sábado, 23 de setembro de 2006

Mais uma nova escola para a Alta de Lisboa?



O tapume que vedou a ligação entre a Alameda das Conchas e a Avenida Maria Helena Vieira da Silva pertence ao estaleiro da futura escola Jardim de Infância e Escola Básica da Quinta das Conchas. Ficará edificada na Avenida Maria Helena Vieira da Silva em frente à Superesquadra da PSP que está a fase de conclusão.



Não se sabendo ainda quando ficará pronta, que crianças irá receber, modelo de gestão, etc, fica aqui a memória descritiva do projecto, assinado pelo Arq.º Frederico Valsassina e umas fotografias da maquete. Tudo tirado do livro "Alta de Lisboa - O presente e o futuro", editado pela SGAL.

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Escola JIEB1+EB 2.3 - Escola da Quinta das Conchas


atelier
Frederico Valsassina, Arquitectura, Lda.

arquitecto responsável
Arq.º Frederico Valsassina

arquitectos
Arq.ª Mónica Mendes Godinho
Arq.ª Sílvia Nereu
Arq.ª Sofia Salazar Leite
Arq.º Bruno Almeida Santos








Inserida no Plano de Urbanização do Alto do Lumiar, em Lisboa, a presente proposta promove, a relação directa entre o conjunto a edificar e a realidade que o envolve, privilegiando o diálogo entre as partes aqui em confronto no sentido de uma homogeneização do todo. Pretende-se dotar o espaço de um objecto arquitectónico que lhe dê significado enquanto tal e que dele dependa directamente, contribuindo para o propulsar da imagem urbana.

A proposta surge como prolongamento quase cénico da envolvente em que se insere - um tecido cujos limites assumem uma natureza intersticial, informal, em que o movimento e a mutação se apresentam como características base. Neste sentido, é sugerida, ao nível do piso térreo, uma realidade cuja fluidez e dinamismo contrastam com a “rigidez” e a sobriedade do volume que se insurge e se liberta da matéria que o sustém.

Distinguem-se, dois corpos independentes, funcionalmente distintos e formalmente individualizados. A estes corpos correspondem as seguintes ocupações fundamentais, O corpo A, assumido enquanto “frente” do complexo, define-se, num primeiro plano. Aqui funcionam as salas de aula e todos os espaços de apoio a estas directamente ligados. Para lá desta frente materializada como “fronteira” entre uma permeabilidade e estanquicidade pretendidas definem-se novos espaços, que dissipam a presença de uma realidade “exterior — espaço público” em virtude de uma realidade “interior — espaço escola”. Nesta perspectiva a continuidade é, num primeiro plano, garantida e o dinamismo da proposta assegurado, sugerindo através da sobreposição sucessiva de espaços uma interiorização gradual da proposta.

O corpo B, mais austero em termos volumétricos, impõe-se como grande contentor de espaços. Este volume, entendido isoladamente como unidade independente, subdivide-se, no entanto, em termos materiais em duas partes perfeitamente diferenciáveis: um volume, desmaterializado, que organiza todo o sistema de circulações e outro volume, massificado, que organiza parte do programa escolar onde se inserem fundamentalmente o coração administrativo, a área de desporto e outros espaços de apoio que também poderão ser eventualmente utilizados de forma autónoma pela comunidade.

No que se refere à materialidade distinguem-se fundamentalmente L matérias base: o metal (chapa alumínio composito cor cinza antracite), o vidro, o reboco barrado e pintado à cor branco e o betão pré-fabricado com introdução de pigmento de cor.

Toda a estrutura edificada prevê a sua utilização por pessoas com incapacidade motora, desenvolvendo situações de nível que evoluem para soluções em rampa, no que se refere à proposta de arranjos exteriores; no que diz respeito ao objecto arquitectónico contempla-se o uso do elevador, quando necessário.

