quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Era bom haver um coro sinfónico na Alta de Lisboa, não era?

A história do Coral Lisboa Cantat, hoje Associação Musical Lisboa Cantat(AMLC), que conta actualmente com dois agrupamentos distintos (o Coro de Câmara Lisboa Cantat (CCLC) e o Coro Sinfónico Lisboa Cantat (CSLC)), pode resumir-se em poucas palavras: 30 anos de muita dedicação à música para conseguir fazer música coral com dignidade. O objectivo de constituir um coro per si foi largamente ultrapassado. O Coro Sinfónico Lisboa Cantat é hoje o único coro sinfónico amador existente em Portugal. A actividade dos últimos anos supera largamente os objectivos iniciais para o qual foi criado. As apresentações públicas no CCB, na Casa da Música, na Aula Magna, no Teatro Nacional de São Carlos, no Convento de Mafra e em tantas e tantas igrejas e outras salas por Lisboa e por Portugal inteiro, com uma programação variada que vai desde música coral a capella até grandes obras corais sinfónicas como os Requiem de Verdi, Mozart, Fauré, Brahms, Duruflé e Carrapatoso, a Carmina Burana de Carl Orff, a 9ª sinfonia de Beethoven, Maessias de Händel, a Criação de Haydn ou a Cantata de Outubro de Prokofiev, entre tantas outras, em colaborações com muitas orquestras, das quais se destacam a Orquestra Filarmonia de Espanha, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Nacional do Porto e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, trazem uma dimensão profissional a uma associação sem fins lucrativos que aposta em servir pessoas como nós. Pelo Lisboa Cantat passaram nestes 30 anos de existência milhares de pessoas. Muitas delas tiveram nesse feliz encontro a sorte, oportunidade e muito mérito de conseguir desenvolver o potencial inato e tornarem-se músicos profissionais de relevo.

Era de grande interesse para a população da Alta de Lisboa, do Lumiar, de Telheiras e bairros vizinhos que um coro com esta actividade tivesse sede por cá, dando oportunidade à população interessada de cantar, de ouvir, de se inscrever a si ou a um filho na escola de música, também. O Coral Lisboa Cantat mostrou interesse em vir para o Lumiar e houve reuniões muito avançadas com o Dr. Rui Lima, assessor do Presidente da CML na anterior vereação. A ideia era ceder o pavilhão existente na Quinta dos Lilazes, anteriormente pertencente à EPUL, mas agora sob alçada da CML. Houve até duas visitas oficiais com representantes da CML e da Associação Musical Lisboa Cantat (AMLC) ao local para averiguação de condições dos espaços disponiveis. O espaço do Pavilhão de madeira interessava à AMLC. Mas entretanto o executivo de Carmona Rodrigues caiu e todas as palavras se tornaram vãs.

Foi com surpresa que li anteontem, no blog do PS Lumiar, que o Vereador Manuel Salgado cedeu o espaço a serviços administrativos do Ministério da Cultura. O PS Lumiar insurge-se, e bem.

Vai assim este país, onde não se sabe distinguir os meios dos fins, onde fazer cultura é muito mais um burocrático trabalho de secretaria do que o contacto directo com a arte, por mais provas dadas que tenham as instituições.

A AMLC tem hoje sede alugada à CML em Marvila, numa sala húmida e bolorenta, onde todas as semanas nascem cogumelos das paredes, não podendo por isso avançar com os projectos Escola de Música, Coro Juvenil e do Coro Infantil, que aguardam há mais de dois anos por uma decisão da CML. Para além disto é neste espaço que Maestros de craveira internacional como Marc Tardue, Martin André, Olivier Cuendet têm vindo trabalhar e naturalmente mostrado o seu desagrado e incredulidade pelo espaço que estes agrupamentos têm de suportar todos os dias de ensaio. Outros se lhes seguirão já neste ano de 2008 e a vergonha vai continuar?

Esta é uma causa que devia unir todos os partidos e associações que dizem pugnar pelas populações de Lumiar, Alto Lumiar e Telheiras.


À Memória de Anarda, de Pedro Faria Gomes, pelo Lisboa Cantat

16 comentários:

Anónimo disse...

Foi-me comunicada a existência deste blogue e do assunto Pavilhão de Madeira da Quinta dos Lilases.

Aproveito para deixar alguma informação sobre este assunto.

Durante o segundo semestre de 2006 a CML através do Dr. Rui Lima, assessor do ex-presidente prof. Carmona Rodrigues, contactou comigo, na minha qualidade de Director Artístico da Associação Musical Lisboa Cantat (AMLC), no sentido de solicitar uma visita à referida Quinta no Lumiar para "verificar in loco as condições dos espaços aí existentes para a prossecução dos projectos da AMLC".

