Hoje damos a conhecer duas cartas publicadas na Tribuna do Leitor do PÚBLICO de hoje. Dois assuntos na ordem do dia: o street racing e lazying in work(eh lá... duas expressões em inglês... Não, não comprei óculos de massa nem tenho ido ao King ou jantar com a redacção de cultura do referido diário). Fica para comentário dos estimados leitores. Encontram soluções para isto? Coisas práticas, pró-activas, soluções passivas. Vamos pôr a imaginação ao serviço da cidade.
Corridas de carros nos Olivais Embora já tenha pedido a intervenção da PSP, quer telefonicamente, quer na esquadra, todas as noites ocorrem nos Olivais corridas de automóveis, a alta velocidade e com toda a potência de escapes rotos. Matilhas de dezenas de Fângios selvagens começam por se reunir pelas 23h00 nas bombas da Galp (ao Ralis) e arrancam violentamente e aos pares, rua abaixo. O ruído, que é de enlouquecer, só acaba às 3h00 ou 4h00 da madrugada. A Av. Dr. Alfredo Bensaúde é a pista preferida. É um inferno! É o desespero de quem precisa de dormir para trabalhar no dia seguinte! A polícia diz que a culpa é da Câmara de Lisboa, que colocou radares noutros pontos da cidade e não a ouviu sobre pontos prioritários. Além disso, alega que não tem meios para perseguir os corredores. Comprovado que está que a polícia só serve para preencher boas estatísticas, é legítimo perguntar se os cidadãos poderão tratar directamente o assunto. Quem sabe, se com umas fisgas, umas pedras ou uns fuzis. Ou, de forma mais pacífica, apelar a que a "imprensa" desmascare tanta impunidade. Karl Capulana Lisboa
Ruas lavadas aos berros São neste momento 4h30 da noite de 28/3/08 e estou desde as 11h30 a ouvir dois funcionários da Câmara de Lisboa a lavar a rua, sempre na mesma zona. Ou este bocado de rua está francamente suja, ou não estão para se mexer muito. Enquanto um lava, o outro recolhe o lixo ruidosamente, com uma pá. E conversam, não se esforçando por usar um tom de voz que não incomode. Depois de ser totalmente impossível dormir, imagine-se o excelente rendimento que uma pessoa vai ter daqui a umas horas! Não consigo perceber como é que uma câmara com graves problemas financeiros se dá ao luxo de pagar pelo trabalho nocturno que pode ser feito de dia, sem perturbar o sono de ninguém. Já de manhã, enquanto esperava pelo autocarro, dois senhores também da câmara cortavam árvores, outros dois estavam comodamente sentados dentro das carrinhas da autarquia, sendo que uma delas esteve sempre com o motor a trabalhar, enquanto mais outros dois funcionários ficaram encostados a ver. Desculpem, mas isto é gozar com toda a gente! Alexandra Pereira Lisboa
É já amanhã a primeira sessão do CineCidade, com o ilustre arquitecto Carrilho da Graça, que tem um projecto de um edifício (malha 17) junto ao Parque Oeste. O ciclo, como já todos sabem, tem como mote o olhar do cinema sobre a arquitectura e urbanismo e suas consequências na sociedade.
Mas para poderem aproveitar o debate terão primeiro de conseguir chegar à Academia Portuguesa da História, onde irão decorrer as sessões. E como alguns amigos nos perguntaram como lá chegar, aqui fica uma breve explicação:
Se forem daqueles cidadãos com consciência ecológica que andam de metro em Lisboa, saiam numa das duas estações mais próximas, a da Quinta das Conchas ou a do Lumiar. Depois, conforme o mapa, sigam a linha até à Alameda das Linhas de Torres, onde está sediada a APH. É o edifício que fica ao lado da entrada da Quinta das Conchas e dos Lilazes. Existe um portão verde que irá estar aberto. A partir daí serão muito bem recebidos e conduzidos por uma bonita escada de caracol em ferro forjado que vos leva ao Salão de Inverno onde estaremos à vossa espera. Se vierem de carro, o percurso é similar, mas como não sabemos onde vão encontrar lugar de estacionamento não conseguimos fazer o mapa respectivo. Tenham paciência, mas não faltem.
A morada é esta: Academia Portuguesa da História Palácio dos Lilases, Alameda das Linhas de Torres, n.º 198-200 1769-024 Lisboa
Moradores acusam CML de “desinteresse” Projecto da Alta de Lisboa está por concluir
LUMIAR Os moradores da Alta de Lisboa denunciam a descontinuação do projecto de urbanização desenvolvido para aquela zona e acusam a Câmara Municipal de Lisboa (CML) de “desinteresse” e “incumprimento” de promessas.
“Gostava de pensar que o problema é conjuntural e que os dirigentes não são incompetentes nem têm falta de vontade”, disse ao METRO Pedro Cruz Gomes, do movimento Viver na Alta de Lisboa.
O Plano de Urbanização do Alto do Lumiar (PUAL) começou a ser desenvolvido na década de 80, tendo entrado em vigor em 1998. O projecto nasceu da vontade de reabilitar os bairros degradados da zona, criando áreas habitacionais reservadas para realojamento e zonas habitacionais de venda livre.
A CML criou para o efeito uma parceria com a entidade privada SGAL - Sociedade Gestora da Alta de Lisboa. A autarquia cedia terrenos e a SGAL assumia os custos de loteamento e construção.
“A câmara não está a cumprir a sua parte do acordo, mas a SGAL também não tem cumprido, deixando as coisas arrastar-se”, lamentou ao METRO Tiago Figueiredo, do mesmo movimento cívico.
Promessas por cumprir De acordo com estes dois cidadãos, está quase tudo por fazer. O realojamento foi a única parte concretizada, o resto “saiu furado”, disse Pedro Cruz Gomes, acrescentando: “Não há equipamentos que fixem aqui as pessoas. Faz falta uma mudança de paradigma, a criação de uma cidade compartimentada, com habitação, comércio e serviços, onde os 60 mil habitantes previstos para a Alta possam viver e trabalhar, não apenas morar”.
Apenas 49 por cento das zonas habitacionais de venda livre estão construídas. E os edifícios de escritórios não chegaram sequer a ser construídos. Dez anos após o pre visto, o último troço do Eixo Norte-Sul foi inaugurado em Novembro de 2007. A Avenida Santos e Castro, com inauguração prevista para Dezembro de 2004, está por concluir, dependente de expropriações e/ou aquisição de terrenos entre a Câmara de Loures e a de Lisboa. Por concluir está também o Nó de Calvanas, que se prevê que faça a ligação à Segunda Circular, aliviando o tráfego actual daquele eixo rodoviário.
Actualmente, vivem cerca de 30 mil pessoas na Alta de Lisboa (perto de seis por cento da população actual da capital), mas previa-se a duplicação destes números.
“As pessoas vieram viver para aqui porque acreditaram no projecto e as promessas não foram cumpridas. Houve quebra do contrato moral que a SGAL e a câmara fizeram com os cidadãos”, considerou Pedro Cruz Gomes.
O movimento “tem sido uma experiência esclarecedora e com algumas desilusões”, admite Tiago Figueiredo. Há três meses que estes cidadãos têm feito contactos junto da CML à procura de respostas concretas, mas até agora ainda ninguém prestou quaisquer esclarecimentos. “Estes movimentos informais põem a nu a falta de preparação de uma sociedade que se diz democrática. É preciso que as pessoas tenham consciência de que têm voz e que os políticos só têm poder porque foram elas que lhes deram esse poder”, conclui Pedro Cruz Gomes.
E, se numa noite de Inverno um viajante do ano 2020 percorrer o Eixo Central, terá a oportunidade de, em algumas centenas de metros, encontrar dois antagónicos exemplos de como é pensar a arquitectura em Portugal neste princípio de milénio.
Primeiro deparar-se-à com a provocação consciente da malha 5, do seu centro comercial feérico, dos planos desconstruídos e reassemblados (fica aqui bem uma palavra excêntrica como esta, não fica?). Mais à frente, se olhar para a sua esquerda, encostado ao Parque Oeste, encontrará um conjunto de edifícios de habitação projectados por João Luís Carrilho da Graça.
