domingo, 18 de novembro de 2007

Os mesmos duas vezes

A pompa e a circunstância do costume nos discursos oficiais da cerimónia de assinatura do contrato de adjudicação da conclusão da CRIL.

De acordo com o Portugal Diário, "A conclusão do troço final da CRIL permitirá desviar do eixo norte-sul 40 mil carros por dia e outros 12 mil da calçada de Carriche, segundo uma apresentação das Estradas Portugal, divulgada hoje na cerimónia de assinatura do contrato."

Há coisa de um mês, noutra cerimónia de circunstância e pompa (desta vez mais merecida - assinalava-se a conclusão de uma empreitada e não a aposição de autógrafos num contrato de prestação de serviços) o presidente da mesma empresa pública citado pelos jornais, afirmava que 22.500 veículos seriam desviados da 2ª Circular para o Eixo Norte-Sul.

Neste pingue-pongue de tira e põe, nesta contabilidade de vasos comunicantes, neste autista e interesseiro modo de apresentar as vantagens, fica-se com a sensação que, se a CRIL retira à Norte-Sul mais veículos que esta retirou à 2ª Circular, então a Norte-Sul perderá a sua relevância como descongestionadora do trânsito da 2ª Circular - principal argumento apresentado na sua inauguração, se não me falha a memória, para justificar a construção deste último troço. Perdendo esta relevância, então bastaria ter-se concluído a CRIL para libertar o trânsito da 2ª Circular, complementando-se esta obra com a ainda adiada Av. Santos e Castro.

Ou seja, um bocadinho mais de atenção e menos inércia mental teria poupado alguns euros ao erário público.

É uma chatice ver o tempo confirmar os nossos argumentos quando já não há hipótese de defenestrar pela janela da história o "medonho" que nos colaram à janela.

20 comentários:

Anónimo disse...

Quanto à Av. Santos e Castro, é o que vê e lê no SOL:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=67215

Pedro Cruz Gomes disse...

Se o Sol tivesse colocado as fontes que originaram a notícia ainda seria mais interessante.

Mas não, não estou para aqui a reinvidicar nada.

Helena disse...

se calhar as fontes virão na edição impressa da prox. semana...
:-)

Pedro Veiga disse...

A política de primazia ao automóvel dá nisto: fazem-se estradas e mais estradas na promessa que as novas descongestionem as antigas. O pior é quanto mais estradas, mais automóveis, numa espiral de crescimento que não tem fim.
Agora que a era dos combustíveis fósseis acabou é provável que o ritmo de aumento do número de automóveis em circulação abrande para o bem da qualidade do ar que respiramos nas cidades.

Anónimo disse...

Quem critica a noticia (ou a "promesa") devia estudar melhor os assuntos antes de dizer disparates.

Quando se fala em ENS tirar carros à 2ª circular, fala-se do novo troço do ENS e do troço oriental da 2ª circular.

Quando se fala em CRIL tirar carros ao ENS fala-se no troço a inaugurar da CRIL e em todo o ENS. Mas também do troço ocidental da 2ª circular.

Anónimo disse...

Existe muita gente a morder-se porque o progresso lhe passou junto das janelas ... será que quando compraram casa não sabiam já do projecto do eixo! Deixem o nosso Portugal evoluir e parem de criticar.Quero ver se quem vai comprar casa junto a rotunda da ameixoeira tb vempara aqui criticar o eixo. Um pais so avança com obras e com progresso!

Pedro Cruz Gomes disse...

Anónimo:

Seria difícil, quando se comprou a casa, ter conhecimento dum projecto que só foi feito 20 anos depois. Um país avança melhor com cidadãos informados, participativos e habituados à crítica e à discussão do que com basbaques deslumbrados com auto-estradas de 6 faixas e viadutos a condizer.

Rui Santos:

Na sua ânsia de ser ofensivo acabou por me dar razão. Se diz que a CRIL vai "tirar carros" à Norte-Sul está a confirmar a sua futura redundância. Redundância que se agravará com a abertura da Santos e Castro essa sim, pela sua localização - a jusante do Campo Grande para quem sai de Lisboa e vice-versa para quem entra - pela sua concepção - mais afastada dos edifícios de habitação e em vala - e pelas suas dimensões - tem igualmente três faixas para cada sentido -, uma via importante e de alguma forma "low profile" (em relação à envolvente) que importa terminar.

