sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Pilaretes nos passeios - solução ou problema?

(Rua do Século, no dia 25 de Janeiro de 2008 - via Cidadania LX)


(Rua do Século, no dia 31 de Janeiro de 2008)

Este post no Cidadania LX suscitou uma interessante discussão sobre a hierarquia da rua e a apropriação dos espaços. Uma proposta/conceito baseia-se na rua ser totalmente dedicada o peão, podendo este circular livremente em toda a sua área, sendo a faixa de rodagem uma concessão feita ao automóvel, que a deve utilizar a baixas velocidades, respeitando o elemento de vivência principal, o peão. Simpatizo com o conceito.

E nesse caso há quem argumente, mesmo não atacando os pilaretes, que esta solução só por si tem o efeito perverso de aumentar a velocidade dos automóveis pelo aumento do espaço na faixa de rodagem. Certo e factual. Como solucionar então esse aumento de velocidade? Com as lombas desniveladas defendidas aqui (nos comentários ao post dos pilaretes descritas como plataformas transversais), e não tendo como função passadeira de atravessamento de peões, já que o conceito de rua é, neste contexto, outro, como dito anteriormente.

Este é um problema mais comum nas zonas antigas da cidade, com ruas mais estreitas, onde no início do Séc.XX a vivência era esta.



Nas zonas modernas da Cidade, nas que foram planeadas como a Alta de Lisboa, os problemas serão outros. Mas haverá certamente pontos comuns. O debate leva-nos a evoluir. Vale a pena a visita às réplicas dadas no Cidadania LX, com exemplos de cidades europeias onde o uso de pilaretes também existe.

E ainda um video muito interessante sobre a problemática do trânsito, do estacionamento à superfície e soluções para tornar as ruas mais agradáveis ao peão e portanto mais vivas.



7 comentários:

Anónimo disse...

Tiago,
Não sou adepto de pilaretes, prefiro soluções como o lancil duplo, ou o lancil com mais altura, ou mesmo a colocação de floreiras ou bancos.
Exemplos destas outras opções, temos na Baixa (Rossio) ou na Alta (Rua H1 do Pual, entre a Quinta das Conchas e a malha 5; e o futuro Eixo Central). No Porto usa-se imenso o lancil com mais altura em granito com resultados excelentes. Um local recente com um espaço publico muito agradável é toda a zona do novo Estádio do Dragão.
Nos últimos anos em Lisboa cabe às juntas de freguesia a colocação de pilaretes.
Na Alta de Lisboa, proliferam as colocadas pela Junta de Freguesia do Lumiar. Em geral de forma casuística, descoordenada, não concertada com a Upal, Dmau, ou SGAL. Exemplo da falta de critério, rigor e até de bom senso na sua colcação é a Av. Vieira da Silva. Existem pelo menos 3 tipos de pilaretes diferentes.
Além de que colocá-los na zona das passadeiras e com um intervalo por vezes muito curto, constitui claramente um obstáculo ao peão. Basta pensarmos numa cadeira de rodas ou num carrinho de bebé (então se for duplo...).
Reconheço que em determinados casos é quase inevitável o recurso ao pilarete. Mas deve ser bem pensado, harmonizando-o com o restante espaço publico. Em novas zonas, planeadas de raiz como a Alta de Lisboa, deve ser a última solução. Deve haver imaginação para encontrar melhores soluções.
Nos centros históricos também devem ser evitados.
Quanto às passadeiras sobrelevadas, a CML não as defende, nem as autoriza. As que foram colocadas na malha 3 em 2004 foram "à revelia" dos serviços tradicionais da CML - DMPO e DMAU. Foram uma "ilegalidade" e um "acto de voluntarismo" da UPAL e da SGAL. E deram uma enorme confusão... Esperou-se mais de um ano pela resposta.... e depois foi...não. Mas mesmo assim fez-se... Assumindo todas as responsabilidades...
Sou grande defensor em zonas marcadamente residenciais. O peão deve prevalecer sempre sobre o automóvel em zonas muito urbanas e residenciais.
O nosso eixo pedonal, que tão difícil tem sido de nascer e que tão esquecido tem sido pela CML (Sr. Vereador dos Espaços Verdes já se apercebeu que o primeiro Eixo Pedonal construído numa nova urbanização em Lisboa nos últimos 20/30 anos vai ser na Alta de Lisboa?....) é um óptimo exemplo, nas zonas em que atravessa eixos viários impõe-se. É mais elevado que a via e tem iluminação de aviso.
Em Cascais ou Oeiras imperam, por aqui a cidade continua a ser feita a pensar sobretudo no automóvel. Pilaretes, painéis de sinalização iguais aos das auto-estradas, tempos muito resumidos para atravessar as passadeiras... Obviamente com algumas excepções como foi a opção de fechar alguns bairros à entrada de automóveis - não foi preciso pilaretes e apesar de alguns aspectos contra, o balanço é para mim positivo.
Uma palavra final para relembrar que o Eixo Central no tramo central não tem estacionamento à superfície, tem uma zona para ciclovias na placa central e uma via reservada a transportes públicos, preparada para acolher um eléctrico rápido. Um bom exemplo.
Carlos

Tiago disse...

Carlos, obrigado pelo contributo valioso para a discussão. Entre o lancil duplo ou os pilaretes, a minha escolha também vai para a primeira. E lembrar-me de algumas ruas do Porto torna-me a convicção ainda mais forte.

