Eixo norte-sul no cruzamento com a Avenida Padre Cruz
A propósito do tema da última semana ter sido dedicado à mobilidade nas cidades europeias aqui fica uma pequena reflexão acerca da mobilidade em Lisboa e os efeitos do eixo norte-sul.
Já aqui foram referidas as grandes vantagens e desvantagens desta nova auto-estrada que atravessa Lisboa de norte a sul. Como grandes vantagens destaca-se a maior facilidade de acesso a algumas zonas do norte da cidade que actualmente estão rodeadas de maus acessos rodoviários. É possível, que a partir do momento em que esta via entre em funcionamento na sua totalidade, passe a haver um decréscimo significativo do elevado número de automóveis nas ruas de muitos bairros lisboetas situados a norte da 2.ª circular. Todavia, a abertura desta grande via de entrada em Lisboa irá, certamente, atrair mais automóveis para o centro da cidade. Ora, como o espaço que existe dentro de uma cidade é limitado, é natural que piorem alguns dos engarrafamentos habituais. Outro grande problema é o aumento da poluição sonora e atmosférica provocado pelo crescente ritmo de entrada de veículos movidos a combustível fóssil. Mais emissão de gases nocivos significará pior qualidade de vida para as populações da região da grande Lisboa. A par deste desenvolvimento, orientado para o aumento da circulação automóvel, deveria haver um plano em execução que cuidasse da chamada mobilidade ecológica (ou menos poluente) de pessoas e bens no interior da malha urbana. De facto, a grande maioria das deslocações urbanas são de curta distância, muitas vezes não ultrapassando os 6 km! Para estes pequenos trajectos deveria ser criada uma boa rede de transportes públicos não poluente baseada, por exemplo, numa rede de eléctricos modernos, que circulasse em ruas livres do pesado trânsito do automóvel particular. A par disto deveriam ser criados locais seguros onde grande parte das pessoas pudesse deixar o seu automóvel. O pagamento do estacionamento deveria dar acesso ao transporte público em todas as redes sem mais encargos. Assim, as nossas ruas poderiam ter mais passeios, mais árvores e talvez deixassem de ser perigosas para grande fatia da população urbana que não tem automóvel. Isto soa a utopia, mas o que é certo é que a escassez cada vez maior de recursos está, a pouco e pouco, a limitar o nosso crescimento económico baseado num aumento exponencial do consumo de matérias-primas e energia. Sem o desenvolvimento das técnicas de reciclagem e sem a redução do consumo exagerado de hidrocarbonetos fósseis a humanidade não irá longe neste século XXI.
Aqui ficam algumas fotografias que mostram o estado de desenvolvimento do último troço do eixo norte-sul em construção. Datam de 23 de Setembro de 2007, primeiro dia de Outono. A pressão para terminar a obra é tanta que os trabalhos prosseguem ininterruptamente, mesmo aos domingos.
Placa informativa na saída do nó da Ameixoeira no sentido sul-norte
Aspecto geral do eixo na zona do nó da Ameixoeira (ao fundo vê-se o Lumiar)
Parte inferior do viaduto do Lumiar do eixo norte-sul
Protecções sonoras no início do viaduto do Lumiar (lado da Ameixoeira - nascente)
Aspecto geral do viaduto do Lumiar (lado poente)
Pormenor dos acabamentos do último troço betonado
Último troço betonado ainda com parte da estrutura de sustentação
(cruzamento com a Alameda da Linhas de Torres)
Pormenor do cruzamento com a Alameda das Linhas de Torres
Viaduto no atravessamento da Av. Padre Cruz (do lado de Telheiras)
Há 2 meses
12 comentários:
Mesmo aos Domingos? Acabou-se então a maior (mais larga, mais larga) ciclovia da Europa? Que pena!
Quanto à mudança de hábitos e meios de transporte, começo a ficar convencido que demorará muito mais do que gostaríamos. Era bom termos uma cidade mais desafogada e silenciosa, servida por transposrtes colectivos rápidos e confortáveis. Mas mesmo que se acabe o petróleo surgirá outra fonte de energia, provavelmente até nem poluente.
Parace-me que há aqui duas discussões: a questão económica e da finitude da energia, e a da organização das cidades. Como as queremos no futuro, se atafulhadas como agora ou de volta à paz de há um século?
Obrigada pelas ilucidativas imagens.
Alguém me sabe dizer se na rotunda Norte da Alta, onde haverá um acesso ao Eixo N-S, existirá uma malha comercial?
