Vai nevar em Lisboa
A capital portuguesa vai receber a maior pista de ski e snowboard da Península Ibérica. Será na freguesia do Lumiar e espera-se que atraia um milhão de visitantes por ano.
O Independente, Sexta-feira, 25 de Agosto de 2006
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A partir de 2008 vai deixar de ser preciso esperar pelo frio do Inverno para praticar desportos de neve. A cidade de Lisboa vai receber por essa altura um novo complexo desportivo que irá proporcionar aos amantes do ski e do snowboard animação e adrenalina durante 365 dias por ano. Localizado na freguesia do Lumiar, no complexo da Alta de Lisboa, o Snow Word, vai ocupar quatro hectares de terreno camarário junto ao Parque do Oeste, recentemente inaugurado por Carmona Rodrigues e até abrir as portas vão ser gastos na implementação deste centro de lazer qualquer coisa como nove milhões de euros. Quando abrir, será o maior centro do género da Península Ibérica, esperando o promotor que o novo equipamento possa vir a ter 65 mil utilizadores regulares. Nesta altura estão ainda a ser negociadas as contrapartidas da cedência do terreno com a Câmara Municipal estando desde já praticamente garantida a construção do projecto. A autarquia interessa, além da ocupação do espaço que fica ao lado da Pista de Atletismo do Lumiar, o movimento de pessoas que este complexo irá gerar, dado que os estudos até agora efectuados garantem que por ano podem vir a passar pela antiga Musgueira cerca de um milhão de visitantes. Mais 200 mil do que aqueles que anualmente vão ao Castelo de São Jorge, o local mais visitado da cidade.
Falta o frio
A tecnologia utilizada pelos com plexos Snow World em todo o Mundo reproduz na exactidão a neve que todos os Invernos cobre de branco as serras mais altas da Europa. Só não é fria, mas proporciona as mesmas sensações que a neve verdadeira, e em Lisboa irá cobrir quatro pistas, cada uma com 260 metros de comprimento. Em duas a prática de ski nas suas mais diversas vertentes, como os saltos e o “slalon”, serão os desportos em destaque, enquanto que as restantes vão servir para o mais radical snow board. Além das pistas está ainda contemplado no projecto uma escola de desportos de Inverno, restaurantes, cafetarias e ainda uma loja de recordações e do fundamental equipamento para a prática deste tipo de desportos.
A proposta de criação deste espaço saiu das mãos da recém cria da empresa Snow Word - Investimentos Turísticos, Lda., que pediu já à Câmara Municipal uma primeira análise que já foi deferida. Nesta altura ultimam-se os preparativos para apresentação do projecto, estando já os técnicos camarários a estudar a volumetria e o aspecto que o complexo vai ter, bem como a sua implementação nesta zona da cidade. Em cima da mesa estão também a ser colocadas as contrapartidas da cedência do terreno, fase esta, segundo fonte da Câmara Municipal, igualmente bem encaminhada em termos de negociações.
Segurança
A solução encontrada pelos parques Snow World foi desenvolvida pela firma inglesa Briton Engineering e é feita à base de um composto de polímeros e por uma base condutora de uma fibra em mono filamento. Assenta numa camada de amortecimento ao choque que proporciona uma sensação pratica mente igual à da neve verdadeira. Construída em forma de pequenos quadrados, cria uma superfície homogénea que pode ser moldada de qualquer maneira e feitio. Cada componente foi testado até à exaustão, sendo garantida a segurança e a qualidade de cada centímetro deste material. Depois de aplicada nas pistas de ski e snow board, garante mais velocidade do que a neve verdadeira e um controlo efectivo dos esquis e das pranchas de snowbord. Não tem falhas, buracos ou pontas saídas, garantindo assim a sua utilização por pessoas de todas as idades. No caso de quedas, o Snowflex garante ainda uma grande absorção e uma queda suave, coisa que garantidamente irá acontecer a quem tem pouca experiência neste género de actividades desportivas.
Mais artificial do que se julga
A manutenção das condições da prática do ski levou a que praticamente todas as estâncias internacionais possuam canhões de neve artificial. A falta de nevões em locais como, por exemplo, a Sierra Nevada, em Espanha, fez que os espanhóis equipassem a área com 300 canhões de alta pressão, 38 de baixa pressão e 17 pistas de neve artificial. Na Serra da Estrela, os 48 canhões de neve a’udam a combater o aquecimento global. Danny Silva, o único português que vai estar nos jogos de Inverno de Turim — que também estão preparados para serem disputados com a ajuda de neve artificial —, explica que este tipo de tecnologia já é uma resposta em inúmeros países onde a modalidade se vem desenvolvendo. Nascido nos Estados Unidos, mas regressado a Portugal há 14 anos, Danny Silva disse a uma revista do Comité Olímpico de Portugal que “o nosso país tem um enorme potencial para desenvolver este desporto e a modalidade de fundo, em particular”. Neste momento, acrescenta, “há milhares de pessoas que se deslocam todos os Invernos a Espanha e França para esquiar, há muitas crianças que vêm sendo iniciadas na modalidade, mas apenas por lazer. Desde Março que o português se prepara em exclusivo para os Jogos de Turim depois do Comité Olímpico o ter integrado no Nível 3 do Projecto Olímpico, esclarece aquela instituição. Para além das marcas que o apoiam, Danny Silva treina duas vezes por mês na Serra da Estrela.
Fernando Brandão
3 comentários:
Depois do sinal vermelho à CML, UPAL e SGAL que foi a notícia publicada no Público sobre o rombo financeiro da SGAL e as dificuldades de relacionamento inter-instituições e da SGAL com os seus clientes, é reconfortante ler estas outras notícias.
É um sinal de que há algo nesta zona da cidade que só pode dar certo. Há demasiado em jogo.
Artificial ou não, espero que esta neve arrefeça os ânimos de um verão que soma e segue em contradições.
Esta notícia tinha-me passado ao lado.
Afinal onde vai ficar a famosa pista? Será tb com pista de patinagem? Alguem que tenha mais informações, agradecia que enviasse para: moraisalvaro@yahoo.com.br
Obrigado
Álvaro Morais
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