Sempre vi, e continuo a querer ver, a Alta de Lisboa como um exemplo urbano para todo o país. Daí que nos devamos todos (população, SGAL, CML e JFs), dentro das capacidades e limitações de cada um, bater-nos por isso. O início é o debate e discussão, para que se chegue às melhores soluções. Tenho aprendido muito a ler ultimamente em blogs que se dedicam à mobilidade, e cada vez mais sinto que as cidades, nomeadamente Lisboa, precisa urgentemente desse debate e da implementação de soluções há tanto tempo encontradas noutras cidades.

Anónimo disse...

do Publico
Limite de velocidade na Segunda Circular pode vir a ser reduzido
10.02.2008, Ana Henriques
Comissão vai analisar possibilidade de se vir a andar mais depressa em artérias como a Av. da Índia. Túnel do Marquês é o local com mais infracções

Os automobilistas que todos os dias circulam na Segunda Circular a 80 quilómetros/hora, que é a velocidade máxima permitida, podem ter de vir a pôr o pé no travão. A comissão encarregue pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa de estudar a localização dos radares e os limites de velocidade na cidade vai debruçar-se sobre a possibilidade de reduzir o limite actualmente em vigor naquela artéria - provavelmente não para os 50 quilómetros/hora que ali vigoravam há muitos anos atrás, mas para 60 ou 70, disse ao PÚBLICO um membro da comissão.


Coordenada pelo vereador da Mobilidade, Marcos Perestrello, a comissão tanto integra defensores do aumento da velocidade e dos direitos dos automobilistas como activistas dos direitos dos peões e técnicos ligados às questões rodoviárias. Sem poderes deliberativos, tem como missão aconselhar o presidente da autarquia, António Costa.
E o autarca não tem escondido a sua intenção de alterar as características de via rápida da Segunda Circular, transformando-a numa avenida da cidade como tantas outras. A artéria deixaria de ser a fronteira que, "como uma cicatriz" - nas palavras de Costa - divide a cidade nova da cidade antiga. Um dos passos fundamentais desta reconversão será precisamente a redução da velocidade. Ao mesmo tempo, a comissão vai também discutir o aumento dos limites de velocidade noutras artérias, como a Av. da Índia, onde não se pode circular acima dos 50 quilómetros/hora.
Todas estas medidas deverão adequar-se à próxima revisão do Código da Estrada. Como o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária também faz parte da comissão, esta encontra-se ao corrente das mudanças previstas a nível nacional nesta matéria.
A mudança de localização de alguns dos 21 radares de Lisboa está também a ser equacionada, sendo possível que vários deles passem a ser deslocados com frequência de um lado para o outro, em vez de ficarem sempre no mesmo sítio, de modo a que os automobilistas não contem com a sua presença. A aquisição de mais equipamentos deste género é outra possibilidade, condicionada no entanto pela difícil situação financeira da câmara.
Até ao final do ano passado o radar que tinha registado maior número de infracções era o do túnel do Marquês no sentido oeste-este, com 60.860 transgressões ao limite de velocidade, que é de 50 quilómetros por hora naquele local. Entre Junho de 2007, data de colocação dos radares, e o final do ano passado a Polícia Municipal registou 261.728 infracções ao limite de velocidade. Com Lusa

Anónimo disse...

Obrigado Carlos por mais um dos seus excelentes e muito informativos comentarios. Como disse, provavelmente o senhor vereador Sa Fernandes ja sabe ra do "nosso" eixo pedonal mas acho que vai fazer tudo para que NAO seja o primeiro em Lisboa.

Quanto senhor presidente Costa e de acordo com a noticia do Publico, se ele quer efectivamente que a segunda circular nao seja um cicatriz mas sim uma ligacao entre a parte nova e velha da cidade, entao aprove e mande executar os actuais projectos da porta sul/ligacao ao campo grande, em vez de mandar fazer novos projectos, adiando a sua concretizacao por muitos anos...

Anónimo disse...

Tambem achei piada a isto:

"A mudança de localização de alguns dos 21 radares de Lisboa está também a ser equacionada, sendo possível que vários deles passem a ser deslocados com frequência de um lado para o outro, em vez de ficarem sempre no mesmo sítio, de modo a que os automobilistas não contem com a sua presença."

E mesmo a caca a multa ...
PD

Anónimo disse...

Não acho piada nenhuma aos pilaretes, tiram a estética á cidades, mesmo que seja para tirar o carros.
Era melhor implantarem um corrimão, ao mesmo ainda tinha utilidade para os mais velhos

Anónimo disse...

Em minha opinião os pilaretes são uma solução desadequada em ruas estreitas da parte antiga da cidade, como as ruas típicas do Porto. Os pilaretes, neles mesmos, estreitam muito o passeio e perturbam tanto quanto protegem os peões.

No entanto, em zonas novas da cidade como a Alta de Lisboa, pelo contrário, os pilaretes parecem-me uma solução muito adequada para impedir os carros de invadir os passeios, que aí são bastante largos. Em ruas largas facilmente um carro ou um jipe invade o passeio transversalmente à rua, mesmo sendo o passeio sobrelevado. Os pilaretes tornam-se então a melhor solução.

Os passeios sobrelevados também são fortemente incomodativos para os peões, porque potenciam quedas e constituem obstáculos para carrinhos de bebé.

Luís Lavoura