Encontrou-se, no dia 30 de Maio, à noite, um gato jovem, castrado, com
aspecto de ter fugido de casa e estar perdido.
Está muito bem tratado e é muito meigo.
Foi encontrado na Colina de São Gonçalo, na Alta de Lisboa (Lumiar).
Se se tratar do seu gato, ou se estiver interessado em adoptá-lo,
ligue para 91 902 55 55.
SITUAÇÃO MUITO URGENTE
quarta-feira, 31 de maio de 2006
Gato perdido na Alta de Lisboa, urgente!
Publicado por Pedro Veiga às 14:13 5 comentários
Grigory Sokolov
O Grigory Sokolov vem tocar a Portugal no próximo dia 3 de Setembro na Biblioteca do Palácio de Mafra, no âmbito do Festival Rota dos Monumentos.
Proponho, com carácter de obrigatoriedade, visita de estudo com o stor Tiago.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 12:21 2 comentários
etiquetas: música
terça-feira, 30 de maio de 2006
Condomínio abandalhado
Colina de S. Gonçalo, Maio de 2006
“Ainda a procissão vai no adro
e já a zaragata é do ébrio
ainda a discussão vai no híbrido
e já a certidão é do óbito
de subito
um punhal
e ei-lo que cai em
decúbito
dorsal
pobre instante, pobre morte
esse rapaz nunca teve grande sorte
não faz mal, não faz mal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal
pelo menos vem no jornal”
Sérgio Godinho (Notícias locais) in escritor de canções
Ainda não faz um ano que a gestão do condomínio foi entregue pela imobiliária a uma empresa especializada.
Apenas uns meses de gestão e a confusão já é total: há falta de limpeza, os sistemas anti-incêndio não funcionam, as portas encravam, as luzes apagam-se, os telefones dos elevadores não funcionam, as reparações são mal feitas e nunca são terminadas, os extintores estão fora de prazo, os vidros partidos não são substituídos, … enfim, é o caos!
Chegou a hora da mudança. Se o lote vizinho conseguiu mudar nós também conseguiremos. Vamos a isso, arregacemos as mangas!
Publicado por Pedro Veiga às 16:40 12 comentários
segunda-feira, 29 de maio de 2006
CULINÁRIA DE LISBOA, #4 – CANJA DE GALINHA SALOIA
Lisboa estava cheia de “criação”.
(E repare-se como os diversos significados do termo evoluíram em conjunto: dizia-se de quem se sabia comportar socialmente que era educado, que tinha maneiras, que era bem-criado (provavelmente pelas canjinhas que a velha criada ou a avó ou a mãezinha tinham preparado na infância ou adolescência, prolongadas por certo, pela mão consciente da esposa burguesa); hoje em dia, queixam-se os mais velhos – perante as ignorâncias da mocidade, os atropelos dos novos-ricos, o desleixo de meio-mundo – de que isto é um país de mal-criados. Pois mal-criados seremos, se nem já criação há em número suficiente para encher de produtos legítimos a mesa de todos nós.)
E a que chave haveria de recorrer o José Maria oitocentista, lisboeta de adopção, para abrir um entediado e cosmopolita Jacinto às delícias do sentir português, senão à inevitável canja?:
“(...) era de galinha e rescendia. Provou e levantou para mim, seu camarada de misérias, uns olhos que brilharam, surpreendidos. Tornou a sorver uma colherada mais cheia, mais considerada. E sorriu, um espanto – Está bom!
Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes, fervorosamente, ataquei aquele caldo.
- Também lá volto! – exclamava Jacinto, com uma convicção imensa. – É que estou cá com uma fome... Santo Deus! Há anos que não sinto esta fome.
Foi ele que rapou avidamente a sopeira.(...)”
[in A Cidade e as Serras, José Maria Eça de Queiroz,]
“Canja” era, em similitude com o prato, tudo o que se fazia depressa e bem. Hoje em dia, nada parece ser “canja” neste Portugal que começou a entristecer nas palavras dum outro lisboeta órfão de sopas caseiras e não pára de se desconsolar. De nos desconsolar.
Perante umas serras desertas e uma cidade que de noite desaparece...
1 galinha gorda com miúdos – 1 cebola – salsa – 2l de água – arroz agulha, q.b.
Colocar a galinha na água salgada fria (de modo a que permitir que se desprenda da ave a maior quantidade possível de gordura e sucos) juntamente com a cebola e a salsa. Salgar (pouco! A saúde agradece). Cozer em lume brando, gentilmente, até a carne estar tenra e se desprender dos ossos (atenção aos frangos de aviário: ao fim de uma mão-vazia de minutos já o corpo ameaça desagregação, não constituindo sinal de canja rica. Aliás, ao usar frangos de aviário deve ter-se presente a menor valia que os mesmos oferecem).
