domingo, 30 de setembro de 2007

Esgoto entupido na Av. Sérgio Vieira de Mello

Este é já um assunto recorrente. Sempre que chove um pouco mais as canalizações do esgoto não aguentam o caudal e ficam entupidas.

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Será da pobre argila do Miocénico que já aqui mora há uns bons milhões de anos?

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Certamente que não.

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Vandalismo na “Colina de S. Gonçalo”

Resultados do vandalismo diário sobre os lotes do empreendimento “Colina de S. Gonçalo” situado na Avenida Sérgio Vieira de Mello. As imagens falam por si:

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Não há estrutura por mais sólida que seja que consiga escapar a estas acções de vandalismo. Infelizmente, isto é um cenário muito comum em muitas áreas urbanas. Como domar estes bandos de malta jovem que só sabe destruir? Como educar esta gente?

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Politics: who cares?



Foi este o momento da santificação de Santana Lopes. Não deixa de ser irónico que um homem cuja ascenção política tanto deve à mediatização da sua imagem seja agora o centro do debate sobre as prioridades editoriais da comunicação social.

Santana Lopes conseguiu na SIC Notícias o melhor golpe publicitário que alguma vez teve e que nem Edson Athayde lhe poderia dar. A rábula saiu genial, o improviso é, aliás, a maior qualidade de PSL, e dou-lhe toda a razão na posição tomada.

Porém, acreditando que as agendas editoriais das televisões se regem pela guerra de audiências procurando satisfazer os interesses dos telespectadores, interromper-se uma análise política por uma não-notícia da chegada de Mourinho à Portela reflecte em sobretudo o afastamento entre a população e a política; e isso é que devia preocupar toda a gente.

Curiosamente, a pedido de Santana Lopes, a entrevista tinha sido adiada meia-hora para evitar que coincidisse com a transmissão do jogo de futebol V. Guimarães-Sporting.

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Correio dos Leitores


Inicia-se hoje mais uma nova rubrica aqui no blog. O Viver recebe frequentemente pedidos de informação sobre a Alta de Lisboa e até hoje ninguém ficou sem resposta, só que me pareceu interessante levar as perguntas a mais moradores para todos poderem cativar ou afastar potenciais futuros vizinhos. Aqui fica então a primeira carta:


Bom dia,

Necessito de comprar casa e tenho andado a ver a zona da Alta de Lisboa e outras zonas também.

Como moradores no local, gostaria de vos pedir opinião sobre algumas questões se possível.
Tendo em conta a vossa experiência real da zona:

1 - Consideram a zona segura? Como se portam as pessoas das habitações sociais?
2 - É possível ir ao parque com as crianças sem ter problemas de segurança?
3 - Em termos de evolução das obras, há muitos atrasos? Há evolução significativa?
4 - Como estão a evoluir os acessos da zona?
5 - Em termos de valorização futura das habitações. Há potencial de valorização?

Agradeço desde já as vossas preciosas respostas.

Atenciosamente,

[leitor devidamente identificado]

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

Parque Oeste - um ano de utilização



A conversa que o Viver teve com as funcionárias da Divisão de Matas da CML ajudou a esclarecer alguns pontos relativamente ao Parque Oeste:

1. A CML abandonou o modelo de vigilância herdado da obra, com pessoal oriundo do bairro, por um mais moderno e sujeito a concurso público. A empresa Prosegur passou desde Julho a fazer vigilância ao Parque Oeste, com duas rondas diárias e entrega semanal de um relatório escrito com todas as ocorrências e danos patrimoniais registados.

2. Segundo as funcionárias, nenhum dos relatórios até agora entregues referiu os inúmeros actos de vandalismo e roubos registados entretanto.

3. As funcionárias dizem-se conscientes das diferenças de eficácia entre o antigo e o novo modelo de vigilância, assegurando ter já relatado a situação aos seus superiores hierárquicos.

4. Garante também a mesma fonte que existem vários erros de projecto no Parque Oeste, sendo um dos mais graves a deficiente drenagem dos solos. O projecto da arq.ª Isabel Aguirre Urcola aproveita a configuração em vale do terreno para recolher as águas das chuvas nas bacias distribuídas em vários planos. No entanto, por má drenagem de algumas zonas, a terra fica ensopada afogando as árvores.

5. A arq.ª aceitou que algumas espécies de árvores fossem trocadas por outras mais resistentes. Não foi o caso das palmeiras plantadas no topo do parque, que já foram substituídas duas vezes. A arq.ª responsabiliza os técnicos florestais pela morte das palmeiras alegando terem sido mal plantadas.

6. Reconhecem também as técnicas municipais que o Parque Oeste peca pela ausência de mais equipamentos e mobiliário para os utentes, escudando-se porém no projecto da arq.ª. Relembram que nem as papeleiras faziam parte do projecto e que só foram colocadas pela CML depois da obra ter sido entregue. Lamentam pouco poder fazer para contrariar a situação e propõem que os moradores enderecem cartas à CML para pressionar as alterações.