(antevisão da malha 17, projecto de J.L.Carrilho da Graça, fonte SGAL)
João Luís Carrilho da Graça é o primeiro convidado do ciclo cineCidade.
Ficarão bem umas palavras de apresentação mas confesso que me faltam o engenho e o saber para descrever a sua arquitectura. Se o tivesse, diria que a sua, é uma arte que brilhantemente vence o constrangimento estrutural a que o projectar para uma região sísmica o obriga (logo ele, adepto confesso da liberdade plástica dos arquitectos brasileiros) e, do mesmo modo, elabora deslumbramentos partindo da singeleza dos planos despidos do frenesim decorativo que o modernismo tanto prezou e que, para mim parece consistir a sua influência iniciática (com significativas identificações com o léxico que a arquitectura da chamada "escola do Porto" apresenta).
(fotos retiradas da pagina do atelier do autor, jlcgarquitectos)
Poder-se-à falar de voluptuosidade ascética? Poder-se-ão falar de jogos de volumes e das tentações do olhar a que induzem? Não sei. Eu, que não sou arquitecto não me meto por aí.
(fotos retiradas da pagina do atelier do autor, jlcgarquitectos)
Mas que vou ter muito prazer em, a propósito de um filme tão fortemente crítico de uma ideia de arquitectura e de cidade (se calhar uma ideia de leigo, mas para quem é construída a cidade se não para uma maioria de leigos?) - a cidade "moderna" que se impôs nos anos 50 e 60, filha das teorias modernistas e da renascença europeia do pós-guerra, como é o PLAYTIME do Jacques Tati, o ver falar sobre arquitectura, lá isso vou.
Fica aqui o convite a todos que tiverem curiosidade. Aos que gostam de cinema. Aos que gostam de arquitectura. Aos que gostam da Alta, aos que se deixaram seduzir pelos planos da Alta. Aos que gostam dos dois autores.
Vá, apareçam. Na próxima 6ªfeira dia 28, a partir das 18:30 até onde a conversa levar. Com intervalo no meio e umas pataniscas para elevar o ambiente.
"Não tenho dinheiro para reabrir e também o meu entusiasmo para lutar por um cinema marginal, que não é visto, também já não está disponível"
Pedro Bandeira Freire, em declarações ao PÚBLICO sobre o encerramento definitivo do Quarteto, o primeiro cinema multiplex em Portugal, que fundou em 1975.
O Quarteto fechou definitivamente, depois de um primeiro encerramento imposto pelo IGAC, no final de 2007, por incumprimento dos regulamentos actuais quanto àssaídas de emergência, sistema de detecção de incêndios, presença de materiais inflamáveis e, entre outras coisas, ausência de acesso para deficientes.
Mas Pedro Bandeira, que se confessa desmotivado para continuar, terá de enfrentar o saudosismo dos que querem continuar a ver Lisboa enfeitada por locais outrora frequentados. 400 mil euros é a quantia necessária para restaurar o Quarteto, considerado emblemático, um cinema incontornável na década de 80 e 90, mas que não conseguiu resistir à concorrência feroz de novas salas mais bem equipadas e do pujante mercado de aluguer de DVD.
Rosália Vargas, Vereadora da Cultura, equaciona classificar o Quarteto como espaço de interesse cultural da cidade impedindo que se altere o fim para que foi criado.
Todos os que viram cinema no Quarteto lamentam o seu desaparecimento, mas investir 80 mil contos e classificar o espaço irá ressuscitá-lo desta morte há muito anunciada? A perda de público deveu-se às razões que levaram o IGAC a fechá-lo? É esta a melhor política cultural para Lisboa? Reagir em vez de agir? Preservar o passado que ocupa mais lugar na memória que nas nossas vidas presentes em vez de olhar à volta e dar condições às inúmeras associações que ainda sentem motivação para existir? E classificar o espaço exclusivamente para sala de cinema, sem garantias de viabilidade e auto-sustentabilidade, impedindo outro tipo de empreendedorismo, não irá agravar ainda mais desertificação do lugar?
Gosto do Quarteto, vi centenas de filmes naquelas 4 salas, lamento o seu desaparecimento, mas desconfio que agora seja demasiado tarde para fazer o que quer que seja. Sejamos honestos, as salas do Quarteto há muito que deixaram de ser o melhor local para ver cinema; os ecrãs são pequenos, o som débil, as paredes permeáveis ao filme da sala ao lado. As últimas vezes que lá fui senti-me feliz ao satisfazer a minha necessidade de nostalgia, por recordar outros anos, quando ia lá muito mais assiduamente. Mas investir a quantia necessária anunciada não irá retirar ao Quarteto todas essas características do passado que o fazem castiço, que o fazem ser defendido pelos saudosistas? Irão ao Quarteto os que o defendem agora quando o virem transformado numa moderna e segura sala de cinema, igual a tantas outras? Lembram-se de uma petição contra a extinção do Bife à Café Império que até Carmona Rodrigues, então presidente da CML, apoiou? Os principais promotores da iniciativa foram os primeiros a dizer publicamente que jamais voltariam ao Café Império, depois de desiludidos com o restauro.
Uma última nota, voltando a citar Pedro Bandeira, antes de transcrever a notícia do PÚBLICO:
"Eu fiz o Quarteto no tempo da outra senhora. Hoje não conseguiria. É tudo muito burocrático. Peço uma audiência e ninguém tem tempo para me receber. No passado falava com qualquer director no próprio dia. Até com o Secretariado Nacional de Informação. Nem no tempo do salazarismo isto era tão difícil. Hoje está tudo em reuniões, não se chega a lado nenhum."
As centenas de telefonemas que o Viver tem feito para a CML para saber novidades de processos como a atribuição do pavilhão de madeira da Quinta dos Lilazes ao Lisboa Cantat, as respostas ao documento Alto do Lumiar - que futuro?, ou para questionar mais uma vez a ausência de passadeiras ou do muro da Quinta das Conchas esbarram na esmagadora maioria das vezes em respostas automáticas que podiam ser ditas por um computador: "Não há novidades sobre esse processo, o Sr. Vereador continua a estudar o assunto. Infelizmente não poderá falar com ele ou com qualquer assessor, estão em reunião; tente mais tarde." E tentamos. Mas a resposta é a mesma.
Câmara pondera classificar salas do cinema Quarteto como espaço de interesse cultural Primeiro multiplex português encerrou as portas definitivamente esta semana por falta de dinheiro para obras de melhoramento que levaram ao seu encerramento em Novembro 23.03.2008, Ana Machado, PÚBLICO
Ainda não há nenhum projecto concreto delineado, mas a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Rosália Vargas, disse ao PÚBLICO que a autarquia tem em cima da mesa a hipótese de classificar as salas do cinema Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, como espaço de interesse cultural. Na quarta-feira, o Quarteto fechou as portas definitivamente. Falta dinheiro aos actuais responsáveis para conseguirem cumprir com as melhorias que levaram ao fecho em Novembro passado.
Foi Pedro Bandeira Freire que o fundou em 1975 e foi também ele que, na passada quarta-feira, fechou a cadeado as portas do Quarteto. O espaço, composto por quatro salas, estava encerrado já desde 16 de Novembro do ano passado, altura em que a Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) ordenou o encerramento por falta de saídas de emergência em número adequado, falta de um sistema de detecção de incêndio, pela presença de materiais inflamáveis que tinham de ser substituídos, e ainda pela ausência de acesso para deficientes, entre outras causas apontadas na altura.
A Associação Cine-Cultural da Amadora, a quem o espaço estava subalugado desde 2000, ainda se dispôs a fazer as alterações necessárias para que o espaço pudesse voltar a abrir. Mas até hoje as condições impostas pela IGAC continuaram sem estar reunidas, ao mesmo tempo que a falta de verba para cumprir com todas as exigências legais, e que foram protelando a situação até agora, acabaram por conduzir ao encerramento definitivo.
