quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Passo a Passo II



O movimento cívico Viver na Alta deLisboa (VAL) sente que a população foi “defraudada”uma vez que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não dá escoamento aos projectos que estavam planeados.

Pedro Cruz (VAL) elaborou diversas questões que foram enviadas por carta à CML, Juntas de Freguesia do Lumiar, Ameixoeira e Charneca e a todos os vereadores.

O Plano de Urbanização do Alto do Lumiar (PUAL) projectado nos anos 80, só foi iniciado nos anos 90 com o objectivo de reabilitar os bairros degradados existentes na zona ocupando cerca de 300 hectares de terreno.

No plano de urbanização, procurou-se dar resposta às necessidades básicas em infra-estruturas através da criação de núcleos de serviços, desportivos, de lazer e culturais. Contudo, no caso dos Centros Culturais, por exemplo, as áreas previstas “são insuficientes”, segundo o VAL.

Em termos de infra-estruturas foi inaugurado o troço final do Eixo Norte-Sul mas, segundo VAL , há um atraso de três anos na construção da ligação da Avenida Santos e Castro à 2ª Circular, o que demonstra aparente “desinteresse” por parte da autarquia a prossecução dos trabalhos. “A CML tem vindo a adiar e inviabilizar o projecto, condenando-o ao insucesso, o que é grave, uma vez que foi a câmara a projectá-lo. As pessoas que compraram casa ficaram defraudadas”, afirmou Tiago Figueiredo à Agência Lusa.

Pedro Cruz declarou que já tentaram contactar a câmara diversas vezes mas as únicas respostas foram do vereador Manuel João Ramos do grupo Cidadãos por Lisboa.

“O projecto não deve parar, a Câmara assumiu um compromisso para finalizar o projecto”, diz Pedro Cruz.

Actualmente vivem cerca de 32 500 cidadãos na Alta de Lisboa, o que representa seis por cento da população actual da cidade, que ronda os 550 mil habitantes. Estima-se que quando o plano estiver concluído os números subam para 65 mil, aos quais se juntar á uma população diária de 20 mil cidadãos. No total foram reservados 14 mil fogos para habitação e 425 mil metros quadrados para comércio e serviços, ocupando 49% da área prevista total.

“Queremos ter uma resposta definitiva relativamente à resolução dos problemas e dos eixos rodoviários”, concluiu Pedro Cruz.

O tema um bocadinho mais desenvolvido, citando igualmente o despacho da LUSA, eis a local do GLOBAL. Pode ler-se aqui, pag. 4

8 comentários:

Anónimo disse...

A solução para a Alta passa mesmo pela desafectação do Aeroporto da Portela:

Aposto numa CIDADE ADMINISTRATIVA (Ministérios) de tipo Brasília. Por vários motivos:

- pode, ainda assim, contemplar ordenamento verde;
- pode ser um projecto de arquitectura de referência internacional;
- tem viabilidade (política e económica);
- dá segurança à Alta, substituindo o mais que provável crescimento urbanístico desenfreado que a outra alternativa REALISTA traz;
- Devolve a Praça do Comércio à vida da cidade (esplanadas, restaurantes, lojas);
- tem boas acessibilidades mesmo para quem vem da A1 (Norte ou Sul) (com correspectivas «boas cheias»).

Um Parque Verde na Portela, só ia aumentar a insegurança (seria não tarda outro Bois de Boulogne...) e nós, felizmente, já temos o Parque Oeste, as Conchas e teremos o »Parque Sul»;

Uma cidade administrativa na Alta traz consigo um tipo de classe média que permitiria ao STANLEY HO vender o que falta do imobiliário na Alta...e resolver tantos outros problemas.


Vá lá, pensem num Alta tipo Brasília, com vista para o Mar da PALHA...E se for algo verdadeiramente icónico, e contiver um Centro de Artes (MUSEU, CONSERVATÓRIO DE MÚSICA e de TEATRO) ainda terá o retorno de turismo internacional que teve o GUGA em Bilbao - a melhor aposta de Espanha!!!!