Entretanto, cozer o arroz na proporção de 1-4. Deixar ligeiramente al dente e lavar em abundante água de modo a ficar bem solto.
Servir a canja com o arroz, a galinha desfiada e um esguicho de limão.
Duas ou três folhas de hortelã serão bem vindas por quem delas gostar.
NOTA: Pode-se estranhar a cozedura, à parte, do arroz. Preciosismo de quem precisa de mais de uma sessão para processar todo o caldo: se reaquecido, o arroz ultrapassa o ponto de cozedura e transforma-se numa pré-papa desagradável. Acrescentado frio ao caldo fumegante reaquecido não perde qualidades.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 23:00 9 comentários
domingo, 28 de maio de 2006
O Viver vai ao CCAL - Chopin, Prelúdio em Mib m
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O que acontece é que o compositor ao passar uma obra musical, um objecto sonoro, para a codificação escrita, a partitura, está a transformar uma realidade tridimensional, com todas as nuances de fraseado, o equilíbro de planos sonoros, as oscilações de tempo, numa codificação bidimensional, com algumas indicações generalizantes como intensidades sonoras, acelerandos, stacattos ou mesmo sugestões poéticas de ambiente, mas que não conseguem ser 100% rigorosas na correspondência musical. No fundo, agarrar numa partitura, estudá-la e tocá-la, é como exercício de construção de personagem que os actores fazem quando aprendem uma peça de teatro. A partitura ou a peça escrita não são mais do que guiões conceptuais e na passagem desse objecto escrito para uma realidade viva, parte do mundo interior, das vivências e experiências de vida, da personalidade do actor ou músico, passam para a obra.
Claro que se podia sempre querer encontrar a forma correcta, a única e universal de materializar em som os gatafunhos escritos num papel. Mas não será sempre um exercício de especulação académica? Porque de facto, se o compositor imagina uma obra musical, conseguirá depois passar para o papel todas as formas e matizes do que ouviu? E suponhamos que existirá no futuro uma forma inequívoca de o fazer, não é possível um outro músico surpreender-nos com uma visão alternativa da obra?
Lembro-me de avaliar a qualidade de um concerto ao vivo pelo número de notas erradas e grau de semelhança com o modelo criado na memória pela única versão que conhecia da obra. Mas uma vez, estava com o meu pai numa manhã de Sábado a ouvir a Antena 2, quando entre dois programas passou um interlúdio musical que não foi identificado pelo locutor. Era o prelúdio em lá menor, de Chopin, numa versão tão mais dramática e intensa da que conhecíamos que nos obrigou a telefonar para a rádio e perguntar o nome do pianista. Ouvi então pela primeira vez, soletrado com alguma dificuldade, o nome Grigory Sokolov.
Chopin compôs 24 prelúdios, uma para cada tonalidade, à imagem dos dois cadernos de 24 prelúdios e fugas que o venerado J.S. Bach houvera escrito, cerca de 100 anos antes, para explorar as maravilhas do recente modelo de afinação temperada dos instrumentos de tecla. Chopin não se aventurou pela fuga, mas conseguiu reunir 24 miniaturas que mesmo não tendo sido compostas cronologicamente de forma sequencial, resultam num todo muito interessante. Comparar diferentes versões de apenas um prelúdio é um exercício que poderá resultar injusto para algum dos pianistas aqui expostos, precisamente por retirar da coerência de uma construção de uma obra de 24 peças apenas um momento que poderá ser redutor das qualidades de músico. Mesmo assim, proponho então comparar o prelúdio nº14, em Mib menor.
Na linha de alguns prelúdios de Bach, Chopin adopta uma fórmula rítmica constante, deixando à harmonia o papel de destaque da música. No entanto, Chopin usa aqui a mesma técnica já utilizada no 4º andamento da sua 2ª sonata: as duas mãos tocam exactamente o mesmo à distância de uma oitava. As harmonias, não sendo tocadas em acordes mas divididas em tercinas, não deixam mesmo assim de se ouvir por ficarem a ressoar pelo uso do pedal, e ganham movimento e fluidez pela constância do movimento rítmico. Cada pianista opta por salientar ora as notas mais agudas, ora as mais graves, ou ambas.
O prelúdio tem uma exposição nos compassos 1 a 4, um desenvolvimento nos compassos 5 a 10. O clímax do prelúdio coincide com a reexposição, no compasso 11, que se vai desvanecendo até ao início do compasso 17. Daí em diante, são-lhe acrescentados dois compassos que sublinham o final e repousam o prelúdio. Esta secção costuma chamar-se coda, que significa cauda em italiano, língua muito utilizada em termos musicais.
