domingo, 26 de março de 2006

Olivais Sul



O Bairro dos Olivais Sul começou a ser construído em 1959. De promoção municipal, abrange uma área de 186 hectares destinada a 38250 habitantes, na maioria em regime de habitação social, distribuídos por 7996 fogos. Tal como na Alta de Lisboa, quis heterogeneizar-se o bairro com edifícios para realojamento e outros de venda livre. Com base nos ideais da Carta de Atenas, com ligeiras alterações ao mais purista e antecessor Olivais Norte, procurou fazer-se um bairro onde os conjuntos edificados estivessem ligados pela estrutura verde, com ruas de acesso restrito para cada bloco ligadas a um esquema viário principal. A qualidade de vida dos moradores foi uma das principais preocupações dos urbanistas do projecto, os arquitectos Rafael Botelho e Carlos Duarte. No entanto, é costume dizer-se que o projecto falhou.

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Não falo por mim, cito de cor. Mal conhecia os Olivais, tinha ido lá umas duas ou três vezes. Mas hoje resolvi passear por lá a pé, que é sempre a melhor maneira de se conhecer as cidades.




As ruas não são largas para os carros. A prioridade é dada à circulação pedonal com largos passeios. Aqui há daqueles bancos com encosto muito confortáveis que o Parque Oeste não vai ter. As árvores são de folha caduca, mas no Verão isto deve ter uma sombra agradável.




Cá está uma das ruas de acesso estrito aos prédios de habitação. Existem vários becos sem saída nesta configuração urbana. Deste modo a circulação automóvel é feita nas ruas principais, longe dos edifícios de habitação, protegendo as pessoas da poluição sonora e atmosférica.




E aqui mais um exemplo da distância entre os prédios e a via de circulação automóvel.




Isto não vos lembra o quarteto de Liverpool?




E esta não tem também ares da Grã-Bretanha?




Aqui está mais uma contribuição para o nosso debate sobre os grafittis. Desta vez uma vaidosa declaração pública de civismo feita por uma vítima de um qualquer acordo ortográfico que eu já não apanhei no Liceu. Ou então por alguém com o dom da levitação.




Encontra-se também trilhos entre os prédios aumentando as possibilidades de deslocação no bairro.

O que terá falhado afinal nos Olivais, segundo Teresa Valssassina Heitor, foi o adiar durante décadas da construção do núcleo central do bairro. Não havendo a devida proporção e relação entre habitação e empregos, os Olivais transformaram-se num bairro dormitório.

Gostava de ler mais sobre isto. Se alguma coisa falhou, o que falhou, o que podia ter sido melhor. Mas desconfio que as opções urbanísticas não podem ser responsabilizadas nesse logro. Que mal fazem as árvorezinhas, as ruas pacatas, os passeios largos e os jardins com bancos de encosto? Porque é que então hoje não se pensa sempre neste moldes?

Teresa Valsassina Heitor aponta Harlow, uma cidade próxima de Londres, como exemplo de sucesso na aplicação da Carta de Atenas. Poderá a Alta de Lisboa ser também um dia apontada como exemplo bem conseguido de um planeamento urbano bem realizado e executado? Quais as condições para que isso aconteça?

21 comentários:

Ana Louro disse...

Também acho que as "boas" opções urbanísticas não podem ser responsabilizadas por um bairro não ser vivido. Comparando os dois projectos - Alto do Lumiar e Olivais - parece-me que este último talvez tenha sido mais bem pensado em termos do que referes - ruas estreitas, passeios largos, ligações pedonais, corredores verdes, fachadas afastadas umas das outras, permitindo ao bairro respirar. Depois não funcionou como tal dada a distância entre local de morada/local de trabalho, tornando-o num bairro dormitório. Já se sabe que tem que haver integração entre habitação e empresas, comércio tradicional, serviços, escritórios, equipamentos sociais, educação e desporto, transportes e turismo. Parece-me que actualmente a Alta já caminha um pouco para a cidade periférica-dormitório, quase suburbana. Tenho esperança que se possa inverter essa tendência, mas para isso é preciso mudar-se a estratégia e concretizarem-se urgentemente alguns equipamentos - ensino, centros de dia, mercado municipal, hotelaria, funcionalidade das vias de comunicação e transportes e espaço para os meios suaves de mobilidade. Mas como já aqui se falou temos que dar atenção também ao casco histórico de Lisboa, deserto de habitantes. Não devíamos ter permitido nunca a construção desenfreada ao longo da linha de Sintra, por exemplo, nem centros comerciais e hipermercados. Alguns dirão que isso permitiu o crescimento económico dos últimos anos. O problema é que isso não foi sustentável. Os sectores das obras públicas, do automóvel e dos combustíveis têm beneficiado com opções que tornaram quase estúpidas as vidas da maioria das pessoas, completamente dependentes do automóvel. Claro que a economia se teria aguentado também se as opções tivessem sido outras. O crescimento teria sido mais lento e progressivo, mas não teria estagnado. Ter-se-ia gasto mais em cultura do que em gasolina e seríamos mais saudáveis e felizes. Acho eu.