Qualquer um dos espaços mencionados tira partido da posição privilegiada que estabelece com a presença do Parque das Conchas. Consequente mente, mais uma vez se recorre ao vazio como elemento preponderante na ligação entre o interior construído e o exterior projectado, fundamental para a dupla vivência daqueles espaços.

16 comentários:

João Tito Basto disse...

Quem é o arquitecto, é o Valsassina?

Tiago disse...

Já tinha dito isso no post, mas vou acrescentar a legenda que está no livro com todos os arquitectos envolvidos. Se calhar era mesmo isto que querias saber, não?

Pedro Cruz Gomes disse...

A escola vai ser um colégio privado, com estreitas ligações ao movimento Comunhão e Libertação, católico. Uma espécie de contraponto mais ortodoxo ao catolicismo progressista e quase laico dos jesuítas do S. João de Brito, colégio que, como todos os moradores da Alta sabem, se costumava localizar no Lumiar e agora se mudou para a periferia da Alta.
Quanto à memória descritiva do projecto, desde que o Egas e o Becas ganharam o concurso do pavilhão português da Expo de Sevilha à conta do que escreveram, e ísto: muita música, muita poesia, muito hermetismo, muito disparate...
O diálogo traz homogeneização do local? Propulsar da imagem urbana?

Tiago disse...

Ahahaha! As memórias descritivas são sempre assim, de facto. Conversa para entreter moleque.

Quanto ao Movimentos Comunhão e Libertação, confirmas isso? Agora lembro-me de um rumor qualquer acerca da abertura de uma nova extensão de um colégio que abriu há dois anos na zona de Sete Rios. É privado, paga-se um balúrdio incomportável para uma família média portuguesa. Também dão bolsas para alunos mais carenciados, provavelmente para amansar a consciência.

Rodrigo Bastos disse...

Espero é que não utilizem materiais frageis para as fachadas tal como fizerem no condominio da torre que foi como todos sabem foi projectado pelo mesmo Arquitecto.

Se não "tiverem cuidado", passado alguns tempos e com as ingénuas boladas, empurrões e afins, a escola irá ficar concerteza com as fachadas todas partidas.

Que movimento é esse Pedro? Há mais detalhes p'pla Net? pesquisei e não consegui encontrar nada...

Pedro Cruz Gomes disse...

Rodrigo,

Talvez o Dan Brown possa fornecer algumas pistas. Hum... pensando bem, deve guardá-las para um próximo best-seller.

E Tiago, os colégios não são um balúrdio: são dois - relembro que os pais pagam as propinas e continuam a pagar os mesmos impostos que pagariam se tivessem os filhos a aprender nas escoas públicas.

Rodrigo Bastos disse...

Obrigado Pedro. Vou esperar então por mais informações. Espero que não se tenha de esperar pelo Dan Brown

Tiago disse...

Rodrigo, aqui no meu Google, procurando por "Movimento Comunhão e Libertação" deu 689 entradas. Queres vir cá ver, ou tentas daí? :)

Rodrigo Bastos disse...

sim, sim eu googlo por aqui... :) :). Se não encontrar nada em concreto, vou até aí ;)

Tiago disse...

Parece-me bonito, Carlos. Mas deixe-me pragmatizar as informação que dispõe: quanto paga uma criança cujos pais ganhem cada um, suponhamos, 1100 euros brutos por mês? E se forem dois filhos?

Tiago disse...

Dou a mão à palmatória. 200 euros por criança, com esse rendimento, não me parece excessivo quando comparado com o que as outras escolas particulares pedem.

Ontem vi um video da classe dos meninos de 5 anos do colégio Pestalozzi, no Campo Grande, e fiquei maravilhado com a diversidade de actividades que os miudos faziam, com a forma autónoma com que brincavam, resolviam problemas do dia-a-dia, como se ajudam e cooperavam. Tive também acesso, por oposição, ao caderno diário da disciplina de Ciências da Natureza de um aluno do 5º ano da escolaridade, numa escola estatal. Li as fotocópias dos apontamentos realizados pelo professor e fiquei chocado com a catadupa de frases mal escritas, vírgulas fora do sítio, acentos trocados. Lembrei-me desta discussão. E fiquei desanimado.

