terça-feira, 25 de setembro de 2007

Parque Oeste - um ano de utilização



A conversa que o Viver teve com as funcionárias da Divisão de Matas da CML ajudou a esclarecer alguns pontos relativamente ao Parque Oeste:

1. A CML abandonou o modelo de vigilância herdado da obra, com pessoal oriundo do bairro, por um mais moderno e sujeito a concurso público. A empresa Prosegur passou desde Julho a fazer vigilância ao Parque Oeste, com duas rondas diárias e entrega semanal de um relatório escrito com todas as ocorrências e danos patrimoniais registados.

2. Segundo as funcionárias, nenhum dos relatórios até agora entregues referiu os inúmeros actos de vandalismo e roubos registados entretanto.

3. As funcionárias dizem-se conscientes das diferenças de eficácia entre o antigo e o novo modelo de vigilância, assegurando ter já relatado a situação aos seus superiores hierárquicos.

4. Garante também a mesma fonte que existem vários erros de projecto no Parque Oeste, sendo um dos mais graves a deficiente drenagem dos solos. O projecto da arq.ª Isabel Aguirre Urcola aproveita a configuração em vale do terreno para recolher as águas das chuvas nas bacias distribuídas em vários planos. No entanto, por má drenagem de algumas zonas, a terra fica ensopada afogando as árvores.

5. A arq.ª aceitou que algumas espécies de árvores fossem trocadas por outras mais resistentes. Não foi o caso das palmeiras plantadas no topo do parque, que já foram substituídas duas vezes. A arq.ª responsabiliza os técnicos florestais pela morte das palmeiras alegando terem sido mal plantadas.

6. Reconhecem também as técnicas municipais que o Parque Oeste peca pela ausência de mais equipamentos e mobiliário para os utentes, escudando-se porém no projecto da arq.ª. Relembram que nem as papeleiras faziam parte do projecto e que só foram colocadas pela CML depois da obra ter sido entregue. Lamentam pouco poder fazer para contrariar a situação e propõem que os moradores enderecem cartas à CML para pressionar as alterações.



Há aqui coisas que não fazem qualquer sentido. Uma autarquia falida não pode ficar refém dos caprichos de uma arquitecta. Quando se projecta um parque urbano ou um edifício de habitação deve pensar-se não só nos custos de execução da obra mas também nos de manutenção. E se o Parque Oeste está a sair caro à CML há que fazer o diagnóstico da situação e encontrar soluções.

Um parque sem variedade de oferta para os utentes arrisca-se a ser pouco frequentado, ficando à mercê do vandalismo. Fazem falta bancos confortáveis, um café com esplanada, um parque infantil, um anfiteatro para realizar eventos culturais e uma pista de skate, por exemplo, para que mais gente ocupe, usufrua e viva este espaço verde.

Mesmo assim, isto não seria ou será suficiente para acabar com o vandalismo. Poderá atenuar, dissuadir, na melhor das hipóteses. É preciso intensificar todo o trabalho que algumas instituições fazem já com a população jovem do bairro que nalgumas horas desocupadas não encontra nada mais interessante do que plantar destruição. É necessário dar-lhes oportunidades de ocupação, mostrar-lhes outras formas de afirmação e intervenção cívica. Pouco interessa fazer juízos de valor; de nada serve às árvores que ainda não foram atacadas. É mesmo mais útil que se ponha os olhos no que a Mediateca do Centro Social da Musgueira faz, por exemplo, para se perceber que existem formas de canalizar para actividades muito criativas e produtivas a energia dos adolescentes. E um projecto como a Alta de Lisboa, que assume desde o início a integração de famílias problemáticas numa malha urbana renovada, devia encarar de frente o problema em vez de sonhar que basta construir prédios para a integração ser bem sucedida.

Leva décadas este trabalho. Por isso, enquanto isso, seria também sensato voltar ao modelo de vigilância anterior, aproveitando os bons vigilantes que foram empregues e são citados no vídeo e retratados em diversos posts sobre o Parque Oeste neste blog, de preferência pagando-lhe a CML directamente, sem intermediários. Adequava-se melhor ao plano de contenção orçamental necessário para a CML e poupavam o ridículo de serem enganados com relatórios feitos com copy paste.

Por fim, se os relatórios das funcionárias municipais de nada servem e se é necessário o protesto dos moradores, façamo-lhes a vontade. Envie-se emails em barda para o Vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes.

