segunda-feira, 21 de julho de 2008

Comunitertuliar

"As conversas de café passam-se agora nos blogues", oiço a Teotónio Pereira na TSF. (Teotónio, um dos decanos da arquitectura lisboeta - há uma arquitectura lisboeta por oposição à escola portuense? - autor da minha Igreja - lisboeta - favorita (Sagrado Coração de Jesus) e de obras tão marcantes na cidade como o edifício "Franjinhas" na rua Braancamp.

Pode ser que sim, mas são tão unívocas (mesmo com as caixas de comentários abertas, mesmo com o ocasional mail com a troca - mais a frio - de argumentos ou a concordância dos mesmos).

Comunicar é olhar nos olhos e só assim perceber se a ironia foi entendida como tal e não como afirmação séria, se a firmeza das palavras é fruto apenas da convicção e não da dureza da ofensa, se a contradição da resposta é apenas resultado de conceitos divergentes e não da gratuidade do anonimato.

Por isso pergunto: passaram-se as tertúlias dos cafés citadinos, onde nasceu grande parte da cultura lisboeta (e também da não-cultura lisboeta) para os blogues?

E é esta frágil troca de piropos e piscadelas de olho, de ofensas e desvarios que ocorrem na caixa de comentários o bastante para o considerarmos conversa em vez de prelecção?

6 comentários:

Mr. Steed disse...

Pedro,

Algumas coisinhas.

a) há malta aqui (não consegue ver mas estou a apontar para mim freneticamente) que nasceu em Lisboa mas que não conhece nada da cidade. favor explicar tudo como se tivéssemos cinco anos. O que é o edifício "franjinhas"?

b) Quais cafés de cidade? Não fecharam quase todos para dar lugar a bancos e restaurantes de comida rápida?

Anónimo disse...

O facto é que cada vez há menos cafés e encontros nos cafés e cada vez mais conversas nos blogues. Também é verdade que "comunicar" não tem que ser de olhos nos olhos. Mas também é verdade que de olhos nos olhos se comunica muito melhor. Mas o importante é que se comunique e, depois, uma forma de conversa pode levar à outra.

Anónimo disse...

O edifício franjinhas fica na braamcamp, nº9, e até tem um ar meio desconsolado, cor de concreto. Mas, bem olhado, é de facto curioso. Prefiro outros edifícios premiados com o Valmor Award, dessa zona, mais Art Deco, como o do arq Miguel ventura terra, na Rua Alexandre Herculano, n.º 25.

E sim, o que falta mesmo no Lumiar (Paço do, clássico e Alta de Lx) é um café de referência, ponto de encontro de todas as gerações, com personalidade (não o das Conchas, que tem mau serviço e alguns empregados - portugueses - mal encarados; nem outros com boa pastelaria mas pequeníssima dime´nsão e sem esplanada...).
Daí telheiras ser tão agradável.

Anónimo disse...

Muitas vezes digo: o email tem banda estreita!

pedro

Anónimo disse...

"Valmor Award"
Soa engraçado, nunca tinha ouvido ninguém a referir-se aos prémios Valmor desta forma tão snob.
Mas é engraçado.Que chique.

Anónimo disse...

É a chamada "DOENÇA DE EÇA"...!!!