Tiago disse...

Achas tu e acho eu também.

Pedro Veiga disse...

Também eu penso assim.

Sérgio disse...

Sem pôr em causa o facto de não se ter atingido o sucesso urbanístico, tal como o definiram os urbanistas dos e para os Olivais, parecer-me-ia mais interessante questionar os seus habitantes sobre a forma como vêem o seu bairro e como o comparam com outros de Lisboa.
Por vezes parece-me que tendemos a achar que existe apenas uma forma correcta de planear/conceber o urbanismo, que há uma visão perfeitamente estabelecida e aceite de como se devem distribuir as zonas residenciais e de serviços.
Não penso que tenha de ser necessariamente assim. O facto de não se terem fixado nos Olivais as empresas e o comércio que fariam desta zona um local plural não tem de ser em si um fracasso. Talvez as próprias pessoas agradeçam que assim seja. Têm afinal o privilégio de morar em Lisboa sem no entanto abdicar de tranquilidade e ar puro, de parques que convidam ao passeio e de infra-estruturas de qualidade.
Mas se calhar, o fracasso não foi só a este nível. Talvez a integação social não tenha corrido como esperado. Mas não li referências a este aspecto no artigo.

Tiago disse...

Porém, há várias questões ainda a reflectir. Seria possível integrar comércio e emprego no bairro sem abdicar dos espaços verdes e sossego, parece-me. Talvez até diminuisse o tráfego automóvel por não haver necessidade de deslocação longas, as pessoas poderiam vir a casa almoçar com os filhos que também frequentavam a escola no bairro.

É óbvio que nem todos os moradores trabalhariam dentro bairro, mas não vejo qual a vantagem de perder uma ou duas horas de tranpostes diária entre casa e emprego como acontece na maioria dos moradores da Grande Lisboa. Tal como não vejo a desvantagem de se poder sair à rua para ir a uma café, à mercearia, a um restaurante, ao cinema, a um bar, por exemplo, se se consigir integrar tudo isto no bairro sem prejudicar o sossego dos moradores à noite.

Também não vejo porque razão se pensou de forma tão honesta e bem intecionada a cidade em 1960 e agora assistimos ao reinado da incompetência nas câmaras municipais, da corrupção nos licenciamentos e na fiscalização, transformando campos e baldios em cidades grotescas onde anos mais tarde se gastam fortunas em programas Polis para corrigir os erros do passado. Num país a sério isto seria impossível. Num país a sério a corrupção daria cadeia e as pessoas exaltavam-se e ofendiam-se se não desse.

Mas é verdade que há muitas coisas ainda a saber sobre a história destes bairros e dos porquês dos sucessos e insucessos. E para além de perguntar às pessoas que lá moram o que acham de morar ali, seriam interessante saber onde trabalham, quanto tempo têm livre, que rendimento têm ao fim do mês, quanto desse rendiemnto gastam para se deslocar entre a casa e emprego, etc. Alguém sabe se algum destes estudos está feito?

Rodrigo Bastos disse...

Falando só do tema das empresas, grande parte delas está a "fugir" de Lisboa, pois pagam menos impostos municipais noutras localidades vizinhas (ex: oeiras) e o aluguer ou compra de edificios é bem mais em conta. É simplesmente uma análise custo/beneficio.

É algo que a CML também deveria trabalhar, pois Lisboa é das cidades mundiais onde o custo de construção por m2 é mais elevado. Temos aqui também a ajuda dos "nossos amigos" especuladores imobiliários pois teem mais-valias exorbitantes e querem sempre ter um retorno do investimento fácil, rápido e multiplicador.

Unknown disse...

Eu conheço algumas pessoas que moram nos Olivais (embora só lá morem há pouco tempo) e adoram o lacal. É calmo, verde e tem o metro à porta (agora!). Foi um dos locais para onde falamos hipoteticamente em mudar no futuro (não procuramos activamente casa ali pela falta de garagens, apenas; além dos preços da Alta estarem em baixa e estarmos sempre a idealizar o futuro).

