sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Retratos de um país de sucesso

Lembro-me de há uma boa vintena de anos não existirem praxes académicas nas universidades. Existia sim uma coisa chamada Recepção ao novo aluno, que procurava dar a conhecer o edifício e suas funções a quem chegava, pretendia integrar estes alunos saídos do liceu numa nova realidade académica, onde muita coisa mudava; disciplinas, dimensão das turmas, necessidade de autonomia de investigação. Integrar um novo aluno era explicar e ajudá-lo a entender o mais depressa possível a nova realidade.

Os anos passaram, e de Recepção ao novo aluno passou-se para a boçal Praxe ao Caloiro. Humilha-se, coage-se, embebeda-se. Não é uma situação de opção para o recém-chegado aluno, ao contrário do que dizem os praxantes. A coação existe, a estigmatização da diferença existe, e quem se opõe a esta forma de integração acaba por sofrer consequências penosas.

As praxes são realizadas com complacência dos conselhos directivos e reitorias, que, coniventes, se tornam culpados por esta escola de pequeninos filhos-da-puta. Alega-se a tradição, mesmo em universidades com menos de uma década de existência.

E como Portugal é um país de brandos costumes, com demasiada gente ainda orgulhosa de ser "doutor", qual novo-rico, as praxes são vistas também com simpatia pela generalidade da população. Acidentes como estes, são azares.

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Desconsidera São

Dignificação! (Dig-dig-dig ficaficaFICA! São.)

Solução! (Soluço!Soluço!Soluço! São...)

Desatenção. Compreensão. Aniquilação. Democratização. Consciencialização.




Lisboa, 21 Nov (Lusa) - O PSD na Câmara de Lisboa vai apresentar um "livro negro" da mobilidade na cidade, com situações compiladas em colaboração com as juntas de freguesia, anunciou hoje a vereadora Margarida Saavedra.

Este "livro negro" pretende contribuir para uma "solução geral" dos problemas de trânsito e mobilidade da capital, depois de os vereadores sociais-democratas terem criticado hoje as propostas apresentadas pelo movimento Cidadãos por Lisboa sobre esta matéria.

Os vereadores do PSD abandonaram a sala onde o executivo municipal se reuniu na altura em que foram discutidas várias propostas do vereador Manuel João Ramos sobre mobilidade.

Margarida Saavedra criticou o que considera ser o "agendamento de questões particulares" apresentadas à Câmara com "critérios televisivos de desgraças que acontecem ou de um vereador que passa por um buraco e fica aborrecido".

A vereadora considera que esse agendamento de propostas "não é justo" porque não contempla as preocupações de "cidadãos que não conseguem chegar à Câmara e particularizar o seu caso".

O despacho da Lusa até é simpático. Segundo informações de quem esteve presente, os eleitos do PSD alegaram "falta de dignidade" das propostas dos CpL como justificação para o abandono da sala. (Pergunto-me onde está a dignidade quando empresas de obras públicas vão à falência por falta de pagamento pela CML de facturas de trabalhos efectuados para a autarquia; pergunto-me onde está a dignidade quando não se cumprem os acordos, por exemplo os efectuados com a SGAL; pergunto-me onde está a dignidade quando se enxovalha a Câmara com casos de pagamentos indevidos a gestores de empresas municipais)

E como hoje já ouvi disparates que cheguem, abstenho-me de escrever mais uns quantos porque, quando a política chega a este patamar de iniquidade, só me apetece mesmo disparatar.

Quero só acrescentar que uma das propostas apresentadas e retiradas da circulação apelava à tomada de medidas no cruzamento da Helena Vaz da Silva com as vias que vêem do lado do S. Tomás e da Rotunda do Eixo Central.



Achei especialmente irónica a alegação de Saavedra referindo os "critérios televisivos de desgraças" quando, ao princípio da noite, me safei por pouco de levar com um engraçadinho quando estava já a meio desse preciso cruzamento, porque ele entendeu - apesar de ter nele entrado depois dos restantes veículos que o atravessavam - que tinha direito à prioridade e o cruzou a velocidade excessiva.

