segunda-feira, 2 de junho de 2008

And then they were three

Os posts encomendados são uma complicação.

Os posts encomiásticos são um embaraço.

Estar orgulhoso de alguma coisa sabe bem mas é tão contrário à humildade da nossa matriz ideológica luso-católica que se torna penosa a sua exibição pública.

Estar cheio de fé no futuro... bom, estar cheio de fé no futuro é - apesar daqueles manuais de auto-ajuda que vão ficando na moda - ou querer ser uma humana avestruz ou não ter assistido à queda do Muro ou ter-se licenciado há poucos anos na Universidade Internacional.

E, portanto, para título e subterfugio deste post, socorri-me dos Genesis (não do "j"énesis bíblico mas dos "dj"énesis musicais) que há muito muito mas bué da muito tempo quando até eu era uma criança (até o Mr.Steed era uma criança! até o Pedroo era uma criança!) lançaram uma coisa de transição que se chamava exactamente and then they were three. É claro que tive um bocado de trabalho para explicar à redacção que isto não era nenhuma alusão aos prolíficos, hard-working, dedicados colaboradores do blog - que é muito mais de três - , antes uma coisa geracional, do tipo ena-pá-cum-caneco-já-passou-mais-um-e-nós-ainda-aqui-à-espera-da-santosecastro.

Pois os Genesis (não esquecer: "djé" e não "jé") tinham perdido os génios - o Arcanjo Gabriel e o sombrio Hackett - e estavam naquele estado a-gente-gosta-tanto-disto-mas-o-que-é-que-vamos-fazer-agora? Nós por aqui estamos na mesma. Acabámos de perder a inocência de acreditar que ainda há alguém competente na Câmara de Lisboa com vontade de reatar a uma velocidade decente todo o processo da Alta e também acabámos de perder a paciência com a hipocrisia reinante para os lados da Praça do Município - como se sabe, os génios que ditam parte do sucesso necessário a uma relação profícua com o Poder.

Mas os Genesis continuaram. Mudaram de música, mudaram de estilo, mudaram quase tudo menos o nome e o mais importante: continuaram a fazer o que gostavam. Curiosamente, tiveram ainda mais sucesso do que na sua fase anterior, curiosa lição de vida e de público. Pois nós vamos pela mesma.

Vamos continuar a fazer o que nos dá prazer.

Vamos continuar a lutar pelo que nos parecem ser motivos e valores justos e inalienáveis.

Vamos continuar a denunciar este pântano cúmplice em que todas as entidades envolvidas se deixaram enredar e que, pelo menos na aparência, parece ser zona de conforto para todas.

Provavelmente vamos dar o passo seguinte e continuar este debate num outro nível.

E se vocês não gostarem dos Genesis (os do "djé") recorram quando quiserem a outra música. Toquem vocês próprios um instrumento. Não morram é no silêncio porque é no silêncio que vive o autismo, é do silêncio que se alimenta a incompetência, é com o silêncio que viceja a aldrabice.

Uma nota final: o VIVER lançou-se ao mundo há precisamente 3 anos. É obra.

14 comentários:

Tiago disse...

3 é um bonito número, curvilíneo, sensual.

3 anos. Foi rápido, mas com muito gozo, muito divertimento, muita aprendizagem, muita evolução. Espero que seja só o início ainda!

Carlos Moura-Carvalho disse...

Para mim, a melhor música dos Genesis é The Carpet Crawler, do album Seconds Out. Ainda com o Arcanjo Gabriel, para utilizar a sua expressão.
Ou seja, é da primeira fase...para mim a melhor.
Depois foram mais comerciais, tiveram mais sucesso, mas não foram tão bons.`As vezes acontece.
É a música dos Genesis que me diz mais, a que oiço sempre que me quero lembrar de (bons) tempos passados e também a que me proporciona uma tranquilidade positiva, forte, simples, que me emociona e estimula.
A certa altura diz "Is only one direction."
Primeira fase, segunda fase, não importa. O que importa, realmente, é acreditar, lutar por aquilo em que se acredita, mesmo que se esteja sozinho (ou com dois ou três).
Nós precisamos que vocês do Viver continuem a acreditar, a lutar, a debater, a criticar, a divulgar, a organizar eventos e muito, muito mais.
A evolução do Viver tem sido muito positiva. Mas o melhor ainda está para vir.
Is only one direction.
Um abraço

Alexandra Fortes disse...

Parabéns ao Viver!
Continuem o excelente trabalho.

Mr. Steed disse...

Vamos por partes:

Parte I: Ena, ena! eu apareço num poste do Viver! Gana nóia!

Parte II: O "And Then There Were Three" já faz parte da fase Filipe Collants dos Genesis. E isso não é nada bom.

Parte III: O Carlos, por seu turno, é um bom rapaz porque me deu a oportunidade de me armar em sabichão das dúzias: O "Carpet Crawlers" pertence originalmente ao "The Lamb Lies Down On Broadway", àlbum duplo de 1974 qui mui boa gente considera o melhor da banda. Foi também o último em com o Pedro Gabriel que pouco depois decidiu navegar para uma carreira a solo que deu três álbuns interessantes.

