A maré de azar dos colaboradores deste blog chegou aqui à praia. Anteontem o meu portátil perdeu a vida abruptamente.
Procurei ajuda especializada, nas várias lojas que já existem dedicadas ao assunto, mas o diagnóstico a olho foi sempre o mesmo, bastante edipiano: "Hmmm... Isto cheira-me a motherboard. Não há grande coisa a fazer, o arranjo é tão caro que mais vale comprar um computador novo."
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"E não podemos confirmar se é mesmo esse o problema?", perguntei. "Podemos, abrindo o computador, mas só pelo diagnóstico são 75€, mesmo que confirme as piores expectativas. Aceita?", respondeu a maioria.
Não. Desconfiei do estatuto de especialista de um que, não fosse o meu aviso, se preparava para tirar as memórias com o computador ligado à corrente.
Por fim lá encontrei um sítio com bastante bom aspecto onde me disseram que quase todos os problemas nos portáteis têm solução e que muitas vezes o custo não é justificativo para o deitar fora. Como gostei da loja e do tratamento dado deixei lá o portátil para análises. Tenho vários casos à frente, com carácter de urgência. "Hoje em dia toda a gente tem urgência", disseram ainda. Eu não. Faz-me falta o portátil, mas felizmente a minha vida não depende dele.
É mais um sinal dos tempos. As casas da especialidade proliferam, mesmo que os técnicos especializados cometam erros de palmatória como mexer em partes sensíveis do computador com ele ligado à corrente, os diagnósticos a olho são dramáticos, o desperdício é fomentado e, por mais que se desenvolva a tecnologia para servir o Homem, cada vez temos menos tempo para esperar.
Quantos dos modelos de organização que temos hoje em dia se regem por estes princípios? Já falámos de alguns, o tempo perdido entre a casa e emprego que é roubado à família e ao lazer, a poluição e stress de enfrentar várias horas por dia filas intermináveis de automóveis irritados, a corrupção impune a ditar a história das nossas cidades, empresas de condomínio incompetentes que prestam um mau serviço e levam à falência rápida as contas conjuntas dos seus clientes, a demissão dos pais na educação dos seus filhos, a busca da resolução dos problemas dos filhos num especialista, o psicólogo. Etc, etc, etc...
Que vida inteligente é esta, afinal?
3 comentários:
Já reparaste que já não se arranja nada? Agora subestituem-se as peças. Nos carros, por exemplo, já não há mecânicos bons, com engenho, que afinam o carro ou resolvem um problema. Há pessoas que trocam peças, máquinas que calibram, e mais nada!
Perdem-se as artes todas :-(
Ainda se encontram alguns reparadores de máquinas, embora seja difícil. Também muitas das máquinas modernas estão feitas para não serem reparadas. Há uns meses atrás ainda consegui mandar reparar o meu frigorífico em vez de comprar um novo. Poupei mais de 500 euros!
Ouvi falar num PCdoc que vai a casa e arranja PCs:
PC Doc Informática Lda
LISBOA - LUMIAR
Rua Professor Eduardo A Coelho 14-lj G Lisboa
1600-614 LISBOA
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