Fazer um blog à custa de outros é pouco ético, dirão, mas tenho lido os textos mais antigos do Daniel Carrapa n'[a barriga de um arquitecto] e faz-me pena que fiquem por lá guardados quando estão escritos de forma tão elegante e certeira.
A falta de civismo é dos problemas mais graves que vivemos no nosso país. E é dos mais graves porque é o motor de uma série de comportamentos desmoralizadores e degradantes que nos fazem, dia após dia, ter menos forças e vontade para construir um país viável. Mas como continuamos por cá a viver e não queremos andar chateados e amargurados, mais vale pensar seriamente em medidas práticas que possam aumentar os níveis de consciência, civismo e brio nas causas e nas coisas.
Continuo a pensar que os ensinos básico, primário e secundário são determinantes para o sucesso desse objectivo. Devíamos encontrar algumas ideias que pudessem ser aplicadas nas escolas de forma a tornar a aprendizagem mais ligada à vida e ao respeito pelos outros.
Por enquanto, aqui fica o texto do Daniel Carrapa:
vandalizevocêmesmo
Aqueles que já projectaram espaços públicos ou que trabalham em câmaras municipais têm sempre histórias de vandalismo para contar. Chega a surpreender a quantidade e diversidade dos actos que se cometem contra a propriedade pública, desde roubo de mobiliário urbano – não apenas bancos mas também papeleiras, material de iluminação pública e muitos outros – a roubo de plantas de jardim, passando pela destruição de sinalética, quiosques, brinquedos infantis e tudo o que se possa imaginar.
Se alguns casos estão associados ao uso abusivo da população mais jovem e mesmo a situações de delinquência, verificam-se muitos outros em que a explicação é bem diversa: um fenómeno cultural indiferente da idade, que se revela numa profunda desvalorização daquilo que são os bens públicos, como se o que a todos pertence fosse pertença de ninguém. Dito de outra forma, aquilo que nos é dado, não tem valor.
Para compreendermos o vandalismo temos de reconhecer os factores de carácter nacional que conduzem a população a esta atitude de desvalorização da coisa pública (bem diferente, diga-se, da atitude dos nossos vizinhos espanhóis que aprenderam a valorizar tudo aquilo que respeita ao espaço público). Em Portugal observamos aquilo que poderíamos definir como uma falta de sentido de patriotismo: um valor quase sempre polémico e associado a manifestações de nacionalismo bacoco, de contornos que mais parecem vindos do tempo do salazarismo. Afinal, uma falta de patriotismo entendido como o sentido de gosto em pertencer a um país com origem(ns) e cultura(s), valorizando-as.
Tudo isto se reflecte, depois, no excessivo individualismo dos portugueses, e mesmo o egoísmo com que despudoradamente alguns assumem a sua forma de estar na vida. É um individualismo que começa em casa, na educação de cada um. Algo que eu definiria como a antítese da atenciosidade. É ao servirmo-nos à mesa não tirar o bife mais suculento, deixando-o para outrem e retirando o mais esturricado, é ao ir buscar um copo de água perguntar se há mais alguém com sede. Depois em tudo o resto, no modo como nos comportamos no trânsito, ou na fila do supermercado, ou como atendemos alguém no nosso local de trabalho.
A atitude individualista dos portugueses é, de resto, um dos maiores atentados que cometemos à democracia, porque ela se sustenta mais na união cívica dos cidadãos em torno de causas do que na mera execução do voto eleitoral.
Regressando ao tema inicial, julgo ser esta atitude de desvalorização de um sentido comum que nos facilita o gesto de menosprezo para com os espaços públicos, em que não reconhecemos algo que nos qualifica a todos e nos deveria valorizar enquanto cidadãos. É, afinal, toda uma educação que está por fazer. Para que, mais que reclamar, os cidadãos compreendam que também lhes é devida a participação no cuidado e na manutenção das coisas que são de todos.
# daniel em 13.4.04
A falta de civismo é dos problemas mais graves que vivemos no nosso país. E é dos mais graves porque é o motor de uma série de comportamentos desmoralizadores e degradantes que nos fazem, dia após dia, ter menos forças e vontade para construir um país viável. Mas como continuamos por cá a viver e não queremos andar chateados e amargurados, mais vale pensar seriamente em medidas práticas que possam aumentar os níveis de consciência, civismo e brio nas causas e nas coisas.
Continuo a pensar que os ensinos básico, primário e secundário são determinantes para o sucesso desse objectivo. Devíamos encontrar algumas ideias que pudessem ser aplicadas nas escolas de forma a tornar a aprendizagem mais ligada à vida e ao respeito pelos outros.
