terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Entrevista ao Dr. Nuno Caleia (na íntegra) - VI

Viver na Alta de Lisboa: E quando é que o Eixo Central estará feito?

Nuno Caleia: O Eixo Central é um projecto para 2 anos e meio a 3 anos.

Viver na Alta de Lisboa: Incluindo já o ano que já foi passado?

Nuno Caleia: Não inclui, não. Temos também constrangimentos no desenvolvimento do Eixo Central em relação à aquisição de terrenos. Não é uma questão que esteja completamente limpa para nós podermos dar um prazo de obra que só dependa da obra em si mesmo. É uma questão que eu acho que não tem constrangimentos muito significativos até à Krus Abecassis. Tem a questão da Carris, que pode ser equacionada com a Carris. Tem o Centro Social da Musgueira que lhe é fronteiro mas que não o inviabiliza. Precisa de ser relocalizado mas também tem soluções. E há as questões das casas de Calvanas mas as escrituras estão agora a ser concluídas e portanto, ficam sanadas. E há a questão de saber onde é que isto vai ligar do ponto de vista de Porta para não ser uma via sem ligação a lado nenhum.



O Viver pergunta: Estamos a falar de 3 anos para o Eixo Central. Essas questões vão ficar resolvidas antes?

Nuno Caleia: Podem ser paralelas. Podem e devem ser paralelas.

Viver na Alta de Lisboa: E isso depende exclusivamente da SGAL? Ou também depende da CML?

Nuno Caleia: Depende essencialmente da Câmara. Depende da operação de loteamento. A operação de loteamento da Malha 17 já está. A operação de loteamento da malha 16 e malha 18 estão em análise e isto permitirá até ao final do ano ficar com as obras em loteamento de um troço significativo do Eixo Central resolvidas. A edificação dessas operações de loteamento depois já tem outros timings que não são só os timings da CML. Necessariamente são enquanto loteamento urbanístico. Eu julgo que o desenvolvimento do Eixo Central nesse aspecto não ficará com plena execução do ponto de vista de malha se olharmos para a Quinta da Musgueira e Malhas 8, 9 e 10 enquanto a Carris não for relocalizada. O Eixo Central pressupunha a relocalização daquele interface para desenvolver as Malhas 11, 12 e 13. Mas as malhas 16, 17 e 18 que podem ter algum grau de evolução. Até à Krus Abecassis e o troço imediatamente a seguir, não tem muitos mais constrangimentos. A partir daí entramos na zona industrial da Charneca onde temos tido mais dificuldades na expropriação ao longo do tempo. Há um empenho forte de não estabilizar o Eixo Central até à Krus Abecassis porque há o perigo dele parar naquele ponto e esse perigo não é um perigo aceitável porque depois fica coxo. É meio eixo. Estamos a fazer todos os esforços para conseguir chegar à Porta Norte.

3 comentários:

Anónimo disse...

"Há um empenho forte de não estabilizar o Eixo Central até à Krus Abecassis porque há o perigo dele parar naquele ponto e esse perigo não é um perigo aceitável porque depois fica coxo."

Acho que é a primeira vez que alguém com responsabilidades admite que parte do projecto da Alta pode não ser realizado. O atraso no eixo central é evidente e foi assumido pelo Arq. Salgado ("6 anos") e outros. Mas "há o perigo dele parar naquele ponto"
é informação nova. Pelo menos para mim..

Pedro Cruz Gomes disse...

Para mim - mesmo já o tendo ouvido há alguns meses - nunca seria. Basta olhar para o passado, para constatar a enormidade de obras provisórias que foram definitivas durante décadas: desde a igreja de Santa Engrácia à auto-estrada Lisboa-Porto (com os primeiros troços a serem realizados no final dos anos 1960 e os subsequentes só nos Governos de Cavaco Silva), passando, por exemplo, pelos bairros de realojamento provisório que duraram mais de 40 anos e pelo Martim Moniz que esteve igualmente à espera de solução urbanística durante mais de 40 anos.

Não me parece que a conclusão do Dr. Nuno Caleia provenha de alguma decisão do presente - é apenas realista e demonstra conhecimento da inconsistência temporal das decisões da casa da qual é funcionário.

Se, com um plano perfeitamente definido, a Câmara estagnou a sua intervenção pujante pouco depois da conclusão dos realojamentos, será de esperar que também não se sinta pressionada para cumprir com as suas obrigações contratuais de disponibilização de terrenos para a construção do segundo troço do Eixo Central, precisamente aquele que se encontra mais "longe da vista".

O que me choca mais nesta entrevista não é este alongar de prazos. É antes o autismo das perspectivas das duas partes. De um lado SGAL e habitantes a exigirem, não pressa, antes o cumprimento dos prazos acordados e promovidos; do outro a Câmara, complacente com os seus incumprimentos, tranquila, inafectada, seráfica, com o discurso calmante de que tudo se irá resolver, tudo acabará - um dia - por ser concluído. Ignorando custos, ignorando prejuízos, frustações, decréscimo da qualidade de vida...

Pois é. Quem não tem não pode dar.

Pedro Veiga disse...

Estaremos em risco de fazer uma Alta de 1ª servida pelo eixo central até à Krus Abecassis e uma Alta de 2ª daí em diante?
Haverá possibilidade de captar investimento privado para encher as malhas que envolvem o eixo central?