quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Quinta dos Lilazes novamente aberta ao público



Reabriu na passada segunda-feira a Quinta dos Lilazes, após muitos meses de requalificação. Em conjunto com a adjacente Quinta das Conchas, constitui-se como o terceiro maior espaço verde da cidade de Lisboa. Na Quinta dos Lilazes é possível ouvir o chilrear dos passarinhos, sentir uma calma e paz difíceis de encontrar no rebuliço de uma cidade. A requalificação feita está na linha da que conhecemos na Quinta das Conchas. Os bancos (poucos) e candeeiros são iguais, daqueles de madeira, mas os caminhos são de terra, como os da Mata da Conchas, havendo alguns com lages de pedra embutidas no chão, entre o prado. A não utilização do cimento preserva algum do lado mais íntimo da natureza, sem invasões demasiado artificiais. Neste sentido gosto mais deste arranjo do que o da Quinta das Conchas.




Os conceitos de Parque Urbano aplicados na Quinta das Conchas e dos Lilazes e o criado de raiz no Parque Oeste são claramente opostos. No Parque Oeste tudo é controlado, austero e frio, a meu ver. Não há bancos, não há iluminação, as árvores crescem em zonas demarcadas, a relva constantemente aparada. Nota-se demasiado a intervenção do Homem. Na Quinta dos Lilazes a fusão entre Homem e Natureza tem 100 anos de avanço sobre o Parque Oeste, é certo, mas há ali uma qualquer vontade que nos transcende, que torna tudo tão fresco. Espero estar completamente enganado, talvez se visse a Quinta das Conchas há cem anos ou o Parque Oeste daqui a outros cem, chegaria a outras conclusões.




António Prôa, vereador dos Espaços Verdes, presente na cerimónia de inauguração, referiu que se prevê a instalação de uma esplanada no local, num acordo que implicará a manutenção do espaço verde por parte do concessionário. Adoro esplanadas, algumas, porque gosto de beber um café e ler o jornal ou simplesmente ver o rio a passar-me entre os dedos, mas as novas tendências são-me bastante desagradáveis. Espero que esta esplanada não inclua música. A música tornou-se nesta nossa sociedade um elemento tão descartável como uma fralda recheada ou um papel de parede barato. Serve cada vez mais de fundo, de apetrecho ou acessório, começando aos poucos a deixar de ser um fim em si. Há música em elevadores, em centros comerciais, em supermercados, no metro, até em parques de estacionamento. Não a pedimos, não a escolhemos, é-nos imposta. Até nalguns centros históricos de aldeias por este país fora, governadas por autarcas pimba, a música ecoa a cada esquina, sem critério, sem motivação, sem cabimento. Lixo, poluição, se tornou. O silêncio deixou de existir nas nossas vidas; deixámos de o apreciar, mete-nos medo, faz-nos sentir sós. Pobres de nós… Concessionar uma esplanada igual a tantas outras, com música (seja qual for) a impor-se ditatorialmente, seria um erro crasso na preservação do ambiente que se consegue fruir na Quinta dos Lilazes. A avançar com esta ideia, voto numa esplanada Zen, onde o silêncio seja audível.




A ver vamos. Por enquanto, abrir a Quinta dos Lilazes foi uma boa ideia e irá directamente para a lista das de 2007 já realizadas.

15 comentários:

Pedro Cruz Gomes disse...

" (...)centros históricos de aldeias por este país fora, governadas por autarcas pimba, a música ecoa a cada esquina, sem critério, sem motivação, sem cabimento" - estavas a pensar no Chiado da era Santana Lopes, certo?

Tiago disse...

Pois, já nem me lembrava dessa...

Pedro Veiga disse...

Sim, foi uma boa ideia e é aproveitá-la bem sobretudo enquanto for sem música ambiente.

Pedro Veiga disse...

Tiago,

Gosto muito da primeira fotografia! O nevoeiro fica mesmo bem!

Anónimo disse...

A primeira foto é realmente muito zen.

Pois já sabia que tinha finalmente aberto ao público, tão aguardado espaço.

Tenho dúvidas quanto à esplanada... para ser zen, e de maneira que se ouça o silêncio, só se não tiver copos, nem chávenas, nem ajuntamentos de pessoas à conversa.
Mais valia porem só as mesas e cadeiras confortáveis para leitura. Eu preferia sofás ao ar livre...
Bom seria que esse fosse um jardim dedicado ao silêncio!

milton disse...

Sim senhor. Este post até "faz crescer água na boca".

E que tal uma passagem por aqueles lados no próximo passeio de bicicleta? dia 28?

Pedro Veiga disse...

Há uma ideia para fazer essa ligação, só que ainda é só uma ideia...

João Tito Basto disse...

Linda a primeira fotografia!

Anónimo disse...

Mais um voto para a esplanada zen!
Rui Filipe

Mr. Steed disse...

eu gosto tanto de não ouvir música....

apoiado o conceito de esplanada zen!

agora um problema, eu tenho o sentido de orientação de uma criança de 3 anos...alguém me explica onde fica a Quinta dos Lilazes? Tem entrada a partir da Alta ou só a partir da Alameda das Linhas de Torres?

Tiago disse...

Tem entrada pela Quintas das Conchas. A fronteira que divide Quintas das Conchas e Quintas dos Lilazes é o muro que vai desde a Alameda das Linhas de Torres até ao Condomínio das Conchas. Os portões de entrada são nesse muro.

Anónimo disse...

Não me parece que passeios de bicicleta sejam os mais apropriados a um jardim zen...
A pé o passeio é mais rico em pormenores e silêncio.

Anónimo disse...

A 1ª foto está simplesmente fantástica - tão boa que acabei por a colocar no meu blogue. Gostaria de divulgar a autoria pelo que se puder dar-me essa informação...
Aliás, o blogue versa precisamente sobre as questões relativas à Quinta das Conchas e dos Liláses, e bem poderia ser também a Quinta dos Ulmeiros, não fosse a pressa de inundar Lisboa de betão!

Tiago disse...

A fotografia é minha, obrigado. E qual é o seu blog?

Anónimo disse...

Em http://istoeumaespeciedeblogue.blogspot.com/ dou os 1ºs passos no mundo bloguístico.