A candidata conversou com algumas pessoas, deu uma volta pelas instalações do clube, subiu ao primeiro andar para admirar as taças ganhas em campeonatos desportivos, deu umas tacadas de snooker e quando voltou a descer as escadas encontrou naquela mesa das quatro amigas uma fonte de queixas.
“O apartamento foi todo mal acabado”, “o armário da cozinha está quase a cair, qualquer dia cai em cima do meu neto, que tem dois anos”, “mal por mal, preferia a minha casa lá em baixo”, “aqui há duas creches, há, mas não têm vagas”, “o parque infantil tem miúdos de 15 e 16 anos, em vez de crianças e o meu filho de oito já lá partiu o osso do crescimento a tentar imitar os outros” foi o que Nogueira Pinto obteve como resposta s cada uma das perguntas que ia fazendo sobre as condições daquele bairro de realojamento, onde os prédios do PER foram construídos ao lado de outros para venda com preços controlados e com vista para os condomínios da Alta de Lisboa.
Antes de sair, a candidata do CDS não resistiu a dar mais uma tacada na mesa de snooker para “pôr o jogo todo diferente”. “É a nossa ideia desde o início”, disse, sorrindo para o candidato à assembleia municipal, Anacoreta Correia, e o deputado Telmo Correia. Um dos jogadores é que não gostou nada da brincadeira e resmungou entre-dentes: “Vão é trabalhar!”.
Um pouco mais à frente num dos jardins, o cenário de queixas repetiu-se. “Pensei que vinham cá pôr uma paragem de autocarro”, “olhe, antes queria a minha casa, que tinha lareira, tinha tudo”, explicava Helena Maria, 47 anos e mulher-a-dias. “Fazem prédios de ricos aqui ao lado para a gente ficar a ver os relógios deles, vai é haver roubos de meia-noite”, acrescentava Samuel, um jovem de 28 anos, que se dizia presidente da “sociedade dos pobres”.
Nogueira Pinto não se deixou impressionar pelas criticas. Considerou que o modelo aplicado pelos executivos de João Soares e Santana Lopes na Musgueira “é bastante satisfatório”. “Não tenho nenhuma relutância em dize-lo”, afirmou. “O que faltou foi um trabalho de apoio social para preparar as pessoas para uma outra vivência. Vêem a deslocalização. não como uma promoção, mas como uma prisão, e são pessoas que têm muita revolta dentro delas porque não têm trabalho”, afirmou, elogiando os equipamentos sociais, embora sugerindo uma esquadra de polícia,
A candidata, contudo, não aceita os discursos “do coitadinho”, afirmando estar “preocupada” por não ter ouvido falar “do que sentem ser os seus deveres”.
P.S. Também o DN trouxe esta notícia, com algumas matizes mais intensificadas.
1 comentário:
Ó raposaruiva, mas o que tem isso a ver com este post? :)
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