Por enquanto, aqui fica o texto do Daniel Carrapa:
vandalizevocêmesmo
Aqueles que já projectaram espaços públicos ou que trabalham em câmaras municipais têm sempre histórias de vandalismo para contar. Chega a surpreender a quantidade e diversidade dos actos que se cometem contra a propriedade pública, desde roubo de mobiliário urbano – não apenas bancos mas também papeleiras, material de iluminação pública e muitos outros – a roubo de plantas de jardim, passando pela destruição de sinalética, quiosques, brinquedos infantis e tudo o que se possa imaginar.
Se alguns casos estão associados ao uso abusivo da população mais jovem e mesmo a situações de delinquência, verificam-se muitos outros em que a explicação é bem diversa: um fenómeno cultural indiferente da idade, que se revela numa profunda desvalorização daquilo que são os bens públicos, como se o que a todos pertence fosse pertença de ninguém. Dito de outra forma, aquilo que nos é dado, não tem valor.
Para compreendermos o vandalismo temos de reconhecer os factores de carácter nacional que conduzem a população a esta atitude de desvalorização da coisa pública (bem diferente, diga-se, da atitude dos nossos vizinhos espanhóis que aprenderam a valorizar tudo aquilo que respeita ao espaço público). Em Portugal observamos aquilo que poderíamos definir como uma falta de sentido de patriotismo: um valor quase sempre polémico e associado a manifestações de nacionalismo bacoco, de contornos que mais parecem vindos do tempo do salazarismo. Afinal, uma falta de patriotismo entendido como o sentido de gosto em pertencer a um país com origem(ns) e cultura(s), valorizando-as.
Tudo isto se reflecte, depois, no excessivo individualismo dos portugueses, e mesmo o egoísmo com que despudoradamente alguns assumem a sua forma de estar na vida. É um individualismo que começa em casa, na educação de cada um. Algo que eu definiria como a antítese da atenciosidade. É ao servirmo-nos à mesa não tirar o bife mais suculento, deixando-o para outrem e retirando o mais esturricado, é ao ir buscar um copo de água perguntar se há mais alguém com sede. Depois em tudo o resto, no modo como nos comportamos no trânsito, ou na fila do supermercado, ou como atendemos alguém no nosso local de trabalho.
A atitude individualista dos portugueses é, de resto, um dos maiores atentados que cometemos à democracia, porque ela se sustenta mais na união cívica dos cidadãos em torno de causas do que na mera execução do voto eleitoral.
Regressando ao tema inicial, julgo ser esta atitude de desvalorização de um sentido comum que nos facilita o gesto de menosprezo para com os espaços públicos, em que não reconhecemos algo que nos qualifica a todos e nos deveria valorizar enquanto cidadãos. É, afinal, toda uma educação que está por fazer. Para que, mais que reclamar, os cidadãos compreendam que também lhes é devida a participação no cuidado e na manutenção das coisas que são de todos.
# daniel em 13.4.04
1 comentário:
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Alta de Lisboa - COMENTE AQUI!
Excelente, nao há duvidas que o projecto da alta de lisboa vai ser um projecto que nao terá o sucesso previsto na medida de que para alem de tod o per já existente e que é muito , virão tambem morar para aqui os habitantes da cova da moua , trasendo para aqui tambem os arrastões , isto esta a ficar um luxo!!!, alguem devia avisar o stanley , penso que ele anda a dormir..
xxxx | 06.15.05 - 2:05 am | #
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Condordo perfeitamente.è mesmo um luxo ter de viver junto do PER!Mas se não basta esta situação, parece-me que os arquitectos qdo projectaram todo o complexo habitacional, partiram da ideia sempre à Portuguesa: Nós não vamos morar para lá!
Tenho dúvidas se o Sr.Stanley Ho visitou a Alta! será que o levaram para a Quinta da Marinha ?
Um casino na Alta de Lisboa tb não ficava mal ! e de certeza que muitos do PER o frequentavam.
Espero que não façam é um prédio em cima daquele onde moro, porque comprei o meu apartamento com o meu dinheiro e a CÂmara não me ajudou!.Por favor!!!! que a MALHA5 não venha destruir o Páteo S. João de Brito e que não seja igual à OLAIS!há 'AINDA' muito terreno para Norte e deixem respirar os moradores do Páteo.
sergio | 07.08.05 - 8:33 am | #
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Sérgio
Quem me vendeu a casa disse-me que ia existir o PER...
E também me disse onde eram espaços verdes e onde ia existir construção...
A malha 5 vai ter uma volumetria considerável.
