A primeira longa-metragem documentário de Alexandra Westmeier, uma ex-actriz russa que prosseguiu estudos em realização, resultou da tentativa de fazer 4 curtas-metragens de ficção num reformatório infanto-juvenil na Rússia onde estão misturadas crianças que cometeram delitos pequenos como roubar fruta numa mercearia com outras que já mataram com violência.
O material humano que Alexandra Westmeier encontrou foi tão interessante que optou por realizar um documentário sobre essas crianças, desistindo da ideia das curtas de ficção. Talvez por essa razão, por a equipa técnica ter sido pensada para cinema de ficção, temos em Alone in four walls, um objecto cinematográfico invulgarmente belo e perfeito tecnicamente, com fotografia sublime e movimentos de câmara não habituais no género documental. Filmado em alta-definição, a qualidade de imagem destaca-se da maioria das restantes obras exibidas no DocLisboa.
A proposta de Alexandra Westmeier é saber quem são estas crianças que, junto das famílias e nos seus bairros, foram capazes matar com violência fria, mas que num reformatório-escola que entrelaça disciplina militar com escola de ofícios se tornam filósofos adultos, com uma capacidade de observação da condição humana fora do vulgar. Ouvimos os medos, as memórias, os desabafos, os traumas que carregam das famílias, todas problemáticas.
Alone in four walls visita também algumas dessas famílias, o ambiente urbano onde muitas das crianças cresceram, e também as famílias das vítimas, descrentes da sua reabilitação, eternamente inconsoláveis e injustiçadas.
O filme termina com uma frase choque: 91% destas crianças voltam a cair no crime e são mais tarde julgadas e encarceradas em prisões de adultos.
Perante estes números, vale a pena a existência destes reformatórios?, perguntou um espectador à realizadora no pequeno debate final. Alexandra respondeu que o problema não era o reformatório, onde as crianças diziam ver recuperada a sua infância, mas as famílias, as cidades que habitam e a sociedade que as condena para a eternidade.
Um filme a não perder, candidato sério a vencer a competição internacional. Ainda o poderão ver no DocLisboa deste ano, no dia 23 às 17h30, no cinema Londres.
Será também uma das prioridades do CineConchas 2009. O trailer disponível não lhe chega aos calcanhares, acreditem. Um grande, grande filme.
O material humano que Alexandra Westmeier encontrou foi tão interessante que optou por realizar um documentário sobre essas crianças, desistindo da ideia das curtas de ficção. Talvez por essa razão, por a equipa técnica ter sido pensada para cinema de ficção, temos em Alone in four walls, um objecto cinematográfico invulgarmente belo e perfeito tecnicamente, com fotografia sublime e movimentos de câmara não habituais no género documental. Filmado em alta-definição, a qualidade de imagem destaca-se da maioria das restantes obras exibidas no DocLisboa.
A proposta de Alexandra Westmeier é saber quem são estas crianças que, junto das famílias e nos seus bairros, foram capazes matar com violência fria, mas que num reformatório-escola que entrelaça disciplina militar com escola de ofícios se tornam filósofos adultos, com uma capacidade de observação da condição humana fora do vulgar. Ouvimos os medos, as memórias, os desabafos, os traumas que carregam das famílias, todas problemáticas.
Alone in four walls visita também algumas dessas famílias, o ambiente urbano onde muitas das crianças cresceram, e também as famílias das vítimas, descrentes da sua reabilitação, eternamente inconsoláveis e injustiçadas.
O filme termina com uma frase choque: 91% destas crianças voltam a cair no crime e são mais tarde julgadas e encarceradas em prisões de adultos.
Perante estes números, vale a pena a existência destes reformatórios?, perguntou um espectador à realizadora no pequeno debate final. Alexandra respondeu que o problema não era o reformatório, onde as crianças diziam ver recuperada a sua infância, mas as famílias, as cidades que habitam e a sociedade que as condena para a eternidade.
Um filme a não perder, candidato sério a vencer a competição internacional. Ainda o poderão ver no DocLisboa deste ano, no dia 23 às 17h30, no cinema Londres.
Será também uma das prioridades do CineConchas 2009. O trailer disponível não lhe chega aos calcanhares, acreditem. Um grande, grande filme.
1 comentário:
Fui ver a sessão de ontem e fiquei completamente rendida.
É o retrato de uma vida de abandonos, de percursos pessoais com causas de todos. É também o lado humano e tão simples de adolescentes tantas vezes olhados como animais. Perceber que nada daquilo é genético mas antes determinado pelo meio onde vivem e as referências que têm. É um registo muito bem feito. Os miúdos são fabulosos e a mensagem é desafiadora. Centrado propositadamente nos adolescentes e suas famílias, senti apenas falta do testemunho de outros adultos de referência. Mas talvez seja esse o nosso papel, o do espectador.
Impossível ficar indiferente.
Espero poder revê-lo no CineConchas 2009, sim.
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