Se há coisa que me assusta no Alto do Lumiar, concretamente na zona nova, a dita Alta de Lisboa, é a falta de cristalização social, humana e urbana que podemos ver nos bairros antigos. Nestes, toda a rede de vizinhança, comércio, serviços e transportes está já sedimentada. Na Alta de Lisboa é urgente tratar de acessos, habitar rapidamente as novas urbanizações, incentivar o comércio, estabelecer condignamente a rede de transportes públicos, dotar o bairro dos serviços necessários à população. Só assim a Alta de Lisboa deixará de ser uma cidade-dormitório para se tornar numa cidade dentro de Lisboa, para que as pessoas se sintam a viver o seu bairro e não apenas a morar.
Na edição do PÚBLICO de 6ª feira o artigo do Miguel Sousa Tavares é dedicado ao seu bairro, Campo de Ourique. E deixo-o aqui, sem link, porque o site do PÚBLICO é só para assinantes. É interessante ver a diferença entre Campo de Ourique descrita e o que existe hoje na Alta de Lisboa.
Viva Campo de Ourique!
Miguel Sousa Tavares
Tarde na manhã de sábado vou ao mercado de Campo de Ourique, um quadrado ocupando todo um quarteirão e com entradas por cada um dos lados dos pontos cardeais. Cheira a fruta e a legumes, ainda orvalhados da terra, cheira a cebolas, a coentros, a maçãs e a laranjas: nenhum supermercado cheira assim. Uma peça de fruta nunca é igual à outra, há que escolhê-las uma a uma, porque algumas têm bicho e outras não, algumas estão maduras de mais e outras ainda verdes. Saboreio este prazer de escolher peça a peça a fruta e os legumes, as saladas e os temperos, sem ter de levar, e sem poder escolher, embalagens já prontas de fruta asséptica e normalizada, legumes de sabor sempre igual trazidos de Espanha em camiões TIR pelas auto-estradas que construímos para lhes facilitar a vida. Aqui, até há pêras de Alcobaça, grandes e castanhas, em que se tem de pegar delicadamente para que o seu sumo não escorra pelas mãos, há tangerinas e laranjas que não vêm de Israel já com o selo colado na casca, mas dos pomares que ainda restam à volta de Lisboa, há uvas tardias, mas moscatel ou D. Maria genuínas, e não aquelas uvas monstruosas e que não sabem rigorosamente a nada, que vêm da África do Sul e que encontramos inevitavelmente, como sinal de boas-vindas, nos quartos de hotel em qualquer paragem do mundo. E há frutos secos a granel e a peso: figos, passas, castanhas, ameixas, amendoins, pinhões, nozes. E azeitonas verdadeiras e tremoços, meu Deus! Depois vou até às bancas de mármore das peixeiras, onde o peixe vindo de madrugada de Sesimbra ou de Peniche brilha com uma humidade prateada, misturada com uma quase imperceptível camada de gordura ainda à flor da pele, sinal iniludível da frescura do dia. O sol da manhã de Outono entra disfarçado pelas janelas altas do mercado e reflecte-se nos olhos dos peixes, que repousam nas bancas como se ainda estivessem vivos. E eis o peixe mais fantástico do mundo, esse verdadeiro luxo que ainda nos resta: pregados, linguados, imperadores, salmonetes, besugos, carapau francês, peixe-galo, garoupa, cherne, lulas e choquinhos com tinta: tenho pena do resto do mundo dito civilizado, onde nem sequer se conhecem os peixes pelo nome!