António Gouveia | Homepage | 07.08.05 - 9:34 am | #
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Eles 'os vendedores' a SGAl e afins dizem muita coisa !!!!!!!!!!
eu moro lá e já tou fartinho de ouvir falar em PER. Daqui por 10 anos quero ver qto vão pagar de contribuição !!!!afinal o ppl do PER tb mora na ALTA DE LISBOA !!!!
acho que o melhor seria mesmo construir habitação social no meio do jardim das quintas e já agora façam uma piscina para cada agregado familiar do PER, sempre é melhor do que andar no lago a tomar banho !!!!!e não se esqueçam de reservar tb um lugar para os cães-zinhos, pois ter que levar com porcaria de cão e não poder passear com as crianças, só mesmo em Lisboa e Portugal.Obviamente, que a análise dos inquéritos aos ex-barraqueiros, começa com a realização 'em cima do joelho' por parte das Srªas assistentes sociais. A conversa do costume e de há 30 anos!!!!reintegração social, b´lá, blá , mas há muitos filhos de políticos a estudar no estrangeiro !!!!!!!!!!!!!!!haja equidade....e não obriguem sempre os mesmos a pagar impostos.há muita gente que tem a chamada 'esperteza rara' .
(claro que eu comprei o meu apartamento porque quis, mas ainda não é crime comprar um apartamento !!!! e TB posso vender.........ok?!
pois não tou para ver casas a imitar arco íris !!!!
Bom fim de semana
sergio | 07.15.05 - 4:08 pm | #
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Sou moradora na Alta de Lisboa e sinto-me desiludida com o que está a acontecer na nossa zona.
As placas dos prédios partidas, lixo às toneladas em cima da relva,isto do Per é muito bonito mas eu, se conseguir, vou vender a minha casa.
Comprei a casa em planta, ainda tudo eram promessas, mas agora não acredito em nada.
Ana | 07.17.05 - 7:52 pm | #
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EU JÁ FIZ UM LONGO COMENTÁRIO ! MAS ISTO DE NÃO ENTRAR O COMENTÁRIO E APARECER SPAM DEIXA-ME FARTO DISTO E FARTO DO PER !!!!!!!!!
ESPERO QUE A MALHA5 NÃO SEJA IGUAL!!!AINDA HÁ MUITO TERRENO PARA NASCENTE !!!!!!!!!!!!O ARQUITECTO TOMÁS TAVEIRA QUE PENSE NISSO !!!! DEIXEM RESPIRAR AS PESSOAS DO PÁTEO S. JOÃO DE BRITO
sergio | 07.18.05 - 10:17 pm | #
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Só uma palavra para aqueles que defendem o PER : ou os € não lhes custam a ganhar ou então as coisas caem-lhes em cima da cabeça.Alguns até defendem que se argumenta sem ter em conta o 'empírico' !!! leiam o Kant !!!e dêem uma volta pelos bairros do PER.Claro que há pessoas que vivem por ex.no Páteo para quem ó sentido crítico e exigência daquilo que têm direito, é fraca ! mas isso é outra questão (basta ver o logradouro)
sergio | 07.18.05 - 10:23 pm | #
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Sérgio
O seu prédio fica entre a Colina São João de Brito e a Quinta da Conchas. Que tal o Sr. Sérgio sair de onde está para os moradores da Colina verem a Quinta?
O Sr. Sérgio nem sequer conhece o civismo de "deitar papeís para o chão". Só se preocupa consigo. Com os outros não. Pensa que ainda tem moral para criticar os outros?
Francamente!
António Gouveia | Homepage | 07.19.05 - 9:57 am | #
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O sr António Gouveia é mal educado e nem vou perder mais tempo...que fez vc contra a construção do Páteo ? se este o incomodava, refilava, matava.....não me venha com lições de civismo e nem sei ao que se refere.Não lhe reconheço capacidade mental para falar em ética e moral comigo.talvez seja melhor um papel no chão do que MERDA de cão à porta do prédio.Basta ver a sua concepção na concordância de infraesturas!! h´´o meu amigo ! o Sr anda a ver mal....a minha formção não é em arquitectura, mas até um leigo vê o lixo envolvente.
Psse bem
sergio | 07.19.05 - 7:58 pm | #
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Se mora na colina, faça uma favor às pessoas que moram no Páteo: mande calar ou peça para substituir as condutas que estão no telhado,já tou farto de levar com o barulho das mesmas e tenho todo o direito de estar na minha casa sossegado.
sergio | 07.19.05 - 8:39 pm | #
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Sérgio
Os borlistas é que são mal educados.
Borlistas como o Sérgio que querem os benefícios sem os pagar.
E que benefícios são esses? Quer um quarteirão livre que não é seu - a Malha 5. Se fosse seu e dos seus vizinhos, isto é, se o tivessem pago, teriam todo o direito de lá fazerem o que quisessem. Tal como não construir nada. Como não é vosso...
E depois, os habitantes do PER é que vivem à custa dos outros...
Passe bem!
António Gouveia | Homepage | 07.20.05 - 9:33 am | #
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