sábado, 25 de outubro de 2008

Politiquices - O Renault Roadshow

Há alturas em que o silêncio é de ouro.

De acordo com notícia do site do Expresso, as vereadoras Helena Roseta e Manuela Júdice, dos Cidadão Por Lisboa, protestaram em comunicado contra a realização do Renault Roadshow na zona da Avenida da Liberdade.

O movimento Cidadãos por Lisboa lamentou hoje a realização do evento de fórmula 1 no fim-de-semana na Avenida da Liberdade, argumentando que é uma utilização abusiva do espaço público, sem deliberação camarária ou informação aos moradores.
"A Avenida da Liberdade é um espaço que deve estar aberto a eventos cívicos ou desportivos, que não agravem as condições de poluição sonora e atmosférica do local", afirmaram, em comunicado, as vereadoras Helena Roseta e Manuela Júdice.

As vereadoras argumentam que a realização do evento, autorizado pelo vereador do Espaço Público, Marcos Perestrello (PS), dá um "sinal errado" numa altura em que, defendem, deveriam ser propostas "soluções para melhorar o ambiente urbano da cidade".

Helena Roseta e Manuela Júdice recordam que têm pendente desde Junho para apreciação da Câmara uma proposta de "Regulamento municipal sobre Direito ao ambiente urbano e à reserva de publicidade no espaço público", que visa impedir este tipo de utilizações do espaço público que consideram "abusivas".
(ver proposta AQUI)

"Lamentamos ainda que, mais uma vez, esta decisão fosse tomada sem informação aos moradores e sem deliberação do executivo", defendem.

A iniciativa "Renault Roadshow" vai pagar mais de 16 mil euros em taxas de publicidade, 533 euros de taxas de ruído e cerca de seis mil euros pelo trabalho de funcionários municipais de apoio ao evento.

O evento obriga ao condicionamento de trânsito e estacionamento na Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal e Restauradores.
Como a Câmara é parceiro no evento, a iniciativa não pagará taxas de ocupação do espaço público.

O vereador José Sá Fernandes também disse não ter "qualquer simpatia por este evento".

Esta súbita perseguição relativamente ao uso do espaço público por privados é um daqueles disparates que só se compreende pela vontade de criar maior volume de clipping de imprensa.

Não é um evento de dois dias, ao fim-de-semana, numa zona que costuma estar morta, que irá transformar ou agravar a qualidade do ar na Avenida da Liberdade. Não incomoda especialmente ninguém, nem causa transtornos de maior ao trânsito porque existem alternativas e tudo se passa fora dos dias úteis.

Quanto a mandar sinais negativos de alguma espécie, bom, é o tipo de especulação e aproveitamento político que se espera de um partido tradicional.

Já no que diz respeito às declarações do vereador Sá Fernandes, bem retiram-lhe mais uns valentes pontos à credibilidade que começa a esmorecer.

O "Renault Roadshow" é um evento que traz movimento ao centro da cidade e é divertido. É publicidade para uma marca? Sim é. Tal como os aviões da Red Bull no Porto ou, se pensarmos bem, o Lisboa-Dakar (promovido pela ASO) ou o Rally de Portugal, ou Euro 2004 e, se forem avante com essa ideia parva, um Mundial de futebol.

Sinceramente vereadoras, só me lembram o Diácono Remédios com estas tiradas inúteis e com pretensões a políticamente correcto.

Ou como diria o outro, o dos Contemporâneos: "Vão mas é trabalhar, fazer rotundas e jardins. Querem é aparecer: ó para nós, somos vereadoras e não gostamos de Fórmula 1 porque faz barulho. "

:) Texto publicado também aqui

10 comentários:

Tiago disse...

Tungas!

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo com o autor do post.

Quando se tratou de oferecer espaços de jardins públicos para efeitos semelhantes, pelas pessoas que agora criticam, não deixou de haver "simpatia pelos eventos" (que aliás, tantos transtornos vieram a causar a residentes).

É a agenda politica a começar a falar.

Pena é que, com tanta critica barata, se esqueceram de referir que esta iniciativa privada pagou o asfalto novo colocado e irá contribuir com 2 "dias sem carros" numa zona em que tal data, quando oficial, é bramida aos céus a torto e a direito.

politiquices do é-bem-dizer-mal-porque-não-fiz-parte-de-uma-boa-iniciativa!

Carlos Moura-Carvalho disse...

