terça-feira, 4 de novembro de 2008

Can they?


Dela já se disse que todos os cidadãos do planeta deveriam participar, tal a influência que os seus resultados têm em todo o mundo.

Nela torcemos como se o nosso clube ou o nosso partido estivessem envolvidos. 

Uns seguem o coração (como a maioria da esquerda europeia, apoiante de Obama), outros a razão (como Pacheco Pereira o social-democrata que apoia McCain com o pensamento na política externa americana mais favorável para a Europa). Poucos ficam indiferentes.

Daqui a umas horas abrem as urnas (as físicas, já que a votação por correio começou há mais de uma semana) para a eleição do novo Presidente dos Estados Unidos da América.

Desde há alguns meses tenho tido o privilégio de receber as crónicas de um grande amigo, radicado por agora na Flórida, interessado seguidor do processo eleitoral americano e, declaradamente e desde o início das Primárias do Partido Democrata, convicto apoiante de Barack Obama. Ex-deputado às nossas Assembleias Constituinte e da República, durante muitos anos (no pré e no pós 25 de Abril) interveniente político e cívico, ex-militante partidário, possui a experiência para melhor percepcionar o intricado mundo político norte-americano. 

Para os que sentirem a tentação de não esperar pelas notícias matinais e resolverem seguir noite fora o desenrolar da noite americana, aqui ficam algumas dicas enviadas pelo Fernando Sousa Marques:



1. Na costa leste (New York, etc), quando as urnas fecharem às 19h00 (24h00 em Portugal), serão mais 3 na costa oeste (California, etc). Isto significa que os resultados finais (ou as previsões fundamentadas) se saberão mais cedo na costa leste.

2 Os resultados eleitorais saber-se-ão à medida que as urnas forem fechando, os votos forem sendo contados, até poder haver extrapolações fiáveis que permitam às diferentes televisões e meios de comunicação social anunciar o previsível vencedor (neste caso, o candidato que conseguir mais de 269 votos no Colégio Eleitoral).

3 Se ambos tiverem 269 votos e se, no Colégio Eleitoral, votarem de acordo com a sua anunciada posição, haverá um empate. Neste caso, o desempate será feito na House of Representatives (câmara baixa do Congresso, formado pelo Senado e pela House). Isso significará a vitória de Obama, tendo em conta que há uma clara maioria de democratas na House.

4 Há cinquenta actos eleitorais (um em cada Estado). Para efeito deste Guia vou considerar, apenas, 31 Estados: os 23 em que Obama tem praticamente assegurada a vitória (ver Anexo 1) e os 8 principais em que o resultado eleitoral ainda não é certo (3 em que parece haver uma vantagem confortável para Obama, 2 em que o mesmo se passa com McCain e 3 em que há um "empate técnico", isto é, em que as diferenças nas sondagens são inferiores ao erro).

5 O que mais interessa ter em conta, à medida que se forem sabendo resultados, é o que se passa nestes 8 Estados. Claro que poderá haver sempre uma ou outra surpresa em qualquer destes 31 Estados, ou nos 19 restantes (por exemplo, não é certo que McCain ganhe North Dakota, Montana, Arkansas, Alabama e, até, imagine-se, o "seu" Estado de Arizona, onde a família Goldwater - Barry Goldwater foi candidato presidencial em 1964 e um dos mais conhecidos senadores do Arizona - anunciou o seu apoio a Obama!).

6 Nos 23 Estados referidos no ponto 4 e enunciados no Anexo 1, Obama somará 257 Votos Eleitorais(precisa de 269 para empatar e 270 para ganhar).

7 Ficam a faltar-lhe 13 Votos Eleitorais para conseguir garantir a sua eleição.

8 Vejamos, então, quais os 8 Estados cujos resultados mais interessam para se saber, o mais cedo possível, quem vai ganhar estas eleições presidenciais.

9 Com urnas a fechar às 19h00: Pennsylvania (21 Votos Eleitorais), Virginia (13), North Carolina (15), Georgia (15) e Florida (27). Uma hora mais tarde fecharão as urnas em: Ohio (20), Indiana (11) e Missouri (11). Se Obama ganhar qualquer dos 5 primeiros Estados referidos no ponto anterior, terá assegurado a maioria no Colégio Eleitoral, às 19h00 (isto é, à hora em que for possível ter extrapolações fundamentadas). Isto é, basta ganhar a Pennsylvania, ou a Virginia, ou North Carolina, ou a Georgia, ou a Florida.

11 Se McCain ganhar todos estes 5 Estados, Obama poderá ganhar as eleições se ganhar em Ohio, ou, perdendo Ohio, ganhar, simultaneamente, em Indiana e no Missouri. Estes resultados saber-se-ão uma hora mais tarde.

12 Se Obama perder todos estes 8 Estados, McCain será, muito provavelmente, o vencedor.

13 Se Obama ganhar um destes 8 Estados, será, muito provavelmente, o vencedor.

14 Face a tudo isto, a noite eleitoral poderá ser curta: antes das 21h00 (costa leste), 1 da manhã em Portugal, poderá vir a ser anunciado o futuro Presidente dos EUA. Ou uma ou duas horas mais tarde

15 Mas também poderá acontecer que tudo se prolongue pela noite dentro e, até, quem sabe, pelos dias e semanas seguintes. Recorde-se 2000 (Al Gore, versus Bush) e a embrulhada que foi a contagem de votos na Florida.

16 Uma das coisas que está a ser testada é o próprio processo eleitoral nos EUA (...) O sistema foi feito para homens brancos com poder. Foi assim durante mais de um século. Foram necessárias muitas lutas e vontades para que pudessem votar, primeiro os pretos, depois as mulheres, ultimamente os mais desfavorecidos.

ANEXO 1

23 Estados com previsível vitória de Obama (257 Votos Eleitorais).Indico-os por ordem de encerramento das urnas.

Costa Leste (96 Votos Eleitorais): Maine, New Hampshire, Vermont, New York, Massachusets, Rhode Island, Connecticut, New Jersey, Delaware, Maryland e Washington DC.

Uma hora mais tarde (65 Votos Eleitorais): Minnesota, Iowa, Wisconsin, Illinois e Michigan.

Duas horas mais tarde (14 Votos Eleitorais): Colorado e New Mexico

Três horas mais tarde (82 Votos Eleitorais): Washington, Oregon, California, Nevada e Hawaii.

3 comentários:

Mr. Steed disse...

Cooooool!

Grande trunfo este ó Pedro.


E eu que pensava que o Pacheco Pereira só apoiava o velhote para ser diferente e mais tarde poder clamar "eu bem vos disse" se o Obama der barraca. Já agora, ele também apoia a Hockey Mom, essa grande defensora do ensino do criacionismo e do direito a cada redneck poder ter quantas armas quiser?

Anónimo disse...

Pois, se o McCain ganhasse, e depois morresse teríamos Sarah Palin Presidente! E isso seria péssimo para todo o mundo (excepto o gato Fedorento, que teria matéria prime de primeira para fazer humor)!

Pedro Cruz Gomes disse...

Isso para o Pacheco são peanuts para política interna, Palin e rednecks.

No entanto, talvez o virar para dentro do Obama possa ser bom para a Europa. Como os paizinhos que deixam os filhos ir de nariz ao chão para eles aprenderem a não tropeçar e a saberem levantar-se por si próprios sem depender de mais ninguém.

Se mais não fosse, só por isso - OBAMA!