No final dos anos 1930, depois de longa discussão, o Eng. Duarte Pacheco, na altura já acumulando as pastas de Ministro das Obras Públicas com a de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, deu início à florestação da Serra de Monsanto, que é hoje conhecido por Parque Florestal de Monsanto. Considerou-se vital dotar Lisboa, ainda uma pequena cidade, de um pulmão verde que, entre outras coisas, compensasse a poluição natural de um aglomerado urbano.
Entretanto Lisboa cresceu, muitas cidades periféricas (Odivelas, Loures, Amadora, Cacém) nasceram no lugar de campos agrícolas e quintas, com a consequente degradação ambiental. Os anos 1980 trouxeram para a rua, para a população comum, a discussão de questões ambientais, antes exclusivas de meios académicos. O tema "pulmão verde" tornou-se familiar. Falou-se na necessidade de criar mais espaços verdes nas cidades.
Árvores nas ruas, que purifiquem o ar, de folha caduca que dê sombra no Verão e deixe passar a luz nu Inverno. Uma política verde para o interior das cidades. Viram-na ser aplicada de forma consistente nos últimos trinta anos?
E um segundo pulmão para a área urbana de Lisboa? Desde sempre a dúvida foi onde o colocar. As edilidades sempre preferiram lotear terrenos para habitação (fechando os olhos a todos os indicadores demográficos que juravam a superação da oferta face à procura), para compensar uma incompetente gestão financeira.
Surge agora a Portela. A confirmar-se a deslocalização do aeroporto, o que fazer a tantos hectares?
Há quem já defenda mais uma mega-operação urbanística. Mas para que compradores? Não é suficiente o exemplo da Alta de Lisboa, sucessivamente sabotada e paralizada por uma CML que não cumpre acordos, auto-sabotada por uma SGAL que não soube apostar na qualidade do produto para que a oferta fosse indiscutivelmente superior à restante da cidade? Não é suficiente andar pela cidade e periferia e ver tantas persianas corridas, à espera de estreia?
Fazer da Portela um novo pulmão verde pode ser uma oportunidade para unir e formar uma população. Duarte Pacheco utilizou a mão-de-obra dos prisioneiros do Forte de Monsanto. Agora pode repetir-se a fórmula, mas alargar-se a experiência a todas as escolas da área urbana, ao cidadão comum que queira participar também. Era bom ver uma população unida com um objectivo comum: deixar uma herança de prosperidade e saúde para as gerações vindouras. Finalmente, isto não seriam palavras vãs, de circunstância.
Entretanto Lisboa cresceu, muitas cidades periféricas (Odivelas, Loures, Amadora, Cacém) nasceram no lugar de campos agrícolas e quintas, com a consequente degradação ambiental. Os anos 1980 trouxeram para a rua, para a população comum, a discussão de questões ambientais, antes exclusivas de meios académicos. O tema "pulmão verde" tornou-se familiar. Falou-se na necessidade de criar mais espaços verdes nas cidades.
Árvores nas ruas, que purifiquem o ar, de folha caduca que dê sombra no Verão e deixe passar a luz nu Inverno. Uma política verde para o interior das cidades. Viram-na ser aplicada de forma consistente nos últimos trinta anos?
E um segundo pulmão para a área urbana de Lisboa? Desde sempre a dúvida foi onde o colocar. As edilidades sempre preferiram lotear terrenos para habitação (fechando os olhos a todos os indicadores demográficos que juravam a superação da oferta face à procura), para compensar uma incompetente gestão financeira.
Surge agora a Portela. A confirmar-se a deslocalização do aeroporto, o que fazer a tantos hectares?
Há quem já defenda mais uma mega-operação urbanística. Mas para que compradores? Não é suficiente o exemplo da Alta de Lisboa, sucessivamente sabotada e paralizada por uma CML que não cumpre acordos, auto-sabotada por uma SGAL que não soube apostar na qualidade do produto para que a oferta fosse indiscutivelmente superior à restante da cidade? Não é suficiente andar pela cidade e periferia e ver tantas persianas corridas, à espera de estreia?
Fazer da Portela um novo pulmão verde pode ser uma oportunidade para unir e formar uma população. Duarte Pacheco utilizou a mão-de-obra dos prisioneiros do Forte de Monsanto. Agora pode repetir-se a fórmula, mas alargar-se a experiência a todas as escolas da área urbana, ao cidadão comum que queira participar também. Era bom ver uma população unida com um objectivo comum: deixar uma herança de prosperidade e saúde para as gerações vindouras. Finalmente, isto não seriam palavras vãs, de circunstância.
20 comentários:
Tiago, nao podia concordar mais contigo.
ana
Ana, não podia discordar mais de ti.