Anónimo disse...

Completamente de acordo com o ultimo anonimo. Mas acho que uma zona verde que ligasse parque sul/conchas aos olivais, como zona de protecao a segunda circular seria uma boa ideia. E seria compativel com avenidas a rasgar, ligando a Alta aos Olivais/Expo. E' claro que uma arquitectura moderna e arrojada seria optimo.

O que eu nao compreendo sao pessoas com responsabilidade como a Helena Roseta e Carmona a defenderem a manutencao da Portela para jactos executivos. Gasta-se uma pipa de massa em Alcochete e ainda se fica com o inconveniente e a poluicao de ter um aeroporto dentro da cidade.

E' claro que e' um bocado lirico estar a falar destes planos com a CML falida...mas Alcochete so' estara' pronto em 2017 e e' bom pensar nestas coisas com tempo.
PD

Pedro Cruz Gomes disse...

A prática demonstrou à exaustão a falência do modelo modernista de divisão da cidade por funções. Não são as superquadras exclusivamente habitacionais ou de serviços ou de comércio que resolvem os problemas de segurança, de conforto. Negam a escala humana à cidade (porque obrigam a deslocações longas para qualquer coisa que seja), tornam a ocupação das ruas inexistente (porque tudo se passa entre garagens de edifícios), causam solidão e depressões (não é por acaso que Brasília tem a mais alta taxa de suicídios do Brasil).

Fazer uma cidade admnistrativa na Portela seria não aprender com os erros dos outros. Como seriam aqueles hectares desconsolados à noite? Quanto tempo levariam em deslocações aqueles que para lá iriam trabalhar (repare-se que nos serviços não trabalha só a classe média; acresce que o nosso mercado imobiliário, por ser de compra e não de arrendamento, não permite uma grande "volatilidade" das relações morador/fogo - mudar implica encontrar comprador para a casa - para além de dinheiro para a nova, o que, com um mercado em cada vez maior saturação, se torna complicado)?

A Alta precisa obviamente de mais serviços - penso que fomos dos primeiros a escrevê-lo publicamente - mas serviços disseminados pelo bairro, não do outro lado da auto-estrada e serviços maioritariamente de pequena, média escala.

Quanto à re-ocupação da Baixa, ela poderia ser uma possibilidade. Mas quem é que se quer a ocupar a baixa? Estudantes? Terceira idade? Classe alta? Classe média? Deverá ser claramente um "mix" mas para isso acontecer, as rendas (porque se torna muito mais fácil mobilizar população para investimentos menos a longo prazo e mais acessíveis) deviam ser rendas com valores diversos e escalonados de modo a permitir essa amálgama. Para controlar isso só uma empresa sem fins lucrativos - municipal - (a EPUL dos primeiros anos)ou, pelo menos uma solução como a da Alta, com uma empresa idónea e contratos muito bem redigidos e sem ambiguidades.

Mas primeiro que tudo seria necessário pensar globalmente o problema. Enquadrá-lo - lá voltamos nós ao mesmo... - num modelo e numa perspectiva de cidade a 20 anos - como o fez Duarte Pacheco, o último dos grandes visionários portugueses -seria, no fundo, agregar algumas cabeças pensantes, com a devida bagagem técnica, sem traumas ou âncoras ideológicas e com o necessário grau de genialidade e de visão.

Seria igualmente necessária a noção de que tudo se iria fazer à custa de um grande investimento público e isso... não há, enquanto se continuar a preferir fazer auto-estradas para locais que já foram desertificados pela ausência de políticas incentivadoras ou obras faraónicas de utilidade mal explicada tecnicamente.

Finalmente, faço declaração de voto: continuo a defender a manutenção de um aeroporto na Portela. Em primeiro lugar porque a evolução actual do tráfego aéreo vai muito mais no sentido da expansão das low cost - que pedem aeroportos baratos (e, para isso, penso que se pode reconverter uma das bases aéreas militares situadas à volta de Lisboa) do que das companhias mais tradicionais.
Depois porque os cenários actuais de aumento especulativo e continuado dos preços do petróleo (já começaram as previsões do aumento do preço do barril para 200 dolares) permitem pressupor um abrandamento, se não paragem, do crescimento do número de viagens. Ora é precisamente a previsão de um crescimento "gordo" do tráfego aéreo que sustenta o esgotamento das instalações da Portela.