28 comentários:

Unknown disse...

Gostei mto desta reportagem Tiago! E que boa surpresa abrires logo com o Tom Waits :-)

Vou mandar um e-mail ao Sá Fernandes.

Unknown disse...

Ideia de empreendedorismo para pedir apoio no K'Cidade: constituir uma empresa de seguranças. Com tanto espaço público e condomínios com segurança privada...

Anónimo disse...

Tiago,

Parabéns pela reportagem do Parque Oeste. Ainda bem que voltaram aos assuntos realmente importantes da Alta. Comento negativamente qd. acho que o devo fazer mas paralelamente tb elogio qd sinto que o empenhamento e os temas são de facto importantes. Vou enviar tb um mail ao Zé.

PS. Tal conmo prometi, até ao fim desta semana envio as fotos do Parque das Conchas para eventual publicação.

Tiago disse...

Caro anónimo,

Estes posts sobre a Alta são uma constante neste blog, tal como desde sempre se abordou outros assuntos que não estariam na aparência directamente relacionados com o nosso bairro. Nunca me fez confusão esta coexistência, que considero extremamente salutar. Lamento que alguns dos leitores tenham manifestado da pior forma o seu desagrado, muitas vezes dirigindo-se aos colaboradores deste blog de forma pouco civilizada. Não foi o seu caso, reconheço.

Quanto à sua reportagem das Conchas, peço-lhe escreva também algumas linhas sobre o assunto, "diagnosticando os problemas e propondo soluções", para que o blog não possa ser acusado por anónimos de apenas ter uma postura criticamente destrutiva, reactiva e não pró-activa.

Um abraço,
Tiago

Meow disse...

Bela reportagem! Parabéns.

Anónimo disse...

Estas arquitectas conhecem parques só de passagem, de certeza nunca utilizaram um.. ou sabem como o fazer..
Aposto que os relatórios dos vigilantes são encomendados para que daqui a 2/3 anos a camara considere tirar a vigilancia do parque. De bom grado contribuiria mensalmente para um ordenado ao sr Rui.. Não podemos nós através da comissão de moradores tratar disso? é que já não acredito na camara...

Alx disse...

Posso pedir a vossa opinião?

http://grafitosdalx.blogspot.com/2007/09/mandei-uma-sugesto-ao-sr-presidente-da.html#links

Ana B. disse...

Parabéns por mais uma excelente reportagem do CanaLta 17b!

Eu já enviei o meu mail. Animem-se!Não custa nada.

Ana B. disse...

Para os mais preguiçosos, aqui vai o que escrevi ao Sr. Vereador:


Exmo. Senhor Vereador,

Venho por este meio alertar para a necessidade de manutenção de um excelente espaço verde da cidade de Lisboa: o Parque Oeste na Alta de Lisboa.

Ainda por terminar, constitui já um dos espaços verdes privilegiados da cidade. Demorou muito tempo a surgir e, certamente, significou um dispendio avultado de verbas do municipio. No entanto, a sua manutenção e segurança deixa muito a desejar.

O Parque Oeste vale a pena! Enquadra uma nova realidade urbanística e social que necessita urgentemente, tal como toda a cidade de Lisboa, de espaços de qualidade.

Não deixe morrer este...

Consulte, por favor, www.viveraltadelisboa.blogspot.com

Melhores cumprimentos,

Ana B.

Anónimo disse...

Por acaso estava curioso para saber se esta virtude do vandalismo chegava ao Parque Oeste como chegou anteriormente a todos os outros espaços públicos da Alta de Lisboa.
Infalivelmente chegou lá.
É sinal que tudo está como sempre esteve e que ninguem se preocupou em controlar a zona.
Tudo na mesma....Tristeza.

Anónimo disse...

Tambem ja mandei o email ao Ze, mas acho que ele esta-se nas tintas para Alta. Se fosse no Principe Real on na Lapa, talvez.

A solucao e constituir uma comissao de moradores e voltar a contratar o "Rui" para dar uma biqueiradas nos meliantes que andam a vandalizar o Parque.

susana disse...

Eu troco as biqueiradas por serem os próprios meliantes a plantar as flores ou a cortar a relva ou a pintar os muros...

Pedro Veiga disse...