A versão de Pollini é sem dúvida a mais sóbria de todas aqui apresentadas. Com uma técnica robusta, Pollini procura mostrar a obra da forma mais púdica possível, acrescentando o mínimo de si próprio. Um opção humilde que lhe é característica.
Já Evgeny Kissin tem uma opção mais musculada, mais nervosa e brusca, dando maior destaque às notas agudas do prelúdio.
Martha Argerich foge ligeiramente à construção proposta por Chopin, optando por levar o crescendo até ao final do prelúdio, antes da coda. Reparem como a opção aqui é salientar o movimento do baixo, as notas graves, bem evidente na extraordinária sonoridade conseguida no início do prelúdio.
Grigory Sokolov tem como idiossincrasia a gestão orgânica da pulsação, ora acelerando, ora retardando, aumentando a tensão emocional da música. Isso é evidente logo no início da peça, onde a pulsação começa lenta e vai acelerando com oscilações. Surpreendentemente, sem que exista qualquer indicação para isso na partitura, Sokolov opta por uma sonoridade praticamente sem pedal, em pianíssimo, no desenvolvimento, antes da reexposição, criando um vale escuro e frio para novamente voltar a atacar furioso o tema até final. Do ponto de vista estrutural, esta é talvez a versão mais ousada das até aqui apresentadas. Comparado com a versão rigorosa de Pollini, dir-se-ia que há muito de Sokolov neste prelúdio.
Ivo Pogorelich tem como imagem de marca a busca de opções jamais tomadas pelos colegas de profissão. Venerado por uns, desprezado por outros, o pianista croata apresenta sempre versões que surpreendem e mostram algo de novo em cada obra tocada. Esta sua execução do prelúdio em Mi b menor é assim a que mais se afasta dos cânones chopinianos. Abandonando a construção do prelúdio proposta pelo compositor, com o clímax no compasso 11, Pogorelich faz a peça de forma absolutamente frenética, sem pedal, realçando por vezes o baixo que mantém audível para além do que está escrito, criando um plano sonoro adicional à obra.
Finalizo com Claudio Arrau, um dos grandes pianistas do séc. XX, um romântico por natureza. As suas versões são carregadas de dramatismo, de lirismo, repletas de poesia. Arrau abdica neste prelúdio de competir com a velocidade e ferocidade dos exemplos anteriores. Não por não conseguir, mas por opção estética, por a idade avançada também lhe dar outra visão do mundo, mais contemplativa, com uma sensação de tempo diferente.
Publicado por Tiago às 18:53 18 comentários
etiquetas: música
quinta-feira, 25 de maio de 2006
Manhã sem trânsito
Hoje estava tudo desempedido. Nem um só carro à minha frente! Nem pela estrada das Calvanas, nem por aquela outra que faz mais curvas, junto ao muro da Quinta das Conchas. Fiz contas de cabeça, costumo ser distraida nisto de feriados. Os móveis, então, só me costumo aperceber deles na véspera. Mas não, não era sexta, ainda é quinta... e a semana dos feriados é só na outra a seguir, tenho quase a certeza. Quando me aproximei do acesso à 2ª circular reparei no semáforo estragado.
Será esta - um semáforo - a razão dos problemas de mobilidade na Alta? Será assim tão fácil de resolver? Gostava de saber como esteve o trânsito lá pelas 8:00. Terão notado a diferença?
Publicado por Unknown às 23:04 0 comentários
quarta-feira, 24 de maio de 2006
Artes e Letras na Alta de Lisboa
Maria de São Pedro, escritora e pintora nascida em 1943, é a autora dos livros "Lua de Lobos" (poemas e contos) e "Senhores do Medo" (sobre violência doméstica).
Publicado por Ana Louro às 00:01 2 comentários
segunda-feira, 22 de maio de 2006
"A ciência e a Cidade: o ócio"
Publicado por Ana Louro às 20:44 0 comentários
domingo, 21 de maio de 2006
CULINÁRIA DE LISBOA, #3 – SOPA RICA DE PURÉ DE PEIXE
Poderá a sopa de peixe ser uma variação desta caldeirada (já a hipótese de reciclagem de sobras me parece menos plausível dado o carácter paupérrimo das mesas de pescadores) ou antes um evoluir erudito de mesa burguesa do tratamento popular?
Deixemos o passado a quem se questionar sobre ele. Como Janus, a sopa de peixe aparece no presente com uma das suas duas faces – seja como estrela de mérito próprio em restaurantes “regionais”, seja como o corolário de não sei quantos jantares de peixe sobredimensionados. Confessemos a desilusão que a maior parte das experiências restaurativas traz: a sopa servida é uma água chilra onde bóiam, envergonhados, pequenos pedaços de peixe nos quais subsistem – provavelmente para provar a genuinidade do produto –espinhas e pele originais. Já uma sopa de peixe caseira... daquelas esmeradas ao ponto de nelas uma colher de pau sobreviver em pé... porque é que nenhum dos meus amigos especialistas na mesma me oferece uma num terraço face ao mar, ao fim de um dia de Verão e com a companhia certa?