Ali me desloquei por duas vezes, acompanhado pela Direcção da AMLC e pelo representante de CML, tendo concluído que das salas na altura disponíveis para a AMLC, quer na residência (3 salas no piso superior), quer nas antigas cozinhas (por baixo do jardim de inverno) quer no Pavilhão de Madeira (antigos gabinetes de arquitectura da EPUL), seriam estes últimos os que corresponderiam às necessidades da Associação Musical Lisboa Cantat.

Qual o meu espanto quando esta semana tomei conhecimento do destino a que este espaço foi votado. A AMLC é uma associação com 30 anos de actividade musical ininterrupta e cujo currículo poderão encontrar quer numa busca em qualquer motor da internet, quer numa visita à página da AMLC em www.lisboacantat.com

Para quem quiser visitar o espaço que a CML disponibilizou em Outubro de 2005 (após 8 anos de pedidos e reuniões) à AMLC para os trabalhos que esta associação desenvolve e verificar in loco as condições inacreditáveis em que decorrem os ensaios após mais de dois anos de actividade contínua naquele local, poderá visitar-nos na Praça David Leandro da Silva 23 A em Marvila ao Poço do Bispo., terças e domingos entre as 21h00 e as 23h30.
Quanto à situação do pavilhão de madeira da Quinta dos Lilases, é lamentável que a possibilidade de uma Associação como a AMLC, que hoje conta com um Coro Sinfónico com cerca de 100 elementos, um Coro de Câmara inteiramente composto por 18 jovens músicos, com um projecto parado por falta de espaço adequado para abertura de uma escola de música, da formação de mais um coro infantil, de um coro juvenil e de uma orquestra de câmara, sejam preteridos por mais um espaço de cariz meramente burocrático, que poderia facilmente ocupar outro local da cidade de Lisboa.

Este é um assunto que deveria ser revisto urgentemente a bem da comunidade de residentes no Lumiar, que não terá nos próximos anos uma oportunidade cultural com o impacto que este projecto, a curto prazo iria trazer a esta
zona da cidade.

Que este assunto não morra no esquecimento por falta de informação é a minha intenção ao escrever este comentário e estarei disponível para qualquer diligência que vise alterar o percurso sinuoso deste processo a bem da cultura na cidade de Lisboa e em particular naquela zona da cidade.



Jorge Carvalho Alves

Pedro Veiga disse...

Esta é mais uma história das dificuldades sentidas no desenvolvimento de um grande projecto cultural. Por falta de sensibilidade e de conhecimento, ou mesmo, pela existência de um analfabetismo cultural por parte das autoridades políticas, estes movimentos associativos de grande valor para a sociedade enfrentam muitas dificuldades.
A meu ver era de todo o interesse que uma associação com estas características viesse a ocupar um espaço nesta zona da cidade. Seria uma excelente oportunidade para promover a cultura musical a uma população que está longe de frequentar as salas de espectáculo mais importantes de Lisboa. Não seria também uma forma de promover a inclusão social? Penso que sim, sobretudo com um projecto que visa o ensino da música às camadas mais jovens.
Eu gostaria que parte do meu IMI fosse aplicado no apoio a estas associações mesmo que para isso fosse necessário sacrificar a construção de alguns passeios bonitos.

Anónimo disse...

Uma vergonha. Lamentável. Espero que a Aral e a Art façam alguma coisa por isto. Espero também que CML ganhe juizo e aprenda a servir melhor os munícipes.

Anónimo disse...

Eu acredito que se houver um movimento cívico por parte dos moradores do Alto do Lumiar, será possível o acolhimento da Associação Musical Lisboa Cantat em instalações condignas aqui no Alto do Lumiar. Seria uma mais- valia para todos pela capacidade de representação e divulgação do Alto do Lumiar e pela sua elevação cultural a nível internacional.

Obs.: Fui o anónimo que divulgou o Coro Lisboa Cantat na ARAL, a propósito das audições para novos coralistas.

Meow disse...

De facto, a AMLC já merecia outras instalações com condições favoráveis ao canto. Esta peça do Pedro Faria Gomes é muito, muito bonita. Nós, Coro de Câmara tivemos uma grande honra em estreá-la.

Anónimo disse...

Seria espectacular ver e ouvir o Coral Lisboa Cantat no projectado Centro Cultural do Alto do Lumiar.

Anónimo disse...

Lamire
parece que leu a minha testa.
E se comecassemos a angariar fundos e lobis.
ja imaginaram aulas de musica a nossa porta para as nossas criancas. espectaculos aos fins-de-semana!
que maravilha!