Concordo que há aqui politiquice, no que respeita nomeadamente a Sá Fernandes, responsável pelos espaços verdes da autarquia, que admitiu não ter "simpatia nenhuma" pela demonstração de Fórmula 1 promovida pela Renault e pelo seu colega Marcos Perestrello, o vereador socialista que superintende aos espaços públicos da cidade.
No entanto, Sá Fernandes, aqui há uns meses fechou a Praça das Flores para se fazer um anúncio da Skoda durante duas semanas, por considerar uma interessante parceria publico-privada.
Duas visões, duas politicas, dois caminhos.
Nuns casos sim, noutros não.
Mas discordo da questão de fundo que é fechar a av. da Liberdade para um evento deste tipo.
Não sou favorável a este tipo de iniciativas a não ser em casos muito exceptionais, de enome qualidade, com fortes contrapartidas, não apenas financeiras e, sobretudo, que valorizem significativamente a imagem da cidade.
O espectáculo Renault Roadshow, vai pagar, de acordo com a CML, um total de cerca de 22 mil euros (!), 16 mil euros em taxas de publicidade, 533 euros de taxas de ruído e cerca de seis mil euros pelo trabalho de funcionários municipais de apoio ao evento.
O outro evento da Praça das Flores era um disparate, constituindo, em meu entender, uma apropriação ilegítima e forçada do espaço púbico. Neste caso, o retorno de imagem para a cidade e as anunciadas contrapartidas parecem-me curtas. Muito curtas.
Nem valorização da imagem da cidade, nem dinheiro, nem outras contrapartidas.
Menos carros na Avenida?... Há seguramente outras formas de atingir esse objectivo.
Não creio ser um Diácono Remédios por defender isto. Fechar o centro da cidade por 4.000 contos é para mim uma má opção.
As contrapartidas teriam que ser muito diferentes.
A exigência teria que ser muito maior. Assim não.

Anónimo disse...

Adoraria saber quanto pagou a Renault à CML...? E quantos carros Renault foram entregues gratuitamente à CML...? Sei de pelo menos 10 carros... Um deles até anda no nosso bairro...!
E já agora: Quanto é que os admnistradores da GEBALIS ganharam com isto...? Para informação, este road Show estava previsto para as nossas estradas na Alta de Lisboa... mas mais mediatico ( e ainda bem ) é a Avenida da Liberdade.
Cumprimentos António Borges Mota
jsb

Mr. Steed disse...

É fácil, os números são públicos e o Carlos já os mencionou mais acima:

22 mil euros de taxas municipais.

16 mil euros em taxas de publicidade.

533 euros de taxas de ruído.

6 mil euros pelo trabalho dos funcionários da CML.

Asfalto novo na Avenida.

Quanto a essa história de carros, da Gebalis e de estar previsto para a Alta de Lisboa....bom, desenvolver a ideia um pouco mais não seria má ideia.

Carlos, só no Sábado foram lá 50 mil pessoas.

A CML ainda devia pagar à Renault por trazer tanta gente ao centro da cidade ao fim-de-semana :) e isto não tem nada a ver com o marketing morcão da Skoda.

Anónimo disse...

Correcção: 115 mil pessoas

Concordo em absoluto com o post

Pedro Cruz Gomes disse...

Pois eu concordo com o Carlos.

Há uma semana, quando estava parado às 2 da manhã na fila de carros formada na lateral da avenida da liberdade pelo fecho dos corredores centrais, pude observar os arranjos do pavimento e tive tempo para reflectir sobre as prioridades de manutenção rodoviária da CML. Ainda que o pavimento da Av. seja um dos mais percorridos da cidade, não apresentava - quando comparado com muitos outros - grandes patologias que tornassem prioritária a sua renovação. Parece-me óbvio que a mesma se deveu às necessidades de um piso "liso" para não danificar o F1 e não a indicações urgentes do departamento de Vias. Logo, afirmar que a cidade ganhou uma Avenida da Liberdade renovada graças à renault é uma quase falácia: de facto ganhou-a mas porque a renault assim o exigia; a não haver "roadshow" não passaria assim tão mal a avenida. Outro seria o caso se, por exemplo, fosse possível concluir a 2ª fase de repavimentação da Alameda das Linhas de Torres (a que foi interrompida por falta de pagamento da 1ª fase na anterior vereação e adiada "sine die" por falta de verba pela presente vereação - lembram-se?)

Quanto ao afluxo de pessoas ao centro da cidade. Do mesmo modo que fazer auto-estradas que cruzam o interior não é o mesmo que criar focos de produção de riqueza nesse mesmo interior, autorizar um evento que leva 100 mil pessoas ao centro da cidade num fim-de-semana único não é o mesmo que repovoá-lo habitacionalmente.( É de tornar o centro vivo que estamos a falar, não é? Porque gente tem-o ele todos os dias da semana das 8 às 20.) Quantas pessoas foram ao centro este fim-de-semana por causa da gincana da semana passada?

Quanto às contrapartidas financeiras: 4000 contos por publicidade com um target de 100 mil pessoas (fora as que a receberam via serviços noticiosos) é mesmo muito barato.