Existe realmente uma grande demissão por parte do Estado nesta causa que devia ser principal. Já não há dinheiro. Foi mal gerido, esbanjado, e não se aplicou em formação de riqueza.

Pode ter parecido, mas não estava a querer ser irónico quando disse parecer bonito o cenário que me apresentava, Carlos. Bonito é uma palavra que frequente no meu vocabulário.

Tiago disse...

Bem, mas insisto numa questão, Carlos. 4000 euros líquidos não é propriamente o rendimento mensal normal de uma família em Portugal. Não duvido que o MCL ajude os mais necessitados, mas existe possibilidade real para 2 crianças cujos pais tenham um rendimento de 2000 euros mensais líquidos? Bem sei que posso telefonar ao JI 3 Pastorinhos e perguntar, mas já agora continuamos conversa aqui.

Unknown disse...

Bom, olha, este assunto interessa-me. E confesso que fiquei agradavelmente surpreendida com a mensalidade, apesar de estar fora do meu actual orçamento (mas claro que tb não recebemos 4000 euros líquidos mensais).

Se quiserem termo de comparação posso dizer que na creche (<3 anos) do meu filho, que é comparticipada, pago 111 euros por mês e também tem a ginástica e a alimentação incluidas. E 2 semanas de praia, em Julho, mas que se paga à parte (este ano foi 70 euros). Não há outras actividades disponíveis (não sei se há para os mais velhos, ele só tem 2 anos). Seja como for, esta foi a mais barata que alguma vez vi, mesmo dentro de outras creches comparticipadas. Acho que se preocupam com os miúdos e fazem os possíveis para conseguir mais actividades sem imputar os custos aos pais. A ginástica, por exemplo, é um protocolo com a Junta de Freguesia. Fazem tb as habituais visitas de estudo à Quinta Pedagógica, etc. O principal problema é o espaço não ser o ideal para crianças, mas o novo espaço já atribuido está empatado num problema burocrático há vários anos, com a CML e o IPPAR. Para mim tem também a vantagem, em relação à maioria dos colégios particulares (dos que não oferecem bolsas, no fundo) de ter um ambiente muito heterogeneo que acho muito positivo para os miudos: tem muitos miudos estrangeiros e tb miúdos vindos de famílias com níveis de escolaridade muito variado, desde os PhD e licenciados à escolaridade obrigatória ou menos.


Sobre as deficiências de ensino nas escolas públicas e nos manuais escolares, tb tenho opinião. Pelo menos para lá do ensino básico, na área de ciências, que é a minha área, acho que o problema é a falta de actualização dos professores (e dos manuais, que são escritos e também revistos por professores). Claro que há professores bons e professores maus, e há a componente pedagógica e a componente científica e que por muito que um professor se actualize, por vezes o manual e o programa não o acompanha. Era todo o sistema que tinha que ser revisto. Mas choca-me a quantidade de incorrecções científicas ensinadas nas escolas. Lembro-me de uma prima minha dar, nas aulas de geografia do 9º ano, que Marte não tinha satélites naturais/luas. Disse-lhe que estava errado, que pelo menos nos livros de FC do Robert Heinlein, que se passam todos em Marte, existiam 2 luas. Fomos confirmar a uma enciclopédia, para a fonte não ser um livro de ficção e quando, no dia seguinte, ela falou com a professora a resposta foi "Se calhar viste numa enciclopédia já muito antiga". Pois, porque os corpos celestes desaparecem assim, numa década ou lá o que pensa a professora dela...

Lx disse...

No meu blog tenho algumas imagens deste projecto, mas nada de detalhe.

Posso colocar lá as duas fotos apresentadas no seu blog?

Tiago disse...

Sim, claro, à vontade!

Anónimo disse...

Isto é mais uma lança da Opus Dei na carneirização das pessoas. Mais nada!