sábado, 19 de janeiro de 2008

Da Alta ao Bairro em bicicleta

Fui de casa até ao emprego de bicicleta. Ao contrário do que diz o Marcelo Rebelo de Sousa, em grande parte de Lisboa faz imenso sentido falar de ciclovias. O declive entre o Lumiar e o topo do Bairro Alto é mínimo e perfeitamente ciclável por qualquer pessoa com uma forma física média. O ligeiro cansaço que senti foi evidentemente resultante da falta de prática e não da dificuldade do percurso.

O percurso teve quatro fases distintas. Na Alta de Lisboa anda-se sem problemas, apesar de não haver troços exclusivos para bicicletas, porque as vias são largas. A partir da Alameda das Linhas de Torres começam os problemas. Muito trânsito. Utilizei as faixas BUS para me proteger do grande tráfego, mas as estradas em mau estado dificultam o andamento e criam perigos adicionais.

Desde o Campo Grande até Entre Campos existe uma ciclovia. Está também bastante degradada e acaba por ser redundante face à possibilidade de se fazer o caminho pelo jardim.

Chegando a Entre Campos termina abruptamente a ciclovia, precisamente a partir do ponto esta mais falta faz. Fiz o restante percurso pela Avenida da República, Saldanha, Fontes Pereira de Melo e Marquês de Pombal, antes de entrar pela Braancamp para seguir para o Bairro Alto através Rua da Escola Politécnica. Sempre que possível usei faixas BUS.

Ao longo de todo o percurso senti grande civismo de parte de taxistas e condutores de autocarros. Ultrapassavam-me com uma distância de segurança muito razoável, cediam-me passagem, não se impacientavam pela diferença de velocidades. Só uma excepção no regresso, já à noite, com um 49 que buzinou irritado por eu o ter ultrapassado e depois se tentou vingar atirando-me para a berma.

Por várias razões vou repetir a experiência. Desporto é saudável, apesar dos kilos de monóxido de carbono inspirado (a ASAE devia actuar...), poupa-se dinheiro em gasolina, e apetece-me poder dizer que Lisboa precisa de ciclovias sem ter apenas a experiência de estar confortavelmente sentado num sofá.

15 comentários:

Anónimo disse...

Tiago
as ciclovias e os passeios nao sao equivalentes, sao complementares.

Ciclovias em Lisboa, para quando?

Tiago disse...

Não sei se percebi o comentário. Seria talvez mais seguro para mim ter optado pelos passeios em vez da estrada. Mas os passeios estavam sobrelotados e senti que se os utilizasse estaria a invadir um espaço reservado aos peões. Imagine-se não uma bicicleta, mas 20 ou 30 num passeio. Qual o lugar dos peões? Daí ter achado mais correcto ter optado pela estrada, sendo a faixa BUS a que me protegia mais de um acidente.

O ideal seria mesmo uma ciclovia exclusiva para bicicletas, como em tantas, tantas, tantas cidades europeias.

Anónimo disse...

Parabens! -- Agora em inglês porque eu nao tenho vontade de escrever em Português a noite de Sabado (mesmo que a lingua Portuguesa e fantastica :-) )
So where was I?... I wish we could this more... I used to cycle daily from Benfica to Campo Grande to get to work and I couldn't agree more the bus drivers were careful etc... I stopped, however, when I had bronchitis... My Doctor asked me if I smoked... (no) and was curious... Do many people smoke at your workplace? (no)... Hmm
I told her I cycled to work and that was it... My solution: a course of antibiotics and strict instructions to NOT take exercise where there was heavy pollution. I was, needless to say, distraught. I stopped cycling to work (and have since not had any respiratory problems)

What we really need is "NO CARS" in the urban centre. I believe that today this may sound outrageous but given time, more will be of this opinion (especially if/when we start to see PRT being implemented).
All the same, well done, I do a similar journey on Sat. morning and it takes me approx 30 mins. (I wish I could use the bike again)
(apologies for writing in English)
Tom

Antonio Pedro disse...

