sábado, 8 de novembro de 2008

Peter Hall no ciclo de conferências a Cidade no Séc. XXI

Um dia, a Alta de Lisboa terá vida, estatuto, solidez e massa crítica para organizar também um ciclo de conferências desta dimensão. Dirão os leitores o que falta, no bairro, nos seus habitantes, em todos nós. Mas por enquanto estas coisas acontecem noutros bairros, como o Parque das Nações.

Começou anteontem, com Sir Peter Hall, reconhecido urbanista, autor do bestseller Cities in Civilization, o ciclo de conferências A Cidade no Século XXI, organizadas pelo Parque Expo, mas infelizmente não pudemos estar presentes porque o tempo tem sido curto para todos. O PÚBLICO traz hoje a notícia. As próximas conferências, que esperamos ter oportunidade de assitir, podem ser conhecidas clicando no cartaz. A notícia pode ser lida clicando no "Ler mais".


Metrópoles europeias do futuro terão que apostar num formato ecológico, artístico e criativo que lhes dê vida
08.11.2008, Catarina Pinto

Urbanista inglês Peter Hall desafiou os jovens a responder ao aquecimento global e a inventar uma profissão na área do urbanismo

As cidades ecológicas, ditas ecocidades, e a criatividade são dois elementos que, para o urbanista britânico Peter Hall, desenharão o futuro das metrópoles da Europa. Numa conferência, anteontem à noite, no Pavilhão de Portugal do Parque das Nações, em Lisboa, inserida no ciclo A Cidade no Século XXI, o especialista em Urbanismo revelou a sua previsão: criação de ecocidades como extensão das metrópoles já existentes e a aposta na imaginação, na arte e na criatividade para "dar vida à cidade".

Na primeira de seis conferências, pretendia-se um olhar sobre o futuro das cidades europeias. Peter Hall acabou por conduzir o olhar dos que assistiam não pela Europa, mas pelo mundo. E, em vez das previsões, apostou nas receitas: "Redesenhar estruturas em resposta ao aquecimento global", apostar numa rede de transportes públicos de alta qualidade, colocar a imaginação e a criatividade ao serviço da metrópole e tratar questões de coesão social.

A intervenção de Peter Hall viajou por aeroportos, mas demorou-se nas estações de comboio, destacando a importância que a rede ferroviária de alta velocidade vai ter na dinâmica das cidades. Encurtar-se-á, assim, a distância entre os diferentes países da Europa. "Em certas cidades, as estações de comboios estão a ser construídas como um agente de regeneração", adiantou, uma vez que os centros tendem a desenvolver-se à volta delas.

As viagens foram, de resto, tema corrente na conferência. Apesar de sermos constantemente aturdidos com anúncios sobre a informação tecnológica, que nos fazem pensar que é possível trabalhar sem sair de casa, a verdade é que, segundo um estudo francês citado pelo conferencista, o aumento das telecomunicações é paralelo ao aumento das viagens. Isto leva Peter Hall a acreditar que "há algo de especial na comunicação cara a cara", porque, apesar de vivermos na era da tecnologia, a presença frente a frente não parece querer dissipar-se.

Para incentivar a economia e o turismo, o urbanista destacou a opinião de Richard Florida, que pensa na criatividade e na imaginação como motores para dinamizar as cidades.

Antes de se falar no futuro, deteve-se no passado e no presente, enfatizando diversos problemas que afectam as cidades e que podem acentuar-se: a elevada taxa de dependência dos não-trabalhadores face aos que trabalham, a imigração, o crime organizado e o envelhecimento da população são alguns deles.

Mas o urbanista não tem as respostas todas. Sabe que as ecocidades do futuro têm que ser servidas por uma rede de transportes públicos de alta qualidade. Sabe que pôr de lado o carro e aprender a viver sem ele pode ainda não ser o presente, mas terá de ser o futuro. O que não sabe é como se podem unir e articular todas estas receitas na prática. Por isso, lança um desafio aos mais jovens: "Precisamos de uma nova profissão na área do Urbanismo que ainda não foi inventada".

O ciclo de conferências prossegue dia 11 com a apresentação do arquitecto Luís Vassalo Rosa e termina dia 26 com a intervenção de António Mega Ferreira, subordinada ao tema A Condição Urbana.

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