Tb só estou a falar de cor. Os Olivais poderão ter sido um projecto falhado quando foram construidos, e pensados. Acho que é a memória que as pessoas guardam. Mas hoje parece-me ser um sucesso. E quem não conheceu os Olivais de então e apenas conhece a realidade de hoje não vê o projecto como algo falhado.

Acho eu.

Rodrigo Bastos disse...

Também eu tenho uma boa impressão dos Olivais e cheguei a ver casas para aqueles lados:) Tudo depende dos critérios utilizados para a avaliação...

Também eu gostava de "passar os olhos" nesse estudo que o Tiago questionou uns comments em cima :)

Pedro Veiga disse...

Eu vivi durante muitos anos nos Olivais e ainda vou lá frequentemente visitara minha família. Foi ali que cresci e que frequentei muitos dos anos da minha escolaridade. Olivais um bairro cheio de verde e de sombra nos passeios, onde o trânsito automóvel é discreto. É pena não se ter continuado com os bons exemplos do urbanismo deste bairro.

Pedro Veiga disse...

Grande reflexão, caro Miguel! Hoje de facto os Olivais é um bom exemplo de vivência de bairro dado que amadureceu com o tempo. Mas em tempos recuados, na década de 1970, também tinha os seus gangs só não da forma organizada de hoje e, talvez por isso, menos ameaçadores. Também havia vandalismo muitas vezes protagonizado por filhos de pais de bem com a vida. Lembro-me dos inúmeros ataques aos vidros, elevadores e campaínhas do prédio onde vivia. No caminho para a escola a travessia do vale do silêncio era sempre problemática. Várias vezes tive que fugir de bandos de miúdos que me pretendiam assaltar. Vários vizinhos adultos eram assaltados à porta de casa. Hoje está tudo um pouco melhor apesar de continuar a haver assaltos. Ainda há bem pouco tempo um vizinho dos meus pais viu a sua arrecadação assaltada tendo ficado sem as suas ferramentas de trabalho!
Não há soluções óptimas numa sociedade cheia de desiquilíbrios onde ainda por cima os nossos governantes teimam em acabar com os serviços públicos de qualidade.
A Alta de Lisboa poderá vir a ser um dia um sítio calmo e equilibrado desde que a UPAL, SGAL e empresas saibam respeitar o plano urbano previsto. No entanto, há muitas dificuldades a vencer no horizonte: acabar com as ilhas urbanas, construir estardas, ruas, passeios e caminhos pedonais seguros e de qualidade, construir as infra-estruturas socias de apoio (mais escolas, creches, centros de saúde, centros de apoio social e de desenvolvimento profissional, etc.). Como isto ainda está longe de estar concluído é óbvia a sensação de insegurança que todos temos na Alta.
Há que intervir fazendo ver a quem tem o poder na mão que não é assim que se faz uma cidade. O urbanismo não é construção de casas e mais casas para vender, vender e vender. O urbanismo deve servir os habitantes e não os especuladores imobiliários e todos os parasitas em sua volta. Devemos, por isso, continuar a denunciar e a descrever todos os aspectos bons e maus da cidade que se vai fazendo, para que sirva de alerta e de ensinamento a todos!

susana disse...

Permitam-me que partilhe convosco um pequeno suspiro!
Ontem estive no Montijo a trabalhar, e no final do expediente, decidi, com os meus colegas de trabalho, tomar um lanche de despedida do trabalho que já fazem juntos há ano e meio.
Estávamos na esplanada por volta das 18.30, e na maioria das mesas só se viam casais sozinhos, ou com filhos, ou com o cão, descansadamente a apanhar sol, a ler um jornal, a lanchar, qual domingo - era segunda-feira.
E uma pessoa pergunta-se: será que estas pessoas não trabalham? Sim, trabalham, mas talvez a proximidade entre casa e emprego seja curta, e cedo estão em casa, ou antes de ir para casa aproveitam para descansar, e apanhar sol como se sempre estivessem de férias...

Penso que no fundo é um pouco indiferente, se existem empresas a conviver no mesmo espaço/bairro que as habitações, desde que o sistema de transportes permita que não se desperdiçe muito tempo à espera que cheguem quer às paragens, quer aos locais de trabalho/casa.

Na minha opinião um "bairro dormitório" pode ser mais agradável, mais calmo, fazendo parecer que se está sempre de férias, mas é obvio que é necessário que existam os pontos de comério básicos de apoio a essa população.