Por este andar pouco sobrará deste parque. Por vezes passo de manhã na ponte pedonal e ainda não me tinha apercebido bem do grau de destruição a que chegou.
A nota comum a toda esta zona é este tipo de vandalismo, que não poupa o parque nem qualquer outra estrutura edificada. As entradas do condomínio onde moro (Colina de S. Gonçalo) são bons exemplos das actividades de tempos livres da malta jovem com a barriga cheia de açúcar!
Diariamente, de preferência durante a tarde, começam a circular pelas ruas dos prédios de venda livre alguns jovens de tenra idade atirando umas pedras. Depois, com a chegada da noite, são substituídos por outros mais velhos já com força de adulto que complementam a actividade dos outros. E é nesta altura que ocorrem os eventos mais graves: vidros partidos, pedras que atingem automóveis, roubos nas caixas de correio, arranque das portas das bocas de incêndio, roubo dos extintores, apedrejamento dos candeeiros, etc., etc.
Diremos que nesta zona quando chegam determinadas horas da noite ouvimos a voz da nossa consciência a dizer "temos que recolher porque estão a chegar os malfeitores da noite". Enfim, isto é o alegre convívio entre classes sociais!
Oxalá melhores tempos venham!
Bravo Tiago pelo oportuno documentário e pelo excelente post.

Pedro Veiga disse...

Também já enviei um email para o vereador Sá Fernandes!

Anónimo disse...

Pedro Veiga,

Nunca imaginei q para esse lado as coisas já estivessem tão más !!!! Quase q vale a pena contratar umas milícias para virem trabalhar para aqui... olha, aquela empresa q foi despedida lá do Iraque :) !!! não me importava de pagar 10 €/mês para q limpassem (definitivamente)a escumalha que vive à nossa conta e que ainda se entretém a destruir... começo infelizmente a acreditar q temos q adoptar o estilo do Brasil.... já que o Estado é impotente para solucionar estes problemas de insegurança ....

Pedro Veiga disse...

Sim, o estado é impotente e os "miúdos" são inimputáveis.
A parte mais setentrional da Alta de Lisboa está como que numa linha da frente de uma espécie de guerra lenta, mas com efeitos visíveis. As ruas têm uma hierarquia muito marcada. Isto só melhorará com outras condições de apoio social para esta miudagem. Mais desporto, mais actividades de formação profissional e mais integração social. Sem isto, nada feito, por mais palmeiras que se ponham nas ruas ou nos parques.

Anónimo disse...

Tanbém já mandei um mail. Se todos mandarmos talvez dê em alguma coisa... Eles tem que voltar a pôr lá o tal Rui, estes vandalismos começaram há 2 ou 3 meses desde que o mandaram embora. 2 Rondas por dia da Prossegur é o mesmo que nada.

Grande reportagem! Digna do sixty minutes!

Anónimo disse...

s segurança pública faz-se com polícia de segurança...pública, nem apenas com vigilantes, nem com segurança privada! Por este andar fazem ousourcing da presidência da CML, do Governo...

Sobreda disse...

Antecipando uma resposta a qualquer eventual interpretação dúbia, esclareça-se que ambos os textos são uma mera coincidência temporal, pelo que se assegura, desde já, que não houve qualquer ‘acordo’ prévio entre os redactores, quer deste excelente artigo, quer de uma Recomendação específica apresentada na Assembleia Municipal de Lisboa, ambos na passada 3ª fª, dia 25 de Setembro.

A referida Recomendação versa apenas, e pontualmente, sobre o art. 25º do PUAL, o “Eixo Pedonal na Alta de Lisboa” e foi apresentada pelo Grupo Municipal de “Os Verdes”, tendo sido aprovada por Unanimidade por todos os agrupamentos municipais.
Apenas o texto, e, por enquanto, ainda não a acta dessa reunião, pode ser consultado na página da AML em http://pev.am-lisboa.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=78&Itemid=36

Na parte deliberativa propunha-se à CML que “Assuma que o Eixo Pedonal constitui um elemento de valorização deste território, da qualidade de vida dos residentes na zona e de modernização de Lisboa; e que se empenhe na rápida concretização do projectado Eixo, mantendo a deliberação de inclusão da pista dedicada, pedonal e ciclável, no quadro da realização das diversas infra-estruturas complementares ao Plano de Urbanização do Alto do Lumiar”.
Para obviar qualquer tentativa de contestação posterior, foram entregues à srª Presidente da Mesa da AML fotos recentes sobre esta zona do Alto do Lumiar.
Em conversa à margem da sessão da AML, e interpelado especificamente sobre a questão, um dos assessores do sr. vereador dos espaços verdes confidenciou que não está prevista qualquer ligação ciclável à Alta de Lisboa.

