. Quer comentar?

Considera que a construção de túneis no interior da cidade é um factor positivo para o fluir do trânsito automóvel e, portanto, deve ser implementada?

Na sua concepção, Lisboa seria uma melhor cidade com mais área de estacionamentos no seu interior ou com mais parques dissuasores nas entradas da cidade? Onde ficariam situados esses parques – nos concelhos vizinhos ou na cidade? Concretamente em que locais? Com que dimensão? Qual o modelo de execução e gestão – concursos para concepção/construção/exploração? Abertura a propostas originárias de privados? Parcerias publico-privadas ou equivalente?

Concorda com a introdução de portagens na entrada da cidade? No interior – restringindo o trânsito no centro? Extensivas a todos os que entram na mesma ou com excepção dos moradores?

AML

Concorda com o actual modelo de gestão autárquica na área metropolitana de Lisboa? É viável uma gestão individualizada e necessariamente orientada para os interesses locais do concelho quando existe uma interligação profunda das populações, com locais de residência e de trabalho em concelhos diferentes, com a necessidade de massa crítica para o sucesso de muitos equipamentos, com os fluxos de tráfego? É possível uma actuação GLOCAL (agir localmente, pensar globalmente) no âmbito da legislação actual, de organização do território em vigor e das mentalidade existentes? Como, concretamente? Defende um modelo alternativo exequível? Qual?

CULTURA

Lisboa precisa de um abanão cultural ou está bem como está? Tem a oferta de eventos suficiente? De espaços culturais de cinema, teatro, artes plásticas? Os espaços geridos pela CML são em número suficiente para as acções que pretende implementar?

Considerando a sua baixa taxa de ocupação, o que fazer com o S. Jorge? Encararia com interesse a sua ligação à Cinemateca como sala principal? Em que termos?

TURISMO

No seu entender, qual é a força de Lisboa em termos turísticos? O que deve a autarquia fazer – sem depender do Estado ou da alteração da legislação – para preservar e aumentar essa força? Que destino entende deve ser dado às verbas provenientes do Fundo de Turismo e do Casino de Lisboa?

CML

Concorda com a existência de empresas municipais? Porquê? Concorda com a manutenção das empresas municipais existentes? Quais?

Entende que o número de funcionários municipais é equilibrado? Excessivo? Insuficiente? Considera que no caso de uma diminuição do número de funcionários se conseguirá evitar o aumento dos tempos de resposta da autarquia nomeadamente no que respeita à apreciação de projectos e emissão de licenças?


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