domingo, 22 de julho de 2007

Ciclovias na cidade


Falou-se de utilização de bicicletas em Lisboa na última campanha eleitoral, mas nem sempre da maneira mais esclarecida. O prof. Marcelo chegou a dizer que se havia cidade onde não fazia sentido falar em bicicletas era em Lisboa. Concordo em parte com ele, as colinas são terríveis, mas Lisboa não se resume a planos inclinados só acessíveis a atletas. Toda a zona desde o Marquês até (imaginem!!!) à nossa Alta de Lisboa, e já agora, Telheiras, Benfica, Expo, incluindo ainda toda a baixa e zona ribeirinha, faz-se perfeitamente de bicicleta. O maior obstáculo é mesmo a falta de condições e segurança que se apresenta a um ciclista no convívio com o resto do trânsito.

Não parece lúcido imaginar-se um modelo holandês, onde nas cidades não há rua sem ciclovia, e todo o país está ligado também, mas era excelente criar-se uma rede de ciclovias nas artérias principais da Lisboa que permitisse a deslocação segura e saudável para bicicletas. No restantes percursos, pois que se fosse então com cuidado, ou, no limite, com a bicicleta pela mão. Mas esta introdução seria um passo de gigante.

Que na Lisboa Antiga não se pense nisso é compreesível, mas na restante cidade tem sido mesmo falta de vista da CML.

Burgos, no Norte de Espanha, obecede a estes princípios. As ruas não têm ciclovias, mas os principais eixos viários tem uma faixa à parte para bicicletas. As consequências já são palpáveis, a utilização de bicicleta tem crescido nos últimos anos.

10 comentários:

Anónimo disse...

De facto o incremento de condições para uma melhor utilização da bicicleta em Lisboa é um tema premente e que ajdaria a resolver bastantes problemas de tráfego e estacionamento nas zonas referidas no post.

Sou utilizador de bicicleta diáriamente em Lisboa e sei do que estou a falar... de facto as colinas de Lisboa são menos ingremes do que as demais resistencias culturais e de civismo dos condutores.

Em relação ao Post, gostaria apenas de dizer que na Holanda menos de 20% das vias onde se usa bicicleta tem de facto ciclovias. A sensação de que há ciclovias em todo o lado é porque cá não temos (quase) nenhumas. Muitas ruas de sentido único para automóveis permitem bicicletas nos dois sentidos, por exemplo...

Em relação a Lisboa, ainda há pouco tempo fiz o eixo desde Santa Apolónia até telheiras, numa bicicleta "pasteleira" (a posição de conforto é essencial e tem 6 velocidades) em 35 minutos.

Parece-me um tempo razoável. è importante referir que estavam cerca de 18 graus e foi durante a noite, portanto com pouco trânsito automóvel. Não sou atleta e o que eu fiz está ao alcance de muitos Lisboetas.

O grande problema é acreditar!

Boas pedaladas.

P.S.- Para quem não anda de bicicleta é muoito tempo recomendo percursos mais pequenos, ir ao pão, ao café, para a escola/trabalho... Só o hábito ajuda a melhor conhecer a cidade.

António

Miguel Carvalho disse...

O António antecipou-se.. Mas eu queria também sublinhar que a ideia que na Holanda (Dinamarcas e afins) todas as ruas têm uma ciclovia é totalmente falso.
Não sei o número certo (até pode ser 20%) mas serão menos de metade de certeza.

De qq maneira, faz bem em levantar a questão!

Sobreda disse...

Caro Tiago.
Há uma passagem com a qual discordo, que é quando se afirma que “tem sido mesmo falta de vista da CML” em criar-se uma rede de ciclovias nas artérias principais da Lisboa que permitisse a deslocação segura e saudável para bicicletas.

Não existe qualquer problema ‘oftalmológico’. Bem pelo contrário. Há sim uma clara ausência de vontade política. Pior. Tem havido ‘má vontade’ dos executivos camarários ao não implementarem as repetidas propostas de “Os Verdes” entretanto aprovadas unanimemente na Assembleia Municipal.
Como, por exemplo em Setembro e Novembro do ano passado (ver http://pev.am-lisboa.pt/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=20&Itemid=36&limit=9&limitstart=9).

