segunda-feira, 23 de abril de 2007

Bolor

Dei por mim a ler pela enésima vez o post do Tiago ali de baixo (sim, aquele que tem a imagem de uma secretária de quatro pernas) e a pensar em como este país pouco mudou em certas coisas nos últimos trinta e três anos (é giro, 33 é um número bíblico, será que vai ser este ano que chegará a prometida rev(o)el(u)ação?).

Continuamos a achar que quem não é por nós é contra nós.

Continuamos a achar que quem aponta defeitos só existe para nos atacar.

Continuamos a reagir atacando quem nos critica.

Continuamos a tentar derrubar o mensageiro sem ligar pevas à mensagem.

Somos pequeninos, o que querem.

(Distrai-me, mais uma vez... estava a pensar em quê, quando me perdi nesta evocação do programa do António Barreto? ah, sim)


É ESTE BLOG CONTRA A ALTA DE LISBOA?

Continuar a ler

aqui puxo dos meus galões: se houve alguém de entre os escribas deste espaço que tenha sido directamente acusado disso, your's trully está na linha da frente)

Não sejam disparatados. Como o Tiago se tem cansado de escrever (e deriva das nossas inseguranças autistas e arrogantes treslermos o que os outros escrevem) o que este blog é mais é a favor da Alta. E que melhor modo de se ser a favor do que procurar apontar e eliminar defeitos? Qual é o consumidor melhor servido - o que compra conhecendo a fundo as qualidade e defeitos do que leva ou o que é alienado por campanhas côr-de-rosa que varrem para debaixo do tapete do futuro os problemas latentes que o esperam?

Quem é que é contra a Alta - este blog de discussão livre onde as opiniões valem pelo que são e onde todos terão sempre a hipótese de as contestar em caso de discórdia ou de infactualidade, ou as entidades que promovem por omissão atrasos nos prazos de conclusão das infraestruturas, na resolução de problemas, na concretização de promessas? Quem faz descer os preços das casas - quem lhes aponta os defeitos ou quem as definiu assim?

E, para os distraídos, vou ser claro (mais uma vez): vivo na freguesia do Lumiar há 35 anos, sou vizinho da Musgueira/Alto do Lumiar há 35 anos e não tenho dúvidas de que prefiro ter à minha porta uma Alta de Lisboa com qualidade de vida, com espaços urbanos de qualidade, com comércio de proximidade, com infra-estruturas terciárias funcionais, à alternativa anterior. Tenho dúvidas - muitas dúvidas - se esta foi a melhor opção para a cidade de Lisboa, pelo que a ocupação plena do bairro vai significar em termos de ainda maior esvaziamento das zonas mais centrais (a menos que a mesma se faça à conta do esvaziamento dos concelhos periféricos, facto do qual ainda duvido), pelo acréscimo de fluxos para o centro de serviços, pela ainda maior descentralização habitacional (ou, se quisermos, pela acentuação do zonamento da cidade). Mas sou pragmático: a urbanização da Alta é um facto obviamente irreversível e, como tal, trabalhar para o seu ocaso, para além de imbecil, não traria benefícios as nenhuma das partes, pelo que nunca me passou nem passará pela cabeça perder um minuto do meu tempo com isso. Fui convidado para participar neste blog e aceitei fazê-lo, com a perspectiva de ajudar, de fazer parte da solução. Muitas vezes e principalmente através da provocação, da ironia ou do humor. Porque sou assim e porque acho que a maneira portuguesa dos paninhos quentes só nos leva ao sítio onde já estamos. E porque gosto muito do Mário Henrique, do José Maria e do Ricardo.

Se não gostarem, olhem, problema vosso. Se não reagirem, olhem, problema meu.

7 comentários:

Anónimo disse...

Continue, o blog está excelente.
Há pessoas que só sabem falar mal. Se não gostarem de ler que não leiam.

António disse...

Este é o meu blog favorito. Obrigado.

João Baptista disse...

Chamam-me maluquinho da Alta. Porque estou sempre a seguir os blogs, porque já há 8 anos que sigo este projecto, porque já é a minha 3ª casa comprada à SGAL na Alta... sei lá, só posso mesmo ser maluquino, mas a Alta é um projecto em que acredito, os meus filhos estão a crescer com a Alta e ... adoro o Parque das Conchas, o fim de tarde no Parque Oeste, sei lá...

Sou maluquinho da Alta e deste blog - acho que, desde que o Tiago se aventurou nisto, não houve um único dia que eu não faça um refresh ao site ... no emprego, em casa ... nas férias, sei lá... é mais forte do que eu.