"Não tenho dinheiro para reabrir e também o meu entusiasmo para lutar por um cinema marginal, que não é visto, também já não está disponível", desabafou Pedro Bandeira Freire, que se refere ao Quarteto como "um símbolo da cidade de Lisboa".
Excesso de burocracia "Eu fiz o Quarteto no tempo da outra senhora. Hoje não conseguiria. É tudo muito burocrático. Peço uma audiência e ninguém tem tempo para me receber. No passado falava com qualquer director no próprio dia. Até com o Secretariado Nacional de Informação. Nem no tempo do salazarismo isto era tão difícil. Hoje está tudo em reuniões, não se chega a lado nenhum."
A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Rosália Vargas, foi uma das responsáveis a que Pedro Bandeira Freire recorreu. Foi recebido, junto com representantes da Junta de Freguesia de Alvalade, que quiseram ajudar: "Estavam indignados. Achavam que aquele espaço não podia fechar." Lá foram todos à audiência. "Mas não mostraram vontade de o recuperar. Também não tenho a lata de pedir a uma Câmara Municipal em má situação financeira 80 mil contos [400 mil euros] para voltar a abrir o Quarteto."
Ao PÚBLICO, a vereadora Rosália Vargas disse que a Câmara de Lisboa não tem dinheiro para comprar o Quarteto: "E nem sei se a família proprietária o queria vender. Também o frequentei. Era como um clube de cinema. Sou sensível a este assunto e é uma pena se se perder o Quarteto. A Câmara de Lisboa gostaria de o preservar, ou pelo menos preservar a sua memória. O que podemos tentar fazer é classificar o espaço como de interesse cultural da cidade, impedindo que se altere o fim para que foi criado. Estamos a ponderar essa hipótese. Mas ainda não estabelecemos negociações."
"Fizeram-se aqui casamentos. Isto diz muito a uma geração. Foi um centro cultural muito importante. As entidades culturais deviam preocupar-se. Em todo o lado do mundo um espaço destes seria preservado. Há até ingratidão para com o Quarteto", diz Pedro Bandeira Freire sobre o espaço que trouxe para Portugal os primeiros filmes de Martin Scorsese, Jacques Rivette ou Jean-Luc Godard.
Recebemos na nossa caixa de email a seguinte carta, que desejamos, dada a importância do assunto, ser merecedora de um debate informado e esclarecedor por parte dos leitores :
Exmos Srs.
Tive conhecimento há poucos dias conhecimento que na reunião de um condomínio vizinho foi aprovada a colocação de uma antena de telemóvel da Optimus no telhado desse empreendimento.
Tenho ouvido dizer que o campo electromagnético destes equipamentos representa perigo para a saúde dos moradores dos prédios vizinhos.
Gostaria de saber se estas informações correspondem à verdade e se, caso o perigo para a saúde exista, podem os moradores prejudicados contestar e/ou impedir a instalação da antena.
Lisboa a duas rodas tem chave no Parque Eduardo VII
Tese de mestrado descobre pistas para tornar Lisboa mais ciclável 22.03.2008, Catarina Prelhaz [PÚBLICO, Local Lisboa]
Serviço Lx Porta-a-Porta poderia, a custo zero, abrir portas a uma cidade efectivamente ciclável, diz especialista
Do Príncipe Real ao Cais do Sodré é sempre a descer. Seis de Junho de 2007. O candidato à Câmara de Lisboa António Costa usa as duas rodas em mais uma acção de pré-campanha. Faltam-lhe 25 dias para ser eleito presidente da autarquia, mas o passeio de bicicleta granjeia-lhe críticas. O social--democrata Marcelo Rebelo de Sousa é um deles. "Descer do Príncipe Real para o Cais do Sodré, isso também eu, queria vê-lo era a subir do Cais do Sodré para o Príncipe Real. Se há cidade em que não faz sentido defender a bicicleta é em Lisboa".
Teoricamente, na prática e "totalmente absurda" é a tirada do professor de Direito, explica o engenheiro civil Paulo Santos, que desde 1 de Janeiro embarcou no projecto Cem dias de bicicleta em Lisboa, no âmbito de uma tese de mestrado. Agora, 526 quilómetros depois, faz as contas. Primeiro, o dinheiro: ter e usar carro próprio custa ao ano cerca de 3440 euros ("com mil euros líquidos andamos a trabalhar três meses e meio por ano só para sustentar o automóvel e isto sem contar com portagens, danos e inspecções"), o passe "leva-nos à volta de 30 euros por mês", ter bicicleta ("das boas") faz sair dos bolsos de uma vez 300 euros "e acabou". Depois, o tempo: metade das viagens de automóvel em meio urbano fazem-se em trajectos com menos de cinco quilómetros (30 por cento são inferiores a três), a velocidade média de um carro na cidade nas horas de ponta ("e é a estas horas que todos nós andamos") é inferior a 20 km/h ("no centro da cidade nesse horário é ainda menor"), "eu de bicicleta ando a 13, 14", o autocarro "a 12" ("melhor só o metro, que faz em média 30 km/h").
E que dizer das colinas? "Das sete? Lisboa tem mais", atira o engenheiro, para logo cozinhar a solução. "E se lhe dissesse que o Parque Eduardo VII é a chave do problema? E se acrescentar que a câmara pode resolvê-lo acusto zero?" A ideia é que pegue numa das carrinhas do serviço Lx Porta-a-Porta, criado em 2004 para colmatar o défice de transportes nos bairros históricos, e lhe implante um dos atrelados de bicicletas igual aos utilizados no ciclismo ["que a câmara tem algures nos seus armazéns"] para levar os utilizadores do Rossio ao topo do Parque Eduardo VII, que, por estar 100 metros acima do nível do mar, "permite ir a qualquer ponto da cidade e sempre a descer" ao estilo Príncipe Real-Cais do Sodré.
"Claro que ir da Baixa ao Castelo seria muito difícil, mas também que percentagem de pessoas necessitaria de fazê-lo? Os estudos mostram que grande parte do fluxo de pessoas na cidade [80 por cento] ocorre na âncora desenhada pela marginal e pela Avenida da Liberdade e transversais e é aí que temos de nos concentrar". Alvo a abater é o "mito" de que as bicicletas são ainda "aquelas pasteleiras antigas que pareciam arrastar o peso do mundo", alerta Paulo Santos, especialista em vias de comunicação e transportes. "Elas já evoluíram e as mudanças permitem pedalar quase sem esforço nas subidas".
Já para o presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas (FPCUB), José Caetano, a arma para vencer a orografia da cidade está na complementaridade bicicleta/autocarros da Carris. "Basta equipar a frota da Carris com grelhas para bicicletas que já não há colinas que resistam a este tipo de transporte", argumenta.
Corredores são mais baratos O respeito pelo ambiente é outra dasmais-valias do uso da bicicleta, explica Caetano, para quem a câmara deve apostar em medidas cirúrgicas de baixo custo para a promoção deste meio de transporte. Num documento entregue à autarquia na terça-feira, a federação invoca o caso paradigmático da segunda maior cidade austríaca, Graz, onde uma política de incentivo à utilização da bicicleta resultou numa redução de 25 por cento da poluição, segundo dados da Comissão Europeia.
Tal como a FPCUB, Paulo Santos considera "impensável" munir de ciclovias de 50 mil euros por quilómetro ("verdadeiras auto-estradas que nenhum cidadão aceitaria custear", garante José Caetano) uma Lisboa em "dramática situação financeira". Contudo, é possível reservar corredores para os utilizadores destes veículos em estradas e passeios mais largos, investindo apenas em sinalização vertical e horizontal. As laterais da Av. da Liberdade ("são demasiado largas para um carro e demasiado estreitas para dois") e a Av. Fontes Pereira de Melo ("o estacionamento lateral que havia foi trancado por pilaretes, mas o espaço está lá, sem uso") são disso exemplo. A construção de mais parques de estacionamento para bicicletas (sobretudo em articulação com os bus), a repavimentação das estradas, a remoção de carris desactivados e a criação de um serviço de requisição de bicicletas são outros dos caminhos apontados pela federação.