Paulinho das F's
Por muito que me agradaria ter um "Central Park" à porta de casa, creio qe tal não passará de um simples desejo ou sonho.
Toda a área do aeroporto tem 2 grandes vantagens para ser um projecto imobiliário de maior sucesso que a Alta:
- os terrenos são unicamente de um dono (o Estado ou a CML, ainda não consegui confirmar, mas será apenas um deles).
- a zona apenas possui 2 pequenos bairros da lata, pelo que serão gastos muito poucos recursos para realojamentos.
Ao contrario na Alta, demasiados terrenos estão em muitas mãos, obrigando a sucessivos, demorados e custosos processos de negociação, que foram e continuarão a ser um grande impedimento à implementação dos projectos que todos conhecemos... inclusive os donos, que se fazem valer disso para ganharem o que desejam.
Na Alta, foram muitos os custos de casa que não tiveram retorno para o empreendedor.
A solução só poderia ser a de construírem-se casas caras, mas com qualidade relativa.
Estes 3 factores não serão bastantes para afastar os poucos compradores que já existem?
Um plano urbanístico para o aeroporto terá tempo para ser pensado, desenhado e maior facilidade de ser implementado, gerando maior rentabilidade para possíveis empreendedores. Esses poderão construir casas a preços mais elevados, nivelando-as "por cima", procurando complementaridade com a Expo.
Não há proximidade com o rio, mas já viram as vistas que se obtêm dali?
Espaço verde precisa-se, mas o verde não dá as receitas que os políticos tanto precisam e que as imobiliárias tanto gostam!
Não me admira ver, daqui a uns anos uma nova, mas outra, SGAL - a Sociedade Gestora do Aeroporto de Lisboa...
Paulinho sem pulmoes a cidade asfixia e os nossos filhos crescem com problemas respiratorios
ana
(minuscula, grao de areia que vive numa cidade com poucos pulmoes)
Quando começa a época dos fogos?
Se a ideia for plantar umas árvores e depois deixar tudo ao abandono como nos vamos habituando, mais vale assumir desde logo que é para urbanizar...
Ao ritmo de crescimento populacional e económico, fazer da Portela um grande aglomerado de prédios não sei se não será uma excelente forma de deixar a área ao abandono também. Ou então com uma população impotente para resolver os problemas de criminalidade, vandalismo e insegurança nas ruas. Ou mesmo, se o projecto acabar por ir ficar adiado por décadas (cruzes canhoto), se abata sobre esses nossos vizinho uma imensa sensação de frustração e "abandono".
Ou o abandono a que se refere é o do Parque Florestal de Monsanto, um pulmão verde integrado com parques infantis, ciclovias, zonas de lazer, vital ao equilíbrio ecológico da cidade, embora já insuficiente, e capaz de oferecer à população outro tipo de actividades desportivas e tempos livres?
Façam um Zoo, com leões, lagartos, águias, dragões, panteras, macacos, formigas, baratas, pulgas, e demais bicharada. Não se esqueçam dos macacos que por aqui são muito engraçados, e também dos papagaios bem falantes, daqueles que sabem dizer o que gostamos de ouvir.
Concordo
Eu também concordo desde que lá metam os piolhos e os respectivos piolhosos.
Que comentários fraquinhos. Estamos mesmo entregues à bicharada.
Enfim, acho a ideia muito bom, já tinha sido falada muitas vezes mas é bom trazê-la ao debate novamente. Prevejo grandes campanhas de descredibilização porque há quem ainda acredite em fazer negócio no imobiliário, mas o bom-senso deve prevalecer.
Viver, porque não fazer uma campanha pró-pulmão verde na Portela. Bem sei que faltam muitos anos para sair de lá o aeroporto, mas é bom que o debates seja lançado e as pessoas fiquem conscientes da importância do assunto. Pensem nisso. Parabéns pelo blog.
Porque a portela so tem um dono. Porque esse dono devia ter interesses acima do simples tostao. porque ter uma cidade saudavel a longo prazo tambem da tostao (menos baixas, menos despesas em tratar doencas cronicas respiratorias).
Por estas simples tres razoes deveria ser facil criar aqui um pulmao, nao e Sr. Socrates?