Há aqui coisas que não fazem qualquer sentido. Uma autarquia falida não pode ficar refém dos caprichos de uma arquitecta. Quando se projecta um parque urbano ou um edifício de habitação deve pensar-se não só nos custos de execução da obra mas também nos de manutenção. E se o Parque Oeste está a sair caro à CML há que fazer o diagnóstico da situação e encontrar soluções.

Um parque sem variedade de oferta para os utentes arrisca-se a ser pouco frequentado, ficando à mercê do vandalismo. Fazem falta bancos confortáveis, um café com esplanada, um parque infantil, um anfiteatro para realizar eventos culturais e uma pista de skate, por exemplo, para que mais gente ocupe, usufrua e viva este espaço verde.

Mesmo assim, isto não seria ou será suficiente para acabar com o vandalismo. Poderá atenuar, dissuadir, na melhor das hipóteses. É preciso intensificar todo o trabalho que algumas instituições fazem já com a população jovem do bairro que nalgumas horas desocupadas não encontra nada mais interessante do que plantar destruição. É necessário dar-lhes oportunidades de ocupação, mostrar-lhes outras formas de afirmação e intervenção cívica. Pouco interessa fazer juízos de valor; de nada serve às árvores que ainda não foram atacadas. É mesmo mais útil que se ponha os olhos no que a Mediateca do Centro Social da Musgueira faz, por exemplo, para se perceber que existem formas de canalizar para actividades muito criativas e produtivas a energia dos adolescentes. E um projecto como a Alta de Lisboa, que assume desde o início a integração de famílias problemáticas numa malha urbana renovada, devia encarar de frente o problema em vez de sonhar que basta construir prédios para a integração ser bem sucedida.

Leva décadas este trabalho. Por isso, enquanto isso, seria também sensato voltar ao modelo de vigilância anterior, aproveitando os bons vigilantes que foram empregues e são citados no vídeo e retratados em diversos posts sobre o Parque Oeste neste blog, de preferência pagando-lhe a CML directamente, sem intermediários. Adequava-se melhor ao plano de contenção orçamental necessário para a CML e poupavam o ridículo de serem enganados com relatórios feitos com copy paste.

Por fim, se os relatórios das funcionárias municipais de nada servem e se é necessário o protesto dos moradores, façamo-lhes a vontade. Envie-se emails em barda para o Vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes.

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domingo, 23 de setembro de 2007

Estado de evolução do Parque Oeste (2.ª fase)

Algumas fotografias que ilustram o estado de evolução das obras da 2ª fase do Parque Oeste (23 de Setembro de 2007):

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Estrutura de betão que limitará o lago do parque (vista do eixo norte-sul)


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Fatia do Parque Oeste junto ao eixo norte-sul (troço Ameixoeira - Lumiar)


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Fatia do Parque Oeste junto ao eixo norte-sul (ao fundo o empreendimento "Lisboa Condomínio")



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Novo acesso do Lumiar à Alta de Lisboa (ao fundo o empreendimento Lisboa Condomínio)
Este acesso poderá ajudar a resolver parcialmente os frequentes engarrafamentos da azinhaga da cidade.

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Gonçalo Ribeiro Telles - entrevista ao JN


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Reflexão sobre um tema urbano recorrente

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Eixo norte-sul no cruzamento com a Avenida Padre Cruz

A propósito do tema da última semana ter sido dedicado à mobilidade nas cidades europeias aqui fica uma pequena reflexão acerca da mobilidade em Lisboa e os efeitos do eixo norte-sul.
Já aqui foram referidas as grandes vantagens e desvantagens desta nova auto-estrada que atravessa Lisboa de norte a sul. Como grandes vantagens destaca-se a maior facilidade de acesso a algumas zonas do norte da cidade que actualmente estão rodeadas de maus acessos rodoviários. É possível, que a partir do momento em que esta via entre em funcionamento na sua totalidade, passe a haver um decréscimo significativo do elevado número de automóveis nas ruas de muitos bairros lisboetas situados a norte da 2.ª circular. Todavia, a abertura desta grande via de entrada em Lisboa irá, certamente, atrair mais automóveis para o centro da cidade. Ora, como o espaço que existe dentro de uma cidade é limitado, é natural que piorem alguns dos engarrafamentos habituais. Outro grande problema é o aumento da poluição sonora e atmosférica provocado pelo crescente ritmo de entrada de veículos movidos a combustível fóssil. Mais emissão de gases nocivos significará pior qualidade de vida para as populações da região da grande Lisboa. A par deste desenvolvimento, orientado para o aumento da circulação automóvel, deveria haver um plano em execução que cuidasse da chamada mobilidade ecológica (ou menos poluente) de pessoas e bens no interior da malha urbana. De facto, a grande maioria das deslocações urbanas são de curta distância, muitas vezes não ultrapassando os 6 km! Para estes pequenos trajectos deveria ser criada uma boa rede de transportes públicos não poluente baseada, por exemplo, numa rede de eléctricos modernos, que circulasse em ruas livres do pesado trânsito do automóvel particular. A par disto deveriam ser criados locais seguros onde grande parte das pessoas pudesse deixar o seu automóvel. O pagamento do estacionamento deveria dar acesso ao transporte público em todas as redes sem mais encargos. Assim, as nossas ruas poderiam ter mais passeios, mais árvores e talvez deixassem de ser perigosas para grande fatia da população urbana que não tem automóvel. Isto soa a utopia, mas o que é certo é que a escassez cada vez maior de recursos está, a pouco e pouco, a limitar o nosso crescimento económico baseado num aumento exponencial do consumo de matérias-primas e energia. Sem o desenvolvimento das técnicas de reciclagem e sem a redução do consumo exagerado de hidrocarbonetos fósseis a humanidade não irá longe neste século XXI.

