Após cerca de 1 mês a habitar este novo bairro de Lisboa foi fácil aperceber-me das dificuldades diárias que os cidadãos que aqui residem têm que enfrentar: trânsito difícil nas horas de ponta (mesmo caótico em dias de chuva), falta de passeios, ruas enlameadas, paragens de transporte público sem abrigo, falta de iluminação pública, etc.
Desde a altura do seu lançamento (em 1998) houve tempo para a construção de muitos edifícios novos, quer para o realojamento, quer para a venda livre e, em consequência disto, estima-se que na Alta de Lisboa habitem actualmente cerca de 20.000 pessoas.
O plano de urbanização desta zona de Lisboa é muito ambicioso porque prevê a construção de inúmeras infra-estruturas que fazem falta a qualquer cidade do mundo. Uma das grandes mais valias deste plano é, seguramente, a criação de importantes áreas de parques e jardins, aspecto que tem sido descurado na Grande Lisboa ao longo das últimas décadas. A grande qualidade do plano urbanístico desta zona de Lisboa tem sido o grande atractivo para a fixação de habitantes. Ora, dado que este plano é muito ambicioso, é compreensível que nem tudo corra bem, porque determinados projectos são muito complexos e acabam por demorar muito mais tempo a ser executados do que o inicialmente previsto. Enquadra-se nesta situação a porta sul que irá ligar as Calvanas ao Campo Grande, o eixo viário norte sul com o complexo viaduto do Lumiar, os vários nós de ligação com a malha antiga do Lumiar e da Ameixoeira, a avenida Santos e Castro, o passeio central, só para nomear as acessibilidades mais importantes.
Na minha óptica, como cidadão, compreendo e existência de dificuldades que estão de certeza a atrasar muito estes projectos. O que não de compreende é que o crescimento da Alta de Lisboa esteja a ser comandado pelo ritmo da construção de novos edifícios para habitação e não pelo ritmo de edificação de infra-estruturas básicas necessárias às pessoas que já habitam a zona. Assim, a meu ver, graças às dificuldades em coordenar tantas frentes de obra, está criada uma Alta de Lisboa de “1.ª categoria” separada fisicamente de uma outra Alta de Lisboa de “2.ª categoria”. Para quem habita os empreendimentos situados a sul do Parque Oeste (ou do Vale Grande) tem forma de sair e entrar do bairro escapando ao caos do trânsito que reina nas horas de ponta na via que substituí a avenida Santos e Castro, na Alameda das Linhas de Torres ou na Avenida Padre Cruz. Para quem habita a zona norte vê-se nas horas de ponta da manhã completamente preso no trânsito, quer tente sair para a Ameixoeira, quer para o lado do Aeroporto e não tem alternativa nenhuma, mesmo indo a pé! A existência de uma estação de metro (da Ameixoeira) a cerca de 500 m da rotunda Cardeal Patriarca D. António Ribeiro (local baptizado pela SGAL como “nova centralidade”) não resolve o problema da mobilidade dos cidadãos da zona norte. De facto, os acessos a esta estação, fazem-se através da estreita azinhaga de S. Bartolomeu que não tem condições para o escoamento do pesado trânsito rodoviário que por lá passa, e muito menos para os peões que correm o risco de ser atropelados por um camião TIR!
Tudo isto se está a certamente a reflectir nas vendas dos apartamentos promovidos pela SGAL. Portugal está a atravessar uma grave crise no imobiliário por haver demasiada oferta e pouca procura de casas. Só a conclusão das grandes infra-estruturas da Alta de Lisboa poderá salvar esta zona de Lisboa da desertificação e do abandono ao torná-la num zona de excelência e não numa zona igual a tantas outras da Grande Lisboa.
Há 5 anos
3 comentários:
O melhor é preparar-se porque pelo andar da carruagem só lá para 2007 é que tudo poderá melhorar. Entretanto quem pretender sair de carro ou transporte público a partir das 8 horas da manhã arrisca-se a perder pelo menos 45 minutos só para chegar até às Calvanas!
Por favor não continuem a confundir Alto do Lumiar com Alta de Lisboa em blogs que juntam tudo! O Alto do Lumiar está antes das Conchas e tem mais de 20 anos de existencia, incluindo parte da Agostinho Neto ao cimo do Hospital. O seu nome deve-se ao facto de estar num pé superior da Alameda de Linhas de Torres.
A Alta foi uma recente infelicidade de construção. Quem projectou não pensou que tanto PER por m2 seria uma bomba pronta a explodir de casos sociais e humanos. Ainda a semana passada no Condominio da Torre um habitante desesperado vendeu um T3 por 150.000 Euros!! Quem quer ir para ali e a vizinhança??!!
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