segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

A Cidade Imaginada (I)

Desafio radical para um blog colectivo que fala de coisas novas: que geografias afectivas gostariam de implantar na Lisboa idealizada?

Eu começo: uma linha de eléctrico em funcionamento 24/24, percorrendo dolente as colinas da cidade histórica, com serviço de café (uma afectiva bica, um absorto pastel de nata) com auscultadores onde uma voz sussurrasse um poema por cada local de passagem. Imaginem-se à beira da janela aberta, a brisa de fim de tarde do Tejo e o silêncio do nosso mundo interior em diálogo com a paisagem. E à noite, um aquário deslizante perante quem se espraiasse pelas esplanadas dolentes, uma miragem flutuante nas ruas da cidade. Conseguem imaginar, conseguem?

6 comentários:

Margarida C. disse...

Poder acompanhar o nascer do sol ao sabor do vento resultante do eléctrico em andamento, ao som do Brad Melhdau.
Belo desafio. Belo começo, Pedro.

Tiago disse...

Acho a ideia deliciosa, Pedro. E se em vez dos auscultadores houvesse, para cada um dos viajantes, uma Tágide camoniana que sussurrasse com voz terna e doce os poemas ao ouvido?

andrea disse...

que sonho tao bom para uma idade tao linda.
mas serà que hà pessoas que ainda sabem ouvir um poema sobre lisboa?

esta ideia era de se propor à CML! muito bom!

João Tito Basto disse...

Gostei da ideia!

Ana Louro disse...

Aplaudo a imaginação. Creio que o principal será mesmo o funcionamento 24/24 porque a leitura de poemas poderia ser implementada nas carreiras em circulação, além do Fado no velho eléctrico e da música ambiente que já temos nos novos. Pessoalmente não gosto muito de auscultadores e prefiro som ambiente ou ao vivo. Mesmo nas Calçadas da Bica, Lavre e Glória ou no elevador de Santa Justa essa ideia seria aplicável. Os próprios viajantes poderiam ler/dizer (desde que houvesse livros ou folhas soltas, e em várias línguas). E o 24/24 poderia aplicar-se a outras coisas. Porque razão Lisboa tem de fechar à noite, todos os dias?

Rodrigo Bastos disse...

Também acho uma ideia muito apaixonante e acho que com boa vontade até pode ser tornada realidade pois público não faltará concerteza e com um bocadinho de imaginação até poderia ser rentável.