Um bairro para viver tem de começar assim: com um mercado que é uma festa para os sentidos, um regresso aos sabores e aos cheiros que nos educaram. Campo de Ourique começa assim e continua depois, com tudo aquilo que faz deste bairro quase um milagre de espaço urbano perfeito: ruas largas, onde se passeiam casais, carrinhos de crianças e empregados no intervalo do almoço; comércio tradicional e personalizado, com algumas lojas ainda conhecidas pelo nome dos donos - a florista, o cabeleireiro, a loja de comida feita, o electricista, o oculista, a loja de ferragens, a papelaria-tabacaria, a casa das fechaduras, a loja de surf; e os cafés, com esplanadas conquistadas ao passeio e ao Millenium-BCP, com os seus quiosques de jornais cujos donos nos conhecem já tão bem que os dias nem sequer começariam sem o bom-dia deles. Campo de Ourique tem tudo isso, mais o jardim central, os seus pequenos restaurantes de culto, os seus excêntricos ou loucos já familiares a todos. Outras coisas felizmente não tem e muito do prazer de andar nestas ruas deve-se a essas ausências: prédios em altura e de fachadas preconceituosas, porteiros e seguranças de prédios, polícias de trânsito a tentar tornar a vida impossível. Aqui funciona como que uma auto-regulação da via pública, com um sentido natural de comunidade, em que ninguém se mete com os outros e toda a autoridade se torna dispicienda graças ao respeito mútuo pela liberdade de cada um. O melhor exemplo deste espírito de liberdade e tolerância mútua que aqui presenciei é um exemplo muito politicamente incorrecto, ocorrido manhã cedo, no café onde sempre tomo o pequeno-almoço. Uma senhora, cliente habitual, pediu um café e acendeu um cigarro. Nessa altura, um sujeito que eu nunca ali tinha visto e nunca voltei a ver, empertigou-se todo e, rico de novos conhecimentos adquiridos, interpelou-a: "Minha senhora, o cheiro do seu cigarro está-me a incomodar!" E ela, sem sequer se voltar, soltou de lado, mas alto e bom som: "Olhe, também o seu cheiro me está a incomodar, mas eu não lhe ia dizer nada." E o intruso saiu, de rabo entre as pernas e perante os sorrisos cúmplices dos habituées (oh, eu sei, um bando de selvagens!).
Pensando na explosão de ódio e de revolta que agora se vive à roda das cidades francesas, naquelas comunidades inteiras de populações imigrantes que não se sentem ligadas cultural e afectivamente aos locais onde vivem, que vêem o bairro como uma prisão e a rua como um terreno de confronto, dou-me conta até que ponto Campo de Ourique (não sei se por gestação espontânea, se porque alguém planeou e previu bem as coisas) é um bairro modelar, em termos de integração social interclassista e intergeracional, de justo equilíbrio entre comércio, serviços e habitação, entre espaços públicos e privados. E, afinal, este tão raro exemplo de harmonia e qualidade de vida urbana não precisa de nenhuma grande construção de referência, nenhuma urbanização de encher o olho, nenhum centro comercial (antes pelo contrário, o segredo é não o ter), nenhuma piscina municipal nem pavilhão gimnodesportivo, nenhuma rotunda com canteiros e estátuas pseudomodernas, enfim, nada que encha o olho e que mostre dinheiros públicos ou fortunas privadas. Apenas bom senso, sentido de equilíbrio e proporção humana. Depois, as pessoas fazem o resto: andam na rua sem pressa nem atropelos, param para conversar à porta das lojas, saúdam-se nas esquinas, passeiam as crianças, os velhos ou os cães, namoram ou lêem o jornal nas esplanadas, almoçam a horas certas na sua mesa de sempre dos seus pequenos restaurantes, numa palavra, vivem a cidade, não se limitam a sofrê-la ou a passar por ela. Certamente que aqui também há gente triste, sozinha, com vidas terríveis. Mas, pelo menos, a rua não os agride: conforta-os, distrai-os e, acima de tudo, dá-lhes um sentido de pertença a uma comunidade - que hoje é coisa tão rara e tão preciosa numa cidade, como o são o peixe, a fruta e os legumes do mercado de Campo de Ourique.
Sei que este texto pode parecer um bocado absurdo, no meio desta eterna agitação em que vivemos. Mas trata-se de uma dívida de gratidão para com o "meu" bairro, que eu precisava de saldar um dia. E também, já agora e aproveitando a oportunidade, trata-se igualmente de um apelo que faço a quem manda e a quem pode: por favor, não estraguem Campo de Ourique! Não é preciso muito: basta não fazerem nada.
13 comentários:
Está tudo dito, uma verdadeira cidade é isto mesmo! Não conheço bem Campo de Ourique, mas existem muitas outras zonas de Lisboa com ambiente idêntico. Infelizmente as zonas novas da cidade não gozam deste ambiente saudável, talvez pelo tipo de construção em altura, talvez pela execissiva massificação. O que é certo é que todas acabam por ter uma vida de bairro dormitório e não uma vida de bairro habitacional.
