sábado, 18 de março de 2006

Ferrel 30 anos


Dia 19 de Março comemoram-se os 30 anos da recusa do nuclear em Ferrel, numa homenagem ao povo desta aldeia, e são lembrados os 20 anos de Chernobil, "numa evocação de solidariedade com as vítimas do nuclear".

Todos os cidadãos que queiram marcar a sua posição de rejeição de centrais nucleares em Portugal e a primazia de fontes realmente alternativas e renováveis, com baixos impactos ambientais, podem estar presentes este domingo em Ferrel, no concelho de Peniche, a cerca de 80 km de Lisboa. Saiba mais aqui.

2 comentários:

Pedro Veiga disse...

A opção nuclear está a ser falada pelo facto do nosso consumo energético estar a atingir níveis preocupantes e de o preço do petróleo estar a aumentar para valores insustentáveis.
Como conciliar o desenvolvimento da nossa sociedade de consumo com a poupança de energia e com a utilização de energias alternativas não poluentes?

Ana Louro disse...

O Nuclear não é alternativa. A poupança de energia, em parte, é possível com a mudança de comportamentos dos consumidores, que genericamente estão dispostos a fazê-lo se lhes forem dadas informação e alternativas e também através do aumento da eficiência energética.

Não percebo argumentos como os que dizem que a dependência do petróleo termina com o nuclear, porque o petróleo está caro “para andarmos de automóvel” e tem que haver alternativa. O nuclear seria para a produção de energia eléctrica que não é a usada em motores de automóveis. Ou isso quereria dizer que as pessoas estariam dispostas a mudar de automóvel (ou de tipo de motorização)? Então estamos a confundir as coisas. E os motores eléctricos são mais ecológicos do que os motores de combustão? Não, só se a energia produzida for “limpa”, ou seja, se não houver emissão de poluentes. Então para isso é necessário consumir energia de fontes renováveis – eólica, solar fotovoltaica, das ondas ou de biomassa, porque a nuclear não é sustentável nem ambientalmente nem economicamente (nem se percebe porque é que há empresários interessados em investir, só se especularmos sobre as suas verdadeiras intenções), produz resíduos (radioactivos) para os quais não há tratamento e não é segura (não pudemos esquecer Chernobil, ou outros acidentes, mesmo que o quiséssemos apagar da nossa memória, porque ainda hoje permanecem os seus efeitos) o que por si só e por princípio de precaução seriam mais que suficientes para não se avançar para esse tipo de produção de energia. Há ainda a considerar os riscos de transporte e armazenamento de resíduos (não há qualquer solução de tratamento), os riscos em caso de sismo ou outra catástrofe natural ou ataques terroristas. Por outro lado o nuclear seria sempre uma solução efémera, com muitos impactes negativos e riscos, porque uma central deste tipo teria que ser desmantelada após 50 anos e porque o urânio é um recurso inesgotável. Por outro lado não estaria operacional “amanhã” a tempo de se solucionar a dependência do petróleo para a produção de energia eléctrica (utilizada no sector doméstico e industrial e não no sector dos transportes, repito).

Pasma-me ver o país a não aproveitar os recursos naturais renováveis que temos – sol, mar e vento. Nem o sector público nem o privado investe no sector das renováveis (os recentes incentivos pecam por serem tardios e insuficientes), desbaratando um potencial para a economia e criação de postos de trabalho. E choca-me saber que, de repente, “reputados ambientalistas” concordam, explicita ou tacitamente, com a opção do nuclear. O respeito pela ecologia e pela vida não é compatível com esta opção. E não é compatível nem no meu bairro, nem na minha freguesia, nem na minha cidade nem no meu país, nem na Europa, nem no mundo. FERREL SEMPRE.