Apesar dos atrasos no projecto, das expectativas goradas, das inércias burocráticas, da indiferença do poder perante a vida nas cidades, vale a pena viver na Alta de Lisboa? As feições do rosto desta parte nova da cidade são visivelmente diferentes de ano para ano? Se voltassem atrás no tempo tomariam outra opção na compra de casa? Vale a pena apostar neste projecto pelo que ele representa no futuro? Mesmo havendo ainda aspectos desagradáveis neste bairro, há outros mais agradáveis que justificam viver aqui?
Há 5 anos
6 comentários:
Bom, eu estou a gostar de viver aqui. Tanto que vendi uma casa na Alta de Lisboa e comprei outra no prédio ao lado. Tive tempo de me arrepender, ainda vivi 1 ano na primeira e já vivo há 1 ano tb na segunda.
Tirando uma casa alugada, de traça antiga, mesmo no centro da cidade, onde tb vivi 1 ano, de todos os sítios que experimentei na grande Lisboa, este é o que prefiro. A principal razão, é a centralidade. Ainda que ache que poderia e deveria estar mais bem servida de transportes públicos, a sensação de poder ir a pé para o metro, como fui ontem em 10 min, mesmo com uma barrigona de mais de 8 meses, é de uma liberdade incrível! Para mim é mto libertador não ter que pensar em estacionamento.
Outra mais valia, para mim, tb é poder ir a pé a uma zona verde como o P. das Conchas. Acho um verdadeiro luxo na cidade de betão.
E, finalmente, a area e preço da casa, que não conseguiria noutro sítio, especialmente tão perto do centro (embora a qualidade dos acabementos deixe a desejar e a relação consumidor/SGAL seja difícil!).
A cada dia que passa tb abre uma loja nova e torna-se mais cómodo/fácil viver aqui.
São estas as razões que me fazem ficar.
Agora, é certo que há coisas que têm mto espaço para melhorar... E que não melhoram, como tu bem demonstraste, por inércia burocrática. Isso é uma tristeza e faz a realidade ficar mto aquém do projecto e muito aquém do que poderia, JÁ, ser. Como pontos negativos saliento o badalado trânsito (é certo que o é assim noutros sítios, mas por aqui há condições para poder não ser assim); a sujidade nas ruas (é uma pena ler no Público que não é uma prioridade (!!!), não compreendo; o atraso na construção de algumas infraestruturas anunciadas: o caso do centro de saúde provisório é uma anedota (há necessidade de ser assim???), a falta de creches tb é notória (eu sei que faltam em todo o lado, mas penso que o ratio criança/adulto na Alta de Lisboa deve ser dos mais elevados em Lisboa, neste momento).
E pronto, é o meu balanço de 2 anos de experiência!
Pois eu ainda tenho algumas dúvidas!
É certo que me agradam bastante os parques verdes - só de pensar que posso ir correr ou andar de bicicleta para tão perto de casa...-, a coerência entre os quarteirões e a via pública, a futura existência do complexo desportivo e melhores assessibilidades, mas ao mesmo tempo ficou preocupada com o futuro da Alta com a permanência dos realojado, não pela sua condição económica, mas pela falta de educação cívica que é notória nos Jardins de S. Bartolomeu.
Não me parece que no futuro, os nossos filhos estejam seguros na rua à noite a conversar com os amigos!
Por outro lado, a relação qualidade/ preço dos apartamentos é perfeitamente inconcebível. Já vi na zona sul da expo apartamentos aos mesmos preços e com melhores acabamentos.
Revolta-me a "esperteza" literalmente saloia, dos empreiteiros de alguns deste edíficios...
Aguardo pela malha 6. Até lá tenho tempo para pensar.
!!!mas as coisas começam a mudar....claro de forma lenta como a lesma!
Desculpem! Não eram os Jardins de S. Bartolomeu que eu queria referir, mas a colina de S. Gonçalo! Baralham-se os santos! Mas a Santos e Castro baralha mais gente!
É difícil responder a uma pergunta destas depois de ter perdido meia hora para fazer 500 mts da R. Helena Vaz da Silva até à Santos e Castro. Parece-me de qualquer modo errado avaliar uma escolha tão importante como o local onde morar, por 1 mês (ou 6 meses) de trânsito infernal. Claro que há muitos outros problemas mas eu conto viver na minha casa umas dezenas largas de anos, espero beneficiar de tudo o que este projecto tem de bom por muito tempo.
Apesar de viver rodeado de obras, de pó e de trânsito continuo convicto que escolhi bem o local onde morar e não estou arrependido da escolha que fiz.
No meu ponto de vista considero que viver na Alta de Lisboa continua a ser uma boa opção, apesar de todos os aspectos negativos relacionados com o facto de ser uma zona em construção.
Há muitas situações que poderiam ser melhoradas já nos próximos meses:
Relação da SGAL com os clientes e as administrações dos condomínios. Não é a melhor, pelos os exemplos que conheço. No caso da Colina de S. Gonçalo temos problemas gravíssimos relacionados com falhas no projecto que nunca mais são resolvidos. Quem mora neste empreendimento decerto que se lembra dos famosos andaimes que muitos nervos deram a todos os moradores! Pois bem, este problema não está ainda resolvido porque continuam a cair as lajes das fachadas. A SGAL promete (?) arranjar de novo as fachadas. Quando? Como? Não se sabe.
Foi de facto reforçado o transporte público. Um aspecto bem positivo para quem deseja viver num ambiente urbano menos poluído e mais em consonância com o futuro próximo que será pautado pelo elevado custo dos combustíveis fósseis. Pois bem, as ligações da Alta de Lisboa com as zonas circundantes permanecem um caos! Hoje de manhã, mais uma vez, foi extremamente difícil sair deste bairro. Entrei no autocarro 701 pelas 8:55 na esperança de chegar o menos molhado possível à estação de metro da Ameixoeira. Sugeri ao condutor para fazer um pequeno desvio ao que ele me respondeu dizendo que era boa ideia. Assim, o autocarro saiu da rua Tito de Morais, virou para a direita e tomou a rua Melo Antunes, virou à esquerda e entrou na Av. Sérgio Vieira de Mello e rapidamente chegou à Azinhaga de S. Bartolomeu, evitando o caos do cruzamento da Tito de Morais com a Av. Kruz Abecassis. O pior foi passar a azinhaga… Para quando melhores ligações que sejam prioritárias para os transportes públicos? As ligações com as estações de metro são muito, muito importantes!
De resto ficam as coisas realmente boas! Poder andar, andar de bicicleta, usufruir dos espaços verdes já existentes e pensar num futuro melhor, muito melhor, decerto com muito menos automóveis e mais espaço para os nossos pés! Se assim não for, as nossas cidades entrarão a breve trecho em franco declínio.
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