Sera que nao podemos comecar a lutar por uma coisa nobre como esta?
Podemos vender rifas, mas tb podemos pedir a grandes corporacoes que nos ajudem. A caixa geral de depositos (afinal a CGD ou outras instituicoes bancarias beneficiaria se este bairro funcionasse) ou o Joe Berardo (nos demos-lhe o CCbelem ele da-nos uns tostoes) nao ha lobistas profissionais em Portugal? nao ha ninguem que queira pegar nesta causa?

Anónimo disse...

Parece-me ser uma causa pela qual valha a pena lutar.
Um vento de cultura e de tranquilidade faz muita falta por estes lados.
Porque não assinarmos aqui o pedido à CML para que se deixe de rotundices e instale a AMLC naquele espaço???
Já é tempo desses senhores da CML aprenderem que estão lá em primeiro lugar para nos servirem e só depois para o resto a que já temos 33 anos de experiência observante.

Anónimo disse...

Como moradora no Lumiar, arquitecta e membro da AMLC não quero deixar de expressar a minha indignação perante esta situação. O Lumiar, e mais em particular a Alta de Lisboa é uma Freguesia onde convivem diariamente milhares de pessoas das mais diversas etnias, condições económicas e culturais. Parece-me que salta à vista de qualquer cidadão bem informado que um projecto deste tipo traria a possibilidade de integração e interacção social dos diferentes tipos de moradores, criando-se condições de vida melhores para todos. A Alta de Lisboa tem uma percentagem de crianças e de jovens adultos muito superior às médias nacionais, que infelizmente na sua maioria não tem acesso a qualquer tipo de actividades culturais. A Alta de Lisboa, a meu ver, e contra todas as teorias que foram defendidas aquando do seu lançamento no mercado, não é um projecto de reintegração exemplar mas pode, se bem apoiado, vir a ter sucesso. Os erros urbanísticos que mais uma vez foram cometidos ainda estão a tempo de ser "esbatidos" e o esforço de todos nós, moradores do Lumiar e Alta de Lisboa pode e deve ser o grande motor do sucesso deste projecto. A reabilitação do Parque das Conchas foi talvez, até agora, o maior reflexo de que esta integração é possível e desejável. É de lamentar que as pessoas responsáveis pelas políticas de cidade não sejam tão bem informadas sobre a sua matéria prima como quem tem vindo a participar neste debate.

Anónimo disse...

Apoio - uma petição, um abaixo assinado, a ARAL/ART/AMLC pedirem mecenato cultural ao BCI/El Corte Inglés - afinal os espanhóis têm feito mais pela nossa cultura, ultimamente, que nós próprios...
Se o nosso voto contar, A JFLumiar há-de ser perdida para um movimento cívico, não tarda. Basta de partidos políticos de meia tigela, que dizem e desdizem e vão comendo por conta.

Anónimo disse...

concordo com o anonimo das 10.09

Anónimo disse...

Como é que eu posso colaborar para que a AMLC possa desenvolver a sua actividade no Alto do Lumiar?

Anónimo disse...

Como coralista da Associação Musical Lisboa Cantat (já lá vão 6 anos de muitas alegrias musicais) não queria deixar passar este assunto sem um breve comentário. No que me diz respeito, aprendi muito do que sou hoje nesta Associação, com os excelentes profissionais que nos dirigem, com os amigos que fui criando mas sobretudo com a riqueza musical que trouxe para a minha vida. Neste momento dedico-me profissionalmente quase em exclusivo à Música e se tal sonho se concretizou foi porque no coro sinfónico me abriram um horizonte que até aí pensava ser inalcançável. Um coro deste nível sediado no Alto do Lumiar seria uma enorme mais-valia para a vida desta população. Para mim, poder cantar na AMLC, foi uma enorme mais-valia. Lutem por esta causa, por vôcês, pelos vossos filhos, e já agora pela nossa Associação que já merece dignas cond1ções de trabalho.

Anónimo disse...

Um Recado para:
-Os colaboradores do blog, coloquem um link da AMLC;
-O Coro Sinfónico da AMLC, promovam uma audição no Alto do Lumiar, com a finalidade de divulgar a causa e no mínimo duplicar o número de associados;
-O webmaster do portal da AMLC, introduzir a possibilidade de inscrição como associado online.

Mr. Steed disse...

eu não canto, não tenho filhos para aprenderem a cantar e, com grande pena minha não sei música mas...vivo na alta de lisboa. e gostava que esta associação viesse para a zona.

é parvoíce, com tantas instalações ao abandono, não as aproveitarem para fins mais interessantes do que instalar mais uns mangas-de-alpaca.

além disso os sítios humídos e frios fazem mal à garganta dos cantores ;)

o que é q posso fazer para ajudar?

Anónimo disse...

Queremos o coro a cantar
No Pavilhão prometido
No Alto do Lumiar
Fará todo o sentido

JB