Aqui ficam algumas fotografias que mostram o estado de desenvolvimento do último troço do eixo norte-sul em construção. Datam de 23 de Setembro de 2007, primeiro dia de Outono. A pressão para terminar a obra é tanta que os trabalhos prosseguem ininterruptamente, mesmo aos domingos.

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Placa informativa na saída do nó da Ameixoeira no sentido sul-norte

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Aspecto geral do eixo na zona do nó da Ameixoeira (ao fundo vê-se o Lumiar)


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Parte inferior do viaduto do Lumiar do eixo norte-sul


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Protecções sonoras no início do viaduto do Lumiar (lado da Ameixoeira - nascente)


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Aspecto geral do viaduto do Lumiar (lado poente)


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Pormenor dos acabamentos do último troço betonado


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Último troço betonado ainda com parte da estrutura de sustentação
(cruzamento com a Alameda da Linhas de Torres)



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Pormenor do cruzamento com a Alameda das Linhas de Torres


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Viaduto no atravessamento da Av. Padre Cruz (do lado de Telheiras)

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sábado, 22 de setembro de 2007

IPO em Chelas, junto ao Parque da Belavista?


A notícia é avançada hoje pelo PÚBLICO. A capital portuguesa não quer ver partir mais um serviço para um concelho vizinho, propondo-se a edilidade lisboeta a oferecer um terreno de 12,5 hectares para o Ministério da Saúde transferir o Instituto Português de Oncologia das actuais instalações, na Praça de Espanha. O terreno proposto situa-se em Chelas, junto ao Parque da Belavista, onde se realizam com frequência concertos e festivais de música que se fazem sentir nos bairros envolventes num raio de vários quilómetros. Música alta até às 3h da manhã... Parece-me mau, como panaceia oncológica.

Pró-activamente propõe o Viver que SGAL, UPAL e CML se sentem à mesa e pensem a longo prazo. Dado o previsível colapso no mercado imobiliário, situação que pela conjuntura se apresenta dificilmente contornável, pondo em risco os plano iniciais para a Alta de Lisboa, não valia a pena trazer para junto de nós o IPO? Transformava-se um dos muitos baldios existentes num hospital com zona ajardinada e hotel para os familiares, como se prevê na actual proposta da CML, mas sem o prejuízo para os doentes de serem torturados pelo festival Rock in Rio pela noite dentro. Seria também uma boa forma da CML se reconciliar com um projecto que é seu.

A resposta óbvia é que isso contraria o PUAL. Mas alguém acredita que o PUAL será cumprido? Não valia a pena reformulá-lo com pés e cabeça? Apostar já em terciário, e trazer serviços que chamem pessoas de fora para o bairro?

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Os Mais Belos Hinos do Mundo - fascículo 2


Como prometido na semana passada, damos hoje seguimento à rubrica Os Mais Belos Hinos do Mundo com a Portuguesa de Alfredo Keil entoada pela Selecção Nacional de Rugby. Uma versão não tão cuidada vocalmente com a do Coro Gulbenkian, que chegou a ser proposta por uma leitora, mas, de tão sentida que é, capaz de provocar um nozinho na garganta ao mais viril chefe de família.



Aproveitando a temática musical, o Viver na Alta de Lisboa divulga aos seu querido público, por sugestão da Mafalda Borges, o X Festival de Orgão de Lisboa, com inúmeros concertos do mais elevado interesse artístico. Desde ontem até dia 9 de Outubro, a não perder!

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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Eixo pedonal


Tenho visto todas as manhãs a azáfama de uma escavadora no eixo do caminho pedonal que atravessa o Parque Oeste. Um miúdo de 3 anos obriga-nos a isto, a observar durante uns bons 5 minutos as máquinas a andar para lá e para cá.

Hoje percebi que foi feito um caminho alternativo ligeiramente desviado, no lado Sul, junto aos Condomínios da Torre. Creio que no princípio de Agosto finalizaram o extremo Norte. Será desta que vai até ao fim?

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terça-feira, 18 de setembro de 2007

A ALTA E A CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA - INTRODUÇÃO

Face às queixas - públicas e privadas - que se vão ouvindo acerca das condições térmicas de alguns dos conjuntos arquitectónicos já habitados na Alta e porque a entrada em vigor tanto da nova versão do Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios como da obrigatoriedade de emissão de Certificações Energéticas para cada fogo de habitação (de uma forma gradual mas inescapável) novo ou usado vai ter implicações directas tanto na qualidade de vida dos seus moradores como na valorização ou desvalorização dos seus imóveis, achei que seria relevante publicar alguma informação sobre a questão.

