segunda-feira, 31 de julho de 2006

Um parque para ser vivido ou um parque para ser visto?




A Inauguração do Parque Oeste é uma óptima notícia mas vai haver um problema grave a resolver: a relação do Parque com as pessoas.

Parece-me sensato esperar que um parque implantado mesmo no centro de uma zona residencial seja pensado em função das pessoas, que tenha algumas infra-estruturas de apoio (um bar, uma casa de banho, bebedouros de água), que tenha alguns equipamentos de lazer (parque infantil, skate park, zona de patinagem por exemplo) e que seja também seguro. Não acredito em parques construídos exclusivamente para serem bonitos, não acredito em parques residenciais que não tenham nem 50m2 de terreno plano onde se possa jogar à bola. Não acredito em parques onde não se possa descansar, falar ou ler um livro confortavelmente sentado num banco de jardim. Não me parece razoável também que numa zona onde há tantas crianças entregues a si próprias, se façam pontes tão altas ou lagos com ½ metro de profundidade (sim vai haver crianças de 2 e 3 anos por lá provavelmente acompanhadas por outras de 5 ou 6 anos).

Corro o risco de estar a ser injusto e espero estar completamente errado, mas parece-me que o Parque Oeste foi concebido mais para encher o olho de potenciais compradores de casa na Alta de Lisboa do que para ser vivido por quem lá habita.

Nota: Para esclarecer algumas dúvidas há dois meses enviei um e-mail à Arquitecta responsável pelo Parque não obtive qualquer resposta.

9 comentários:

Ana disse...

Ola Joao
Tem razao nas preocupacoes e questoes que levanta. Mas...
Em relacao a profundidade do lago, nao e assim tao profundo. Lembro-me do lago no jardim do Campo Grande que e/era bem mais profundo. Em relacao as areas planas. No prolongamento do parque (que ja esta a ser construido) ha uma pista de atletismo e talvez espaco para se poder jogar uma peladinha.
Nao se pode ter tudo. Se e um parque num vale (ha planos inclinados) e com muita relva (e preciso agua).
Infelizmente nao podemos impedir que haja criancas nao supervisionadas por adultos. Ainda nao sei como viver com essa situacao. No que me toca sempre que estou num parque publico, ou mesmo no do meu condominio. Estou sempre a prever situacoes de risco. (uma crianca a brincar em frente a um baloico, uma crianca a correr sem olhar para os mais pequenitos, um pai desatento enquanto um pequenito trepa alto demais...).
Quanto aos bancos, nao entendo francamente a ideia da arquitecta. Adoro ler um livro ou simplesmente sentar-me confortavelmente a ver animadores de rua ou os meus filhos a interagir. A solucao e uma toalha de praia ou uma manta e sentarmo-nos na relva, suponho?
Quanto ao lixo e casas-de-banho e outra que nao entendo. Assim como a iluminacao noturna.

Tiago disse...

Também desconfio muito da utilização daquele Parque, João. Os lagos não me assustam. Acho que vão ser usados como piscinas, mas duvido que alguém se afogue ali. Já a ausência de bancos, de iluminação, de sombras (que vão levar uns anos a existir), parecem-me mais graves. Não sei se a estratégia é puramente comercial para ficar bem nas janelas dos apartamentos por vender. Aquela faixa verde está inserida no projecto do Ribeiro Telles do Parque Periférico de Lisboa, a SGAL encomendou o desenho do Parque à arquitecta espanhola. Terá imposto corte de despesas com o equipamento urbano? Talvez... Mas se ela assinou o projecto está a dar o nome por um parque que pode falhar. Ou acredita no projecto e nós é que estamos a ver mal o quadro, ou borrifou-se para a deontologia.

Pedro Veiga disse...

Mas há possibilidades de mudar o que está mal? São estes projectos de arquitectura definitivos? A palavra e a vontade dos habitantes não conta? Por que razão temos de estar sujeites a estas absurdas imposições arquitectónicas? A arquitectura existe para servir os cidadões e portanto todos os projectos devem (e podem!) ser adptados à realidade.
De qualquer forma, com todos os defeitos, a abertura deste parque foi um alívio para a zona norte da Alta de Lisboa. Acabou a "ilha habitacional" e agora já é, pelo menos, uma "península habitacional". Já se pode ir a pé até ao sul, ao encontro da cidade perdida!
Lisboa precisa muito de parques, muitos mais e muito melhores do que este!

Ana disse...

tanto tempo a pedir pelo parque e agora nao ha nada para dizer de bom?

João Tito Basto disse...

Claro que há, que abriu finalmente, está bonito e tem uma enorme mancha relvada onde vai apetecer fazer umas belas sestas (mas ainda vamos ter que esperar uns anos para arvores crescerem e haver sombra!)

A disse...

Pode ter sido completa falta de observação minha, mas como é que se entra para o parque vindo da Rua Helena Vaz da Silva? Além de existir um bom pedaço de terreno, ainda em bruto, pareceu-me estar vedado, pelo menos deste lado. Embora não me tenha aproximado muito, pareceu-me um espaço muito agradável, embora com nítida falta de sombras. As crianças sem supervisão já lá andavam, mas sobretudo na parte onde circulam as retroescavadoras que, penso, estarão já a preparar o nascimento de mais um condomínio. Apesar de tudo, fiquei muito satisfeita de podermos contar com mais um espaço verde. Espero é que a sua manutenção e segurança (ou falta delas!) não deitem tudo a perder.

Tiago disse...

Realmente a única ligação existente do Parque Oeste com a zona Sul da Alta de Lisboa é feita pelo caminho pedonal, ainda por acabar. O terreno de terra será o estaleiro da malha 6, a lançar em Março de 2007.

João, continuo sem conseguir ver a fotografia. Sou só eu ou não estou sozinho?

Tiago disse...

Et voilá! Já a vejo. Eram os meus óculos que estavam sujos.

Zeca disse...

Vou começar pelo fim.
Então achas que eles te davam a resposta?
Quanto ao parque, todos os parques sem excepção devem de ser corridos e apreciados pelo nosso olhar.
Sem nós, eles não são nada.
Fica bem