Tudo isto não tem nada a ver com modernidade e oferta de espectáculos. Tem a ver com coerência das instituições e com o respeito por TODOS os cidadãos. Por exemplo, os cidadãos que ainda moram na avenida e zonas contíguas e que bem incomodados foram com os níveis de ruído produzidos (sim, existe uma lei do ruído que é de cumprimento obrigatório... excepto se a CML entender que pode ser ignorada).

Fechar a avenida porque se gosta de F1 e se considera que a mesma dá um toque cosmopolita a uma cidade cujo centro apodrece e se percebe que se consegue preencher um pouco mais o parco currículo da (pretensa)revitalização da cidade para as eleições que se avizinham isso sim é que é provinciano.

Pedro Veiga disse...

Por mim penso que isto tudo é de um grande provincianismo!
A F1 é uma das actividades mais poluidoras e gastadoras de recursos energéticos não renováveis.
Não serve para uma cidade como Lisboa que pretende livrar-se do seu excesso de poluição sonora e atmosférica. Claro que os recursos financeiros fazem falta à CML. Mas será este o caminho mais correcto?

Anónimo disse...

Caro Mr Steed,
O silêncio é de ouro, de facto. E não só em certas alturas.
E a partir daí muito poderá ser dito, esquecendo a tal regra de ouro sobre o silêncio, a propósito do seu post sobre o comunicado CPL.
1- as "tiradas inúteis e com pretensões a políticamente correcto" das vereadoras CPL fazem parte daquilo a que o movimento CPL se comprometeu durante a campanha eleitoral de 2007: preservar os direitos que muitos cidadãos desta cidade pretendem ver assegurados. Que podem ser vistos no link abaixo.
http://www.cidadaosporlisboa.org/documentos/1183291185S1hGL7jr1Yj04KR3.pdf
2- "Ou como diria o outro, o dos Contemporâneos: "Vão mas é trabalhar, fazer rotundas e jardins. Querem é aparecer: ó para nós, somos vereadoras e não gostamos de Fórmula 1 porque faz barulho. " Caro Mr Steed, Há gente que trabalha todos os dias, a tentar que a CML faça rotundas, jardins, e o que mais falta nesta cidade.
3 - "Esta súbita perseguição relativamente ao uso do espaço público por privados é um daqueles disparates que só se compreende pela vontade de criar maior volume de clipping de imprensa." Mr Steed, a "perseguição" dos CPL não é súbita. Começou mesmo com a ocupação abusiva da Praça das Flores. Se lhe parece normal a utilização do espaço público por privados, inundando-o de publicidade, há muitos outros cidadãos que não aceitam esse abuso de utilização do espaço que lhes pertence. Muito menos quando se insiste na apologia dos carros, aliemntando a publiciade a marcas de automóveis.
4- "Quanto a mandar sinais negativos de alguma espécie, bom, é o tipo de especulação e aproveitamento político que se espera de um partido tradicional." Seja o que for um partido tradicional, promover brincadeiras com carros de formula 1 para distração de alguns e incómodo de muitos, é nos tempos que correm, um sinal muito negativo. Um sinal de desinformação, de falta de respeito, de alienação total perante os valores que se deveriam estar a cultivar, e os valores que se deveriam estar a condenar.
Porque há quem não queira ir acelerando e rindo, iremos quebrando a regra do silêncio e apontando o dedo sempre que entendermos que os direitos dos cidadãos desta cidade são postos em causa.
Um Cidadão De e Por Lisboa

Mr. Steed disse...

Caro CPL,

São opiniões. Respeito-as a todas. As do Carlos e dos Pedros também.

Cada um aponta o dedo ao que acha que deve apontar. É a democracia e gostamos todos dela.

Continuo a achar que o comunicado foi uma forma de procurar protagonismo e uma jogada política infantil e inútil.

Se há crítica que se deve fazer à Formula 1 é a de estar a ser mal gerida por um velho balhelhas e de ser chata para caramba. Prefiro outras disciplinas.

A história de a F1 ser o grande Satã do desperdício e da poluíção...eeerrr...não me parece.

Parece-me mais uma daquelas tiradas politicamente correctas que vão aparecendo.

Repito: não me choca nada ver o espaço público utilizado para acções publicitárias de privados.

Há quem as considere provincianas. Algumas são. Mas é uma simples questão de gosto. Eu achei a Cow-Parade saloia. A árvore de natal mais-maior-grande da Europa e arredores? S'pé-saloia!

Um Formula 1 a abrir Avenida da Liberdade acima? Lá estarei na primeira fila com o meu fatinho de saloio da Malveira.

Repito: os aviões da Red Bull no Porto, o Circuito da Boavista, o Lisboa-Dakar, o Euro 2004, etc. etc. tudo eventos privados e mais, financiados pela publicidade, essa malvada.

Se querem que vos diga, saloio mesmo é o tempo que estamos a levar a discutir este assunto.

Agora desculpem mas tenho de ir embora que ainda há muita roupa para ir entregar às freguesas.