Anónimo disse...

Pedro:

"projecto que só foi feito 20 anos depois" ... este facto não se deverá a sujeitos que mais nada sabem fazer se não criticar e intrepor ordens judiciais de modo a atrasar mais o que deve ser feito .... lembro-me do "Zé"! Se 1/3 imagina-se o dinheiro público que esse Senhor já fez gastar aos contribuintes ... Somos tristes e 3º Mundistas ... qdo o progresso passa à porta de outros como a Santos e Castro, já não importa, certo? Junto à Charneca essa mesmo Av. Santos e Castro passa em viaduto! Um viaduto bem menos elaborado que aquele que colocaram junto à sua janela! (Será porque ali vive gente com menos posses?)
"basbaques deslumbrados" são aqueles que vivem do dizer mal, que só aceitas as coisas que não os afecta directamente, mas que, quando é para afectar os outros, aí sim já é ""low profile"!
Mais uma coisa para terminar; parece muito importado com a redundância! Já imaginou um sistema de telecomunicações sem redundância? E se houver uma corte num cabo? Na estrada é a mesma coisa. Não existiram vantagens na redundância? Em caso de acidentes ou entropias é bom que existam alternativas .....

Pedro Cruz Gomes disse...

Estava a referir-me à realização do projecto e não à sua concretização. A primeira fase do projecto foi executada no princípio dos anos 90 - penso que também o lay-out geral de toda a N-S e a segunda - pelo menos a sua versão final - já neste século. Não houve no processo "Zés" mas podem ter existido alguns "Manéis" em cargo públicos que, por esta ou aquela razão - falta de verba, de coragem política ou de vontade - não implementaram a conclusão do eixo em simultâneo com o restante. Talvez se tivessem poupado muitas insónias e aborrecimentos.

Mas já que fala no "Zé" deixe-me dizer-lhe que, ainda que não concorde especialmente com o método utilizado pelo agora vereador lisboeta para a contestação ao túnel do Marquês, a culpa não foi dele. Não existem as leis para serem cumpridas? Foi ele quem não cumpriu os parâmetros legais obrigatórios? Talvez se o, na altura, presidente da Câmara tivesse menos pressa para mostrar obra e um maior sentido de Estado, não estivéssemos aqui a comentar o despesismo público. Ou tem dúvidas de que, se tudo tivesse sido executado de acordo com a lei, as acções do "Zé" teriam sido ineficazes?

No que respeita ao viaduto da Santos e Castro sobre a Charneca, estou completamente de acordo consigo: os habitantes da Charneca que se sintam prejudicados têm todo o direito de protestar, com os mesmos argumentos que eu produzo. Ainda não vi nenhum a fazê-lo - o que não quer dizer que não o tenham já feito. No entanto, no que respeita à Santos e Castro, esse é o único troço que não é construído em vala ou junto a áreas não habitacionais o que justifica o meu "de alguma forma "low profile" em relação à envolvente" - por oposição à N-S executada à superfície ou sobre-elevada em muitos troços.

Faz-me alguma impressão a sua noção de progresso, algo fora do tempo: ainda considera que "progresso" é, fundamentalmente, betão e auto-estradas? Acha que a qualidade de vida é directamente proporcional ao número de carros e de apartamentos que um país tem? Ou acha que progresso e qualidade de vida não têm a ver um com o outro?A maior parte dos políticos que lideraram este país nos últimos 21 anos concordará consigo mas não me parece que, a continuarmos assim a viver acima dos nossos recursos, a história lhes dê razão.

Para terminar, a redundância. A redundância é uma opção cara. Como tal, deve ser usada com parcimónia, principalmente num país que se diz em crise e numa autarquia que tem mais de mil milhões de euros de dívidas. Comparar sistemas essenciais de suporte de uma sociedade com auto-estradas é não ter a noção das implicações financeiras das opções.
Fazer uma auto-estrada a mais para evitar engarrafamentos no caso de interdição da principal é como comprar um carro para usar nos dias em que o primeiro está no mecânico. Fica bem aos sauditas mas, que eu saiba, foi no Brasil que se encontrou petróleo, não foi aqui.

Anónimo disse...

Pedro 2 - Anónimo 0

Anónimo disse...

