O Tempo é como um rolo compressor, impiedoso, que a cada instante vai demolindo o presente, insaciável, tragando-o em passado. As coisas que nos parecem distantes, que desabafamos nunca mais chegar, acabam sempre por se aproximar, para se cruzar connosco e se afastar de novo nas nossas costas. Quando se ama um livro, as últimas páginas são as mais dolorosas de ler. Uma após outra sabemos estar cada vez mais perto do fim, e vamos chorando saudades de todas as pessoas que imaginámos e que passaram a fazer parte de nós. Um livro relê-se, mesmo que as sensações obtidas na primeira vez não sejam tão intensas e novas. Mas uma peça de teatro é diferente.
Hoje acaba a Casa da Lenha. Partem para um lugar distante, na memória dos que a fizeram e assistiram, todas as personagens que nela habitaram. Fotografias, filmagens, são documentos secos e sem alma que pouco compensarão a enorme saudade da rotina que chegou a cansar, das noites ocupadas durante a semana que faziam sentir um jet lag permanente, difíceis de conciliar com toda a outra vida que continuou, do convívio diário com tantas pessoas que já conhecia, outras que passei a conhecer, mas sobretudo daqueles pedaços de fingimento que todas as noites se tornavam tão reais e verdadeiros. É injusto não falar de todos os que fizeram a Casa da Lenha, mas impossível esquecer o Carlos Paulo, que me impressionou pela forma tão intensa como vive em palco. Cada gesto, cada palavra, cada olhar, noite após noite eram feitos de maneira diferente das anteriores, como se o fossem pela primeira vez. Ou como se fossem únicos, e portanto os últimos. E se no palco opera o milagre de tornar vivo Lopes-Graça, fora dele comove pelo carinho, pelo anti-vedetismo e pela generosidade com que fala a cada uma das pessoas com quem trabalha.
Hoje acaba a Casa da Lenha. Partem para um lugar distante, na memória dos que a fizeram e assistiram, todas as personagens que nela habitaram. Fotografias, filmagens, são documentos secos e sem alma que pouco compensarão a enorme saudade da rotina que chegou a cansar, das noites ocupadas durante a semana que faziam sentir um jet lag permanente, difíceis de conciliar com toda a outra vida que continuou, do convívio diário com tantas pessoas que já conhecia, outras que passei a conhecer, mas sobretudo daqueles pedaços de fingimento que todas as noites se tornavam tão reais e verdadeiros. É injusto não falar de todos os que fizeram a Casa da Lenha, mas impossível esquecer o Carlos Paulo, que me impressionou pela forma tão intensa como vive em palco. Cada gesto, cada palavra, cada olhar, noite após noite eram feitos de maneira diferente das anteriores, como se o fossem pela primeira vez. Ou como se fossem únicos, e portanto os últimos. E se no palco opera o milagre de tornar vivo Lopes-Graça, fora dele comove pelo carinho, pelo anti-vedetismo e pela generosidade com que fala a cada uma das pessoas com quem trabalha.
3 comentários:
E com um texto destes começa a ser difícil esperar pela morte desta peça. Até sempre!
Eu fiquei com vontade de conhecer mais de Lopes-Graça, e fiquei com vontade porque vi a Casa da Lenha. Para mim a peça é um início.
Estas são palavras carregadas de um saudosismo prematuro, de um tempo em que essas pessoas e essas personagens partilharam connosco as alegrias e as agruras do dia-a-dia.
De um tempo em que cansados de um dia de trabalho, ainda encontrávamos energia para interpretar aquelas canções com sentimentos reais, que muitas vezes faziam transbordar de nós o nosso ser, sem que o conseguissemos conter.
Vivo acreditando que as amizades não se devanecem apesar das distâncias, porque sei que sempre nos lembramos que estamos presentes uns para os outros no "calcar" de uma tecla...
Enviar um comentário