terça-feira, 20 de maio de 2008

mais arquitectura





Peço desculpa por me afastar tanto da Alta, mas não resisti a mostrar aqui estes dois edifícios altamente energéticos da época de D. Manuel, que só conheci há dias. Ficam ambos perto da Vidigueira, em Marmelar e em Vila Ruiva. Se são "manuelinos" não sei, em todo o caso confirmam que esta foi uma época brilhante da arquitectura portuguesa, e mais variada do que por vezes se pensa.

37 comentários:

Anónimo disse...

não é manuelino, e que raio tem a ver com a Alta de Lisboa? Desculpas não aceites!

Tiago disse...

Pedro, lembras-te da nossa conversa sobre os leitores exigentes e a temática do blog? Carta branca, amigo, não te acanhes. Eu pelo menos vou aprendendo e não quero ler um blog só sobre a Alta de Lisboa. A monotonia chateia-me.

Tiago disse...

Ah, e parabéns pela etiqueta que deste ao post. Talvez por aí te consigas safar quanto à relação com a Alta.

Anónimo disse...

Ó Sr. Anónimo, qual é que é o seu problema em ver este post no blog?
Não tem a ver com a Alta?
Eu acho que tudo tem a ver com tudo...
Vá lá, não tenha má vontade e veja lá as fotos, que são bem bonitas!

Anónimo disse...

Não sou o "anónimo" anterior, mas continuando no "não tem nada a ver", não há campo de ténis na Alta? Podiam ter feito uns no Parque Oeste....

Tiago disse...

Estavam previstos campos de ténis no Parque Oeste. Isso foi tudo explicado na sessão do CineCidade, com a Arqª. Isabel Aguirre.

Anónimo disse...

que voces se recusam a descrever. Porque?
quanto aos edificios representados no post, Pedro faz uma investigacao mais profunda sobre os mesmos. Vais descobrir quao diversa a aquitectura portuguesa e.

O que e feito do forte da ameixoeira?
e as quintas da alta?
e a igreja da charneca?

Anónimo disse...

Mas eu nao fui à sessão do cinecidade, pq é que acabaram por nao contruir os campos de ténis, alguem me pode informar?

Tiago disse...

Porque o projecto foi substituído pelo da pista de atletismo.

Tiago disse...

Quanto à investigação mais profunda, gostava que o anónimo interessado, que parece ser conhecedor dessa diversidade arquitectónica, a pudesse fazer e depois apresentasse à "comunidade da alta" para a enriquecer. Boa ideia, não era?

Anónimo disse...

O Blog é bom. Por vezes tenso mas é bom. Um pouco de tolerância de parte e de outra seria bem-vinda(vale a pena lembrar que ninguém deve nada a ninguém e q a boa vontade é a base de tudo em foruns deste género). Mas repito, ainda bem que existe este blog. E as escapadelas fotográficas e intelectuais à Alta são sempre benéficas.

Anónimo disse...

Muito bonitas, as igrejas. Tal como as fotografias. E não me incomoda que não sejam na Alta. Parabéns pelo blog e não liguem a vozes de burro.

Anónimo disse...

O que caracteriza um edifício "manuelino"? E porque é que estas igrejas não o são?

Anónimo disse...

Confesso que eu próprio acho esta intervenção um bocadinho bizarra. Mas, por um lado, fui contratado como correspondente no exterior. A minha afinidade com o blog não tem a ver com ser morador na alta mas com gostar muito do projecto e me identificar com os autores a vários níveis. Por outro, pensando melhor, podem considerar este e outros eventais posts meus como uma espécie de suplemento de viagens, cultural, etc., do blog.
A faixa que faz o limite norte do Baixo Alentejo, mais ou menos entre Vila Nova da Baronia e Moura, não é tão conhecida como devia. É excepcional em termos de paisagem e principalmente de arquitectura, erudita e popular, com vilas e aldeias lindas e muito bem tratadas como estas e outras como Alvito, Vila de Frades, Vila Alva, Viana do Alentejo, Terena e por aí fora. E nada de enchentes ao fim de semana como em Monsaraz por exemplo. Altamente recomendado portanto para passeio dos ilustres moradores da Alta.

Ana B. disse...