Para quem não o saiba, aqui ficam alguns links e respectivos comentários que permitem recordar algumas dessas anteriores iniciativas, remetendo para alguns anteriores artigos, por exemplo, “A CDU e as Vias Cicláveis em Lisboa”, publicado no dia 7 de Julho de 2007, no URL http://cdulumiar.blogs.sapo.pt/67706.html como também a recente síntese “A descoberta da pólvora” no URL http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/07/descoberta-da-plvora.html bem como “Alternativas de transporte” no URL http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/06/alternativas-de-transporte.html citando iniciativas da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta.

Leia-se também outras anteriores notícias em http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/02/de-entrecampos-telheiras-perdeu-se.html e em http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/02/espera-do-reboque-do-carro-vassoura.html

Ou ainda outros exemplos vindos de fora como “O Comité Económico e Social Europeu pede aposta na bicicleta” http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/05/o-comit-econmico-e-social-europeu-pede.html e “Colina acima, sobe, sobe a calçada!” em http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/02/colina-acima-sobe-sobe-calada.html

Se conseguiram ter ‘paciência’ para (re)ler tudo, constatarão que iniciativas fundamentadas, propostas reais e recomendações várias (na AML e CML) são o que não tem faltado. Recentemente, muitos candidatos ‘acenaram’ fotogenicamente para a comunicação social; nós insistimos com medidas que permitam regular a circulação facilitando uma mobilidade saudável. Por isso, continuamos atentos e disponíveis para voltar à liça e agendar novas acções, procurando sempre o diálogo tripartido com as associações interessadas e as instituições responsáveis.

Pedro Veiga disse...

Aqui em Portugal somos~uns pobres de espírito com a carteira recheada ao ponto de ninguém se importar de estar duas vezes por dia todos os dias no pára e arranca a queimar combustível e a poluir a cidade.
Infelizmente esta é a realidade das nossas cidades porque a incomodidade de ir nos transportes públicos, a pé ou mesmo de bicicleta é tal que acaba por não ser uma opção convidativa para a grande maioria das pessoas.
Após a festa da campanha eleitoral, em que todos os candidatos anunciaram medidas ecológicas, a rotina volta e tudo fica na mesma.
Lá para Setembro ou Outubro, com o regresso das actividades lectivas, voltam os ciclos dos grandes engarrafamentos. No pensamento dos autarcas fica sempre a esperança de que a abertura de mais um viaduto, um nó de auto-estrada ou um túnel possa resolver os problemas dos engarrafamentos. O cidadão, especialmente aquele que não anda de carro particular, terá que esperar mais anos pelo dia em que a cidade será devolvida ao peão.

Tiago disse...

Obrigado a todos os que me ajudam a moderar a tendência para o exagero. Lembrando melhor, nem todas as ruas têm ciclovias, é verdade. E a sensação de que têm deves-e sobretudo a serem todas (ou quase todas, vá lá, corrijam-me se estiver de novo a ser impreciso) cicláveis, mesmo não tendo a pista chamada ciclovia.

Quanto à falta de vista da CML, não estava a condenar todos que lá têm assento, mas a real eficácia da CML com planeadora e gestora do trânsito em Lisboa. Mas, já agora, a CDU não esteve no poder na CML coligada com o PS? Porque não se avançou nessa altura?

Seja como for, parabéns pela visão actual e votos de que a vossa voz seja ouvida nos próximos dois anos.

Pedro Cruz Gomes disse...

Tiago,

Se bem me lembro, a CDU esteve na mesma coligação que aprovou os túneis do Campo Pequeno e da João XXI. Acho que também foi a mesma coligação que promoveu as obras de requalificação do colector que implicaram refazer toda a 24 de Julho sem se cuidar de implantar (teria sido tão fácil...) ciclovias.

Isto de se fazer propostas na oposição é sempre mais fácil do que as implementar quando se está no poder...

