segunda-feira, 10 de abril de 2006

Vale de Odivelas



Este é o vale de Odivelas. Uma longa faixa de terra que passa por Póvoa de Santo Adrião, Ramada, Santo António dos Cavaleiros, e se estende até Loures. A impermeabilização do solo, com a construção sucessiva de urbanizações e ruas de alcatrão, interrompendo linhas de água é motivo de preocupação. Este é, aliás, um dos cavalos de batalha do Gonçalo Ribeiro Telles. Com todo o vale impermeável, com poucos espaços verdes, a capacidade de absorção de água no solo diminui. Assim, a água das chuvas é levada a descer na cota até à zona de Odivelas, onde se concentrará provocando cheias. É uma questão de tempo, diz-se, dado o planeamento errado. Houve já episódios de precipitação abrupta que provocariam esta situação: em 1967, em 1983 e 1997.

O cartaz à direita, colocado pela Câmara Municipal de Loures, diz: "Mantenha o concelho limpo. Melhor ambiente, mais saúde."

Ingenuidade ou ironia?

4 comentários:

Ana Louro disse...

Este post lembra-me toda a lógica dos corredores verdes defendidos pelo Arq. Ribeiro Telles. Aqui na Alta onde estão eles?. Depois de tudo construído haverá ligação (verde) entre os dois grandes Parques? Será que o Eixo Central e o Campo Novo e as árvores a plantar ainda (esperemos que já com algum nível de crescimento quando plantadas e não apenas troncos sem ramos) vão cumprir esse papel? Esperemos que sim. Que no mínimo isso possa ser acautelado.

susana disse...

Aprendi na sexta-feira, nas Jornadas de Ambiente da Quercus, em colinas, a construção se deveria desenvolver na meia encosta, deixando o topo com zonas verdes para receber as águas da chuva e o vale para, a escoar.

Assim sendo não compreendo porque há tantas cheias em tantas zonas de Lisboa?

Por absurdo que pareça, a colina oposta a esta fotografia, preenchida de habitações clandestinas e, obviamente, urbanamente caóticas, estão situadas na meia encosta.

Sem nenhuma qualidade/ intenção estética, ambas nos ferem a alma. Uma por não ter tido controlo, fiscal/ camarário, a outra por terem pago para não o ter - até porque, se repararmos, não faz muito sentido o mesmo edifício ser fiscalizado mais que uma vez, mesmo que seja construído em 5 Municípios diferentes!

Pedro Cruz Gomes disse...

Quanto às cheias em Lisboa parece-me que a maioria delas têm a ver com a inadequação do diãmetro dos colectores existentes face aos novos loteamentos ou com o entupimento de sarjetas e sumidouros.
Quanto às cheias do vale e da Ribeira de Odivelas, penso que, dos vários factores, os mais importantes serão o aumento da impermeabilização dos solos (gerando maiores caudais de cheia) e o entupimento/eliminação de linhas de água o que reorienta esses caudais para outras linhas ou provoca um acumular excessivo para a capacidade das mesmas ocorrendo um caudal violento e destrutivo quando, ao atingirem um volume suficiente, transpõem os obstáculos existentes.

Quanto à qualidade arquitectónica - quantos destes edifícios tiveram o seu projecto licenciado? Quase todos... De que adianta falar de fiscalizações quando eles são autorizados a nascer assim?
Se calhar foram todos projectados por engenheiros...

Tiago disse...

Amiga bolota, já ontem aqui voaste e gostámos muito da tua presença! Nós também gostamos muito do teu blog, tanto, tanto, que até o linkámos

Volta sempre!