Escreve, escreve, Pedro. Eu gosto muito destes teus passeios!

Anónimo disse...

não vale a pena...
é tudo uma treta...
decreto aqui o "apito branco"!

Anónimo disse...

Tiago ainda estas zangado comigo?

A "comunidade da Alta" tem imensos arquitectos e historiadores que sabem mais sobre o assunto do que eu.

De qualquer forma propor uma investigacao nao e sinonimo de que sou perita.

De qualquer forma podes ler/ver isto:
http://www.jorgecorreiasantos.interdinamica.pt/artes/jcs/x34yk40z.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_manuelino
http://www.cm-cuba.pt/paginas.aspx?Pagina=percursos


um abraco e ate muito breve
P.S. nao faz mal saber ou p'lo menos ter curiosidade.
nao sou tua inimiga mas continuo a ter dificuldade em perceber a tua animosidade!

Anónimo disse...

E essas igrejas ou capelas ou ermidas, não têm nome???

Anónimo disse...

A de cima, em Marmelar, é dedicada a Sta Brígida, e a de baixo, em Vila Ruiva, é a de N.S.ª da Encarnação, igreja matriz da dita vila.
Quanto à questão de ser manuelino: geralmente associa-se ao manuelino a profusão decorativa e as janelas mudejares. Mas, segundo a ex-DGMN, a igreja de Vila Ruiva é manuelino popular: http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B1.aspx

Para Sta Brígida não encontro informação, mas suponho que deve ser dos anos 80 do século XV ou perto disso, possivelmente anterior a D. Manuel como rei mas talvez contemporânea do mesmo sr. enquanto duque de Beja. Faz lembrar outras igrejas alentejanas como a ermida de S. Brás em Évora, de que esta de Marmelar parece uma versão simplificada e mais bonita quanto a mim.

Quanto à eficiência térmica, são ambas certamente exemplares mas não garanto que estejam certificadas.

Pedro Cruz Gomes disse...

O "Manuelino" corresponde à primeira das 4 grandes correntes arquitectónicas de raiz eminentemente nacional, sendo as restantes, o "Pombalino", o "RauLino" e o "Clandestino".

Pedro Cruz Gomes disse...

Desculpem... não resisti... deve ser do adiantado da hora. :-)

A piada de cima foi, durante muito tempo, uma espécie de "private joke" para os arquitectos de uma geração que se habituou a bem pensar e a bem fazer - numa altura em que, curiosamente, coexistiam relativamente poucas encomendas fora do Estado e uma menor percentagem de mamarrachos do que hoje em dia (está mal explicado mas terei muito prazer em discutir este ponto da nossa história noutro local).

Voltando ao post e aos comentários. Dizem os contemporâneos historiadores da arte que o "manuelino" é uma invenção da historigrafia nacionalista romântica depois aproveitada pela propaganda do Estado Novo, não sendo estilo nem escola. Isto é, nas suas características arquitectónicas essenciais não passa de um gótico tardio (numa altura em que a Europa abraçava o estilo renascentista) e no que o torna distinto à vista - o decorativismo - como dizia o Pedro - - não é sequer muito original. Existem exemplos em Maiorca e na Catalunha (se não me falha a memória) do emprego similar de motivos náuticos, por exemplo.

Deu jeito à auto-estima nacional inventar na vertente monumental um contraponto à pujança económica do meio século de ouro de Quinhentos. Infelizmente não fomos tão longe - nem o passado e a periferia portuguesa, com a sua ausência de referentes, o permitiriam em tão pouco espaço de tempo - como em termos económicos e daí deitar-se a mão, em termos referenciais, ao que ficou.

Infelizmente para a cultura portuguesa valorizou-se a arquitectura em detrimento da pintura sua contemporânea, essa sim merecedora de um relevo a nível europeu que nunca teve. A pintura renascentista portuguesa, constituiu escola e diferenciou-se visivelmente das suas congéneres e (semi)contemporâneas italiana e flamenga.

Os Paineis de S. Vicente de Fora, por exemplo, são um marco na história da pintura europeia e os trabalhos de Cristovão de Figueiredo são o exemplo quase perfeito dessa nova maneira de pintar que, também, muito ficou a dever à nova forma de encarar o mundo e o homem que os descobrimentos possibilitaram.