Em primeiro lugar quero agradecer ao excelente trabalho que é desenvolvido neste blog; concordo a 100% com uma rede eficaz de transportes publicos não poluentes; uma rede funcional de electricos seria sem dúvida muito benéfica para a cidade de Lisboa. Construímos a Expo, estaos a construir a Alta de Lisboa e os nossos politicos continuam a não apostar numa rede eficaz e segura de transportes publicos; existirá algum interesse dos sucessivos governos?? Infelizmente parece-me que sim ... e muito. Em relação ao eixo, apesar de todos os aspectos negativos, faz falta. Tinha-mos até aqui uma aoto-estrada a acabar no emio do Lumiar ... as coisas não podiam continuar assim; falta a conclusão da CRIl e a criação de mais parques junto às estações de metro periféricas de Lisboa. Continuação de bom trabalho.
É isso Tiago. Há duas discussões: uma relacionada com o uso racional da energia e outra voltada para o urbanismo.
Eu penso que no futuro só as cidades mais organizadas é que poderão evitar a decadência a que estão condenadas aquelas que não escolherem os caminhos do urbanismo de qualidade. Falo de urbanismo que englobe a criação de espaços públicos de qualidade. Porque um urbanismo cheio de condomínios privados determina a breve trecho a morte de uma cidade.
Quanto às fontes de energia tudo é ainda muito discutível. O que é certo é que nas próximas décadas não iremos ter um acesso fácil a uma fonte de energia tão poderosa quanto a que está contida nos hidrocarbonetos. Só isso provocará uma grande transformação nos nossos hábitos de vida diários. Teremos que viver gastando muito menos do que hoje gastamos.
Em relação à pista de bicicleta é pena. Hoje apenas subi uma das rampas de acesso ao eixo para poder tirar umas fotografias. Outro dia deparei com um carro da polícia que anda a vigiar a obra feita para que o vandalismo não destrua o imobiliário já implantado na via.
Cara anónima,
Está prevista a construção de uma zona comercial na rotunda Cardeal António Ribeiro, junto ao acesso da Ameixoeira do eixo norte-sul. O plano inclui um hotel. Não se sabe para quando é que está prevista a construção.
A rotunda norte está prevista para uma zona que ainda terá que ser alvo de grandes terraplanagens. Por isso só será daqui a uns bons anos quando o primeiro troço do eixo central estiver construído.
Há ainda a porta norte que articula a ligação entre o eixo norte-sul e a Av. Santos e Castro. Não sei o que estará previsto para aí.
Caro Pedro Veiga, desde já o meu muito obrigado pelo trabalho que tem desenvolvido em prol deste blog e da comunidade residente na zona conhecida como "Alta de Lisboa".
Gostaria de lhe colocar uma questão relativa à afirmação que faz quando refere que o primeiro troço do eixo central só estará concluído daqui a "uns bons anos".
Que obras são aquelas que decorrem junto ao centro social ?
É que pensava tratar-se da 1ª fase do eixo central.
Obrigado,
Miguel
Caro Miguel,
Agradeço o seu reconhecimento por este pequeno trabalho informativo.
De facto estão a decorrer as obras da primeira fase do eixo. O problema é que para esta via estar devidamente operacional é essencial a conclusão da ligação com a Santos e Castro e a 2ª circular. Estas ligação são obras complexas que ainda estão à espera da libertação dos terrenos. Pelo andar da carruagem só lá para 2008 ou 2009 é que as obras terão início. Se a isto juntarmos pelo menos mais 2 anos de obras facilmente se chega a 2010 ou 2011, na melhor das hipóteses. Isto sem contar com o imbróglio dos terrenos dos armazéns Ruela cuja libertação é fundamental para a conclusão da ligação da Santos e Castro com a rotunda norte do eixo central! Por isso, sendo optimista, lá para 2012 ou 2013 todo este processo deve estar concluído!
Muito obrigado pelo seu trabalho voluntário em nos trazer esta peça informativa :)
Ainda se pode andar de bicicleta no Eixo Norte/Sul? Onde me devo dirigir para iniciar o percurso?
Obrigado pelas informações aqui prestadas por todos. Para além evidentemente da excelente reportagem fotográfica.
Pena é que a nossa Alta seja cada vez mais considerada um projecto lento, muito lento....
Caro anónimo,
Creio que já não se pode andar de bicicleta no eixo porque a polícia não deixa e está permanentemente a vigiar a via. Compreende-se: com o ritmo de vandalismo existente na zona em pouco tempo tudo ficaria tão degradado que quando fosse o dia da inauguração tinha que fechar de novo para obras!
Obrigado pelos esclarecimentos. Já agora, onde costumavam entrar na «ciclovia«?
Eram várias as hipóteses uma vez que as protecções de hoje não estavam erguidas: no nó da Ameixoeira, na zona da pista de atletismo, na zona da feira das galinheiras e também na grande rotunda norte.
Actualmente estas entradas estão tapadas porque a obra já acabou.
Agora só carregando com a bicicleta às costas e saltando uma vedação o que não é nada cómodo, para além de ser proibido.
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