quarta-feira, 4 de junho de 2008

Lágrimas e suspiros

Em Setembro de 2007 foi efectuada pelo Viver e por inúmeros moradores, uma campanha de envio de mails para o vereador do pelouro, José Sá Fernandes, para que fossem tomadas medidas no Parque Oeste que travassem a sua contínua degradação e o agravar das condições de segurança dos seus utentes.

Infelizmente, ocorreu um acidente que se viria a revelar fatal e, menos de uma semana depois, eram anunciadas medidas pelo sr. vereador.

Em Novembro de 2007, e para evitar que os moradores do Alto do Lumiar fossem privilegiados em relação aos restantes habitantes da cidade, tentou a vereadora Margarida Saavedra, impedir a discussão em sessão de Câmara, de uma proposta apresentada pelos Cidadãos por Lisboa que visava a melhoria das condições de segurança de alguns dos cruzamentos do bairro. Na altura comprometeu-se e ao seu partido - o PSD - a apresentar, até ao princípio de 2008, o livro negro dos cruzamentos da cidade.

Desde essa altura, foi este blog palco de vários alertas para a continuação do risco para automobilistas e peões que os cruzamentos da zona continuam a apresentar. Ainda há duas semanas, com a abertura das faixas ascendentes da Azinhaga da Musgueira, se retomou o tema.

Os serviços continuaram mudos. O vereador do pelouro não se dignou a mexer-se. A vereadora Saavedra continuou mais preocupada com as vicissitudes do seu partido. Todos os responsáveis continuaram a assobiar para outros lados.

Infelizmente, hoje, a história repetiu-se com a morte de mais uma criança, vítima da inconsciência própria da idade, mas igualmente vítima da ausência de medidas preventivas que continua a verificar-se junto à sua escola - não há passadeiras, não existem redutores de velocidade numa via com aquela pendente, não existem semáforos - é como se a própria escola não existisse.

É triste.

É triste que a incompetência, o desleixo, a incapacidade continuem a medrar nos serviços camarários - de facto, numa Câmara organizada, não seria necessária a intervenção do vereador ou do presidente para que tudo funcionasse no sentido do bem público.

Mas é mais triste que, face a pedidos, protestos, perguntas, propostas, tudo tenha continuado na mesma.

E é ainda infinitamente mais triste assistir ao show dos compungidos dos próximos dias, aos inquéritos anunciados que serão encaminhados para a gaveta mais próxima assim que os media tiverem esquecido a questão, às manifestações de pesar, às promessas de arranque de obras (as tabuletas a assinalar perigo de morte, provavelmente), aos discursos de solidariedade, às lágrimas de crocodilo.

Vá venham lá. Já que não vão conseguir ficar calados, ao menos tenham a decência de resolver o que até agora se recusaram a fazer.

4 comentários:

Anónimo disse...

Isto não foi um simples acidente de trânsito.
Isto é um crime público.

Mr. Steed disse...

porquê?

Anónimo disse...

Por defininção, crimes públicos são aqueles cujo procedimento criminal não depende de queixa, podendo ser levados ao conhecimento das autoridades públicas por qualquer pessoa ou por quaisquer meios.
O Ministério Público tem que investigar as responsabilidades.

Mr. Steed disse...

compreendido.
obrigado pelo esclarecimento.