De modo a não pesar - nem na atenção dos mais ligados a outros temas nem na dinâmica de leitura deste blogue - a apresentação virá em parcelas, da qual esta serve como introdução.

Desde tempos imemoriais o homem procurou um abrigo para se proteger. Da gruta ao apartamento muito mudou, mantendo-se, no entanto, o essencial – são espaços onde o homem procura abrigar-se: estar seco, ter sombra, poder fechar-se às ameaças externas.

Cada edificação contém em si, deste modo, um embrião de conforto. Um ser cuja desenvoltura depende do nível económico da sociedade que o produz: quanto maior o grau de riqueza de uma nação, maior a expectativa de conforto que uma habitação deverá preencher.

Na maior parte da sua história, Portugal foi um país pobre. Excluindo o nível médio de riqueza o recurso a meios adicionais de melhoria térmica do interior das habitações, a arquitectura popular procurou adaptar o seu desenho às condições meteorológicas: casas brancas no Sul de Verões violentos, casas escuras com a habitação situada no piso superior sobre o estábulo no Norte de Invernos mais rigorosos. Já nas cidades, obedecendo o desenho arquitectónico a outras solicitações, incompatíveis com o saber dos tempos, as condições de conforto degradaram-se.



Considerou-se durante muito tempo a passividade térmica das construções portuguesas como uma inevitabilidade. Contraditoriamente, a evolução das técnicas construtivas agravou esta situação: o aparecimento dos prédios de estrutura em betão diminuiu a inércia térmica das paredes exteriores, possibilitando uma ainda maior aproximação entre as temperaturas exteriores e interiores.


Na ausência de regras oficiais que obrigassem à adopção de medidas preventivas na fase de construção, todo o trabalho de condicionamento ambiente – maioritariamente de aquecimento - ficava dependente de sistemas complementares da habitação, de uso necessariamente dispendioso. O crescimento económico originado pela entrada do país na então CEE (1986) e a baixa dos preços dos sistemas de arrefecimento generalizaram a implantação destes sistemas – primeiro nos edifícios de serviços, depois nas habitações particulares - e agravaram ainda mais os consumos energéticos despendidos na climatização.

O primeiro esforço do Estado para regulamentar a qualidade térmica das construções data de 1990. O denominado Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) constituiu uma primeira abordagem à problemática do denominado – e quantificado – conforto térmico, assumindo, logo no preâmbulo, um carácter de exigência mediana, fruto da novidade que constituía para o meio da construção e para o nível de riqueza da sociedade onde iria legislar. Mais do que impor regras definitivas, o RCCTE procurava educar: educar o consumidor nos direitos de conforto que olhe assistiam, educar o promotor nos níveis de qualidade mínimos a que deveriam obedecer os seus produtos imobiliários, educar o projectista no tipo de soluções que passariam a ser indispensáveis nos seus trabalhos.

Começou assim, uma subtil mas gradual alteração da paisagem da construção em Portugal. Deixou de ser possível construir as paredes exteriores do edifício com apenas um pano de tijolo – a norma passou a ser dois panos de tijolo com caixa de ar intermédia, frequentemente – e desejavelmente – preenchida com um material com boa inércia térmica. Passou a tentar garantir-se uma uniformidade de resposta nas fachadas e empenas, de modo a evitar pontes térmicas, propiciadoras de humidades localizadas. Foi dada uma muito maior atenção às janelas, aumentando o recurso a vidros duplos e a estores termicamente melhorados.

Em paralelo, houve uma mini-revolução no modo de pensar alguns aspectos da arquitectura. Durante muitos anos o paradigma que conduzia o modo de pensar a implantação de um edifício – paralelamente às condicionantes da topografia e da direcção dos ventos – era o de orientar a construção no sentido nascente-poente, de modo a maximizar a sua exposição solar. Ainda que, de alguma forma, “saudável” – o calor minimiza humidades, evita insalubridades – este pensamento era próprio de países com déficit solar no seu clima, países do Norte da Europa, sujeitos a Invernos rigorosos e Verões passageiros. Portugal, ao invés, tem em média, Invernos medianamente suaves (sem grande prevalência de temperaturas negativas) e Verões rigorosos. Abrir a casa ao sol é condená-la a temperaturas muito para lá do desconfortável no Verão e a uma penumbra quase total durante o dia para as minimizar. Pelo contrário, a exposição a Sul, com palas bem dimensionadas sobre as janelas permite que o calor solar seja aproveitado quando é necessário e evitado quando dispensável.

Nesta quinzena de anos adaptou-se o país a esta alteração de paradigma: o conforto térmico não é um luxo, privilégio de alguns que podem pagar o acréscimo de custo que a sua existência justificará, antes o conforto térmico é um direito de todos. Considerar que uma habitação deverá apresentar níveis mínimos de inércia térmica passou a ser tão natural como esperar que a mesma seja impermeável à entrada de água da chuva, resistente à ocorrência de sismos ou provedora de serviços como o abastecimento de água potável, o escoamento de águas residuais ou o fornecimento de energia eléctrica de baixa tensão.