Por momentos tentei associar o plano de pormenor dos Olivais ao da Expo. Se excluirmos o facto de que este está mais próximo do rio e as construções são novas, apesar de algumas serem esteticamente muito pouco sec.XX ou XXI, o conceito está muito próximo ao dos Olivais. A rua de edifícios de escritórios está bem separada das zonas de habitação. No entanto durante a semana os residentes têm dificuldades em estacionar (o que acontece também ao fim de semana, com a grande quantidade de pessoas que aí vão passear, pois perto das suas casas não existem espaços que lhes permitam fazer esses passeios).
Não me parece que a existência de tantas empresas, conduza a que quem aí vive seja quem aí trabalha. O comércio básico é escasso, concentrando-se todo num centro comercial.

Resta agora saber afinal em que moldes se pretende desenvolver a vivência na Alta de Lisboa?
A política de integração social parece-me bem, desde que aconteça um acompanhamento regular dessas famílias, pois as "regras" habitacionais e de convivência, terão de ser adaptadas.

Termino, com um ultimo suspiro:
Se existem tão bons resultados, tanto de exemplos de integração social, como de qualquer outro desempenho político ou governamental, porque é que não se copiam? Não se trata dizer: "Ah e tal,... porque não fomos nós que inventámos...", mas sim, que seguimos os bons exemplos!

Nesse caso por favor não copiem mais novelas e programas televisivos estrangeiros, copiem antes algo de que se possam orgulhar!

Tiago disse...

Susana, essa imagem das pessoas a ocupar o fim de tarde na esplanada diz tudo sobre a qualidade de vida que as cidades deviam ter. Tempo para nós, para os outros, para viver. Viver não é perder duas horas por dia em filas de trânsito e chegar a casa cansado e sem energia para a família. Isso é morrer lentamente.

Claro que é difícil conjugar emprego e habitação, mas deve impulsionar-se o mercado de arrendamento a preços razoáveis para que as pessoas possam finalemnte fazer a opção de morar perto dos seus empregos. Depois é também importante repensar nos transportes, dando previlégio aos transportes colectivos. Por fim, tornar as cidades agradáveis para que passar um fim de tarde na esplanada seja realmente regenerador.

A Gata Cristie disse...

Eu vivo nos Olivais. Comprei lá casa em 2003. Escolhi aquela zona por várias razões: ao pé do metro, com imenso espaço verde e ao pé de serviços. Eu costumo dizer que ali é como se estivesse numa aldeia dentro da cidade de Lisboa. Aquilo que me agrada da zona:

1. Dispomos ali do Olivais Shopping que é sempre 1 melhor opção p jantar q o Vasco da Gama (para quem goste de serenidade) e que possui imensas lojas que satisfazem as necessidades do dia-a-dia e de lazer: papelaria, lojas de roupa, loja de animais, bancos, blockbuster, loja de ferragens, loja de viagens, cinema, loja de móveis,...
2. Dispomos ainda de 2 mercados municipais e por baixo de alguns prédios, podem encontrar-se várias lojas: dos bancos, às lojas dos 300 ou dos chineses, ao talho, à mercearia.
3. Ouço os animais, vejo imensos melros e a minha cadela corre pelos prados ali espalhados, sem perigo de passar um carro.
4. Os miúdos também costumam brincar por ali: ou a jogar futebol, a andar de bicicleta ou simplesmente entretidos com qualquer coisa.
5. Ainda tenho vizinhas que ficam à janela a ver a vida passar.

6. Para o trabalho vou de metro, n há geralmente problemas de estacionamento,...

7. No meu prédio encontra-se de tudo - desde empregadas domésticas a engenheiros. Nunca tive problemas.
8. Já se faz selecção porta-a-porta (aliás foi 1 das primeiras freguesias a implementar este sistema).

Por todas estas razões continuo a considerar os Olivais 1 óptima opção para se viver (para quem goste de tranquilidade e de espaços ao ar livre).

Teresa Durães disse...

(deveria conhecer alguém daqui????)

o prédio onde vivi até aos 20 anos aparece numa destas fotografias

eheheheh

just guess

Anónimo disse...

quem for dos olivais sul avise o meu mail e sofia____loirinha@hotmail.com

Anónimo disse...