Finalmente, é uma falácia a ideia de que a Portela não consegue crescer mais. Como se viu com a desistência do campo de tiro de Alcochete por parte da Força Aérea, a passagem das instalações de Figo Maduro para uma utilização civil não é tabu. Assim como foi possível construir uma nova gare de passageiros nos terrenos actuais.

Anónimo disse...

pedro
queres continuar a ter low costs a voar sobre a tua cabeca?

Anónimo disse...

A Baixa, a Lapa, a Av. de Roma, o Bairro Alto, enfim as zonas «hippy/chiques» de Lisboa estão pejadas de burguesia endinheirada e letrada, elites que pagam os impostos municipais mais baixos e têm muito mais regalias (proximidade do centro,pequeno comércio, vida de bairro) do que nós, a 'burguesia' trabalhadora, co filhos ou em início de vida, que paga escandalosos IMIs e taxas municipais. Onde vivem os arquitectos e políticos que mandam na governação da cidade????....

Pedro, acorde.
Lirismo não resolve problemas - nem cartas tão longas.

E cadê as respostas da CML ao Centro de artes, à vergonha que foi a doação da escola pública da Alta aos interesses privados à custa do parque público (ainda por fechar, mas ninguém do Canalta parece reparar...)
Continuem a blogar, mas posts com interesse mais amplo, Tiago, do que uma tampinha. Há aí tanto Buraco a tapar...

Anónimo disse...

Pedro,
Penso que alcochete sera' ireversivel. Ate' pelas recentes declaracoes de Fernando Pinto (presidente da TAP), pedindo a abertura de alcochete antes de 2017. A TAP e' das piores companhias no atraso e perda de bagagens, e aparentemente isso so'podera' ser resolvido com um terminal dedicado a TAP no novo aeroporto.

Portanto, a unica questao e se vamos continuar a ter aeroporto na Portela (a par com Alcochete) ou nao. Eu acho que os beneficios ambientais e a oportunidade de "criar" cidade na portela execedem largamente os eventuais beneficios de ter um pequeno aeroporto para jactos executivos. Quanto muito facam um pequeno heliporto na Portela, para quem tenha muita pressa para chegar de Alcochete ou para voos turisticos.

Concordo com o Pedro na mistura de servicos/comercio/habitacao, mas nao acho que seja incompativel com uma zona para ministerios ou outros orgaos de soberania (P.ex. o parlamento).
E o terreiro do Paco ficaria muito melhor sem os ministerios.
PD

Pedro Cruz Gomes disse...

Sim, Alcochete será irreversível (é "preciso" continuar a injectar dinheiro nas obras públicas!)... pelo menos se não acontecer mais nenhuma convulsão "civil" apadrinhada pelo senhor Presidente da República. Não é, no entanto, esse facto que me fará mudar de opinião em relação ao que atrás expus.

Uma "zona para ministérios" é, claramente, uma zona de uso diferenciado e, como tal, uma zona com uma ocupação parcial durante as 24 horas do dia. Logo, incompatível com uma cidade "viva" em contínuo. Já um equipamento específico é diferente - a assembleia da república está no meio de um bairro que funciona à noite também (há vários restaurantes) e que só não funciona melhor porque a desertificação habitacional das zonas mais antigas da cidade é um facto que nenhum poder político da capital (e do Governo) teve coragem de enfrentar e contrariar.
Constituiria, obviamente, um incremento para a recentralização
da Alta no contexto da cidade.

Anónimo disse...

O Pedro sempre gostou de aviões, diverte-se quando eles lhe passam mesmo por cima da cabeça. A Portela para ele é um sonho de criança. O Pedro há-de crescer.