segunda-feira, 9 de julho de 2007

Eleições Viciadas?, de João Ramos de Almeida


Por um voto se ganha, por um voto se perde. As eleições autárquicas de 2001 representaram o fim de um ciclo político. Por uma vantagem de 856 votos na noite eleitoral, o PSD foi a principal força política na capital e Pedro Santana Lopes tornou-se presidente da Câmara Municipal, no lugar do socialista João Soares, contribuindo para a demissão do primeiro-ministro António Guterres. As suspeitas de fraude eleitoral levaram o Ministério Público a investigar e, por fim, a encontrar indícios, «se não de uma conduta intencionalmente falseadora da verdade eleitoral, pelo menos grosseiramente negligente do desempenho das funções de membro da assembleia de apuramento geral».

Este livro é o resultado de uma análise exaustiva dos documentos eleitorais dessa votação e d recolha de depoimentos de autarcas e pessoas ligadas à campanha de Lisboa. Da sua leitura, sobressairão numerosas discrepâncias reveladoras de um processo de escrutínio eleitoral – desde o recenseamento até à publicação dos resultados em Diário da República – significativamente permeável a erros, à adulteração, intrusão ou intenção dolosa de alterar o sentido de voto dos eleitores, eventuais actos que tornam impossível afirmar com segurança quem, efectivamente, ganhou as eleições de 2001 em Lisboa.

Texto da contracapa do livro Eleições Viciadas? – O frágil destino dos votos – Autárquicas de 2001 em Lisboa, de João Ramos de Almeida, publicado pela D. Quixote em Junho de 2007.


Opinião de José Pacheco Pereira, aqui.

4 comentários:

Ana B. disse...

Em vésperas de mais um escrutínio em Lisboa, este alerta é muito oportuno. Pelo menos chamará a atenção para este assunto para que uma situação destas alguma vez venha a acontecer... (outra vez?)

Eu... fiquei curiosa. E não deixo de me questionar sobre qual teria sido o percurso de Lisboa, o percurso do país, se os resultados autárquicos tivessem sido outros em 2001.

Pedro Cruz Gomes disse...

Infeliz ou felizmente a história não pode voltar atrás, Ana... Mas é um exercício curioso: teria Guterres descoberto a teoria do pântano se tivesse mantido Lisboa? E a manter-se no cargo por mais um tempo, o que aconteceria a Barroso - mantersi-a Durão ou mudaria para Jose Manuel? Quem seria o presidente da Comissão Europeia? E o Alto-Comissário para os Refugiados? Por onde andaria PSL? Seria Cavaco o presidente de todos os portugueses?

São mesmo uma borboleta a bater asas na China estes oitocentos e tal votos...

Pedro Veiga disse...

De facto tudo pode mudar com uma simples contagem de votos! Mas atenção: o governo de Guterres começou a cair com a queda da ponte de Entre-os-Rios (início de Março de 2001), muitos meses antes das eleições autárquicas (Dezembro de 2001). Foi uma desgraça para muita gente que teve um alto preço político.
Mais tarde, já depois de Durão Barroso nos ter enchido com a história da "tanga" e de ter fugido para Bruxelas, o governo de Santana Lopes caiu depois de anunciada tolerância de ponto aos funcionários públicos, entre o dia 5 de Outubro e o fim de semana correspondente.
Assim se prova que as pontes, sejam elas de calendário ou reais, ajudam a derrubar governos.

Anónimo disse...

Freguesia de Alvalade, o busilis de todo o problema, mas João Soares, sabe-se lá porquê, não quis obrigar a uma recontagem dos votos, nessa freguesia, ainda hoje para quem quiser observar os resultados de todas as freguesia de Lisboa, mesmo as mais á direita, em nenhuma as listas do PSD conduzida por Santana Lopes e a lista do CDS conduzida por Paulo Portas, obtiveram 63% dos votos, só nessa.

Foi um resultado ÙNICO e por isso muito estranho.