"Há quem diga que não se deve investir porque não há utilizadores suficientes. Mas se não os há é porque não estão criadas condições para isso. A câmara tem estado muito receptiva a soluções e basta-lhe apenas quebrar o ciclo", remata Paulo Santos.
Meio de transporte inteligente e complementar
Os cidadãos finlandeses e também os alemães pedalam na rua a temperaturas negativas, mas, diz o engenheiro Paulo Guerra dos Santos, que o clima - "essa velha e falsa desculpa" - é um dos argumentos mais apontados contra o uso da bicicleta nos meios urbanos. "Este ano ainda só houve seis ou sete dias em que não utilizei bicicleta por causa da chuva", contesta. "Eu sou um automobilista e vivo dos carros, porque faço projectos para estradas, mas é preciso saber dosear o seu uso. A bicicleta tem de afirmar-se, acima de tudo, como um meio de transporte complementar ao automóvel e aos transportes públicos". A FPCUB concorda: "A bicicleta tem de ser um meio de transporte inteligente, para usar em complementaridade, de forma a optimizar as deslocações", sublinha José Caetano.
Os vereadores eleitos pelo Movimento Cidadãos por Lisboa apresentam hoje na reunião extraordinária sobre a Baixa Chiado, uma proposta de aditamento à proposta 120/2008 (Revitalização da Baixa – Chiado – Revisão do relatório proposto de Setembro de 2006) levada a discussão pelo presidente António Costa e vereador Manuel Salgado.
o projecto de revitalização da Baixa-Chiado aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa em 2006 se baseava numa forte parceria público-público entre Câmara e Estado, com forte mobilização de recursos públicos, e que esta parceria foi abandonada.
existe, desde há vários anos e pelo menos desde 2004, trabalho feito na Câmara Municipal de Lisboa para a salvaguarda da Baixa-Chiado, ao qual não terá sido dado seguimento – que seja do nosso conhecimento – nomeadamente no que diz respeito ao regulamento que chegou a ser elaborado depois de uma análise exaustiva de todo o edificado da Baixa.1
existem uma série de agentes e entidades com competências para intervir na Baixa-Chiado, cuja acção não é perceptível para a opinião pública – desde a Agência Baixa-Chiado à própria SRU Baixa Pombalina – e cujos resultados até à data não são visíveis numa efectiva revitalização da Baixa-Chiado.
os processos de revitalização do tecido histórico só têm sucesso quando partem de uma perspectiva integrada - nomeadamente envolvendo as componentes de revitalização urbanística, económica, social e cultural e a manutenção da qualidade ambiental do espaço público.
esta perspectiva integrada – embora esteja anunciada no relatório que é aqui apresentado - não tem tradução nas propostas concretas que somos chamados a votar, que na prática se reduzem a propostas de gestão urbanística.
Tenho a honra de propor ao Plenário da Câmara Municipal de Lisboa que:
a Câmara Municipal de Lisboa deve aprovar a realização de um Programa de Emergência para a Baixa-Chiado, num prazo de 60 dias, que permita uma intervenção multidisciplinar com resultados visíveis a curto prazo, sob pena de descrédito absoluto do processo de revitalização desta zona, por perda de oportunidades sucessivas desde 2004.
para o efeito, se deve aproveitar muito do trabalho já existente, nomeadamente aquelas propostas que possam ter resultados rápidos e bem como integrar outras em domínios que o relatório não desenvolva, como na áreas social e cultural.
dentro desta perspectiva pluridisciplinar e plurisectorial, um Programa de Emergência para a Baixa-Chiado deva conter medidas como:
A nível do tecido edificado:
a definição das regras de jogo para a intervenção no edificado da Baixa, nomeadamente através da aprovação do Regulamento - elaborado pela DMCRU em 20042 - a ser revisto, actualizado e posto em vigor.
a preparação técnica de mão de obra qualificada para intervir no edificado da Baixa-Chiado, através de cursos de formação profissional suportados pelos apoios públicos e conhecimentos técnicos disponíveis.
a abertura de um balcão físico (e virtual), onde seja possível obter toda a informação sobre incentivos e apoios disponíveis, tipo de intervenção possível, etc. (por exemplo, a instalar na Loja do Munícipe – Baixa Pombalina, na Rua dos Douradores, 108).
a escolha de um Quarteirão-Piloto para efeitos demonstrativos das técnicas de recuperação arquitectónica.[n.r.: esse quarteirão de alguma forma já existe - é o do BCP, exemplarmente recuperado do ponto de vista da engenharia - qual é a opinião dos serviços camarários sobre essa recuperação?]
A nível do tecido económico:
a apresentação de um plano de revitalização comercial – em colaboração com as associações de comerciantes e com a Agência Baixa-Chiado, que responda a um conjunto alargado de questões como por exemplo: horários de estabelecimentos, cargas e descargas, estacionamento e regras para obras de beneficiação e de adaptação.
criação, através da Banca, de incentivos próprios à reabilitação, nomeadamente à de fogos devolutos (através de crédito bonificado e outras facilidades).
A nível do tecido social:
a criação de uma bolsa de fracções devolutas pertencentes a: Banca, Seguradoras, Estado, CML, Fundações e outras entidades para imediata reabilitação e colocação no mercado de arrendamento, por um período não inferior a cinco anos3.
mobilização de incentivos financeiros públicos existentes (PROHABITA, REHABITA, JESSICA, etc...) ou a criar para intervenção nesta bolsa de fogos devolutos.
mobilização da rede social para apoio a situações de maior vulnerabilidade, nomeadamente residentes imigrantes e idosos, para além de agregados ou pessoas isoladas em risco de pobreza.
A nível cultural:
revitalização e apoio da rede cultural existente, nomeadamente associações e movimentos cívicos sediados ou actuantes nesta zona da cidade.
a criação de novas oportunidades, como por exemplo a localização de um “ninho de associações” num edifício devoluto desta zona.
recuperação e divulgação da importância das várias minorias étnicas na história desta zona da cidade, desde a sua fundação.
criação de percurso pedonais turísticos-culturais (como por exemplo percursos relacionados com a história literária e artística desta zona).
A nível da mobilidade e ambiente urbano:
medidas de diminuição da poluição sonora e atmosférica, em articulação com a disciplina e abrandamento do tráfego.
desobstrução e melhoria dos percursos pedonais existentes, nomeadamente através da melhoria do estado dos pavimentos e da remoção de caixas de electricidade desactivadas.
renegociação dos contratos dos parques de estacionamento de modo a adequar horários e tarifas à estratégia de revitalização da Baixa
Em bold, algumas das propostas com as quais concordo quase incondicionalmente.
Registamos com entusiasmo a proactividade destes Cidadãos.
Registamos o atraso na entrega oficial das respostas ao nosso documento "Alta de Lisboa - que futuro?". Já conhecemos algumas, falta o registo escrito.
E falta ligarmos toda a cidade, DA ALTA À BAIXA, num só destino, numa só visão.
Os pretendentes dos serviços ligam para 217 588 913, para saber se existe alguém disponível, no horário indicado na figura ao lado
O BIS é uma iniciativa conjunta da Associação de Moradores do Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar, da ARAL e K'Cidade. Numa primeira fase, o BIS irá funcionar desta forma, mas o objectivo dos promotores é informar a oferta de serviços disponíveis através de um site.
O BIS é uma ideia excelente, um verdadeiro instrumento para o projecto da Alta de Lisboa atingir os seus objectivos sociais. Uma iniciativa inteligente e um desafio para todos os moradores. Todos.
Assunto: Encontro de ontem na Sociedade de Geografia e intervenção na Televisão.
14 de Março 2008
Caro Arquitecto Manuel Salgado,
Ouvi-o ontem falar na Televisão de três questões com grande importância para o urbanismo de Lisboa e que terão de ser tidas em conta no seu planeamento, a saber:
a questão da ponte rodo-ferroviária para o Barreiro, o encerramento do Aeroporto da Portela e a ligação da linha de Cascais à linha da cintura.