Para 10 pessoas:
4 kg de peixe – o que houver, coleccionem-se as sobras de outros manjares ou comprem-se frescos, pescada, congro, pargo, ruivo, garoupa, dourada, peixe-galo ou outras espécies de carne dura; 1kg de tomate (ou 400 gr de puré), 3,5 l de água, 3 dl de vinho branco, 2 dl de vinho do Porto seco, 60 gr de cenouras, 60 gr de cebolas, 2 dl de azeite, 500 gr de camarão, 2 kg de mexilhão.
O Caldo. Cozer em água (colocar em água fria) os peixes em postas e cabeças abertas ao meio, com o vinho, cenouras, um quarto das cebolas, sal, um raminho de tomilho e 1 cravo de cabecinha, durante duas horas.
O 2º Caldo. Cozer o camarão em 0,5 l de água durante 3 minutos. Pisa num almofariz as cascas e cabeças e cozer na mesma água durante mais 15 minutos. Coar e reservar.
O Marisco. Abrir os mexilhões no calor (colocar numa panela e aquecer). Retirar das cascas os que estiverem abertos, reservar os maiores e reduzir a puré os restantes. Descartar os que mantiveram as conchas fechadas. Decantar a água da cozedura e ferver com o vinho do Porto durante 20 minutos.
A Base. Refogar a cebola restante, tomate e salsa, tudo picado. Reduzir a puré depois de pronto.
O Substrato. Retirar peles e espinhas ao peixe e reduzir igualmente a puré, juntamente com as cenouras e cebola.
A Preparação Final. Juntar numa panela as águas das diferentes cozeduras e os purés. Ao começar a ferver, acrescentar os mexilhões e camarões e retira-se do forno.
Serve-se com fatias de pão tostadas com manteiga.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 21:23 2 comentários
sábado, 20 de maio de 2006
UPAL
Publicado por Ana Louro às 19:01 1 comentários
sexta-feira, 19 de maio de 2006
Anulação da acção de limpeza
Publicado por Ana Louro às 00:35 0 comentários
quarta-feira, 17 de maio de 2006
CULINÁRIA DE LISBOA, #2 – SOPA DE CAMARÃO
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Da invenção das máquinas de frio foi o seu consumo um dos principais beneficiados, com a multiplicação de cervejarias e a necessidade (óbvia num país de pesca) de fornecimento de um acompanhamento leve para o líquido vendido.
Já esta sopa parece nascer como um subproduto originado nas sobras de cascas e cabeças. Se ao corpo degustado nas mais variadas preparações correspondia uma existência de invólucros, enriquecida com o sabor concentrado das cabeças alguém terá pensado e melhor feito em recolher tais dádivas numa preparação muito simples e, de certa maneira, económica.
Terá sido uma varina nas noites longas em que o seu pescador andava na faina? Um velho marujo habituado às sopas de peixe e sem outra matéria-prima que não estas sobras para a recriar?
Sendo hoje figura habitual em mesas ricas, renomeada em francês (“consomée”) e acompanhada de aditivos nobres ou cosmopolitas (como o são o vinho do Porto ou as natas), este é a Amália dos caldos, subindo pelo seu talento a íngreme escala social, das vielas de um bairro popular aos salões aristocráticos deste mundo. Que cumpra então esse fado até ao fim – até os mares permitirem a procriação das criaturinhas – e saiba ser visita de privilegiados e menos afortunados, já que, como ao fado, saboreá-la é não mais a esquecer.
Tem a beleza das coisas simples, a preparação desta sopa, e resume-se em três passos: cozer o camarões, preparar um caldo a partir do sabor de cascas e cabeças, engrossar a sopa.
Veja-se então:
1. Os camarões - 750 gr – depois de bem lavados, são cozidos durante 2 a 3 minutos em 0,5 l de água com sal, reservando-se. Depois de arrefecerem, descascam-se.
2. Refogam-se – 2 cebolas e 2 dentes de alho – num fundo de azeite ao qual se juntam as cascas e cabeças, deixando-se apurar. Acrescenta-se – 1,5 l de água – e deixa-se ferver durante 30 minutos. Leva-se ao passe-vite para extrair o máximo de líquido possível o qual se junta à água da cozedura.
3. Numa frigideira, em lume brando e com atenção indispensável, torram-se - duas colheres de sopa de farinha – até atingirem um tom castanho médio. Ao caldo de cozedura e ao líquido da prensagem junta-se a farinha diluída numa pouca de água, mexendo para evitar grumos. Dois minutos depois, junta-se o camarão.