Quinze anos passados, a esta evolução de mentalidades, juntou-se a conjuntura económica, energética e ecológica europeia e mundial. Os compromissos assumidos pela União Europeia na assinatura do Protocolo de Quioto levaram-na a estabelecer directivas, de transcrição obrigatória para a regulamentação de cada estado-membro, relacionadas com a racionalização do consumo energético dos edifícios, residenciais e do sector terciário, aos quais se atribui mais de 40% do consumo total de energia da Comunidade.


O novo Regulamento Térmico que começou (porque se prevê uma introdução gradual) a entrar em vigor no passado dia 1 de Junho é um passo fundamental tanto na prossecução dos objectivos de redução da emissão de gases de estufa e do consumo de combustíveis como na consciencialização dos cidadãos de que uma maior exigência nos níveis de eficiência energética dos edifícios que habitam e dos equipamentos que os servem é, simultaneamente, um seu direito e um seu dever.

(continua)

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segunda-feira, 17 de setembro de 2007


Recorro ao Princípio de Incerteza de Heisenberg para sustentar a resposta aos leitores que se insurgem com a aparente falta de relação dos assuntos abordados no Viver com a Alta de Lisboa.


Considerando as premissas:

- É fundamentalmente impossível ao observador determinar um objecto sem alterar o estado desse mesmo objecto.

- O blog Viver na Alta de Lisboa é um blog exclusivamente sobre a Alta de Lisboa.

- A Alta de Lisboa é não só um projecto urbanístico e imobiliário mas uma parte da cidade de Lisboa onde habitam e vivem umas dezenas de milhar de pessoas

- As cidades e bairros não são só urbanismo, construção civil e interacções autárquicas, mas também as suas gentes, com os seus anseios, dilemas, frustrações, alegrias e esperanças.


Temos que:

Sendo a natureza do blog observante em relação à Alta de Lisboa, essa mesma observação altera a Alta de Lisboa. Isto comprova-se pelos inúmeros protestos que recebemos de leitores que se queixam ora de lhe estarmos a desvalorizar o investimento, ora de a nossa observação ser precipitada e injusta, desajustada da realidade. Nada mais natural, dado que a observação altera o objecto observado e isso cria o tal desajuste entre a crónica e a realidade.

Se a Alta de Lisboa, como organização urbana, transcende o seu projecto urbanístico e os problemas de implementação, abrangendo também as pessoas e actividades lá realizadas, então o próprio blog Viver na Alta de Lisboa faz parte da Alta de Lisboa.

Se, como deduzido no ponto anterior, o blog é elemento constituinte da Alta de Lisboa, então fazer um post sobre hinos do Mundo acrescenta essa característica à Alta de Lisboa e à sua população, pelo que assim fomos todos um bocadinho bolcheviques no Sábado passado.


E desculpem lá qualquer coisinha pelo incómodo causado os que têm alergia a vermelho, foices e martelos, mas lamento informar-vos que caíram que nem patos na esparrela. Depois de alguns me terem acusado de ser afinal um comunista disfarçado de independente activista cívico por ter citado o blog da CDU Lumiar, achei por bem levar a coisa ao absurdo e dar início à rubrica dos Mais Belos Hinos do Mundo com o soviético. Não acreditava que caíssem na provocação, mas sou agora forçado a reconhecer que estava enganado.

E eu que estava aqui roídinho de vontade de me atirar ao PCP por ignorar a visita a Portugal do Dalai Lama, Prémio Nobel da Paz, fico agora com algum receio que chovam mais comentários que nos belisquem a auto-estima. Como é? Se for para dar porrada na esquerda-caviar vocês já deixam?

E já agora outra coisa: Já foi dito aqui até à náusea que este blog é feito apenas pelo esforço e dedicação dos seus escribas. Durante mais de dois anos fizemos um trabalho insano de mostrar, fotografar, filmar e escrever sobre inúmeras ocorrências. Sempre por voluntariado. Estão mal habituados os leitores que se ofendem com a falta desse trabalho, que pelos vistos consideram um serviço a que têm direito.

Seja como for, ficam-me as seguintes dúvidas, continuando por pontos:

Porque não metem as mãos à obra e fazem também esse trabalho? Cliquem aqui e sigam as instruções. É fácil e divertido.

Porque preferem um blog silencioso a outro com actividades e assuntos variados?

Que tipo de pessoa perderia tempo a insurgir-se com o blog de forma pouco construtiva em vez de fazer por si uma alternativa a esse declínio? Morador, investidor, funcionário de uma empresa ou entidade local?


Reforço um convite feito já a um anónimo que por cá passou: se não estiverem para se dar ao trabalho de fazer um blog mas queiram ver debatido no Viver um assunto que vos aflija, pois é então sair à rua, tirar as fotos e alinhar as frases. Depois enviem para aqui para a redacção que nós publicamos.

Preferia não ter tido que escrever este post, francamente, mas há em mim uma réstea de esperança que alguns de vós percebam finalmente que publicamos o que nos apetece porque nos diverte. Para discursos chatos, institucionais e por vezes absurdos basta ver a secção política nacional nos telejornais. Também é divertido, mas simultaneamente deprimente. Infelizmente há quem queira ver todo o mundo alinhado no mesmo estilo e ache que podem pôr e dispor da vontade alheia. Teriam sucesso na KGB, seus stalinistas!