No que diz respeito à ponte para o Barreiro é uma obra que não está decidida. O Governo mandatou o LNEC para fazer o estudo comparado das travessias para o Barreiro e para o Montijo, esta por ponte ou tunel. Uma e outra são obras com elevadíssimos custos financeiros e ambientais (maiores no caso do Barreiro) e uma coisa é certa: a travessia ferreoviária do Tejo só pode ser decidida quando, simultaneamente, for decidida a entrada em Lisboa dos futuros TGV para o Porto.
Ora, há 3 anos, dizia-se que a ponte para o Barreiro serviria para os TGV para o Porto, que voltariam a atravessar o Tejo perto de Vila Nova da Rainha para passarem perto da Ota e depois seguirem para o Norte . Mas viu-se que, por este trajecto, os TGV levariam possivelmente mais tempo que os actuais comboios pendulares. Pensou-se, depois conjugar a ponte para o Barreiro, destinada só aos comboios para o Sul, com uma entrada a Norte de Lisboa, pelo vale de Loures, para os TGV para o Porto. Mas esta solução, defendida durante uns tempos, foi posta de lado porque, além de caríssima, obrigava a constrir 10 km de novas linhas de bitola europeia no interior de Lisboa, em viaduto, à superfície ou em tunel.
Julgo que a solução actualmente defendida pela Secretaria de Estado dos Transportes é a seguinte: os comboios de bitola europeia vindos do Sul pela ponte do Barreiro virarão à direita e seguirão por um viaduto com cerca de 4 km até um anexo a construir ao lado da actual estação do Oriente. Os TGV para o Norte partirão desta estação e seguirão pelo vale do Trancão para a Ota e depois para o Porto. Se este projecto vier a ser construido terá um muito negativo impacto ambiental para Lisboa. Penso, no entanto, que o seu estudo está numa fase inicial e pouco mais é, por ora, de um muito vago projecto. O Ministro das Obras Públicas já disse, aliás, que a passagem dos TGV para o Porto perto da Ota terá de ser repensada.
No caso da travessia pelo Montijo, destinada unicamente a comboios de bitola europeia, o estudo das duas hipóteses, por tunel e por ponte, ambas muito caras e com problemas técnicos dificeis, está também ainda numa fase embrionária. Deve, no entanto, ser sublinhado que esta solução pode ser usada para os TGV para o Porto, que, depois da travessia do Tejo podem seguir pela margem esquerda até perto da Chamusca O impacto ambiental sobre Lisboa é assim muito menor.
Estes assuntos foram amplamente debatidos num encontro, ontem, na Sociedade de Geografia de Lisboa, em que participaram 5 professores do Técnico, e em que eu apresentei a proposta de uma travessia perto de Alverca. Se esta solução for possivel, será incomparavelmente mais barata, mais facil de construir, mais operacional, e com menos danos ambientais do que qualquer das outras.
No que diz respeito ao Aeroporto da Portela, é certo que este aeroporto continuará em funcionamento durante mais uma ou duas décadas. Entretanto, será construido por fases o aeroporto de Alcochete. Só daqui a uns dez anos será necessário decidir se a Portela virá a ser encerrada, ou se continuamos com os dois aeroportos. A discussão agora deste assunto é uma pura perda de tempo porque não conhecemos as condições que se verificarão no futuro e porque agora não pode ser tomada nenhuma decisão.
Com respeito à ligação da linha de Cascais à linha da cintura, será uma obra a ponderar. Mas muito mais util teria sido o prolongamento da linha vermelha do metro para o lado de Sacavém, como esteve previsto. Era também conveniente que esta linha fosse à estação de Campolide, em vez de ir ao bairro de Campolide, e era importante que descesse a Avenida de Ceuta. Esta última possibilidade parece-me estar ainda em aberto. O metro nesta avenida, que vai ser urbanizada, é muito importante para os seus futuros habitantes. Com escadas rolantes pode ainda servir as traseiras do bairro de Campo de Ourique, contribuindo assim para a dignificação da zona.
No encontro de ontem na Sociedade de Geografia, não esteve nenhum responsável, nem nenhum técnico da Câmara de Lisboa. Penso que será util , no futuro, que as pessoas que se interessam por este tipo de assuntos se possam encontrar com alguma frequência, que mais não seja para trocarem opiniões e transmitirem informações que detenham.Terei todo o gosto em participar em encontros que a Câmara eventualmente organize.
Com os meus melhores cumprimentos, subscrevo-me
António Brotas Professor Jubilado do IST
Coordenador de uma equipe universitária que, em 1988, concorreu à elaboração do PROTAML
É com grande alegria, honra e orgulho que anuncio a chegada de um novo elemento ao Viver na Alta de Lisboa - BI cívico. Pedro Ornelas, d'O céu sobre Lisboa, um amigo nosso, junta-se a partir de hoje a esta redacção.
Na 5ª feira passada, o Arqº Manuel Salgado, Vereador do Urbanismo, foi entrevistado na RTP2, no programa Balanço & Contas. A conversa passou muito pela Baixa Pombalina, pelos projectos de Alcântara, pelas circulares viárias que se pretende fazer em Lisboa, nas novas oportunidades criadas pela saída do aeroporto e a construção da terceira travessia do Tejo. Mas também, aqui e ali, Salgado foi dizendo outras coisas igualmente interessantes, no estilo franco que já tínhamos tido o prazer de conhecer, como a sua estupefacção perante a edilidade incompreensivelmente lenta e ineficaz que encontrou, apesar dos 10000 funcionários, ou a necessidade da CML continuar a agir e promover Lisboa apesar das dificuldades financeiras, recorrendo a parcerias com privados.
Ora, parceria com privados é precisamente o que a CML fez aqui na Alta de Lisboa, mas muitas das declarações recentes dos altos responsáveis camarários revelam, em vez de um entusiasmo juvenil de um enlace prolífero, o enfado e cinismo de um casamento morto. E, lamentavelmente, à falta de paixão pela Alta de Lisboa patente no discurso da CML, responde a SGAL com uma frialdade silenciosa, submissa e conformada, que, não defendendo bravamente o projecto, acaba também por desrespeitar os 20.000 habitantes que o viabilizaram.
Fica aqui uma montagem com dois excertos, que proponho que oiçam tendo em mente esta parceria CML-SGAL, ou os atrasos por falta de licenciamento de inúmeras obras, como a Malha 6, os LX Condomínio ou a Porta Sul.
Foi hoje apresentado ao público o Banco Informativo de Serviços, iniciativa conjunta da Associação de Moradores do Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar, da Associação de Moradores do Alto do Lumiar e do Programa K'Cidade, com o precioso apoio da Junta de Freguesia do Lumiar e da Sociedade Gestora da Alta de Lisboa, SA. O bis propõe-se ser um ponto de encontro entre a oferta e procura de mão-de-obra no bairro.
O Viver na Alta de Lisboa - BI cívico deseja os melhores sucessos ao projecto e dá os parabéns a todos os envolvidos.
Depois de centenas de horas de debate, de rios de tinta gastos em artigos de jornal, depois de se tornar opinião generalizada que a situação da frente ribeirinha, com uma linha de Tejo de mais de 10Km vedada à população por estar entregue ao Porto de Lisboa, tinha de mudar, depois de finalmente a CML e Estado chegarem a acordo sobre este assunto, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, usa pela primeira vez no seu mandato o poder de veto, devolvendo ao Governo o diploma aprovado há dois meses em Conselho de Ministros.
Infelizmente, Cavaco Silva não deu qualquer justificação. E assim, a população, que é a mais interessada no assunto, continua sem saber que cordelinhos mexem a política portuguesa.
(É tão reconfortante ver como o Departamento de Higiene Urbana tem em conta a saúde dos nossos passeios, a segurança dos nossos peões e o cumprimento das regras de trânsito...)
"As pessoas têm toda a razão. De facto não se compreende porque é que as coisas se atrasam tanto tempo."
Arqº Manuel Salgado, Vereador do Urbanismo da CML em declarações à RTP sobre os atrasos da Alta de Lisboa
Passou hoje, no Portugal em Directo, na RTP 1. Para além do do Vereador do Urbanismo, o programa contou com depoimentos de dinamizadores do Viver na Alta de Lisboa - BI cívico e do Presidente da JF Lumiar, Nuno Roque.