E com isto me afasto ainda mais da Alta.

Ou talvez não.

Pedro Cruz Gomes disse...

Ah, sim, para terminar: não estão previstos courts de ténis no parque junto à Porta Sul, no antigo espaço do Bairro das Calvanas? Ou são só relvados para o rãguebi?

Tiago! Luísa! SgalBook, please?

Anónimo disse...

O estilo manuelino é bem exemplificado no post anterior, com a Torre de Belém.

Anónimo disse...

Vou citar o Pedro:

"O "Manuelino" corresponde à primeira das 4 grandes correntes arquitectónicas de raiz eminentemente nacional, sendo as restantes, o "Pombalino", o "RauLino" e o "Clandestino"."

Chamo a atenção para as ASPAS!

Quanto aos courts de ténis... lamento mas não sei.

Anónimo disse...

eu sei...
ténis só nas estradas que andam a arranjar...

quanto a este post quero aqui dizer que acho isto uma conversa de treta!!!

arquitectura temos de boa qualidade... basta olhar para as estufas...ops, perdão... aos Muy Nobres e Marabilhosos EMPREENDIMENTOS QUE SE ENCONTRAM VIRADOS A SUL NO PARQUE OESTE...
ISTO SIM É ARQUITECTURA DE NÍVEL (EXCEPTO EM PORTUGAL)... SERIA NA FINLÂNDIA OU NA NORUEGA!!!

SHIT4U2

Mr. Steed disse...

as fotos estão lindonas.

as ermidas são de ficar horas ali a pasmar...da próxima vez que for ali para as bandas do alentejo quero ver se passo por lá.

e fica aqui um desejo:
quando for rico quero ter uma casinha branca com um pátio interior e uma fonte no meio e janelas mudecoisas...

Anónimo disse...

está um artigo bem feito na acessível wiki:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_manuelino

De notar que alguns elementos naturalistas se prendem com simbologia maçónica, romãs, por ex.Supostamente, os grãos da romã simbolizam a união dos maçons, lembrando os favos de uma colmeia de abelhas - as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons. Os frutos representam os maçons que estão no Oriente Eterno. As câmaras simbolizam a vida externa e a interna, ou seja, a mente humana e o espírito. As cinco células da Câmara Alta representam as fases intelectuais onde se estuda a razão da verdade eterna;, o conhecimento, o impulso para o elevado, para a moral e para a perfeita harmonia. Representam, ao mesmo-tempo, as cinco raças humanas, perfeitamente unidas, sem preconceitos; também recordam as cinco idades do homem. E as três substâncias do homem: sangue, carne e ossos; ao homem Templo, ao homem Altar e ao homem Alma. O formato externo, representa a Terra, seja pela sua esfera, seja pela sua coloração e conteúdo...etc.) - extraído Do Url: http://www.maconaria.net/200708_simbolismo_roma.shtml

Outros ornamentos estão relacionados com aspectos de saúde (algumas doenças de má nutrição no mar eram combatidas com legumes como a alcachofra, carnuda, de cor verde, rica em ácido fólico e em potássio. O consumo da cabeça de alcachofra é excelente para quem sofre de anemia, combate o escorbuto e o raquitismo pelo conteúdo de suas vitaminas).

De referir a Porta Especiosa da Sé Velha de Coimbra,um pórtico de três andares, tipo retábulo, construído na década de 1530 por João de Ruão. Esse portal é uma das principais obras do primeiro renascimento em Portugal, com decoração manuelina «flamejante».

Do lado Este observa-se a ábside principal românica e os dois absidíolos, sendo que o do lado sul foi modificado em estilo renascentista. Sobre o transepto há uma torre-lanterna quadrangular românica com algumas alteraçoes no século XVIII.


Enfim, é um tema mais rico do que parece e tem especificidades nacionais, efectivamente ligadas com as NOSSAS Descobertas. Mas dificilmente estas duas singelas capelas do post serão um expoente desse tipo de ornamento do gótico tardio nacional. Mas que são bonitas, são!

Que tal um post sobre a igreja da Charneca, que é daqui da Alta?

Anónimo disse...