Ola..
Olha se poderes adiciona o meu mail...
Porque persisava de falar contigo sobre os olivais...
Mas pur favor ADICIONAME!!!
nelma_fofinha@hotmail.com

Anónimo disse...

eu gostava de saber um pouco mais sobre as torres do Manuel Tainha, com "cor de sangue de boi, para combinando com o azul do ceu e o verde da relva"
lcarricita@hotmial.com

Anónimo disse...

estou longe deste lugar onde nasci, e permaneci até aos meus 21 anos. Adorei ver as imagens deste tão sugestivas, daquele que outrora era um dos bairros mais verdejantes de Lisboa. Vou pouco aos Olivais, mas qdo posso aproveito para dar uma voltinha a pé- è mto agradável.

joão belo disse...

excelente post, excelentes comentários. venho de um blogue, Oluivesaria, onde nos dedicamos a detalhar memórias traçadas de futuros sobre o bairro onde crescemos. irei, assinalando, levar alguns destes comentários para o blogue. obrigado

Anónimo disse...

Adoro os Olivais! E o que mais impressiona é que tem sempre algo para descobrir. E também proporciona aquele bem-estar que necessitamos ocasionalmente. O que me magoa é ver estes ditos passeios largos a perder espaço para vias rodoviárias sem necessidade. Como foi com Av. Marechal Gomes da Costa antes da expo98. Abateram mais de 100 árvores, eliminaram o separador entre as faixas de circulação mas não satisfeitos, ainda foram retirar uns metros ao passeio. Resultado: o ruído aproximou-se das casas de habitação e se formos a ver, a avenida continua a poder ser atravessada a pé, porque o tráfego nunca foi intenso. Eu que morava ali costumava ver viaturas pararem para fazer um pique-nique debaixo das árvores em frente à minha casa! Achava o máximo, que pudesse acontecer uma coisa destas numa cidade movimentada, à beira de uma avenida principal. Mas é verdade: as famílias paravam ali, comiam por uns 20 minutos e partiam. No meio da cidade! Também escutava os pássaros e divertia-me a observar a natureza, os melros, os pardais, a natureza a conviver entre os prédios. Costumava acordar com o canto dos pássaros! Nunca deixei de poder ir a algum lado devido há distância. O bairro sempre foi servido de excelentes formas de transportes. Para apanhar um taxi era só esperar na estrada. O problema nos transportes não está na oferta, mas sim na quantidade. Porque de cá para lá, para ir bem perto usando a carris, há que apanhar duas viaturas e aguardar minutos entre elas. Nesse aspecto, os olivais foi muito prejudicado. Os 15 minutos a pé que faço de casa à Gare do Oriente, levaram 45 minutos de autocarro, tal são as voltas que este vai dar pela freguesia e mesmo fora dela! Jurei para nunca mais. Em suma: os olivais é de tirar a respiração. Procurem fotografias. Vão ver que o verde predomina. E é verdade que a habitação social de antigamente nada tem a ver com a de hoje. As pessoas desses bairos na década de 60 eram muito trabalhadoras e correctas. Vinham da província, queriam vencer e trabalhar. Hoje os realojados são da cidade mesmo, já conhecem as oportunidades que os esperam e ficam desanimados. Mas os olivais é um bairro lindo. É verdade que as pessoas conviviam todas umas com as outras, conhecia-se os vizinhos, os miúdos jogavam à bola na rua e nos inúmeros campos relvados da freguesia. Tanto os Olivais Sul como o Norte eram dotados de espaço para as crianças e adolescentes, desde jardins, a parques de diversão, a campos de basquet. Tudo entre as habitações. E cada árvore plantada desempenha uma função mais que estética. Foi a pensar nos benefícios para a saúde, no calor do verão e no vento do inverno. Acreditem: a sombra destas árvores é um copo de água fresca no verão e os ramos a cortar a ventania no inverno também ajudam! Desculpem a divagação, mas amo este bairro verde. E sei que ainda tenho muito a descobrir. Numa dessas fotos surge uma parte que não mostra mas, existem um lago no meio do relvado, com uns tantos patos! Não é o máximo? Parece que estamos num jardim botânico! Mas podia melhorar muito! Quando era criança existiam flores nos canteiros. Agora não há. E o lixo é imenso. Também não existe higiene regular. Os relvados atingem alturas de mato e no verão são secos como palha e é deprimente observar as gretas da terra por entre a vegetação seca. É triste.

Unknown disse...

Tenho 36 anos e passei 26 deles nos Olivais Sul.Lendo vários comentários deste blogge, não podia estar mais de acordo..."aquele tempo era maravilhoso".Cada vez que vou ao "bairro" fico com uma certa nostalgia dos tempos passados, pois os tempos de infância foram muito felizes.Para mim os Olivais serão sempre o nº1 mesmo com os seus defeitos.

Um olivalense