Falando a sério sobre coisas sérias:
O futuro é incerto e nenhum de nós sabe bem o que do dia de amanhã nos trará. Porém, ao analisar a evolução da sociedade humana e da sua marca deixada no planeta em que vivemos, podemos prever algumas linhas futuras. Nesta perspectiva, eu pertenço ao grupo de cidadãos do mundo que vê com certa apreensão o esgotamento das nossas reservas energéticas e materiais a uma grande velocidade. O grande motor do nosso desenvolvimento tem sido até hoje a utilização intensiva das reservas de hidrocarbonetos. Estamos a pouco anos de entrar na era do declínio de extracção de petróleo bruto à escala mundial. Os avisos estão feitos por dezenas de especialistas mundiais de primeira linha e os dados estão publicados na Internet e disponíveis a qualquer cidadão do mundo. O que me espanta é o facto de existir tanta falta de cabeça na projecção de grandes obras baseadas em ritmos de crescimento económico impossíveis de atingir nos próximos 20 ou 30 anos! Será que teremos necessidade de um grande aeroporto daqui a 20 anos ou 30 anos quando a capacidade de produzir combustível para os aviões (jet fuel) for metade da que hoje é produzida? Muito provavelmente daqui a 20 ou 30 anos o volume de produção de combustíveis não chegará para abastecer a frota colossal de aviões que diariamente percorrem os céus nos dias de hoje. O projecto do novo aeroporto devia ter este aspecto em linha de conta.
Eu gosto do projecto do arquitecto Carrilho da Graca
http://jardinandosemparar.blogspot.com/2007/05/aero-linking-park.html
Um Zoo Ok.
Águias nem pensar, não quero apanhar gripe.
Petróleo em Alta.
O segredo guardado no subsolo.
A Bacia Lusitânia situada desde Aveiro até Sines, é a área quente do petróleo português, abrangendo tanto a zona marítima como terrestre. As bacias sedimentares têm muitos grãos de areia e não só.
Ó Brocas, quer dizer que tanto na Alta como na Portela poderá haver Petróleo?
Eu já tinha ouvido falar que a Bacia Lusitânica tem um grande potencial energético, mas não sabia que a Alta/Portela estavam incluídas nessa zona.
do Publico
Carmona Rodrigues quer manter Portela
16.01.2008
O antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, Carmona Rodrigues, defendeu ontem a manutenção da Portela como um "aeroporto de cidade", vocacionado para "voos europeus, nacionais e particulares", e a libertação de cerca de três quintos da área ocupada actualmente pelo aeroporto para outros usos.
O actual vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa considera que a manutenção do Aeroporto da Portela "é estratégica para o posicionamento e desenvolvimento de Lisboa" e "para a afirmação de Portugal no contexto europeu, principalmente no turismo de negócios e de lazer". Encerrar esta infra-estrutura, argumentou o mesmo responsável, seria ignorar "um mercado emergente de aviões de curto curso, que não se importam de pagar taxas mais caras para estar mais perto do centro da cidade".
A proposta de Carmona Rodrigues é que o actual Aeroporto da Portela se mantenha em funcionamento com apenas uma das duas pistas existentes, que seria encurtada mais de mil metros, possibilitando a sua utilização por voos "que poderão ir até ao Centro e Norte da Europa, Regiões Autónomas e Norte de África". Tudo, explicou o ex-ministro, com o objectivo de servir "um mercado complementar" àquele a que se destina o novo aeroporto de Lisboa.
O autarca defende que esta alteração permitiria libertar cerca de 300 dos 510 hectares actualmente ocupados pelo Aeroporto da Portela, convertendo-os em "áreas para desenvolvimento tecnológico, empreendedorismo, serviços ou áreas verdes, em função da análise da respectiva vocação e reclassificação do solo". Inês Boaventura
Este Carmona ainda apita? Porque?
Eu aposto numa CIDADE ADMINISTRATIVA (Ministérios) de tipo Brasília, por vários motivos:
- pode, ainda assim, conemplar um ordenamento verde;
- pode ser um projecto de arquiectura de reerência internacional;
- tem viabilidade (política e económica);
- dá segurança à Alta, substituindo o mais que provável crescimento urbanístico desenfreado que a outra alternativa REALISTA traz;
- Devolve a Praça do Comércio à vida da cidade (esplanadas, restaurantes, lojas);
- tem boas acessibilidades mesmo para quem vem da A1 (Norte ou Sul).
Um Parque Verde aqui, só ia aumentar a insegurança (seria não tarda outro Bois de Boulogne...) e nós, felizmente, já temos o Parque Oeste e as Conchas;
Uma cidade administrativa traz consigo um tipo de classe média que permitiria ao STANLEY HO vender o que falta do imobiliário na Alta...
Pensem numa Brasília, com vista surround para o Mar da PALHA...E se for algo verdadeiramente icónico, e contiver um Centro de Artes (MUSEU, CONSERVATÓRIO DE MÚSICA e de TEATRO) ainda terá o retorno de turismo internacional que teve o GUGA em Bilbao - a melhor aposta de Espanha!!!!
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