Aqui vai a proposta "indigna":

PROPOSTA Nº /07



Cruzamento perigoso no Alto do Lumiar



Considerando que no cruzamento da Av. Helena Vaz da Silva com a Rua Arnaldo Ferreira, no Alto do Lumiar, confluem dezoito faixas, provenientes de cinco vias, cuja geometria implica um cruzamento muito distendido, o que provoca atravessamentos muito longos – devido à velocidade reduzida a que têm de ser feitos – passíveis de provocar acidentes por problemas de visualização (é, para o condutor, impossível visualizar o trânsito proveniente de todas as faixas em simultâneo) ou por excesso de velocidade de quem entra no cruzamento com prioridade – como acontece frequentemente.

Considerando que este ponto constitui actualmente um dos locais de maior risco de acidente rodoviário de toda a zona;

Considerando que, pelo nó em causa, passa presentemente grande parte do fluxo rodoviário que se dirige tanto para a 2ª Circular como para a zona da Quinta do Lambert (designadamente para o Colégio de S. Tomás);

Considerando que existe já um estudo rodoviário efectuado por uma empresa da especialidade, do qual a UPAL (Unidade do Projecto do Alto do Lumiar) possui uma cópia, e que propõe a construção de uma rotunda como forma de resolução deste problema.

Considerando que, ainda que os terrenos do Parque das Conchas – o qual foi recentemente objecto de um projecto de requalificação - se situem na envolvente deste nó rodoviário, aquele espaço verde deve ser preservado na sua integridade, sem alterações ou amputações.

Proponho:

Que os serviços competentes estudem uma solução para o cruzamento em causa, com o objectivo de garantir a segurança de quem ali circula.

Que os serviços competentes analisem a possibilidade de adoptar, como solução para a circulação nesta intersecção, a criação de uma rotunda, solução contida no estudo acima referido.

Que, como condição para a viabilização da solução rotunda, se não se coloque em causa a preservação da integridade dos terrenos do Parque das Conchas.

Lisboa, 8 de Novembro de 2007

Os Vereadores
“Cidadãos por Lisboa”

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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Diferenças entre automóveis, autocarros e bicicletas

(cliquem na imagem para a ver mais de perto)

Juntou-se um grupo de pessoas e fez-se a experiência, numa rua de Münster, na Alemanha, de ver quanto espaço ocupavam se cada uma estivesse sozinha num automóvel, todas juntas num autocarro ou cada uma de bicicleta. Diferenças entre transportes colectivos e individuais.

[fotografia gentilmente enviada pelo leitor Luís Vilhena]

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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

José Sá Fernandes e Viver na Alta de Lisboa visitam Parque Oeste

José Sá Fernandes convidou este blog para uma visita conjunta ao Parque Oeste. O passeio/conversa decorreu durante a manhã de hoje.

O Vereador dos Espaços Verdes teve oportunidade de nos dizer pessoalmente as medidas anunciadas já em comunicado e na reunião do passado dia 15 de Novembro com o Coordenador de Gabinete, Pedro Soares. Sá Fernandes reiterou concordância nas propostas apresentadas por este blog para uma maior e melhor fruição do Parque, mas apenas garantiu para já a aplicação da rede no fundo dos lagos, do reforço da sinalização e do estudo de uma vedação/murete em redor dos lagos. A instalação do Armazém da Divisão de Matas, proporcionando maior frequência do espaço, será feita na 3ª fase do Parque Oeste, agora em construção. Por falta de verbas, bancos com encosto (dos quais se mostrou entusiasta defensor) e iluminação, terão de ficar adiadas sine die. Pretende estudar a viabilidade de instalação de um parque infantil e de concessão de uma esplanada a abrir no Verão. Lembramos que fazem falta equipamentos para adolescentes e não apenas para crianças. Uma pista de skate, um ringue de basket e futsal, por exemplo.

O Parque Oeste, por ter sido pensado mais com funções cénicas e não de palco para os habitantes, é uma oportunidade mal aproveitada de utilização saudável do espaço público, de contacto entre várias populações, de esbatimento de preconceitos que são incontornáveis quando se discute um modelo de realojamento como o da Alta de Lisboa.