A sopa pode dar-se por concluída caso o colesterol ou outra das deficiências da moda aconselhem prudência e pouco mais que caldos de galinha. No entanto, a variante rica é uma guloseima que merece – pelo menos uma vez! – a capitulação ao pecado da gula: acrescentem-se duas gemas misturadas com um pouco do caldo, mexendo sem parar para não cozerem em pedaços, 1 cálice de vinho do Porto e 1 colher de manteiga.
Servir acompanhado de croutons (versão globalizante) ou quadradinhos de pão fritos em azeite. Ainda que aceitável pelo sabor e pela melhoria dietética, o pão torrado tem a desvantagem de se desfazer rapidamente no líquido, desvirtuando o carácter crocante que se desejava obter.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 18:34 3 comentários
terça-feira, 16 de maio de 2006
Transporte colectivo em Lisboa
(Metropolitano de Lisboa, linha amarela entre as estações do Rato e Odivelas, segunda-feira, 18h30m)
Carruagens cheias, completamente lotadas. Na paragem seguinte alguns passageiros que vêem o comboio chegar, olham desanimados e, na impossibilidade de entrar na carruagem, resignam-se a esperar pelo próximo.
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Uns metros mais acima, ruas e avenidas têm a sua superfície ocupada com automóveis de motor de combustão exalando monóxido de carbono em quantidades nocivas à saúde. A grande maioria destes automóveis são particulares, ocupados apenas com um passageiro em 4 ou 5 possíveis. Entre eles circulam alguns autocarros, também atafulhados, tal como o metro, cumprindo o pára-arranca imposto. Se a opção neste pára-arranca é entre ir enlatado num autocarro mal-cheiroso ou num automóvel, sentado, a ouvir música, com ar-condicionado, a preferência é óbvia. Mas alguma coisa tem de ser feita para alterar este rumo doentio.
Segundo José Manuel Viegas, coordenador do recente estudo Lisboa: O desafio da mobilidade, "as condições de circulação dos modos de transporte colectivo de superfície são muito importantes para a sua competitividade e eficiência produtiva, devendo ser promovidas nomeadamente através de:
— supressão das situações de estacionamento em segunda fila;
(Madrid - faixa BUS exclusiva, com barreira de separação para as outras faixas de rodagem)
Reforça ainda o estudo que "subjacente à evolução negativa da procura dos transportes colectivos na última década, para além do aumento da motorização das famílias associada ao aumento do seu poder de compra, estão a falta de coordenação das actuações dos transportes colectivos e a permissividade relativa ao estacionamento em grosseiro incumprimento das regras, a qual objectivamente tem servido como factor de estímulo ao reforço dessa motorização."
(Rua madrilena ladeada com pilaretes)
Publicado por Tiago às 09:15 3 comentários
domingo, 14 de maio de 2006
O curso das obras II
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[para lá das grades um parque a descobrir][caminho pedonal por concluir/iluminação no solo]
[a pérgola]
[poucas árvores]
[mais árvores]
[água, ar e solo]
[a despedida]
QUANDO SERÁ A ABERTURA DESTE PARQUE PARA USUFRUTO DE MORADORES E VISITANTES?
Publicado por Ana Louro às 20:16 2 comentários
O curso das obras
No passeio de bicicleta desta manhã decidimos visitar a futura Av. Eng. Santos e Castro que, por enquanto, é mais uma via ciclável da nossa Alta de Lisboa.
A obra pareceu-nos ainda bastante atrasada. A sua conclusão será no final de 2006/início de 2007 ou no final de 2007/início de 2008?
Publicado por Ana Louro às 18:55 6 comentários
Obras em curso
No acesso à 2ª circular, onde o piso estava desastroso.
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O rebaixamento da cota em Calvanas para construção do Campo Novo.
E finalmente a ligação à Barraqueiro, sobre a Av. Santos e Castro.
Publicado por Tiago às 15:00 1 comentários
sábado, 13 de maio de 2006
Young & Musgueira
Publicado por Tiago às 00:00 1 comentários
sexta-feira, 12 de maio de 2006
Viver na cidade prejudica gravemente a sua saúde e a dos que o rodeiam. Viver na cidade mata.
A trágica morte de uma criança, por atropelamento, na Av. de Ceuta, traz-nos de novo à discussão algumas opções tomadas para as cidades.
