Siza Vieira projecta centro cultural "polivalente" para a Alta de Lisboa
O arquitecto, que está a trabalhar com Rogério Cavaca, destaca a localização privilegiada do equipamente e refere que "a grande valorização terá de vir da riqueza espacial"
Inês Boaventura
O arquitecto Álvaro Siza Vieira prevê concluir até ao final do ano o projecto do Centro Cultural da Alta de Lisboa, um complexo com duas salas de espectáculos numa área de construção de 8500 metros quadrados que está a desenvolver com o arquitecto Rogério Cavaca. A intenção, adianta ao PÚBLICO, é criar um equipamento “polivalente”, em que “a grande valorização terá de vir da qualidade espacial’.
O contrato entre o arquitecto eu Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL), promotora da urbanização de 300 hectares que se prolonga desde o Aeroporto da Portela até à Alameda das Linhas de Torres e da Segunda Circular até às portas do concelho de Loures, foi assinado no final de Dezembro de 2005, como o PÚBLICO noticiou na passada semana.
Mas o projecto já vinha sendo de desenvolvido há vários meses por Siza Vieira, em associação com Rogério Cavaca, arquitecto que tinha anteriormente projectado um conjunto habitacional para a mesma área da cidade.
O complexo inclui um centro cultural e um prédio de apartamentos, que se desenvolvem em dois blocos distintos, ambas com uma altura máxima de sete pisos, e que serão separados por um “pequeno” espaço ajardinado. Como explicou Siza Vieira, a altura do primeiro bloco, que “não é raso”, é “variável”, enquanto o segundo tem a forma de um paralelepípedo.
Sala para 1200 pessoas
O Centra Cultural da Alta de Lisboa vai ficar localizado “entre o eixo principal do conjunto [o Eixo Central] e uma rua perpendicular, num lote no prolongamento do qual há um parque público [o Parque Oeste]”, o que para o arquitecto constitui uma “situação muito interessante”.
“É um espaço com muito significado, um local muito bem indicado para este equipamento”, diz Siza Vieira, defendendo que “vai mover muito esta parte da cidade”.
A infra-estrutura, acrescenta, inclui duas salas de espectáculos: uma com 1200 lugares, que ”é polivalente, serve para teatro, ballet, ópera”, e um auditório com capacidade para 450 pessoas. Tem ainda ama cafetaria e “uma zona ampla de foyeur, distribuído por dois pisos, onde está previsto que se realizem outras manifestações artísticas.
O edifício do centro cultural, que “no seu ponto máximo” tem uma altura de sete pisos, inclui também camarins, salas de trabalho, salas de ensaio e uma área reservada a administração. Na cave vão ficar instalados os armazéns.
“Polivalência” é a palavra escolhida por Siza Vieira para explicar a forma como foi projectado o espaço, já que se pretende “rentabilizar ao máximo o uso do edifício”. Assim, sendo possível, por exemplo, manter as duas salas de espectáculos em funcionamento ao mesmo tempo e utilizar a cafetaria em qualquer situação.
“Estamos numa fase de programa base. O que temos já desenvolvido diz respeito a uma diz respeito a uma coisa fundamental, que é funcionar bem, e à definição dos espaços”, explicou o arquitecto quando questionado sobre os materiais de construção a utilizar.
Ainda assim, Siza Vieira adiantou que “a ideia é que o exterior seja em betão branco” e que no interior do edifício a aposta será “mais na qualidade espacial do que na riqueza dos revestimento”. Ao lado do centro cultural vai nascer um pequeno jardim, que será “sobretudo um relvado com umas zonas de estar” e alguns arbustos, por baixo do qual será construído um parque de estacionamento com dois pisos e 203 lugares.
