segunda-feira, 24 de março de 2008

CineCidade - 1ª edição, João Luís Carrilho da Graça / Playtime

E, se numa noite de Inverno um viajante do ano 2020 percorrer o Eixo Central, terá a oportunidade de, em algumas centenas de metros, encontrar dois antagónicos exemplos de como é pensar a arquitectura em Portugal neste princípio de milénio.

Primeiro deparar-se-à com a provocação consciente da malha 5, do seu centro comercial feérico, dos planos desconstruídos e reassemblados (fica aqui bem uma palavra excêntrica como esta, não fica?). Mais à frente, se olhar para a sua esquerda, encostado ao Parque Oeste, encontrará um conjunto de edifícios de habitação projectados por João Luís Carrilho da Graça.

(antevisão da malha 17, projecto de J.L.Carrilho da Graça, fonte SGAL)

João Luís Carrilho da Graça é o primeiro convidado do ciclo cineCidade.

Ficarão bem umas palavras de apresentação mas confesso que me faltam o engenho e o saber para descrever a sua arquitectura. Se o tivesse, diria que a sua, é uma arte que brilhantemente vence o constrangimento estrutural a que o projectar para uma região sísmica o obriga (logo ele, adepto confesso da liberdade plástica dos arquitectos brasileiros) e, do mesmo modo, elabora deslumbramentos partindo da singeleza dos planos despidos do frenesim decorativo que o modernismo tanto prezou e que, para mim parece consistir a sua influência iniciática (com significativas identificações com o léxico que a arquitectura da chamada "escola do Porto" apresenta).

(fotos retiradas da pagina do atelier do autor, jlcgarquitectos)

Poder-se-à falar de voluptuosidade ascética? Poder-se-ão falar de jogos de volumes e das tentações do olhar a que induzem? Não sei. Eu, que não sou arquitecto não me meto por aí.


(fotos retiradas da pagina do atelier do autor, jlcgarquitectos)

Mas que vou ter muito prazer em, a propósito de um filme tão fortemente crítico de uma ideia de arquitectura e de cidade (se calhar uma ideia de leigo, mas para quem é construída a cidade se não para uma maioria de leigos?) - a cidade "moderna" que se impôs nos anos 50 e 60, filha das teorias modernistas e da renascença europeia do pós-guerra, como é o PLAYTIME do Jacques Tati, o ver falar sobre arquitectura, lá isso vou.


Fica aqui o convite a todos que tiverem curiosidade. Aos que gostam de cinema. Aos que gostam de arquitectura. Aos que gostam da Alta, aos que se deixaram seduzir pelos planos da Alta. Aos que gostam dos dois autores.


Vá, apareçam. Na próxima 6ªfeira dia 28, a partir das 18:30 até onde a conversa levar. Com intervalo no meio e umas pataniscas para elevar o ambiente.


Fica o convite e a apresentação feita.

3 comentários:

Anónimo disse...

Iniciativa excelente. Contem com a minha presença.

Rui

Anónimo disse...

Também vou. E já têm mais sessões agendadas?

Anónimo disse...

Sa Fernandes, o grande comunicador:

Parada Eólica de Sá Fernandes é para sensibilizar e não para injectar energia na rede
26.03.2008, Lurdes Ferreira
Iniciativa que foi primeiro apresentada como uma forma de produzir energia em Lisboa resume-se
agora a um "projecto
de comunicação"

A proposta de uma Parada Eólica a realizar em Lisboa com a instalação de seis a 15 microturbinas, que o vereador José Sá Fernandes apresenta hoje na reunião da câmara, é um "projecto de comunicação" e já não ambiciona injectar energia para a rede eléctrica, apenas obter energia para autoconsumo de alguma iluminação pública.


Sá Fernandes apresenta hoje uma versão da Wind Parade Lisboa 2008 menos ambiciosa do que a inicialmente pensada, sobretudo depois da avaliação do projecto pelo presidente da agência de energia de Lisboa, Lisboa e-Nova, Delgado Domingos.
Duarte Mata, arquitecto paisagista e assessor de Sá Fernandes, reconheceu ontem esta mudança de planos, incluindo o facto de já não se tratar de uma doação ao município, mas apenas de uma instalação urbana temporária. Serão "elementos de arte urbana, efémera, cuja presença na cidade finda após a conclusão do evento", afirmou o assessor.
A equipa de Sá Fernandes também não mostra grande expectativa quanto à energia que as microturbinas vão produzir, mas sublinha ser uma oportunidade para divulgar novas tecnologias, "lançar a discussão sobre a eficiência energética e poder ser uma solução interessante para os edifícios" na cidade que mais energia consome no país.
Os serviços camarários têm discutido todo o processo com a Direcção-Geral de Energia, de modo a terem um rápido licenciamento para a iniciativa, seguindo o modelo da microturbina instalada em S. Bento. Esta funciona apenas em regime de autoconsumo, ou seja, toda energia produzida com o vento é para consumo próprio, não é para injectar na rede. As turbinas da Parada Eólica vão servir para alimentar a iluminação pública, gerida pela própria câmara.
Segundo Delgado Domingos, a velocidade média do vento em Lisboa é de quatro metros por segundo, valor baseado em observações feitas na zona do aeroporto, não existindo estudos rigorosos para avaliar com mais exactidão o potencial da cidade.
O investigador lembra ainda que a energia produzida é sempre proporcional ao cubo da velocidade do vento. Há, assim, uma elevada probabilidade de as "ventoinhas" estarem paradas na maioria do tempo. As microturbinas - entre seis e quinze e com 10 metros de altura - serão espalhadas entre Junho e Dezembro por Lisboa e ficarão instaladas em locais com mais vento, sobretudo nas zonas da Segunda Circular, frente ribeirinha, parque da Bela Vista e parque da Serafina.
Entre Julho e Dezembro haverá seis a 15 microturbinas que serão desmontadas no final da Parada Eólica