Com o aumento do parque automóvel, resultado do crescimento do poder económico dos portugueses nos últimos 30 anos, as infraestruturas rodoviárias, entretanto insuficientes e obsoletas, tiveram de ser reajustadas. Foram construídas auto-estradas que aproximaram o mundo rural das grandes cidades, outras foram alargadas, reduzindo drasticamente os tempos de viagem. Também nas cidades houve opções tomadas. Ruas que viram duplicar o número de faixas, ou mesmo praças que se transformaram em entroncamento. Ganhou-se mobilidade, é certo. Mas perdeu-se qualidade de vida, mesmo assim. Poluição atmosférica, ruído constante nas zonas de habitação, poluição visual com os carros a ocuparem a paisagem urbana, stallonização dos automobilistas, cada vez mais impacientes e agressivos. A cidade ficou menos convidativa para andar a pé.
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A opção podia e devia ter sido o investimento numa rede de transportes colectivos eficaz e abrangente. Podia ter-se sido fiel à cidade, entendendo que alguns princípios são mais intemporais, válidos e importantes para a longevidade que os anseios comodistas dos automobilistas. Mas não, a cidade foi morrendo, progressivamente tomada por este cancro que é o tráfego automóvel.
Na Av. de Ceuta o caso é um pouco diferente, mesmo assim. A estrada já existia, era um dos acessos principais à ponte 25 de Abril, e foi sendo alargada na mesmo lógica das outras ruas, acessos e auto-estradas. João Soares, então presidente da CML, resolveu realojar os moradores do Casal Ventoso em prédios construídos para o efeito nos dois lados da avenida. Perdeu-se também a oportunidade, segundo especialistas, de transformar a Av. de Ceuta no eixo terciário por excelência da cidade de Lisboa, retirando do centro muito do tráfego automóvel. Mas João Soares não o quis assim, preferindo ladear com prédios de habitação uma auto-estrada que chega a ter quatro faixas de rodagem para cada lado.
E entra-se assim em paradoxos. Impõe-se os 50 Km/h como limite de velocidade dentro das cidades, mas constroi-se auto-estradas com três e quatro faixas para cada lado que convidam à velocidade. Coloca-se semáforos que permitam o atravessamento de peões mas rouba-se nos segundos dados para essa travessia, como foi no caso da Av. de Ceuta. Para compensar a não opção do passado nos transportes colectivos cria-se, onde se pode, faixas BUS com abertura do semáforo antecipada aos restantes automóveis. No caso da Av. de Ceuta, uma triste coincidência revelou-se fatal.
Mas não interessa se a criança passou a rua com o sinal vermelho, ou a cair para o vermelho, se foi lenta a atravessar, se resolveu arriscar, se o taxista vinha lançado de trás. O que interessa é que todas estas situações podem acontecer e cabe a quem planeia as cidades evitar as condições em que o erro humano pode ser fatal. O que interessa é que construir cidades assim é entregar às pessoas presentes envenenados, é aumentar o risco da perda de vidas humanas e nada devia justificar isso.
Mas infelizmente há sempre quem arranje argumentos para justificar o injustificável, seja fazer passar auto-estradas dentro de bairros ou colocar bairros junto a auto-estradas.
Publicado por Tiago às 10:04 10 comentários
quarta-feira, 10 de maio de 2006
Culinária de Lisboa - #1: Caldo Verde
Pronto, a polémica vai começar. O caldo verde, um prato essencialmente alfacinha? Disparate!...
Sim, era uma vez um camponês minhoto labutador de um ignoto minifúndio das profundezas do portucalense condado que teve a brilhante ideia de migar as folhas da couve acabadinha de retirar à terra (a que, muitos anos mais tarde, outro ignota figura terá dedicado todo o seu amor pátrio, crismando-a para todo o sempre, de portuguesa) antes de as acrescentar ao humilde caldo que borbulhava na panela, criando assim a sopa mais portuguesa de Portugal... (Hum, não, não pega a história, as batatas só chegaram com as notícias do Novo Mundo, couve com puré de castanha...? Ademais quem nos garante que o camponês não seria transmontano ou beirão ou ribatejano ou mesmo galego essa espécie última de português desterrado desde sempre para um país que não é o seu?)
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Sendo tarefa impossível e irrelevante a fixação temporal e local das origens deste caldo, não tenho dúvidas em colocá-la no topo da lista das sopas de Lisboa. Como não a colocar? Pois se junta as batatas das Descobertas de que Lisboa foi o centro mercantil às couves das hortas alfacinhas, ligando-as numa untuosa composição que é um deleite para os sentidos, se acolhe como acompanhantes o azeite virgem dos olivais do interior, os enchidos que se fazem de Norte a Sul e a broa do milho nortenho evocando assim os homens e mulheres que demandaram a capital em busca de uma vida mais segura, se busca como leito ideal as malgas de barro, resquícios anacrónicos de um tempo menos cosmopolita e tão mais ligado à terra...
Será pela sua composição um caldo de Inverno, uma fortaleza segura para preparar os corpos para o desconforto da época. Para alguns comensais, atafulhado de pão torna-se evocação e substituto de uma açorda natal. É, no entanto, próprio para todo o ano. Que melhor prenúncio para as sardinhadas estivais?
