Em La Garde Adhémar, região de Rhône-Alpes, no Sul de França, uma aldeia medieval muito bonita e bem preservada, existe uma horta pública com ervas aromáticas e plantas medicinais. É a própria população que a trata e que decide que ervas plantar, conforme a necessidade.
Há na Alta de Lisboa alguns canteiros com salsa e coentros plantados por moradores. Uma excentricidade, infelizmente. As cidades têm pouco espaço e oportunidade para uma ligação artesanal com a natureza. Gostamos de jardins assépticos, e a partilha, o cooperativismo é um conceito utópico, distante das nossas vidas. É assim com transportes, ligações à net, televisão, espaços públicos e condomínios fechados.
Será porque numa cidade os anonimatos são fáceis e o vandalismo impune? Porque considera tantas gente que não vale a pena investir num bem comum que mais cedo ou mais tarde será destruído durante a noite sem explicação nem culpa formada? E depois desiste-se da procurar razões para isso, buscar soluções, responsabilizar quem atenta contra o bem comum. Mas essa desistência será o nosso fim.
Ora lança-se então aqui a ideia de se juntar as várias escolas da zona, as públicas e as privadas, primárias e secundárias, de aproveitar-se um canteirinho no Parque Oeste, na Quinta das Conchas, na dos Lilazes, e plantar-se e cuidar-se de ervas aromáticas, couves, hortaliças e alfaces.
Se todas as escolas aderirem ao projecto, organizando-se em muitos pequenos grupos, podem inclusivamente tratar dos canteiros todos os dias, numa rotina periódica que não só não afectará os estudos dos alunos com fortalecerá o sentimento de comunidade e a ligação à natureza e introduzirá uma vivência diferente da cidade.
Um projecto que terá muito mais força e viabilidade se instituições como ARAL, CSM, K’Cidade ou CML (Espaços verdes) lhe aderirem. Aqui o blog está inteiramente disponível para levar isto adiante e aceita colaboração.
5 comentários:
Olha, que ideia gira...
Não sei se os Espaços Verdes da CML aprovariam este tipo de utilização dos jardins da Alta ou se os arquitectos paisagistas que delinearam os parques o permitiriam, mas vejo muitas vantagens numa iniciativa destas.
Desde logo um aumento do conhecimento. Já estou a imaginar as crianças do Jardim de Infância ou do 1º ou 2º ciclo a aprender imensas coisas sobre botânica e a assistirem não só à plantação de uma árvore no dia da Primavera mas também a todo o seu desenvolvimento posterior.
Ao nível dos hábitos e das competências seria também uma experiência muito interessante. Aprender a "cuidar". Das plantas, das ervas e dos vegetais neste caso. De um compromisso, de uma amizade, de uma relação, de uma vizinhança, de um bairro, de um "outro", para o resto da vida. E fazê-lo de forma sistemática e consistente, que é o que custa mais, mas a repetição faz com que os hábitos se interiorizem e se tornem naturais.
Depois seria sempre uma maneira dos moradores se "apropriarem" dos espaços. Espaços que são seus mas que não os sentem ainda como sendo seus. Porque nada construiram. Tenho a certeza que seria um motivo de orgulho ter um canteiro bem tratado, com várias espécies, diferenciado, fruto do esforço diário dos mais novos.
É também uma actividade ao ar livre, e como tal, muito saudável.
E torna os espaços vivos e vividos. Personalizados também.
Sei que o Centro Social da Musgueira (CSM) alinharia numa coisa assim.
Bela ideia!
Sempre em sintonia.
Ainda ontem me lembrei disso e simplesmente por ver hortas junto a uma via rápida.
Não cheguei a pensar aplicá-la na Alta, mas sim transformá-las de forma a serem mais aprazíveis ao olhar.
Estas têm ar de jardim, as outras com uma organização mais cuidada já seriam mais bonitas.
É que há couves que são bonitas de se ver!
Sobre o assunto em epígrafe ler o artigo “O ‘défice’ das hortas ‘clandestinas’” publicado no URL http://cdulumiar.blogs.sapo.pt/tag/hortas+urbanas.
Sabiam que, por ex., que a direcção da Culturgest chegou inclusive, em 2000, a atribuir um prémio “à melhor horta - cujos critérios incluíam ecologia, organização, eficácia dos meios em relação ao terreno e interesse científico -, tendo o vencedor arrecadado um vale de dois mil euros em material agrícola” !?
E ainda sobre o tema, conhecem a tese de mestrado “Um quadradinho de verde na aldeia de Telheiras : caso e metáfora”, de Ana Contumélias, editado o ano passado na Plátano Editora? E a reportagem “Uma horta em Telheiras”, ambas as notícias inseridas no boletim ‘ART informação’ nº 25 (Jun. 2007), no URL www.artelheiras.pt/pages/index3.php?page=boletins
E ainda, para vosso conhecimento, anotem que a Junta de Freguesia de Carnide vai realizar um Colóquio com várias (6 ou 7) Associações de Moradores, possivelmente em 28 de Setembro, sobre “Olhar o futuro” incluindo a temática das hortas urbanas. O arquitecto G. R. Telles poderá ser um dos convidados.
Porque não contactam a Junta de Carnide e aderem também ao debate? Os moradores só têm a ganhar.
No grande Porto e Espinho existe um projecto da LIPOR em conjunto com as Câmaras Municipais chamado "Horta à Porta" (www.hortadaformiga.com), que consiste na cedência de espaços por parte das câmaras para serem cultivados por utentes, desde que não haja abandono e que o cultivo seja 100% biológico. Inês
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