Considerando que, apesar de possivelmente eficaz no ano horizonte de projecto, o Parque Oeste ainda não atingiu no presente niveis satisfatórios de frequencia, não seria sensato adaptá-lo com medidas intermédias, para não se correr o risco de o perder para o futuro?

Estes meses mais frios, de pouca fruição do Parque, seriam ideais para aplicar as medidas. Estará a Arq.ª Isabel Aguirre disposta a abdicar, mesmo que temporariamente, do seu conceito de Parque Urbano? Terá a CML capacidade financeira para intervir num projecto que herdou mas não sente como seu?

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terça-feira, 27 de novembro de 2007

Gostaria que houvesse uma loja dos CTT na Alta de Lisboa?


94% dos leitores que responderam à nossa sondagem afirma que sim. 6% deixou-se desses romantismos de escrever cartas, prefere o email, ou tem onde depositar a correspondência noutro local da cidade e afirmou ser-lhe indiferente a instalação da loja.

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Pela utilização de bicicletas na Cidade

A FPCUB está a pedir a todos os utilizadores de bicicleta em Lisboa para que dêem sugestões e apresentem reclamações sobre alguns aspectos concretos sobre a utilização da bicicleta na cidade de Lisboa. Este pedido surge com carácter de URGÊNCIA e tem como data limite esta quinta-feira, dia 29, para que os dados recolhidos possam ser enviados pela FPCUB aos órgãos competentes.

As sugestões que se pretendem obter devem corresponder às necessidades reais de cada pessoa, e não tanto ao que cada um idealiza para a cidade, de forma a justificar os eventuais investimentos que decorrerão desta consulta pública. Assim, pretende-se recolher informação sobre os seguintes pontos:

- Estações de Metro prioritárias para a colocação de estacionamento de bicicletas. Interessa saber quais as estações mais importantes, ou seja, onde cada pessoa sente mais a falta destas infra-estruturas por via da sua utilização regular. Podem, e devem, ser apresentadas queixas sobre a má localização do estacionamento para bicicletas nas estações de Metro onde já exista e o que motiva essa reclamação (se já vos foi roubada alguma bicicleta, por exemplo).

- Percursos diários dos utilizadores. Interessa saber quais as zonas da cidade com maior tráfego de bicicletas. (Para quem me conhece e sabe o trabalho que estou/estive a fazer na FPCUB, posso dizer que contribuirei com os percursos das pessoas que entrevistei com total descrição de nomes, locais de trabalho e de residência. Se alguém não quiser ver o seu trajecto divulgado, que me contacte. Para todas as pessoas que não entrevistei, criem os vossos trajectos através dos sites do Bikely e/ou do Google Maps).

Enviem as vossas contribuições para: fpcub@fpcub. pt

Ricardo Sobral
http://bicicletanacidade.blogspot.com/

[enviado amavelmente por email pelo vizinho Luís Vilhena]

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segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Lisboa Condomínio (2ª fase) - Obras paradas?

Tenho observado com alguma atenção a evolução da construção do empreendimento “Lisboa Condomínio”. Sem justificação aparente nota-se que a construção do segundo conjunto deste empreendimento encontra-se parada há cerca de 1 mês, tal como mostram as fotografias:

28 de Outubro de 2007:
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket


25 de Novembro de 2007:
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket


Ora, esta paragem na construção pode comprometer a qualidade do edifício uma vez que o aço do betão armado está a oxidar por contacto com a humidade atmosférica.
Qual será a razão para esta aparente pausa na construção? Dificuldades financeiras? Era bom que as entidades responsáveis explicassem o que se está a passar. Os futuros moradores têm o direito de ser informados.

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Colégio de S. Tomás e Quinta das Conchas

A rede que separava a obra do Colégio de S. Tomás e a Mata das Conchas foi substituída por um muro definitivo, com contorno igual ao restante muro construído na Quinta das Conchas mas com chapa de zinco em vez de gradeamento.