Acabo com um video que simboliza um pouco esta relação difícil com o público.

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sábado, 15 de setembro de 2007

Os Mais Belos Hinos do Mundo - fascículo 1

Na senda da feroz concorrência entre pasquins diários e semanários que contemplaa os felizes leitores com dvd’s, cd’s, livros, colecções de bonecas de cerâmica em miniatura e serviços de chá peça a peça, lança o Viver uma rubrica semanal a editar aos Sábados, dia fraquinho de afluência de leitores [os dias fortes são de 2ª a 6ª, no horário de expediente].

Assim, temos o prazer e a enorme honra de lançar hoje o fascículo primeiro de

Os Mais Belos Hinos do Mundo

começando pelo glorioso hino da União das Repúblicas Socialista Soviéticas, URSS, agora também da Rússia, mas com outro texto, cantado pelo magnífico Coro do Exército Vermelho.







No próximo Sábado, não perca o hino da República Portuguesa entoado pela Selecção Nacional Portuguesa de Rugby!

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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Colégio de S. Tomás - mutilação da Mata das Conchas


A pergunta inicialmente feita à UPAL, que questionava em que sessão de Assembleia Municipal tinha sido cedida a parcela de terreno da Quinta das Conchas ao Colégio de S. Tomás, destruindo árvores, vegetação e um caminho construído pouco tempo antes na requalificação do espaço em 2005, fazia afinal TODO o sentido. Uma leitura mais atenta ao texto publicado no blog CDU Lumiar indica que a sessão teve lugar no dia 19 de Dezembro de 2006.

Vale a pena ler a acta, a partir da página 86. É pena faltarem os anexos que são referidos na redacção do texto, mas pelo que percebo, esclareçam-me por favor, pagou o Colégio de São Tomás a módica quantia de 167,70€, pouco mais de trinta e dois contos na moeda antiga, a troco de uma parcela de 32 m2. Diz-se que o preço foi simbólico, a 5€ o metro quadrado.

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Acção-Reacção

Das várias reacções ao artigo sobre a mutilação na Mata das Conchas algumas revelam uma pontinha de sensação de injustiça pela não referência aos seus blogs por já terem falado no assunto há meses. É o caso da Cininha e do Sobreda, dinamizadores do Isto é uma espécie de blog e da CDU Lumiar, respectivamente. O Viver anda com os recurso financeiros em baixo, não tem sequer uma ligação à net em casa, e muito menos liquidez para pagar a assessores que façam a revista de imprensa. Passaram ao lado assim essas referências importantes ao caso que devia ter sido tratado há muito mais tempo. Proponho que criemos uma rede de emails para nos informarmos rapidamente sempre que uma situação urgente surgir e necessitar da intervenção conjunta.

Continuando nos comentários, o blog do PS Lumiar transcreveu integralmente o artigo publicado aqui sobre a mutilação da Mata das Conchas. Sem link, as usual. No primeiro comentário feito, por um colaborador do mesmo blog do PS Lumiar, é dito:

De EBranquinho a 11 de Setembro de 2007 às 09:30
Ora aqui está um bom exemplo do que é a diferença entre a acção e a reacção.
É que o agir pode permitir evitar-se o facto consumado e muitas das vezes quando reagimos é já perante o facto consumado. É tarde demais.
Quer dizer, decorreu a execução da obra durante mais de um ano e só agora, perto da inauguração da mesma, é que alguém verificou que ela entrou mais de 10 metros dentro da mata?
O menos que se pode exigir é que o muro de separação seja construído junto do edifício do colégio, mas aos 10 metros de arvoredo digam-lhe adeus.
Assim se gere a coisa publica em beneficio dos interesses privados. E viva o velho, como dizem os “provincianos”.

Esclarece-se o activista rosa que escrever sobre um corte de uma faixa de terreno na Mata das Conchas para a construção de uma escola, levantando algumas hipóteses e procurando respostas, não é o mesmo que concretizar uma acusação ou exigir que a situação anterior fosse reposta. Não foi ameaçada qualquer acção em tribunal ou providência cautelar. A curiosidade principal foi saber o que realmente se tinha passado, e curiosidade não menor, apesar de colateral, foi perceber quão hermético é o Estado, neste caso a CML, para responder a um munícipe. Partilhando a opinião acerca do mérito da acção em prol da reacção, propõe-se no entanto uma suavização do ângulo da leitura em diagonal dos artigos dos outros para que as conclusões chegadas não sobrem de premissas dispersas e inconclusivas. Mas ficarei sempre com a incómoda dúvida se não será o referido comentário “um bom exemplo do que é a diferença entre” a vitória ou derrota nas eleições autárquicas de 15 de Julho. Tivesse sido escrita a notícia durante o mandato de Carmona Rodrigues ou Santana Lopes e porventura a indignação seria incondicional.