Pedro, a que peão vamos devolver a cidade: ao que, como nós vive na cidade a milhas do centro ou aos que vivem na periferia e todos os dias se deslocam para a cidade? Como é que nos transformamos em peões quando estamos a tantos quilómetros dos nossos locais de trabalho? Eu até sei a solução (colocar o trabalho no "mesmo" bairro onde se habita) não sei é maneiras de a implementar...

Anónimo disse...

É muito mais importante fazer tuneis em (quase) todos os cruzamentos do que colocar ciclovias. Juntando isto a mais estacionamento (subterraneo ou em silos) no centro da cidade, temos o problema da mobilidade resolvida sem ser necessário atafulhar a cidade de bicicletas.

Sobreda disse...

Caros Tiago e Pedro,
Compreendo que talvez o meu anterior comentário tenha sido demasiado extenso e com demasiados links para serem seguidos com atenção, parecendo-me normal que não tenham conseguido aperceber-se de quem teve, de facto, a iniciativa de, pela primeira vez, ter implementado as primeiras ciclovias em Lisboa: na altura, o vereador da CDU, claro.

Para que não vos restem qualquer dúvida ou a qualquer outro leitor do blogue 'Viver na Alta de Lisboa' aqui deixo o link com um recente comunicado de ponto de situação sobre o estado das ciclovias:

www.dorl.pcp.pt/cdulisboa/index.php?option=com_content&task=view&id=341&Itemid=43

Que posteriores Recomendações para se continuar o projecto, interrompido em 2001, tenham sido aprovadas por Unanimidade na AML, mas nunca cumpridas pela CML, tirarão daí os munícipes as suas ilacções.

É que de 2001 para cá, “nada foi feito, pelo contrário, cortaram-se vias construídas, deixaram-se degradar as que permaneceram, pararam tudo o que estava em construção”.

Em suma, o importante hoje é que todos continuem a 'pedalar' em direcção ao mesmo objectivo.

Anónimo disse...

Boas!

Também sou adepto do cicloturismo (associado da FPCUB) e também gosto de dar umas boas pedaladas em Lisboa (mesmo que pra lá chegar tenha que subir a Calçada de Carriche... que estafa). Há algum tempo escrevi no meu blog sobre este assunto e deixei alguns pontos fortes e fracos do cicloturismo em Lisboa. A ideia é também usar o google earth para assinalar os diversos troços/percursos cicláveis bem como zonas a evitar. Aceito ajudas e testemunhos =)

http://omeublogdenotas.wordpress.com

Anónimo disse...

Massa Critica - Sexta-feira, 28 de Setembro

Aveiro
18h00
Ponte Praça

Coimbra
18h00
Largo da Portagem

Lisboa
18h00
Marquês de Pombal

Em Lisboa faremos a Massa Crítica dos Executivos, para mostrar que a bicicleta não serve apenas para lazer ou para desporto (obrigando a calção de Lycra, camisola colorida e mala xpto), mas também é um meio de transporte que pode e deve ser usado por qualquer pessoa em qualquer ocasião.

Veste o teu casaco, calças e camisa, saia ou vestido.
Calça o teu sapato de escritório, sandália ou sapato alto.
Vem pedalar.

Porto
18h00
Praça dos Leões

O que é a Massa Crítica?
A Massa Crítica (Critical Mass) é um evento que ocorre tradicionalmente na última sexta-feira do mês em muitas cidades pelo mundo, onde ciclistas, skaters, patinadores e outras pessoas com veículos movidos à propulsão humana, ocupam seu espaço nas ruas. No Brasil e em Portugal, há um movimento ciclista inspirado na Massa Crítica, chamado Bicicletada. Os principais objectivos da Bicicletada são divulgar a bicicleta como um meio de transporte, criar condições favoráveis para o uso deste veículo e tornar mais ecológicos e sustentáveis os sistemas de transporte de pessoas, principalmente no meio urbano.

Mais informações:
www.massacriticapt.net

“Anda de bicicleta todos os dias, festeja uma vez por mês”