Relembramos que durante a obra deste colégio privado, inaugurado em Setembro passado, uma considerável faixa de terreno da Mata da Quinta das Conchas foi anexada ao terrenos do colégio sendo, por isso, destruídos os caminhos criados na requalificação de 2005. O Viver procurou saber junto da UPAL que acordo tinha sido estabelecido, vasculhou actas das sessões da Assembleia Municipal, mas continua sem conhecer o processo de passagem da propriedade pública para privada da faixa de terreno em causa. Mais ainda, gostaria de saber quem vai pagar a reposição dos caminhos. Não duvidamos que terá sido um processo transparente, mas para bem da confiança dos cidadãos nos poderes eleitos, seria bom que as respostas fossem igualmente claras e rápidas de obter.

Talvez o actual Vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, possa esclarecer esta herança do anterior executivo camarário, cujo Vereador dos Espaços Verdes foi António Prôa.

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domingo, 25 de novembro de 2007

O Programa Escolhas está "de Portas Abertas"!

O Programa Escolhas tem o objectivo de promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos sócio-económicos mais vulneráveis.

Na Alta de Lisboa, o Programa Escolhas marca presença através do projecto “EMPREGA O FUTURO”. A área de incidência do projecto é a formação profissional e a capacitação de jovens para a empregabilidade. Tem sido desenvolvido através de uma parceria efectiva entre o Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária, o Centro Social da Musgueira, a Fundação Aga Khan/Programa K’CIDADE, a Câmara Municipal de Lisboa (Equipa das Dependências), a Gebalis e a Associação de Moradores do Bº Cruz Vermelha.

De 26 a 30 de Novembro, o Programa Escolhas celebra o primeiro ano de projecto com um conjunto de iniciativas abertas a toda a Comunidade. Na próxima semana, no conjunto das instituições parceiras serão projectadas fotos e vídeos, serão feitas apresentações de trabalhos e haverá um painel de emprego exposto nos parceiros. Ao final do dia realizar-se-ão workshops, ateliers e debates. Todas as actividades têm como pano de fundo as questões do emprego e da empregabilidade.

A participação dos jovens em contextos reais de trabalho e em acções de sensibilização para várias áreas profissionais e os seus respectivos trajectos de formação, permitirá desenvolver competências e apetências importantes no seu percurso de inserção socioprofissional.

A semana terminará com um jantar e desfile cultural com música ao vivo, na Mediateca do Centro Social da Musgueira, às 19h, aberto a toda a Comunidade.

Semana Portas abertas – “A uma semana do teu futuro!”

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Repavimentação na Av. Nuno Kruz Abecassis

O piso do estacionamento lateral na Av. Nuno Kruz Abecassis, no lado do Parque Oeste, está a ser removido. Na altura da construção da avenida, a SGAL, dona da obra, finalizou esta zona com piso alcatroado, semelhante ao das faixas de rodagem, contrariamente ao previsto desde sempre no PUAL, em paralelos, tal como na faixa de estacionamento do lado oposto. Mas agora tudo ficará como mandam as regras.

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sábado, 24 de novembro de 2007

Eixo pedonal

O eixo pedonal está a meio-caminho de ser inaugurado. Começa a ficar com um aspecto simpático.

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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Parece que foi ontem

A ARAL nasceu há um ano. O Viver, que apadrinhou a ideia e a viu, com gosto, emancipar-se, canta os parabéns e deseja muitos anos de vida.

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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Eixo Norte-Sul congestionado?

Segundo fonte do CDS-PP ao Destak, a situação no novo troço (Lumiar/CRIL) por vezes é «caótica», sendo que há carros que o fazem a 140 km/hora, para depois serem obrigados a travar abruptamente em zonas como a Calçada de Carriche.

Os deputados lembram que, num mês, o último troço do Eixo Norte-Sul foi atravessado por 640 mil viaturas, o que o torna uma das vias mais utilizadas no País, e frisa que, do seu início até à zona do Lumiar, tem-se verificado «desrespeito reiterado» da velocidade, bem como congestionamento grave, nos dias úteis e de manhã, em todas as vias de acesso ao Eixo N-S e acessos e saídas da Segunda Circular.

O tempo anteriormente gasto para sair da zona de Carnide, Telheiras e Lumiar «multiplicou».