E acabando no hermetismo do Estado, refiro que fui ontem buscar à UPAL as plantas da Mata das Conchas, que utilizarei em breve, e também as do Parque Oeste, desejo manifestado pelo Arq. Gonçalo Ribeiro Telles aquando a aceitação do convite feito pelo Viver para passear no Parque Oeste, parte integrante do Parque Periférico.

Continua a faltar só uma prova documental do que realmente se passou na Mata das Conchas. Erro nas plantas iniciais da Mata? Compra ou permuta de terrenos? Um acordo que seja entre Colégio de S. Tomás e CML? É importante que seja esclarecido isso para que a confiança dos munícipes nos organismos que os defendem não saia abalada.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Perigo!

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Na última madrugada lá caiu outra vez um pedaço da parede exterior do empreendimento “Colina de S. Gonçalo”. Desta vez atingiu em cheio um vidro de um automóvel!

É espantosa a qualidade dos acabamentos exteriores deste empreendimento. Já foram alvo de correcção e mesmo assim continuam a cair grandes pedaços das fachadas.

Ainda está para chegar o dia em que alguém morre ao sair de casa.

Entretanto quer a SGAL, quer o empreiteiro geral (EDIFER), assobiam para o lado.



Nota adicional
O mal é da massa, como se pode ver aqui, numa fotografia de Julho de 2006:
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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mata das Conchas mutilada para obras do Colégio de S. Tomás



A Mata das Conchas, parte integrante da Quinta das Conchas, o espaço verde de maior utilização da Alta de Lisboa, sofreu um corte em cerca de dez metros com a obra do Colégio de São Tomás, na Rua Helena Vieira da Silva, que se prevê ser inaugurado ainda este ano lectivo.

Pouca gente daria por isso se não tivesse sido construído um caminho naquela zona da mata em 2005, durante a requalificação da Quinta, feita pela SGAL no âmbito do PUAL.

Colocámos as seguintes hipóteses para o sucedido:

- ser um corte provisório para apoio à obra da escola, situação que seria reposta dentro em breve.
- haver um acordo entre a CML e o Colégio de São Tomás para a cedência do terreno por haver necessidade de espaço para o edifício.


Resolveu o Viver dirigir-se à UPAL e perguntar em que Assembleia Municipal tinha sido discutido o assunto, se havia cedência provisória ou definitiva do terreno. A resposta surpreendeu: aquela faixa de terreno nunca esteve prevista para a Quinta das Conchas e sempre esteve dedicada à escola pública a construir no local, mais tarde trocada pelo Colégio de S. Tomás, escola privada. Que o PUAL previa isso mesmo.

Ao questionarmos as razões de ter sido então construído uma caminho em curva, com bifurcação com outro, o que dava a entender ser uma obra definitiva e não provisória, a prazo, enquanto este corte não vinha, a informação surpreende ainda mais: na altura, durante a requalificação na Mata, os mapas do parque estavam errados, com uma área superior à que na realidade existe e o projecto acabou por ser concretizado em pressupostos errados.

Ficámos sem saber se existe documentação oficial que comprove esta informação, uma acta de reunião que seja, mas pedimos formalmente cópias das plantas da Mata das Conchas. O pedido entrou a 4 de Setembro, previa-se dois dias úteis para a entrega das cópias, mas hoje ainda não estavam disponíveis. Acompanharemos esta situação aqui e daremos conta de desenvolvimentos.

Em todo o caso é uma situação que merecia ser clarificada. Ou a CML cede terrenos públicos sem se e/ou nos dar conta disso, ou, para além de não cumprir com prazos a sua parte no acordo com a SGAL para a construção da Alta de Lisboa, ainda promove o desperdício de recursos, dando informações erradas à promotora.

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domingo, 9 de setembro de 2007

Eixo Norte-Sul quase completo

Estamos a cerca de 2 meses da abertura do último troço do eixo norte-sul. Lá para Novembro é provável que este novo troço de auto-estrada urbana seja percorrido diariamente por um elevadíssimo número de automóveis, à semelhança do que acontece hoje na segunda circular.

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Estará a malha urbana adjacente aos nós de saída e entrada desta auto-estrada preparada para receber um acréscimo significativo de automóveis?

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Parece-me que não...

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sábado, 8 de setembro de 2007

Cidades cicláveis - elevador para bicicletas

Perdoem-me e cerrem vigorosamente os olhos os que não gostam de ver neste blog exemplos vindos de países considerados mais desenvolvidos que Portugal, com indicadores de economia, saúde, educação, enfim, com níveis de qualidade de vida superiores aos nossos, mas este blog é também feito pelos leitores que amável e construtivamente nos enviam mails com temas e fotografias para mostrar.

Desta vez foi o vizinho Rui Vera-Cruz que nos deu a dica de um sistema de elevadores para bicicletas implantado em Trondheim, na Noruega. Uma possibilidade técnica para contradizer o Marcelo que acha que “se há cidade em que não faz sentido defender a utilização da bicicleta é em Lisboa”.