Relatavam os seus contemporâneos que o caldo verde era a sopa favorita de Fernando Pessoa. Habituados que fomos à anedota do flagrante delitro, causar-nos-à uma certa estranheza esta incursão do poeta fingidor pelo verde em detrimento do tinto. E no entanto... não é de certo modo plausível imaginá-lo, meditando o Quinto Império, debruçado, anónimo e silencioso, sobre um fumegante prato de caldo? O Café “Beira-Mar” , na esquina do Rossio com a Praça D. João da Câmara, há muito desaparecido, era o ponto de referência para os amadores deste prato. Outros tempos e não seria difícil encontrarmos o poeta e seus heterónimos em fila ordeira, à porta, à espera de uma mesa para quatro. Ou Bernardo Soares, desassossegado ao balcão, enquanto tardava a terceira dose da sopa de todos os dias...
Na Lisboa moderna, apesar da sua constituição própria para resistir a todas as agressões, o caldo verde vem sendo maltratado por muitos restaurantezinhos, desregrados herdeiros das genuínas tascas proibidas por decreto europeizante. Rarefeito de batatas, um caldo ralo onde bóiam desengraçados meia-dúzia de fios de um verde pálido indicadores de uma cozedura demorada (quando o que se exige é uma escaldura breve para manter o rijo da couve e a beleza do verde) o caldo verde industrial é bem a imagem da incompetência culinária de que padece quem ao mister se dedica por falta de outra janela de negócio. Não me espantaria vê-lo feito sopa de pacote ou massa de caldo liofilizado. Destas malhas, o Império não teceu.
E vamos ao que interessa: os meios e os modos.
Em primeiro lugar o caldo. Exigência única – não se poupem as batatas, adoptando-se como critério inicial cerca de 250 gramas por cada litro de água. Leve-se então o conjunto ao lume, após o descasque prévio das mesmas, com uma mão-cheia de sal grosso. Após cozedura, com o passe-vite ou usando a varinha mágica (e aqui, do abandono dessa masoquista forma de fazer puré não se ressente o prato), desfaçam-se então as batatas.
Chega então o tempo da couve. Há uma diferença substancial de largura de fio de couve entre o corte feito à mão e o corte de máquina, corte hoje em dia feita em desconhecidas fabriquetas fornecedoras de hipermercados, mas no passado em máquinas presentes bem à vista dos clientes em todas as bancas de legumes nos antigos mercados da capital (as populares "Jocas", veja-se a foto), prova da popularidade deste caldo à mesa dos alfacinhas. O caldo verde é feito de couve cortada muito fina, perdendo o seu carácter único se for usada couve segada cortada em casa mesmo se com o facalhão mais afiado da cozinha. Compre-se pois couve já preparada para o caldo (correntemente denominado, tomando a parte pelo todo, “caldo verde”) e acrescente-se a mesma, após intensas lavagens, ao caldo anterior a ferver em cachão. Espere-se dois a três minutos, no máximo, mantendo a panela destapada e retire-se do lume. Só então se acrescentará 1 dl de azeite por litro de água empregue no início. Mexa-se bem. Espere-se uns minutos que se aproveitam para organizar as fatias de broa e do enchido que serão o contraponto a uma experiência inesquecível. Sirva-se então, em malgas de barro compradas na excursão anual à Feira da Luz ou em incursões às feiras espalhadas pelo país que ainda sobrevivem à globalização e aos plásticos chineses.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 16:42 1 comentários
Reunião de condomínio
Publicado por Tiago às 00:06 6 comentários
terça-feira, 9 de maio de 2006
ACÇÃO DE LIMPEZA
Publicado por Ana Louro às 06:20 0 comentários
segunda-feira, 8 de maio de 2006
Culinária de Lisboa - INTRO
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A culinária lisboeta é, na sua esmagadora maioria, uma culinária caseira, uma lembrança dos manjares de meninice e das guloseimas maduras dos jantares familiares. Ao contrário de capitais mais ricas, não buscou nem o brilho de palácios nem o fausto de restaurantes dispendiosos de industriais bem-sucedidos. Soube dosear a riqueza que as redes dos pescadores lhe deixava à beira-rio com a diversidade de legumes que a generosidade dos vales envolventes permitia. Descobriu a magia dos refogados; aproveitou os ensinamentos sobre ervas e especiarias que conterrâneos e exploradores lhe ensinaram. Finalmente, soube não esquecer o legado da miríade de conventos que a sua gula alimentou durante séculos.