O meu pai falou-me deste texto no fim de semana. Transcreveu-o também para o seu blog, onde o li pela primeira vez, e pensei "É mesmo isto que precisamos para a Alta de Lisboa".
Não sei por onde se começa: o comércio local, a boa rede de transportes... Acho que dentro de algum tempo até teremos tudo isso. O que me parece mais difícil de conseguir, pelo que vejo, é a vontade de viver as ruas. E a tolerância. Quando leio o exemplo de como se pode ser politicamente incorrecto em Campo de Ourique só me ocorre que se calhar o "intruso" era um dos meus vizinhos da Alta de Lisboa.
As pessoas é que fazem a diferença...
Queremos morar ou viver na Alta de Lisboa?
Os locais também fazem a diferença. A existência de um quiosque, de um jardim com bancos, de um café com esplanada, de vários tipos de comércio, etc., poderão de certeza atrair as pessoas para o usufruto da rua.
Toda a razão Pedro :).
O que eu queria dizer é que as pessoas também teem de marcar a diferença.
A criação de infra-estruturas e equipamentos como os que colocas-te no teu comment por si só não chega para se criar um "clima de bairro"...
Concordo que as pessoas devem marcar a diferença. Ao decidir viver aqui comprei também a ideia de bairro que foi publicitada. Sabia que ia partilhar a rua com pessoas realojadas e isso não me chocou. Para quem não o fez experimente um dia dar uma volta pela zona dos PER, de preferência a pé ou de bicicleta, pelas ruas onde se passeia, conversa ou joga à porta de casa ao fim de semana. Um dia perguntei se gostavam de viver aqui. Disseram-me que sim, que as casas não são más, mas queixaram-se de alguma vizinhança (sublinho alguma). Ora esta vizinhança é constituída pelos filhos da nossa República (aludindo às palavras de Chirac, e alguns não são emigrantes). Porque os pais passam o dia a trabalhar e eles têm tempo livre demais... Mas isso acontece nos PER como em qualquer outro lado, deve ser combatido e se calhar podemos todos desempenhar um papel também nesta matéria. Exigindo às autarquias que cumpram o seu papel, mas também colaborando com elas e com as escolas para que os jovens possam ter uma ocupação (lúdica ou profissional), não abandonem a escola e respeitem os vizinhos e aquilo que também é deles - a rua, as caixas do correio..., os jardins, as árvores, etc. Conheço um pouco a realidade do PER do Bairro da Boavista, em Lisboa, e os miúdos com os quais nalgumas ocasiões trabalhei pertencem a famílias como tantas outras, com algumas dificuldades acrescidas, é certo, mas por isso também muito interessantes de se conhecerem.
Não contava, por exemplo, viver num prédio com segurança à porta (que pelos vistos não existe em Campo de Ourique). Provavelmente lá há guarda nocturno como em outros bairros consolidados de Lisboa. Não sei porque é que aqui não pode ser assim. Tenho votado vencida contra a segurança privada, por uma questão financeira, mas também por uma questão de princípio. Custa-me que pensem que "ali moram os ricos", como já ouvi, e que por isso se tenham criado uma espécie de “apartheids” que possam ter más consequências.
Completem-se urgentemente os acessos pedonais e rodoviários que faltam - o Eixo central, a Av. Santos e Castro; os jardins e espaços públicos consolidados – o Parque Oeste, por exemplo; estabeleça-se uma rede de transportes condigna e promova-se o comércio local (tenho dúvidas se o centro comercial projectado a ser como tantos outros não será uma má ideia); mas organizem-se também actividades de ocupação, pelas Juntas ou moradores – as associações existentes já o fazem mas é necessário criar outras, as quais devemos integrar e com as quais cooperar. Julgo que temos também que usar do nosso direito de cidadania e expressar as nossas ideias para o bairro, não ficando sentados à espera que o PUAL se concretize, correndo o risco de ao mesmo tempo se ir degradando o que já existe. Isto também me assusta.