Enquanto sonhamos com ruas mais pedonáveis e cicláveis, resta-nos especular como seria um sistema destes em Lisboa: obra pomposamente inaugurada, grande orgulho para o autarca no poder, um mês de funcionamento com adesão em crescendo, e vários de inactividade após a primeira avaria. Mas estou a ser negativo, bolas. Desculpem-me mais uma vez. Pensemos positivo. É muito importante congregar esforços e vontades e numa postura salutar de diálogo encontrar mais e melhores soluções para a população em geral.

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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Primeiro dia de aulas

Estreei-me como mãe mais ou menos na mesma altura que me estreei moradora aqui na Alta de Lisboa. Ao princípio achei óptimo: tantas creches, tantas escolas novas no projecto! Depois, na prática, tem sido rizível a minha tentativa, ano após ano, de inscrever os meus filhos (sim, agora já são dois) numa creche ao pé de casa. Uma peregrinação de IPPS em IPPS, que decorre usualmente no mês de Maio, e não passa de um descargo de consciência porque não há hipótese de conseguir uma das 2 ou 3 vagas disponíveis para tanto miúdo que precisa. Para ser honesta, não acho que esta escassez de instituições seja apanágio da Alta de Lisboa. Ou sequer de Lisboa. É, infelizmente, condição generalizada de que padece o país inteiro. Mas numa zona de habitação orientada aos jovens casais em princípio de vida, onde não há patamar de prédio sem crianças ou mulheres grávidas, era também boa aposta aumentar mais a oferta. Digo eu.

Entretanto tudo se torna ligeiramente mais fácil a partir dos 3 anos. Aqui na Alta de Lisboa existe o Jardim de Infância do Centro Social da Musgueira de que ouvi falar a primeira vez ao Tiago na altura em que escreveu este post. Fui lá, entusiasmei-me a sério - mesmo a sério! - com o trabalho, o espaço disponível e a certeza de instalações novas ainda mais espaçosas e adequadas para breve. Além disso, poder levá-lo a pé e sentir o ar fresco da manhã na cara torna-me logo mais produtiva.

Inscrevi o mais velho, esperámos ansiosamente que passassem as férias, e hoje estreou-se na escola nova. E sem bibe - ali não há bibes - e o Pedro preza muito a oportunidade de mostrar a t-shirt que escolhe pela manhã. E eu também sou adepta de encorajar a sua individualidade, mesmo que as cores não combinem muito bem.



Quando o fui buscar passou a correr por mim para dizer “Não quero ir embora!”. Parece que estamos contentes com a opção. Agora é esperar que o mais novo também cresça.

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Três meses para tapar um buraco


Pormenor pequenino de um projecto gigantesco como a Alta de Lisboa, mas muito significativo do desprezo que as entidades dedicam verdadeiramente à zona. Na Av. Nuno Kruz Abecassis foi feita uma obra de curta duração que implicou rasgar o asfalto. Concluída a obra, não foi feito o remendo que reparasse o rasgo.

Durante três meses ficou assim, com carros, camionetes e autocarros a sofrerem diariamente o prejuizo de atravessa um fosso que chegava a ter um palmo. Nos primeiros dias de Setembro foi finalmente reparada a Avenida.

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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Anda Sancho, anda.


Considera-se Setembro como um segundo fôlego para o que resta do ano que está a terminar. Depois do dia 1 de Janeiro, as pessoas escolhem naturalmente Setembro, após as férias, para tentar concretizar os objectivos traçados no início do ano. Estes quatro meses que faltam são como uma segunda oportunidade para muitos, e por isso se fala tanto em rentrée. Só que isto é para os que se ligam mais ao ano civil, porque quem tem a vida pautada pelos calendários escolares, vive sempre neste mês uma ligeira sensação de jet lag.

Aqui à redacção do blog está a custar-lhe sair da modorra. O Verão até foi o mais fresco dos últimos vinte anos, li há pouco no rodapé dum noticiário qualquer, mas há microclimas lixados na Alta de Lisboa onde o calor é tanto que entorpece músculos e desidrata a mioleira. Custa recomeçar. Não há condições.

Há um rapaz que passa manhãs e tardes a dirigir o trânsito no cruzamento da Alameda das Linhas de Torres com a Av. Padre Cruz, redundando-se aos semáforos, gesticulando, ameaçando multas passadas na palma da mão, soprando ferozmente num apito sempre que um condutor se atreve a avançar uns centímetros numa fila que ele quer ver petrificada pelo sinal vermelho. Marca a pulsação com os braços, marcha de um lado para o outro, desafia tudo e todos com o olhar. Depois, quando o sinal passa a verde, a indignação pela irrequietude vira-se para a lentidão de reflexos. As pessoas sorriem, acham piada, seguem as suas vidas e ele sente-se útil e aparenta felicidade.

Uns passam o dia a ordenar o trânsito, outros juntam-se e escrevem blogs sobre bairros e cidades, opinando, crendo e querendo que essa dedicação possa mudar para melhor alguma coisa nos espaços públicos partilhados, na cidade que se vê ser construída a partir de gabinetes demasiado herméticos para ter em conta as pessoas que nela vivem. Uns dirão que é esforço inútil, e apenas vêem moinhos no horizonte. Daqui não parecem. Nem moinhos, nem gigantes.

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