Em declarações - francas, abertas, exclusivas - ao Viver, o senhor Vereador Manuel Salgado declarou o seu total apoio à ideia de cidade que a Alta representa. Contrariando a ideia que lhe manifestámos - de que a Câmara estava a desbaratar, com os presentes adiamentos, a possibilidade de repensar Lisboa - afirmou a sua convicção de que a Alta era a última oportunidade de Lisboa. Ter este "apoio moral" vindo do interior da vereação é, mais que reconfortante, esperançoso (ver este apoio transformado em actos será mais difícil, dada a rarefacção de euros que habita os cofres da Praça do Município...).
Quanto ao imediato, as notícias não são tão boas. Reafirmando as ideias que diz ter já aposto nas resposta ao nosso questionário (as quais deverão estar em trânsito até à nossa caixa de correio) indicou que,
O problema da Santos e Castro divide-se entre a conclusão das negociações com a Câmara de Loures para sanar o diferendo de ocupação ilegal de terrenos da Câmara de Loures pela SGAL aquando da empreitada - a qual motivou uma acção judicial - e as negociações com os donos dos armazéns Ruela para aquisição do terrenos. Durante o corrente ano estima-se que os diferendos estejam sanados, eliminando-se os últimos obstáculos à conclusão da via.
A ligação à 2ª Circular é considerada emblemática e de extrema importância para toda a zona, pelo que a solução contida no projecto não dá respostas suficientes. Está-se a redesenhá-la na totalidade, existindo negociações com o LNEC para cedência dos terrenos necessários à implantação da nova solução. Dado que o Eixo Central só faz sentido com uma ligação à Av. do Brasil, será efectuada "o mais depressa possível" uma ligação provisória à rua das Murtas com uma passagem inferior à 2ª Circular.
O Centro Cultural é pago em partes iguais pela CML e pela SGAL. Dadas as restrições correntes em termos de orçamento, a Câmara não entende como prioritário o investimento ("ainda que o Centro seja de todo em todo imprescindível") num Centro Cultural no próximo ano e meio (pelo que estaremos pelo menos mais 3 anos sem centro cultural de referência)
E são estas as notícias em jeito de "newsflash". Perdoe-se-nos o mau texto, mas estamos a transmitir directamente das escadas do Ateneu Comercial de Lisboa onde está a acabar o colóquio dos Cidadãos por Lisboa sobre o futuro da Baixa.
Quando as já manuscritas respostas do Arq. Manuel Salgado nos chegarem às mãos voltaremos a debater as suas opções.
Ainda não temos tecnologia para fazer a emissão em directo, mas havemos de lá chegar. Chegámos um bocadinho tarde e fomos vítimas do sucesso da iniciativa dos CpL; muita gente, duas salas cheias, e já só temos lugar nas frias escadas do Ateneu Comercial de Lisboa, onde assistimos ao debate O que vai mudar na Baixa Pombalina?
O que vemos nós quando olhamos para a Baixa/Chiado? Que sentimentos nos inspira, que sentidos provoca? A nostalgia da memória, dos fulgores passados, do brilhantismo de ser o centro da cidade, de ser dentro dos seus limites que se construía toda a história do país? A indiferença com que a utilizamos como ponto de passagem? O desconsolo com que olhamos os abandonados andares superiores ou as decadentes lojas?
Mais do que um presente – muito menos que um futuro... -, a todos a Baixa evoca um passado. E, perante este passado – nobre de pergaminhos, prenhe de vivências -, perante este presente – atordoado, melancólico, tristonho fulgor baço de cidade a fenecer – surge-nos a pergunta: Baixa de Lisboa, que futuro?
Para falar de um futuro possível torna-se imprescindível estabelecer esta premissa: a “Baixa” que conhecemos é irrecriável, é irrepetível. Perante a evolução do mercado da habitação, do comércio, da própria cidade, como pretender tornar a restituir-lhe o lugar central que já foi o seu? Proibindo e demolindo centros comerciais e hipermercados? Comprando e demolindo os edifícios de habitação da periferia de modo a criar uma nova apetência pela habitação local?
Não sendo o retorno ao passado uma opção, claro se torna que o que é necessário é inventar uma nova função para a Baixa, uma resposta não ao nosso sentido nostálgico, historicista ou artístico, antes um futuro que, ao criar condições de auto-sustentação para a zona, tenha em conta e, principalmente, viabilize essa mais-valia que constitui a sua singularidade artística (que constitui um referente mundial), histórica (no contexto do desenvolvimento da cidade) e nostálgica (porque uma população que conhece bem o seu passado, com mais segurança administrará o seu futuro).
Que futuros se perfilam então como alternativas viáveis?
Tivéssemos nós o cinismo pragmático dos americanos e o caminho mais óbvio seria o da transformação de toda a zona num gigantesco parque temático totalmente orientado para o turismo, com o comércio exclusivamente em produtos “typical” e variantes de recordações ad nauseum, metade dos edifícios transformados em casas-museu de alguma coisa e a outra metade ocupada por hotéis para todas as estrelas. É esta de resto (de um modo mais ou menos assumido, mais ou menos reflectido) a posição de todos aqueles que defendem a expulsão dos ministérios da Praça do Comércio (fortemente nostálgicos do seu passado de “Terreiro do Paço” e esquecendo a intencionalidade da nova toponímia escolhida pelo Marquês).
A Baixa tornar-se-ia assim numa espécie de cruzamento entre uma Disneylândia feérica e uma Veneza cultíssima, uma máquina registadora facturante que devolveria ao local os tempos perdidos de leite e mel, a áurea animação própria das novas cidades do terceiro milénio. Esquecem estes entusiasmados futuros o quão mortos são estes lugares nos intervalos da festa. A Baixa é um pedaço de cidade que não se pode encerrar entre a partida do último visitante da noite e a chegada do primeiro da manhã. E uma cidade, por mais dinheiro que o afluxo turístico lhe possa trazer (e que é bem vindo) vive de, e para os seus habitantes. Não vive sem habitantes.
Se a resposta não passa por aqui, menos passará pela tentação que lhe é antagónica e que é a que tem sido perseguida pela Câmara Municipal nos dois últimos decénios nos Bairros Históricos. Uma reabilitação que procura manter – em versão renovada – o status quo sociológico existente (e como se pode falar nesses termos numa zona rarefeita de fogos habitados e quase sem vínculos de vizinhança?) mantém a ausência de auto-sustentabilidade. Seria, mais uma vez, procurar com ferramentas velhas atingir resultados diversos dos alcançados até agora.
Que solução se propõe então?
Devemos antes de mais reconhecer que numa cidade não há zonas estanques. Que todas as acções que se decidem para uma área terão forçosamente repercussões no restante tecido urbano. Logo, qualquer conjunto de decisões deverá ser tomado considerando a cidade como um todo.
Qualquer decisão para a Baixa/Chiado deverá ser tomada considerando a ideia de cidade que se pretende implantar.
A Baixa como uma peça de um organismo.
Porque não reformular a pergunta e dizer antes,
QUE FUTURO PARA LISBOA E QUAL O PAPEL DA BAIXA/CHIADO NESSE FUTURO?
Alvin Toffler, filósofo, sociólogo, pensador, que profetizou nos anos 80 uma revolução informática por comparação às anteriores agrícolas e industriais, defende que o actual sistema de ensino foi estabelecido em paradigmas que deixaram de ser actuais, tornando-se obsoleto.
No dia em que Portugal assiste à maior manifestação de sempre dos professores, é necessário pensamento lateral. Há que discutir que cidades planeamos, que empregos nos preenchem, que vidas desejamos, que sacrifícios estamos dispostos a passar. Há que pensar se o que é ensinado hoje nas escolas serve à população, se o aumento da carga horária dos alunos é uma solução ou um erro, consequência de muitos outros erros em áreas que, à primeira vista, nada têm a ver com a educação. Um problema muito mais global e transversal do que a mera análise à competência e dedicação dos professores.