"Mas será que eu não tenha nada mais interessante para fazer do que andar a ver os blogues da Alta!??" - pergunto-me eu... pois... primeiro a família claro...

Parabéns ao Tiago pelo seu blog - e atenção que não é em todo o lado que se pode ler o tipo de escrita que aqui se produz - textos elucidativos, bem escritos, com conteúdo e muita vontade de mostrar o que é a Alta - para o bem e para o mal. Para o mal para que se possa melhorar/corrigir. PAra o bem porque tem potêncial.

Bom, só queria mesmo dar os parabéns ao VIVER_(bem)_na_Alta_de_Lisboa!!

Rodrigo Bastos disse...

um Excelente e Clarissimo Post!

susana disse...

Tenho para mim que quem acha que este blog é do Contra é porque realmente não o Lê!

Vê uns Títulos mais provocatórios, e generaliza. Depois comenta com terceiros e esses acrescentam-lhe vários pontos (negativos)!

Senhor@s, convém LER na horizontal, e não na diagonal, antes de abrir a boca para tecer comentários sobre os quais não se sabe o conteúdo.

A propósito, tive ontem uma aula de dança, cujo tema principal era a Liberdade!
Parece que a temos cada vez menos!
Talvez seja este o ano da Rev(o)el(u)ação!

Pedro Veiga disse...

Foi num dia de Outono em finais do século XX que eu vi pela primeira vez um anúncio sobre a Alta de Lisboa. Era um fim de tarde de um daqueles dias chuvosos. O comboio com destino a Sintra ia muito cheio de gente com um ar cansado de mais um dia rotineiro. No painel dos anúncios destacavam-se frases do género “Lisboa em alta, preços em baixa” ou “Lisboa ao melhor preço”. Na altura o país vivia em plena fase de decréscimo dos juros e numa outra situação económica. A procura de habitação estava em plena força, tudo se vendia num estalar dos dedos. Na minha rua, situada num local modesto de Queluz, os andares recém construídos eram vendidos numa questão de dias. Era raro ver anúncios “vende-se” colados nas janelas. Não sei porquê mas o anúncio referente à Alta de Lisboa aguçou a minha curiosidade sobre o local da urbanização.
Só anos depois, em 2001, é que tive oportunidade de tomar contacto com a realidade da Alta de Lisboa ao visitar a área de intervenção. A informação fornecida pelos vendedores da SGAL foi muito abundante e fiquei deveras convencido que o projecto tinha muita força para avançar a bom ritmo.
Hoje estou ciente de que apesar das falhas há mais aspectos positivos do que negativos. A pouco e pouco começa a notar-se a diferença entre a cidade planeada e a cidade construída parcela a parcela. Contudo, há a meu ver, muitos aspectos negativos que podiam ter sido contornados. Quando se aposta em força numa urbanização de dimensões colossais como esta é necessário ter em mente que o atraso na construção das principais vias de acesso pode comprometer a viabilidade do projecto. É óbvio que a resolução deste complexo problema envolve muitas entidades, sendo que os maiores entraves têm sido causados por dificuldades na libertação de terrenos necessários à construção. São entraves como estes que causam angústias a muitos moradores porque se sentem enganados à luz de promessas que tardam em ser cumpridas. Isto aconteceu de uma forma gritante quando houve mexidas na estrutura da rede viária provisória sem uma avaliação ponderada das consequências (no Outono passado). Nessa altura eram inúmeros os comentários desfavoráveis.
Outro aspecto menos bom é esta aposta em dispersar as áreas em construção complicando o processo de consolidação urbana. Continua a haver muitas “ilhas habitacionais” o que só por si gera sensação de insegurança. Como nestas zonas não há vida própria de cidade as ruas são frequentemente invadidas por grupos de jovens “muito agitados” que riscam, estilhaçam ou amolgam as fachadas das urbanizações. O resultado é terrível: em pouco tempo a sujidade, os vidros partidos e os borrões nas paredes vestem a nova cidade com tons deprimentes.
Para lá destes aspectos negativos fica a esperança de uma melhor Alta de Lisboa, cheia de ruas que liguem os novos aos velhos caminhos, que façam a ponte entre todos os núcleos habitacionais, porque a cidade é de todos.

Anónimo disse...

Boa Noite,

Antes de mais..parabens pelo blog, que leio com frequência.

Relativamente aos problemas que vamos enfrentando, continuo absolutamente convencido que se todas as pessoas que habitam a Alta de Lisboa se recensseassem e votassem no Lumiar...a historia seria outra..

Resolviam-se melhor os problemas que dependem da CML e mesmo alguns dos que não dependem...

Miguel