Parte IV: O Viver na Alta é um exemplo de cidadania e de como se podem fazer coisas úteis com os tempos livres. É importante perturbar as elites e este blog fá-lo muito bem.

Anónimo disse...

ó alexandra és muy guapa!!!

e que tal os Marillion?

Luís Lucena disse...

Mas o que é que os Génesis (Djé) têm a ver com a Alta? :)

É impressionante! Quando fizeram o que fizeram, no início da década de 70, os rapazes tinham apenas vinte e poucos anos.

Tomem lá Youtube (se conseguirem, deitem-se antes da 4.00h ...):
http://www.youtube.com/watch?v=ngLLWHBtOnI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=W35wtfcByIY
http://www.youtube.com/watch?v=PN1IWmQ6A_I&feature=related
http://tw.youtube.com/watch?v=0FrFytItybk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=I2s7giSB4TI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=5ksoDr3Ip_w&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=xW_7YyKawbw&feature=related
e vão por aí fora,
e percam a noção do tempo…

Peter GABRIEL - February 13, 1950 in Woking (UK)
Phil Collins - January 30, 1951 in Londres (UK)
Mike RUTHERFORD - October 2, 1950 in Guildford (UK)
Tony BANKS - Mars 27, 1950 in East Hoathly (UK)
Steve HACKETT - February, 12 1950 in Londres (UK)
(3 Aquários, um Carneiro e um Balança)

Pequena correcção, e complementando o Mr. Steed: no Seconds Out (“live”) o intérprete vocal (“vocalista”) é o Phil Collins. É uma questão de facto. E neste caso é também uma questão de ouvido. É a vida. :)

Viva a Música! Boa Música, está claro!
Viva o Alto do Lumiar! Com uma boa Alameda da Música (há-de ser, se Deus quiser)!
Viva o PUAL! Que seja implementado Bem e Depressa!
Viva o Viver! Com muita criatividade, bom humor e pertinência!
Vivam as pessoas! Todas, com bom ouvido ou nem por isso! :)

Ana B. disse...

3 anos de VIVER: PARABÉNS, PARABÉNS, PARABÉNS!!!
Parabéns a Todos Nós, Viveraltistas!!!
É um privilégio, é giro e vale muito a pena...

Anónimo disse...

Parabéns viver!
Counting Out Time, ao que parece...
L.J.

Anónimo disse...

Os meus parabéns ao esforço de todos voz!

Um grande bem-haja; continuem por muito mais tempo a lutar pelo nosso pedacinho de cidade.

pd.lamb disse...

LJ,

Comovido e reconfortado por saber que mais genesisofonos andam por aí ;-). Obrigado pelas palavras.

Mr Steed,

Se eu aprofundasse a questão Collants, saia-se-me furada a imagem - então o Viver ficava mais comercial e com menos qualidade? Nunca! O Abacab tem tanto impacto quanto o Back in New York City!

(Hum... Dito isto até é possível traçar mais paralelos...


Que tal o Viver fazer um registo com titulos como

- Selling Alta by the Cent (a história de como uma urbanização é vendida ao desbarato depois do seu falhanço comercial provocado por erradas politicas urbanisticas)

- The Santosecastro Crawlers (seres que se arrastam numa antiga estrada destruida pelo tempo e pela falta de uso)

- The Battle of Musguen Forest (duas tribos encontam-se num baldio de fronteira entre duas urbanizações sociais)

- More Fool Us (balada de amor entoada por um coro de 15 mil habitantes)

The Lamb Lies Down in EixocentralWay (ascensão e queda de um politico populista de esquerda que se propôs lutar pelos direitos da cidade contra os túneis e a especulação imobiliária)

Nursery Crime (a longa história de um infantário que subsiste nas ruínas de um centro comunitário)

Foxtrote (corrida de carrinhos de bébé patrocionada por um canal de televisão por cabo)

Los Alamos (a implosão da antiga Alameda da Música para possibilitar a construção das 15ª, 16ª, 17ª e 18ª faixas do Eixo Viário Norte-Sul)

Hum? Mais sugestões?)

Anónimo disse...

Muitos parabéns e obrigada pelo serviço público que prestam.
Não desistam!
Venham mais 3, ou mais 30... :)

Carlos Moura-Carvalho disse...

Há um provérbio chinês que diz: "Quando o homem aponta para a lua, o parvo olha para o dedo."
O mote dos Génesis para esta evocação, foi surpreendente.
Escrever num blog é cada vez surpreende.
Is only one direction.
O que interessa é resistir com paciência e elevação e lutar por aquilo em que acreditamos. Apesar de às vezes realmente ser difícil.

Anónimo disse...

PARABÉNS ao VIVER pelo seu 3º aniversário!

João Tito Basto disse...

Embora com algum atraso aqui fica os meus PARABÉNS AO VIVER.
Que continuem o bom trabalho que têm feito por muito e muito tempo.