Viver na Alta de Lisboa: Como tem corrido essa gestão? Ou seja, como tem corrido esse contrato tripartido entre a CML, a UPAL e a SGAL?
Nuno Caleia: Há vitórias muito significativas. Há um plano que, com desvios, tem mantido a sua linha e tem vindo a ser implementado. Há atrasos que nos angustiam. Há uma linha condutora que tem estado a funcionar e há grandes objectivos que foram alcançados. Há alguns prejuízos que têm a ver com a falta de celeridade de alguns processos que fazem com que estruturas fundamentais do Plano como o Eixo Central ainda não estejam desenvolvidas e com isso todo o território fique mais coxo
Viver na Alta de Lisboa: Consegue encontrar razões para esses atrasos?
Nuno Caleia: Há razões de duas naturezas. Uma é que o modelo de desenvolvimento do Plano pressupõe que a CML toma conta de todo o território primeiro e depois o distribui. Ou seja, faz a aquisição integral do terreno e depois distribui. Às vezes este modelo de funcionamento encontra dificuldades. Se nós tivéssemos tido a capacidade de adquirir todo o território primeiro, tínhamos toda a capacidade de gerir as infra-estruturas e os timings de execução no momento que era ideal para a obra. Como não adquirimos todas as parcelas, vamos adquirindo e vamos executando, chegámos a um determinado momento em que, aquilo que não conseguimos adquirir não é de fácil aquisição (processos judiciais, jurídicos), a situação de tesouraria não está mais fácil mas isso também é conhecido e portanto, começamos a ditar outras prioridades por não termos as parcelas.
Nuno Caleia: Há vitórias muito significativas. Há um plano que, com desvios, tem mantido a sua linha e tem vindo a ser implementado. Há atrasos que nos angustiam. Há uma linha condutora que tem estado a funcionar e há grandes objectivos que foram alcançados. Há alguns prejuízos que têm a ver com a falta de celeridade de alguns processos que fazem com que estruturas fundamentais do Plano como o Eixo Central ainda não estejam desenvolvidas e com isso todo o território fique mais coxo
Viver na Alta de Lisboa: Consegue encontrar razões para esses atrasos?
Nuno Caleia: Há razões de duas naturezas. Uma é que o modelo de desenvolvimento do Plano pressupõe que a CML toma conta de todo o território primeiro e depois o distribui. Ou seja, faz a aquisição integral do terreno e depois distribui. Às vezes este modelo de funcionamento encontra dificuldades. Se nós tivéssemos tido a capacidade de adquirir todo o território primeiro, tínhamos toda a capacidade de gerir as infra-estruturas e os timings de execução no momento que era ideal para a obra. Como não adquirimos todas as parcelas, vamos adquirindo e vamos executando, chegámos a um determinado momento em que, aquilo que não conseguimos adquirir não é de fácil aquisição (processos judiciais, jurídicos), a situação de tesouraria não está mais fácil mas isso também é conhecido e portanto, começamos a ditar outras prioridades por não termos as parcelas.
3 comentários:
Pergunto-me se não será um erro estratégico não se ter tentando investir mais cedo na aquisição integral do terreno por parte da CML.
É claro que dinheiro não abunda, mas não se terá de pagar muito mais por terrenos, quando os proprietários vêem que eles são imprescindíveis aos projectos e estão no seu direito de exigirem um "prémio" por isso? Não se terá de pagar muito mais apenas pelo efeito da inflacção e actualização monetária? No final, não se terá de pagar muito mais a juristas, advogados e afins, com os processos que se eternizam?
Parece que, afinal, o dinheiro até aparece na CML... pena é que seja o nosso, que o vejamos tão mal aplicado e que os autarcas que temos pensem que nossa a paciência seja tão abundante como os fundos que lhes entram nos bolsos...
O principal erro estratégico do Plano foi ter assumido que a CML se iria comportar como uma pessoa de bem, isto é, que cumprisse escrupulosamente aquilo a que se comprometeu contratualmente.
Não o fez - não interessam os porquês (ao Estado também não interessam os porquês quando é o cidadão que está em falta perante as suas obrigações) - e o Tempo, esse grande destruidor de Planos, encarregou-se de mudar o futuro risonho tão geometricamente previsto.
E agora? Agora, é ser positivo ou pessimista conforme a realidade que se queira enfrentar e o chapéu a que a profissão obriga.
O futuro? Ah, o futuro... Não sei. É de acreditarmos nos Santanas e nos Costas que nos prometem um amanhã de mil progressos caso seja a sua a gestão eleita ou de acreditarmos em nós próprios, na nossa capacidade de intervir e de construir o mundo nós próprios, sem apóstolos nem messias?
Deveria haver um plano B para esta Alta de Lisboa: menos habitação e mais empresas gerando emprego. Menos dormitório recheado de apartamentos que nunca se venderão a não ser que os preços colapsem.
Mas para isto é necessário acessos dignos de nome e sobretudo a existência de uma linha de metro que sirva realmente a Alta de Lisboa.
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