Video fantástico. Compreendo o comentário do Tom e confesso que nunca tinha pensado nisso, eu que pratico corrida urbana.Contudo,como adepto de todo o tipo de medidas que devolvam a cidade às pessoas, continupo a acreditar que se deve insistir em ciclovias a par de transportes urbanos mais cómodos e amigos dos utentes.

Pedro Veiga disse...

O Tom tem razão. Eu já experimentei várias vezes a aventura de fazer um percurso de bicicleta semelhante ao do Tiago. Acabava o dia com fortes dores de cabeça devido à inalação forçada e profunda de muitos poluentes. A poluição é, sem dúvida, um dos grandes entraves à mobilidade urbana por meios não poluentes. No centro da cidade tudo está feito para o automóvel. O peão ou o ciclista que se lixe!

Anónimo disse...

Have you ever tried a mask?
Not that I ever wanted to use it, but it is something that more and more people do.

Anónimo disse...

Olá, tem piada porque hoje parte do meu longo percurso de bicicleta foi campo grande - marques de pombal e vice-versa. Não concordo com o facto de andares no Bus sempre que possível pois a bicicleta como meio de transporte pessoal não deve andar na faixa do Bus onde esta faixa é prioritária aos transportes públicos, é mau estar um carro na faixa do Bus desnecessariamente tanto quanto um ciclista que ainda por cima não anda à velocidade dos autocarros pelo que só vai atrapalhar aqueles que se deslocam nos transportes públicos.

Boas pedaladas
Catarina

Tiago disse...

Pois, eu também não concordo, mas era onde me sentia mais seguro. E felizmente nenhum transporte colectivo teve de se atrasar por minha causa. Todos passavam por mim, com distância segura, à excepção do que relatei. Se fosse na faixa dos outros automóveis, arriscar-me-ia muito mais a ter um acidente. E prefiro não ter.

Anónimo disse...

Tiago, espreita aqui, merece respeito :)
http://100diasdebicicletaemlisboa.blogspot.com/
A proposta que me parece mais sensata em relação a ciclovias para Lisboa é incluir pista para bicicletas no BUS em regime partilha completa (são mesmo proibidas...) ALARGANDO a faixa BUS/BICLETA para que seja mais simples pedalar junto ao passeio, dando espaço ao autocarro para ultrapassar. Há exemplos disso Europa fora.
L.J.

Anónimo disse...

Olá.

Eu também me desloco de bicicleta diariamente da Alta de Lisboa para a a Av. da Liberdade.

E parece que já somos alguns :)

Deixo aqui uma ideia/sugestão. Como há de certeza muitas pessoas que também queriam ir de bicicleta, mas têm medo do trânsito, podíamos combinar numa sexta-feira irmos para a Baixa todos juntos, convidando essas pessoas a juntar-se a nós (incluindo o regresso ao final do dia).

Que dizem?

Rui Sousa

Pedro Veiga disse...

Seria uma excelente ideia, caro Rui Sousa!

Tiago disse...

Eu na 6ª feira não trabalho na Baixa, mas terei todo o gosto em juntar-me ao grupo na ida. Regresso é anteso do anoitecer, está bem?

O Viver vai lançar a ideia amanhã. Rui, passa a palavra a quem conheças. Manda um mail para o blog com o teu telefone para podermos combinar.

Abraço!

Anónimo disse...

Então, sempre fizeram esse "bike bus"? :-)

Anónimo disse...

Olá Tiago!
Creio que seria interessante referir quanto tempo se demora a percorrer cada uma das etapas de bicicleta.
Só para comparar com outros meios de transporte.
Cumprimentos,
Citadina.

Medley disse...

parabens, eu estou a montar a minha bicicleta para cidade e vou deixar de conduzir ao maximo