Desde a sua criação que o Viver procurou introduzir no seu âmbito uma reflexão mais alargada sobre a cidade quer na vertente individual da arquitectura quer na óptica mais abrangente do urbanismo.
Por outro lado, e porque a instalação de equipamentos culturais "oficiais" tarda, achámos que um pouco de proactividade nunca fez mal a ninguém, decidindo avançar para a criação de várias iniciativas que possam contribuir para o surgimento de alguns pólos culturais que permitam, de alguma forma, multifacetar a vivência dos cidadãos da zona, a nosso ver demasiado centrada nos ritmos monocórdicos da rotina casa-emprego-televisão.
Nesta perspectiva, estamos a organizar um ciclo de debates denominado CineCidade que pretende, em cada sessão, a propósito de um filme (que pode ser documental ou de ficção), promover uma conversa, em jeito de tertúlia, à volta de alguns temas da arquitectura, do urbanismo ou do paisagismo, com ligação ao Alto do Lumiar.
Porquê fazer mais um ciclo de conferências sobre cinema e arquitectura?
Em Portugal, mais do que se falar (e bem) sobre arquitectura, respira-se mal arquitectura. Crescemos e vivemos rodeados de (se me é permitida a expressão) an-arquitectura. De intervenções casuísticas, mal-pensadas ou pensadas com pouca solidez técnica e menor cultura visual. Tirando os "happy few" que tiveram a possibilidade de visitar outros países e ser confrontados com esse choque do pensado, com essa sobrecarga de informação visual, com essa possibilidade de comparar olhares, de construir uma realidade pensada, somos cidadãos rarefeitos de referências, a quem não é fácil, sem a ajuda de profissionais, ganhar olho crítico, ganhar exigência, exercer cidadania.
Uma vez que não é a maioria do espaço construído que nos cultiva naturalmente o olhar, terão de ser os que deveriam ter sido os fautores únicos desse mesmo espaço a, pelas palavras, nos ajudar a essa construção.
Porquê o cinema? Porque o cinema é, entre muitas coisas, uma construção de uma ficção sobre um espaço reinventado, é um modo de olhar novo sobre aquilo que quotidianamente habitamos.
Porque não juntar alguns documentos sobre essa maneira de reinventar um espaço ou de criar um espaço novo e - numa das infinitas leituras que uma obra pode ter - oferecer aos presentes a leitura de quem tem como profissão - e paixão - a criação e a reinvenção do espaço?
Seria esta, ainda assim, razão suficiente para lançarmos MAIS UM ciclo de conferências?
Acresce o lugar onde vivemos. O Alto do Lumiar/ "Alta de Lisboa" é, no presente, o grande projecto de refundação urbana de uma parte de Lisboa. Os seus habitantes, voluntária ou impositivamente (os realojados PER) habitaram-na baseados no pressuposto de melhoria da qualidade da habitação, apoiados na publicidade institucional ou comercial que definiu o sítio - e os edifícios - com os de melhor qualidade da cidade. Será assim? Terão os moradores bases técnicas e culturais para compreender e concordar com esta imagem? Terão a capacidade para fundar os seus protestos, mais do que em sentimentos ou impressões, em bases tecnicamente válidas?
Foi precisamente para possibilitar um acréscimo de capacidade para melhor entender e sentir este canto da cidade - o seu - que pensámos uma série de eventos sendo este ciclo o que nos pareceu ter maior possibilidade de sucesso, pela relação atractividade/qualidade dos apresentadores.
Em termos genéricos, e no que se refere aos convidados, procurámos conjugar vários factores: autores de projectos para a "Alta" / autores de mérito e intervenção reconhecida ; representação das três áreas da arquitectura presentes no Alto do Lumiar: urbanística, "civil" e paisagística ; autores "consensuais" / autores "polémicos". No que respeita aos filmes escolhidos como ponto de partida, procurámos que as escolhas não fossem demasiado óbvias - pretendendo assim que o conferencista / apresentador pudesse fugir aos lugares-comuns que esse óbvio acarretaria. Na escolha dos filmes pesou ainda a decisão dos organizadores de apresentar alguns documentários que, por si só, pudessem posicionar historicamente a génese da intervenção no bairro.
O local escolhido garante a envolvência: o salão de Inverno do edifício ex-EPUL na Quinta das Conchas, mesmo à beira da Alameda das Linhas de Torres, no limite do Alto do Lumiar. agora sede da Academia Portuguesa da História que nos acolhe e com quem preparámos este ciclo.
As sessões terão início pelas 18:30 de várias sextas-feiras a começar ainda este mês. Nos convidados, nomes grandes, polémicos, gente que entusiasma e polemiza, gente actuante. A prometer um fim de tarde bem passado. Com intervalo para conviver e tudo.
Já não me lembro em que post, gerou-se nos comentários a ideia de se falar mais e dar a conhecer o pequeno comércio na Alta de Lisboa. Já se sabe que fazer um post sobre cada um não pode ser, que fazer só sobre alguns é publicidade e não estamos cá para isso, e que, se calhar, um directório seria o ideal. Mas um directório exaustivo da Alta também leva o seu tempo e mantê-lo actualizado não é trabalho a desprezar, por isso estava tudo em águas de bacalhau.
Felizmente a CML antecipou-se e fez o Lisboa Comercial. Não é exaustivo, exaustivo, mas encontrei lá muitas das lojas que frequento e outras que não conhecia. A pesquisa da imagem foi feita por "Rua Helena Vaz da Silva". Há umas recentes que não aparecem e creio que a uma delas já fechou, mas aparece quase tudo o que lá há. Fiquei com a sensação que funciona melhor a pesquisa por tipo de comércio do que por rua ou nome do estabelecimento. É uma chatice, isso, porque apanhamos tudo o que há na zona de Carnide (se calhar escrevo para lá a dizer que não faz sentido o Lumiar/Carnide tudo junto...), mas se a net for rápida passam-se depressa as páginas.
Eu cá continuo a achar que para se saber das coisas o melhor é andar na rua. Até foi na rua que encontrei um panfleto sobre este site. Mas para quem não tem tempo ou não está para isso, fica aqui a dica. Vou deixar ali na coluna da direita, também.
“Uma cidade administrativa na Alta (...) devolve a Praça do Comércio à vida da cidade (esplanadas, restaurantes, lojas)”, escrevia-se, há uns dias, na caixa de comentários. Há muito que se defende por este escritório que os problemas da Alta são os problemas de Lisboa e, inversamente, tudo o que se passa no resto da cidade é importante para os que por aqui vivem e aqui trabalham porque, para além da solidariedade que nos merece, tem efeito directo sobre as nossas vidas, o nosso Alto.
Por isso e porque somos muito solidários com todos os movimentos de cidadania, publicitamos com muito gosto, a próxima iniciativa dos Cidadãos por Lisboa,
A ter lugar nas instalações do Ateneu Comercial de Lisboa Rua das Portas de Santo Antão, 110 Lisboa (ao Coliseu dos Recreios) na próxima 2ªfeira, 10 de Março às 21h00, com os seguintes participantes:
António Manuel, Presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau
Carlos Consiglieri, Presidente do Ateneu Comercial de Lisboa
Fernando Nunes da Silva, Professor Universitário, IST
Filipe Lopes, Presidente da OPRURB
Margarida Pereira, Ex-Directora da Unidade de Projecto da Baixa-Chiado
Maria José Nogueira Pinto, Ex-Vereadora CML
Paulo Pais, Director do DPU, CML
Vasco Mello, Presidente da UACS
Oradores diversificados a possibilitar uma visão abrangente do problema e das possíveis soluções, participantes com provas dadas na eficácia e profissionalismo com que geriram as suas funções. Vale a pena e nós vamos lá estar com toda a certeza.
Assim outros partidos com maiores responsabilidades, mais votos e mais recursos soubessem fazer o mesmo...
Num mundo ideal cada indivíduo preocupar-se-ia com a comunidade e com a forma como, pessoalmente, poderia contribuir para melhorar das condições de vida do seu bairro, da sua cidade, do seu país ou mesmo do mundo.