Eu já vi em Espanha coisas muito parecidas com o que aprendemos aqui na escola como manuelino, p.ex. em Alcalá de Henares, só que com outros motivos decorativos que não cordas etc. A minha questão é se o resto da arquitectura feita na mesma época mas sem esses elemantos é ou não manuelina. Acho esta igreja de Vila Ruiva espantosa. Agora, o que é que leva quem escreveu o artigo a considerá-la "manuelino popular"? Há outros edifícios considerados manuelinos que não têm grande coisa ou nada a ver nem com a torre de Belém nem com esta igreja, como o chamado palácio de D. Manuel em Évora ou o solar de Água de Peixes perto do Alvito.

Anónimo disse...

Perdão, o artigo a que me refiro é o que está no site Monumentos.pt. Já agora recomendo o site. Esteve uns tempos parados em remodelação, já não percebo a quem é que pertence (acho que a uma entidade qualquer que sucedeu aos Monunmentos Nacionais), tem informação sobre todo o património classificado em Portugal e parece-me bastante melhor que a Wikipédia, embora os artigos sejam na generalidade bastante descritivos e maçadores.

Anónimo disse...

r u 4 real?

Pedro Cruz Gomes disse...

Pedro,

Manuelino e popular é o quê? Eu não sei. Como já escrevi atrás, as características que definem o que se entendeu - a meu ver erroneamente - chamar estilo manuelino têm a ver com o tipo de elementos decorativistas empregues em algumas das obras arquitectónicas de maior vulto de - genericamente - Quinhentos. Se as igrejas citadas não apresentam, pelo que é dado ver nas fotos, esse tipo de elementos, então o que raio as torna "manuelinas" - a contemporaneidade?

Correndo o risco de errar e baseando-me apenas no que mostraste, parececem-me mais devedoras do românico do que do gótico, tardio ou não. Estruturalmente recorrem à robustez das paredes para suportar as cargas da cobertura, reforçando-as com os contrafortes que são as torres. Provavelmente por motivos defensivos, os edifícios têm uma robustez visual muito longe da pretendida leveza dos edifícios góticos, só encontrando uma leve aproximação nas terminações alongadas dos fálicos torreões.

Parece-me pouco para manuelino. Mas isto sou eu a falar que não sou especialista encartado.

Anónimo disse...

perdoem-me mas se lerem os links que vos dei,
a propria camara e os seus peritos dizem que a ultima e de origem ARABE
transformada posteriormente em igreja.
porque e que nao se le mais, antes de se opinar sobre seja o que for?

Pedro Cruz Gomes disse...

Porque o direito à opinião ainda é livre. E a asneira tanto pode surgir do lado de quem opina como de quem escreve nas páginas oficiais e oficiosas. E "peritos" encartados, peritos em escrever disparates conheci eu vários.

De qualquer das maneiras, mesmo arriscando errar, não lhe parece, caro anónimo, que foi melhor opinar do que não discutir? Sempre foram uns momentos ganhos a reflectir sobre algo que ficaria esquecido por ainda mais gente não tivesse o Pedro a gentileza de o trazer à colação.

E obrigado pelos links e referências!

Anónimo disse...

tem toda a razao. Eu que amo a liberdade nao poderia concordar mais consigo.
De qualquer forma fico desapontada quando mesmo com a informacao a frente ha pessoas que teimam em opinar disparates.

Anónimo disse...

Não me surpreende, haver alguma dificuldade em obter informações sobre Stª Brígida. Em Portugal existem poucos cultos conhecidos que da mesma tenham conhecimento. No entanto para quem queira aprofundar esse conhecimento terá que fazer outra viagem, a outras paragens, em busca dessa mística a Stª Brígida. Ela que sendo a padroeira dos Engenheiros (inscritos na ordem), continuará a zelar pelos rebanhos.

Anónimo disse...

Eu não sou Eng., muito menos inscrito na ordem, também não sou pastor, e rebanhos não os vejo. Stª Bárbara nos acuda.

Anónimo disse...

Nunca gostei de confusões, vamos a ver se pomos alguma ordem nesta estória. Stª Brígida há duas, a padroeira dos rebanhos, e a padroeira da Europa unida. Nos dias de trovoada todos se lembram de Stª Bárbara, esta sim, padroeira dos Eng. insc. na ordem.