Uma última nota para o artigo do MST e em particular para a alusão ao episódio “politicamente incorrecto”, porque em relação ao resto concordo com tudo (aliás, quando discordo dele tem sempre a ver ou com tabaco ou com a caça). De um fumador convicto não esperaria outra coisa. O problema das liberdades é que elas acabam para nós quando começam as dos outros. Sou antitabagista e também já pedi que se apagassem cigarros nalgumas situações. Naquela em particular (e a minha abordagem seria outra), se o fizesse e a senhora não concordasse restar-me-ia sair do local exactamente para tentar ser tolerante com um vício privado (apesar de o mesmo estar a ter sérias repercussões ao nível de saúde pública e economia nacional, mas isso dava outro comentário). Mas o “intruso” tanto poderia ser nosso vizinho ou não, dos PER ou do meu prédio. Não podemos continuar a ver os PER como os responsáveis por todo o mal à nossa volta. Vivem lá pessoas como qualquer um de nós. E todos lá poderíamos ter de viver, pois não se escolhe a família onde se nasce.
Ana,
Concordo com o que disse. Também eu tenho votado isoladamente contra a segurança privada, as grades reforçadas, etc. Tal como disse, por uma questão de princípio, além de financeira... Espero que com o tempo isto deixe de parecer a África do Sul.
Em relação ao políticamente (in)correcto, uma vez que o seu comentário, parece-me, foi motivado pelo meu comentário anterior, queria só dizer que o que o que queria salientar é que não me parece haver tolerância, na maioria dos vizinhos para com as liberdades individuais (não me referia ao fumar, especificamente)... Na verdade não me referia de todo aos moradores do PER, antes pelo contrário. Referia-me mais à atitude dominante de regulamentar tudo, de contrariar qualquer expressão de individualidade. Leio as propostas de regulamento do meu condomínio e acho a grande maioria ridículas... Qualquer dia regulamenta-se a cor das cortinas da sala de cada um e se se pode aparecer à janela com a barba por fazer ou não...
São tudo coisas pequenas, coisas a que nos adaptamos melhor ou pior... Mas que aos poucos e poucos tomam alguma proporção. E, pior do que isso, reflectem uma atitude que, na minha opinião, não é de quem quer um bairro com vida. É de quem quer uma "maquete" em tamanho real.
Essa da maqueta em tamanho real é bem vista, nunca me tinha lembrado disso, mas realmente é capaz de ser isso.
Todos estes assuntos são preocupantes porque por mais que se fale, por mais que uma minoria se junte a tentar resolver algumas questões estruturais do bairro, da cidade ou da filosofia social que acha que o Estado deverá ter, a inércia é enorme e difícil de parar. Assim, vendo muito maior iniciativa e dinâmica a condenar os estendais exteriores nos prédios ou o "look à Cristiano Ronaldo" de alguns miúdos do que a lutar por uma rede de transportes públicos eficaz ou a exigir transparência e rigor na política fiscal, tudo o que temos assistido em França é apenas uma paquete em ponto pequeno do que estará ainda para vir.
E aí bem podem reforçar as barras dos condomínios fechados que não haverá apartheid que resista.
É preciso ressalvar, para que não me acusem de esquerdista pseudo-sociólogo ou politicamente correcto, como é costume sempre que discute estes assuntos, que a minha condenação aos distúrbios é total. Também não quero ver tudo incendiado e destruído. Apenas estou a dizer que me parece inevitável, dada a rigidez das posições assumidas, que a situação ainda vá piorar.
Joana, interpretei mal que o "intruso" podia ser do PER e fui por aí exactamente por concordar que a falta de tolerância pode vir de qualquer um.
Concordo que há inércia nas pessoas, demasiada até (depois quando "explodem" não calculam bem o impacto). Ou porque não têm tempo, as prioridades são outras ou se habituaram a esperar melhores dias. Voltando aos PER acho que apesar de tudo as pessoas desses blocos estão a "viver melhor" o bairro, também porque há colectividades que o dinamizam, que aliás já existiam. Aqui acho que nos fechamos, com a excepção da ida ao Parque (também não temos muito mais). Já temos Multibanco, mas não há comércio de produtos frescos nem flores, por exemplo (os maus acessos pedonais ao mercado isolam-nos). Bem sei que houve lojas que fecharam mas a promoção do comércio local será muito importante.
Tenho estado a pensar nisto e acho que realmente a receita para se ter um bairro com vida é ainda uma incógnita... Parece-me que Campo de Ourique é realmente uma excepção, uma mistura de pessoas, urbanismo, tempo, opções, que resultaram muitíssimo bem.