E agora ficam as perguntas: Então e o PUAL? E a deliberação de 2001, repito 2001, na AML? E quais os efeitos da aprovação, agora por Unanimidade, nesta nova recomendação da AML?
Então estamos todos de acordo: “e-mails em barda”...
Uma pequena nota final apenas para referir que foi de novo denunciada – também com fotos recentes entregues à Mesa – a ‘intromissão’ do Colégio de S. Tomás nos caminhos pedonais e nos espaços verdes do topo sudeste da Quinta das Conchas. Para que conste.

Anónimo disse...

Eu gosto é das tias com os seus carros em 2ª fila a deixar as criancinhas no colégio de S. Tomás e o trânsito todo parado até à zona da rotunda... às oito e meia da manhã é uma delícia, imperdível....dá-lhe Falâncio !!!!

Anónimo disse...

Caro Tiago,
Eu sou um dos tais anónimos abjectos que ousam criticar pela calada... Perdoe-me a imodéstia (própria de um umbigo rechonchudo, como gosta de referir) mas folgo muito constatar que agarrou numa das minhas sugestões (no comentário que fiz a um seu post muito comuna sobre o hino da CCCP...) de assuntos a focar com urgência (fica a faltar a questão do caos que se adivinha com abertura do eixo n-s sem resolução das circulações internas). Aliás, os seus dois últimos posts, na minha modestíssima opinião (apesar do umbigo latejante...) são de grande qualidade e interesse - o do pedido de informações de potenciais moradores pelo sentido de oportunidade, a reportagem sobre o parque por estar muito bem escrita e a tocar na ferida na medida certa (a questão da troca de seguança e dos erros de concepção são mesmo os pontos essenciais...)
O Parque, pela sua dimensão (principalmente deposi de concluido), qualidade e custo, justifica a existência de um guarda a tempo inteiro (de bicicleta, ou talvez com um daqueles aparelhos engraçados de duas rodas que têm os guardas do colombo). Desta vez valeu a visita.

Tiago disse...

Estou cheio de medo de lhe fazer explodir o umbigo, mas a César o que é de César: os seus comentários fizeram-me ver a luz, deixei-me dessas coisas de mau gosto como andar a mostrar hinos que apesar de bonitos estão conotados com o comunizzezzezzmo, e comecei a escrever sobre assuntos directamente relacionados com a área onde o ilustre leitor habita. Muito obrigado pela dica do Parque Oeste. Se não fossem os seus comentários lúcidos e sempre oportunos jamais teria conseguido ver o problema, quanto mais pôr-me a especular sobre as causas.

Anónimo disse...

Vocês aí no blog são de facto muito susceptíveis, irónicos e corrosivos. Não passa nada sem resposta trauliteira, são, em suma danados prá porrada! Se calhar a solução para os problemas da falta de segurança do parque está convosco...

Tiago disse...

Olhe que não, olhe que não...

Anónimo disse...

E onde pára a PSP? Foi privatizada?

Anónimo disse...

Totalmente de acordo com o "anónimo disse..." de 29/09/2007-10H49m

E ONDE PÁRA A PSP? FOI PRIVATIZADA?

É matéria para um post ou não?

Outro "anónimo disse..."

Tiago disse...

Força, caro "anónimo disse".

Já por várias vezes nos mostrámos aqui no blog receptivos aos dotes de escrita e investigação dos leitores. É pegar na caneta, escrever a prosa, juntar uma ou outra imagem porque o pessoal cansa-se de ler coisas com muitas letras e poucos bonecos, e enviar aqui para a redacção. Prometemos publicação, se passar pelo condescendente crivo editorial. Vale a pena o esforço, o pessoal aqui é muito tolerante e têm corrector ortográfico, caso seja necessário.

Anónimo disse...

Julgo que a polícia foi cedida, tal como a escola, para fazer segurança privada ao novo colégio, em frente, em troca de cinco vagas para os filhos dos polícias (que vivem com piores rendimentos do que os desvalidos da Alta, mas não foram realojados...)