Aconselho a pesquisa sobre Acessibilidades na Grande Lisboa no Portal do Governo. Aí poderão analisar um PDF (documento emitido pelo MOPTC e pela EP) com todas as obras rodoviárias previstas para a GLX e onde são dados os números previstos de trânsito em cada via. o novo troço da CRIL não vai retirar 40 mil carros do ENS, mas sim da 2ª circular. Deve ter havido lapso de quem publicou a notícia... Claro que havendo mais esta alternativa espero que o ENS fique um pouco mais aliviado, pelo menos nas primeiras horas da manhã.

http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MOPTC/Comunicacao/Programas_e_Dossiers/20061127_MOPTC_Prog_Acessibilidades_Grande_Lisboa.htm
ou
http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/4D36B294-AA6B-4AF2-9A43-638432A5DC5F/0/Acessibilidades_Grande_Lisboa.pdf

LM

Anónimo disse...

Este ultimo anónimo acaba de confirmar aquilo que escrevi atrás e que pelos vistos deixou o Pedro indisposto.

Sr. Pedro: voltou a cometer um lapso: A Santos e Castro irá complemetar o ENS e poderá ser algo redundante para nós (habitantes da Alta). Mas não será certamente redundante para os restantes Lisboetas e utilizadores do ENS. No futuro certamente que não iria achar piada a ter estes milhares de automobilistas a utilizar a Santos e Castro até ás Calvanas só porque meia duzia de iluminados, anos antes, acharam redundante o ENS.

Anónimo disse...

Meus Senhores, adoro um bom debate, mas parece que o stress desta cidade de Lisboa transtorna o que poderia ser uma discussão viva numa troca de mimos desnecessária, eivada de agressividade. E todos (do blog e leitores) pecam do mesmo. Que tal fazermos todos um esforço para moderarmos o uso de adjectivos (disparates, basbaques deslumbrados com auto-estradas...) e tentarmos fazer disto um espaço de troca de ideias e não de meças de testosterona (agora fui eu que abusei, desculpem).
Isto pode ser muito importante, se não se tornar aviltante de parte a parte.
Bons posts e melhores comentários.

Anónimo disse...

Acabo só com uma pequena comparação do Pedro à Sr.ª do outro "Post" que reclama a não cedência de passagem na passadeira mas depois entra no seu belo carro em cima do passeio a perturbar mio mundo ... será que se o ENS não lhe passa-se junto da janela estaria tão preocupado com este progresso? Ou será que aqui diz mal do ENS e depois todos so dias se regala com a sua conclusão que o faz chegar uns bons minutos mais cedo a casa sem aquelas filas irritantes no cruzamento com a padre cruz! Continuação de boas discussões. Cumprimentos a todos.

Pedro Cruz Gomes disse...

Pois, realmente todos nós portugueses nos preocupamos única e exclusivamente com os problemas do nosso quintal. Deve ser por isso que ando por aqui há quase dois anos a defender uma dama que nem sequer é minha.

E faço-lhe a vontade: por norma só utilizava o último troço da NS (Telheiras-Lumiar) nas horas mortas da noite. De modo que o facto de agora poder escolher entre duas saídas não me causa particular felicidade.

Anónimo disse...

pedro -> quem está a defender o seu quintal é você. O ENS não serve só para os habitantes da Alta. Por isso é que a sua existência não será redundante com a existência da Santos e Castro.

Off Topic: porque será que em quase todos os blogs, os bloggers não aceitam a mínima critica / reparo?

Anónimo disse...

Porque será que a discussão se ficou por aqui? A dúvida fica a pairar no ar (ou no blog ...) ...

Pedro Cruz Gomes disse...

Se os bloggers não aceitassem críticas ou reparos não abriam os blogs aos mesmos.

Eu é que não percebo porque é que quem comenta se sente incomodado com a resposta.

Quem vai à guerra dá e leva.

Anónimo disse...

"Eu é que não percebo porque é que quem comenta se sente incomodado com a resposta."
Quem se sente incomodado é o Pedro, não são os outros .. picou-se pq lhe passou o progresso à porta .... toca a todos Pedro. Ainda estou para ver se os "Pedros" que vão comprar andares naqueles prédio junto à rotunda da ameixoeira (mesmo junto ao eixo) vêm para aqui depois mandar "postas de pescada" para o ar.

Anónimo disse...

O Pedro é que está a levar do Rui Santos com uma pinta!