Trabalho em Alfama (mesmo junto ao rio, não lá no meio) e tenho o meu filho numa creche por lá: no caminho entre o carro e a creche passo por farmácias, restaurantes, cafés, muitas mercearias, uma ocasional drogaria, um talho, uma peixaria e um sapateiro tradicional! Paro sempre para conversar com o sr. do quiosque onde espero que o sinal fique verde para atravessar uma rua, digo bom dia a meia dúzia de pessoas. Tudo num trajecto de 5 minutos. Não há carros na maioria das ruas, há pessoas, há comércio... E, no entanto, não acho que se viva o bairro ou que se esteja na rua da mesma maneira que em Campo de Ourique (que conheço mais ou menos). Acho que as ruas estreitas e sombrias não convidam tanto, ou talvez não sejam "alegres" (isto é muito difícil de definir... são sensações...). De qualquer modo é um bairro com muito mais vida do que o nosso, nos Santos Populares, então, não tem par.
Perto de nós temos aquele larguinho lá em baixo no Lumiar... É pequenino e com muitos carros, mas não ha uma coisa que não tenha, desde o Metro, autocarros, banco, cafes, pastelaria, papelaria, talho, banca de flores e quiosque da carris (nunca se encontra um qd é preciso!). Até repartição de finanças! Já digo bom dia a algumas pessoas por ali. Acho que é preciso algum bulício de actividade matinal para as ruas conquistarem as pessoas. Mesmo ao fim de semana...
Seja o que for a solução acho que (ainda?) não a temos.
Tempo, Joana, tempo, esse grande escultor. Todos os bairros, todas as cidades precisam de tempo para sedimentar relações, usos, modos. Moro no Lumiar (perto desse "larguinho") há 30 anos e posso garantir que, há 30 anos, esse larguinho era muito menos vivo do que hoje. Importa realçar, no entanto, que esse ponto era (e é) o cruzamento de vários percursos, era o local da primeira paragem das camionetas suburbanas e, portanto, um ponto de confluência de muita gente, logo mais propício à fixação de comércio e serviços. Já a minha rua era um vazio no início. Depois foi-se compondo. Campo de Ourique tem séculos! Como é que a Alta vai competir com eles nos primeiros passos que ainda dá? Para além disso, com as mulheres igualmente a trabalhar - ao contrário do que acontecia nos séculos passados - quem assegura a vivência de um bairro durante o dia? Quem mantém o pequeno comércio em funcionamento? Só as crianças e os reformados... E quantos haverá, neste momento de partida, na Alta?
As for security - sinto-me tentado a fazer o paralelo com os Olivais: os primeiros vinte anos foram uma desgraça em termos de "choque" social - também ali haviam os "ricos" e os "pobres" (na gíria da altura, os "índios" e os outros)e as consequentes "batalhas". Só com o envelhecimento dessa primeira geração adolescente é que as coisas começaram a acalmar.. para serem agravadas com a violência (assaltos) que o aumento exponencial do consumo de droga provocou.
Enfim... quem quiser viver num bairro como Campo de Ourique - é melhor ir viver para Campo de Ourique!
Acho que neste caso somos nós os escultores e com o tempo as obras vão ganhando a sua forma.
Não podemos deixar as coisas no presente as coisas "para o tempo". Fale-se, debatam-se ideias, pense-se, e que se sonhe (porque não?). Depois tudo isto pomos as mãos na massa e lá vamos nós esculpir. Não é assim em tudo na vida?
Vamos lá ver com o tempo o que é que fazem desta escultura... Mas uma coisa é certa, estamos muito longe do conceito de bairro de Campo de Ourique mas também estamos num espaço temporal completamente diferente.
hiii..como vc falou lindo de Campo de Ourique...as palavras
q. .."SAEM DO CORAÇÃO" sempre
nos passam uma emoção profunda,
nos toca de uma maneira diferenciada, estou viajando
a Lisboa e vou ficar uns dias
sendo hospede de uma amiga
brasileira q. escolheu o bairro
onde viveu o poeta MAIOR Fernando Pessoa. Vou procurar "curtir" o
máximo..o mercado, as pessoas,
cafés, os predios simples q. acolhem pessoas sensiveis...
e sábias q. nem você.
Enviar um comentário