Projecto inclui edifício de habitação
O projecto de Siza Vieira, desenvolvido em associação com o arquitecto Rogério Cavaca, inclui um edifício de habitação com 24 apartamentos de tipologias T3 e T4. O bloco de apartamentos, com a forma de um paralelepípedo e “totalmente envidraçado nas duas frentes mais longas”, vai ter um piso térreo com dois núcleos de acesso, um dos quais contempla um anexo onde ficará instalada uma cafetaria, com “possibilidade de esplanada” e “vista sobre o jardim”. Os apartamentos, que se distribuem pelos restantes seis andares, têm áreas de 186 ou 258 metros quadrados, além de varandas e terraços. Existirá ainda um parque subterrâneo com 66 lugares. O objectivo de Siza Vieira é concluir o projecto encomendada pela Sociedade Gestora da Alta de Lisboa até ao final de 2006, a que sublinha ser “bastante apertado” por se tratar de “um projecto complexo”. Na semana passada, fonte da empresa tinha adiantado ao PÚBLICO que as obras de construção do complexo, comum prazo estimado de “18 meses”, iriam arrancar “provavelmente este ano”.
9 comentários:
Parece que este projecto é para avançar rapidamente. Pelo menos é com esta ideia que se fica ao ler esta notícia.
Oxalá comece a ser construído este ano para ajuda a valorizar o Alto do Lumiar, pois será uma forma de travar o efeito excessivo de bairro dormitório.
Parabéns pela paciência da transcrição da notícia, porque o público tem as portas fechadas à internet.
Não deu assim tanto trabalho porque fiz com OCR. Leva tempo é a corrigir as gralhas.
Quanto aos prazos, ha algumas contradições entre o que diz a SGAL e o que diz o Siza. Seja como for, é fundamental que SGAL e UPAL encarem a Alta de Lisboa como uma cidade em si, com todas as infra-estruturas, equipamentos e rede de comércio, serviçoes e postos de trabalho para que não vivamos de facto em mais um bairro-dormitório.
Continuo bastante optimista em relação ao futuro da Alta de Lisboa. Continuo entusiasmado com este projecto, e esta notícia só reforça esta convicção.
Ainda bem, ainda bem. Porque ontem ia ficando sem carro ao cair num dos buracos da "Alta de Lisboa", em plena via pública. Se as vias de comunicação também não melhorarem em breve corremos um sério risco de ficar a habitar num deserto urbano-dormitório.
Hmmm... Noto alguma ironia nisso. Eu percebo a tua irritação, latente em todas as conversas que temos tido, posts e comentários que escreves, Pedro. E tenho noção que me é muito mais fácil manter o optimismo sem irritação enquanto não estiver a viver na Alta de Lisboa, a levar com todos os problemas que ainda existem.
Pondo de lado a ironia, é bom estar consciente dos riscos que é viver numa zona permanentemente em obras. Há muita irresponsabilidade nas empresas que andam na rua a abrir buracos por todo o lado. Devia haver mais fiscalização deste género de obras. Só para ficares com uma ideia basta considerar este exemplo: a ligação dos esgotos dos Jaradins de S. Bartolomeu ao colector público situado na Av. Kruz Abecassis foi efectudada no início do Outono. Ainda hoje o pavimento rasgado durante esta obra está por reparar! Basta ouvir o barulho dos pneus e das suspensões dos automóveis ao passar no sentido descendente para ter uma ideia da consideração que estas empresas têm para com as pessoas que usam a via pública!
Podía também falar do que se passa no nó da Ameixoeira, onde o pavimento permanece completamente desfigurado há vários meses!
Ora aí estão algumas coisas com as quais não me deparo no dia-a-dia por ainda não ser morador da Alta de Lisboa.
E porque não começarmos a dar conta nos blogs de situações como essas que merecem um tratamento mais célere da SGAL e UPAL?
Acho bem. Vou ver se me documento com imagens actuais e fazer o levantamento das várias situações.
E a chuva não ajuda nada...ontem vi com os meus próprios olhos e decididamente gabo a paciência de quem vive no lado norte pois a estrada (que nos leva à segunda circular) está mesmo em muito mau estado e é inclusivamente um verdadeiro teste às suspensões dos veiculos que ali circulam (principalmente o troço frente ao estádio).
Estaleiro mas não tanto...
Estaleiro mas não tanto! Tens toda a razão, Rodrigo! Já telefonei para a UPAL e vou fazer uma reclamação dirigida ao presidente da CML, tal como me aconselharam. Vou pô-la a circular nos blogs da alta para ter mais efeito e adesão!
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