Não vivemos, por certo, num mundo ideal e o egocentrismo cada vez mais prevalece. Exigimos muito, criticamos, achamos que só temos direitos mas nunca pensamos que também há um outro lado, que há deveres. Seria importante que cada um de nós interiorizasse a necessidade de agir em prol da comunidade (seja a comunidade o mundo). O exercício da cidadania é mais que votar ou pagar impostos, é agir, é intervir, é ajudar, é reivindicar, é participar, é criar, é no fundo tomar consciência que há um mundo fora da nossa casa ou do nosso trabalho e que também necessita da nossa participação.
No nosso Bairro há muita gente que se preocupa, o “Viver” é um exemplo disso, tal como o pessoal do “Viver” há muitos indivíduos, instituições e associações que acreditam que vale a pena “sair de casa”. Seria importante que cada um à sua maneira agisse e acreditasse que pode fazer a diferença (por muito pequena que seja).
Acredito incondicionalmente no papel do blog “Viver” como instrumento de informação e intervenção. Admiro o empenho de quem todas as semanas dá horas do seu tempo para manter este blog actualizado e interessante, mas a minha participação (pouca nos últimos tempos) no “Viver” vai acabar. Não é possível estar em todas e neste momento a minha intervenção local vai ser feita exclusivamente através na ARAL.
A todos os visitantes podem encontrar-me na ARAL, aos colaboradores do “Viver” votos de que continuem o bom trabalho.
Foi apresentado ao público, depois de duas rápidas semanas de testes e aprendizagem da ferramenta, o blog da Mediateca, uma das valências do Centro Social da Musgueira. Numa conferência de imprensa apresentada por Constante Rodrigues, Coordenador da Mediateca, foi referida a "importância desta nova forma de comunicação para o exterior, a utilização e domínio das novas tecnologias por parte dos jovens que frequentam a Mediateca e a possibilidade de interacção da jovem redacção do blog com todos os frequentadores do espaço e moradores da Alta de Lisboa."
O Viver na Alta de Lisboa - BI cívico e o seu blog, dão as boas vindas à Mediateca nestes primeiros passos no mundo digital e deseja a continuação do excelente trabalho realizado até hoje.
O Lumiar já merece uma geminação com o Entroncamento, tamanho o número de fenómenos que têm ocorrido um pouco por toda a freguesia.
Depois do mistério do projecto de renovação do seu centro, destruído para a implantação do viaduto do Eixo Norte-Sul – do qual uns nunca ouviram falar e outros juram a pés juntos já terem consultado.
Depois da ocorrência inexplicável de cheias em vários pontos da Alta e – novamente – no seu centro junto à sede da Junta...
Eis que um novo fenómeno se impõe a escassas centenas de metros da sede do poder local:
Esta magnífica arquitectura, brotada como míscaro depois de uma chuvada repentina, sem licença de construção à vista (como é de lei).
Serão, depois de todo o trabalho que a SGAL teve para as erradicar, as barracas novamente toleradas no Lumiar?
Será que as construções provisórias não são consideradas construções e, portanto, não precisam de ser licenciadas?
Será, pelo contrário, que as licenças existem mas dá muito trabalho expô-las à entrada da obra?
Será que as ligações de esgoto à rede camarária foram autorizadas e licenciadas?
Quem terá sido o arquitecto autor do projecto? Existe termo de responsabilidade?
É estranho o facto de os governantes dos países mais desenvolvidos estarem a dar muito pouca importância às consequências do fenómeno do “peak oil” (pico de produção do petróleo). A generalidade destes países continua a desenvolver grandes projectos que envolvem o consumo de elevadas quantidades de hidrocarbonetos. Diria mesmo que as grandes linhas de desenvolvimento das sociedades assentam na exploração em massa de enormes quantidades de petróleo, tal como se tratasse de um recurso renovável e sempre muito abundante. O caso da China é o expoente máximo, com o exemplo da construção de novos aeroportos a um ritmo alucinante.
Descobri na internet uma tese de doutoramento da Universidade de Uppsala com o título: "Giant Oil Fields - The Highway to Oil: Giant Oil Fields and their Importance for Future Oil Production" da autoria de Fredrik Robelius.
O tema da tese é muito esclarecedor acerca do importante papel dos grandes campos petrolíferos na satisfação das nossas necessidades energéticas. Os cerca de 500 campos petrolíferos classificados como gigantes (de um total de quase de 50 000 campos) são responsáveis pela produção de cerca de 65 % do petróleo mundial! Ora, dado que a grande maioria destes campos tem mais de 50 anos de actividade produtiva, é natural que o seu previsível declínio venha afectar o volume de petróleo extraído à escala mundial. É bem provável que a evolução da “saúde” destes campos seja determinante na chegada do “peak oil”. Este estudo salienta que o “peak oil” poderá ocorrer entre 2008 e 2018. Este fenómeno irá decerto afectar em breve a nossa vida quotidiana. Estará a sociedade actual preparada para enfrentar este problema? Será isto o prenúncio do regresso a uma economia mais local, motivada pela subida dos custos da energia? Nascerão novas comunidades de cariz mais rural (mais auto-suficientes), em detrimento das grandes metrópoles desperdiçadoras de recursos? Quais as consequências sociais, políticas e económicas da escassez de recursos fundamentais ao funcionamento da nossa sociedade?
Deixo aqui o resumo da tese "Giant Oil Fields - The Highway to Oil: Giant Oil Fields and their Importance for Future Oil Production" da autoria de Fredrik Robelius”. É um resumo conciso e bem escrito e que toca no essencial da discussão acerca do “peak oil”:
“Since the 1950s, oil has been the dominant source of energy in the world. The cheap supply of oil has been the engine for economic growth in the western world. Since future oil demand is expected to increase, the question to what extent future production will be available is important.
The belief in a soon peak production of oil is fueled by increasing oil prices. However, the reliability of the oil price as a single parameter can be questioned, as earlier times of high prices have occurred without having anything to do with a lack of oil. Instead, giant oil fields, the largest oil fields in the world, can be used as a parameter.
A giant oil field contains at least 500 million barrels of recoverable oil. Only 507, or 1 % of the total number of fields, are giants. Their contribution is striking: over 60 % of the 2005 production and about 65 % of the global ultimate recoverable reserve (URR).
However, giant fields are something of the past since a majority of the largest giant fields are over 50 years old and the discovery trend of less giant fields with smaller volumes is clear. A large number of the largest giant fields are found in the countries surrounding the Persian Gulf.
The domination of giant fields in global oil production confirms a concept where they govern future production. A model, based on past annual production and URR, has been developed to forecast future production from giant fields. The results, in combination with forecasts on new field developments, heavy oil and oil sand, are used to predict future oil production.
In all scenarios, peak oil occurs at about the same time as the giant fields peak. The worst-case scenario sees a peak in 2008 and the best-case scenario, following a 1.4 % demand growth, peaks in 2018.”
Aproxima-se a conclusão da 1ª fase do caminho pedonal, com o trânsito da Av. Nuno Krus Abecassis a ser cortado no sentido descendente para a construção das passadeiras sobreelevadas. A ausência de sinalética de tráfego já fez alguns automobilistas pensar que, à semelhança da Estrada da Torre, a circulação automóvel se continuasse a fazer nos dois sentidos, interinamente apenas com uma faixa para cada lado, sofrendo e causando alguns calafrios quando se deparam com um carro no sentido inverso. Um perigo desnecessário, que facilmente se resolverá com duas placas, uma de sentido proibido e outra de obrigatoriedade de virar à direita, para a Rua Tito de Morais, para os carros que descem a Krus Abecassis.
Fica também um video oportunamente sacado do StreetFilms, com a apologia da passadeiras sobreelevadas (raised crossowalk).
This stop-animation Streetfilm illustrates the advantages of adding a raised crosswalk.
Raised crosswalks are Speed Tables outfitted with crosswalk markings and signage to channelize pedestrian crossings, providing pedestrians with a level street crossing. Also, by raising the level of the crossing, pedestrians are more visible to approaching motorists.
Raised crosswalks are good for locations where pedestrian crossings occur at haphazard locations and vehicle speeds are excessive.