De tudo isto se fez uma cozinha que, não sendo regional, é a de uma região onde se concentra cerca de 30% da população portuguesa. E onde, com toda a certeza, novos e velhos, migrantes ou alfacinhas de gema, se reconhecem. Em si contém um bocadinho da origem de cada um. E sendo assim, a cada um pertence também. A nós e ao outro que também é nós.
Continuando a perseguir a abrangência, inicia-se assim aqui a construção de mais uma repartição pública na Alta de Lisboa, dedicada – como decerto já perceberam pelo título – à culinária de Lisboa.
Publicado por Pedro Cruz Gomes às 20:12 5 comentários
Parque Oeste (de novo outra vez)
(Condomínio do Parque, Jardins de S. Bartolomeu e Parque Oeste)
Consta que o Parque Oeste (a primeira fase) foi recepcionado pela CML no passado Sábado, dia 6 de Maio. Falta concluir o caminho pedonal, o que implica que será a CML a adjudicar a obra.
Não se sabe portanto quando está prevista a abertura ao público deste espaço verde, que pela falta de alguns equipamentos pode revelar-se um jardim mais de passagem entre as zonas Norte e Sul da Alta de Lisboa do que propriamente para o seu usufruto. Seja como for, a mobilidade pedonal dos habitantes da zona Norte tem sido castigada nos últimos meses pelos sucessivos adiamentos da conclusão da obra, desde Setembro de 2005, há oito meses, a primeira data adiantada.
Já agora, há um grupo de moradores da Colina de S. João de Brito que estão dispostos a fazer alguma coisa pelo jardim infantil da R. Adriana Vecchi. Seria óptimo se mais pessoas, mesmo que morem noutros locais, se juntassem à iniciativa. Está a combinar-se para dia 21 de Maio, Domingo, às 11h. Podem utilizar este email para confirmar a participação.
E o convite a participarem na festa de aniversário do Viver? Já temos algumas respostas, mas gostávamos de ter mais. Não esqueceram, pois não?
Publicado por Tiago às 12:03 1 comentários
etiquetas: parque oeste
sábado, 6 de maio de 2006
Viver goes to CCAL - Blackbird
A canção Blackbird foi composta em 1968 por Paul McCartney, inspirada nas manifestações pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Blackbird, por Paul McCartney, gravada em 1968
Continuar a lerBlackbird singing in the dead of night, Take these broken wings and learn to fly
All your life, You were only waiting for this moment to arise
Blackbird singing in the dead of night, Take these sunken eyes and learn to see
All you life, You were only waiting for this moment to be free
Blackbird fly, blackbird fly, Into the light of the dark black night
Blackbird fly, blackbird fly, Into the light of the dark black night
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise
"A inspiração original foi uma muito conhecida peça de Bach, cujo nome nunca sei, que eu e o George aprendemos a tocar quando éramos muito jovens - ele melhor do que eu, na verdade. Parte da sua estrutura tem uma particularidade harmónica entre a melodia e a linha do baixo que me intrigou... Desenvolvi a melodia baseado na peça do Bach e levei-a a outro lado, a outro nível, depois só acrescentei as palavras. Tinha na ideia uma mulher negra em vez de um pássaro. Estávamos no tempo do Movimento dos Direitos Civis que todos nós acarinhávamos apaixonadamente. Portanto esta é realmente uma canção minha para uma mulher negra, vivendo aqueles problemas nos Estados Unidos... "Deixa-me encorajar-te para continuares a tentar, para manteres a fé, há esperança." Como muitas vezes acontece com as minhas coisas, o disfarce ocorreu. Então, em vez de dizer 'Mulher negra a viver em Little Rock' e ser muito específico, ela tornou-se pássaro, tornou-se símbolo, e assim cada um pode aplicá-la ao seu problema em particular."
Tenho pena de não saber a que peça de Bach se refere McCartney, mas a simplicidade de meios usada nesta canção é desconcertante. Uma guitarra acústica, a voz de Paul McCartney, e o pendular tic-tac de um metrónomo! Os passarinhos foram acrescentados depois.
Tal como Bach, que adorava aproveitar o material musical de outros compositores para o recriar nas suas obras, também Brad Mehldau resolveu fazer a sua versão de Blackbird em trio de piano, contrabaixo e bateria. Numa linguagem muito jazzística, as características de fraseado, de riqueza harmónica e polifónica do pianista norte-americano são notórias.
Blackbird, por Brad Mehldau Trio
Extraordinária é a versão de Mário Laginha, um músico fabuloso que só não tem uma carreira semelhante à de Brad Mehldau por não ter nascido no mesmo país. Editada no álbum Undercovers, em 2003, o arranjo de Laginha desenvolve a parte percutiva da canção dando-lhe um carácter afro.
Blackbird, por Mário Laginha e Maria João
Publicado por Tiago às 19:15 14 comentários
etiquetas: música