Não sou eu que o digo, é a notícia que saiu hoje no Destak. Caros leitores, confirmam isto? Que balanço fazem do novo troço do Eixo Norte-Sul, 40 dias depois da sua inauguração?

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terça-feira, 20 de novembro de 2007

Urban Nature

O Urban Nature é um photoblog com uma regra simples: todas as fotografias incluem elementos urbanos, de intervenção do Homem, fundidos com a Natureza. Vale a pena espreitar, está actualmente em muito boa forma.

Parece-me um bom desafio a lançar aos moradores da Alta de Lisboa. Andar de máquina na mão, procurando pormenores, enquadrando ruas e espaços. Fica para breve. Até lá o desafio é outro: o concurso fotográfico promovido K'Cidade, subjacente ao tema das Memórias com Vida. As inscrições terminam no dia 30 deste mês.

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Interlúdio

Fazer um blog como o Viver é um exercício muito divertido e gratificante para nós. Materializamos em fotografias, video e texto a nossa vivência da cidade, propondo a discussão da qualidade de vida na rua, as consequências que as opções urbanísticas têm nos bairros e suas populações. É uma satisfação muito grande sermos livres, como qualquer pessoa, de podermos exprimir a nossa opinião, de entrar em debate com os leitores, muitas vezes de forma acalorada, nem sempre chegando a consensos, mas acreditando que a discussão promove a inteligência necessária para a vida em comunidade ser mais saudável.

É também muito estimulante sentirmos que todo este trabalho, alimentado pela energia e vontade de participação dos leitores (porque este blog não é só um exercício académico fechado em si próprio), começa também a ser tido em conta por quem tem o poder de decidir os destinos da cidade. Acreditamos em tempos novos, tempos de mudança, em que as pessoas possam participar efectivamente no debate da cidade, possam intervir e exigir correcção nas decisões dos eleitos durante os mandatos, mesmo sem estar ligadas a um partido político ou organização qualquer reconhecida no papel, não reduzindo a sua participação ao cruzar um boletim de voto.

E por sermos livres e felizes assim, fazemos deste blog um espaço multifacetado, para muitos gostos e prazeres. Por isso aqui fica então um videozinho, não produzido pelo CanaLta 17b, mas transmitido, que pode servir para inúmeras discussões ou para coisa nenhuma. Vejam, divirtam-se, e tenham uma boa terça-feira!


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domingo, 18 de novembro de 2007

Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada

Há coincidências estranhas. Hoje de manhã, pouco antes das 9h, vi um carro no Eixo Norte-Sul a vir em marcha-atrás porque tinha passado a saída para a 2ª circular. Em marcha-atrás e nem sequer na berma. Pouco depois, já na 2ª circular, cruzou-se comigo um homem a pé, correndo as três faixas. Galgou a rede que separa as vias, e continuou o caminho, ziguezagueando entre os carros que passavam como setas. Duas situações insólitas e perigosas, hoje, no Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.

As vítimas da Estrada são todos os que lá morrem, os que perdem entes queridos, os que matam por incúria, e os que matam por erros de traçado ou sinalização. Não devia ser necessário um Dia Mundial por esta causa. Não devia ser necessário um Dia Mundial por nenhuma causa. Nos restantes 364 dias do ano esta devia ser uma preocupação de todos.

E como não é só nas estradas que se morre de automóvel, mas também nas ruas das cidades, aproveitamos para fechar a nossa sondagem sobre as passadeiras sobreelevadas. Porque as cidades devem ser seguras e integrar soluções urbanísticas que minimizem o erro humano, seja a velocidade excessiva, um sinal vermelho não respeitado, ou uma distração de um peão que atravessa fora do local apropriado. O desenvolvimento cívico é necessário, mas estamos ainda muito longe de podermos apontar essa falha como a única responsável por tantas mortes inesperadas.

A sondagem apurou que 64% dos leitores deste blog concorda com a colocação de passadeira sobreelevadas na Alta de Lisboa, 23% prefere semáforos, e apenas 13% se sentem seguros apenas com passadeiras pintadas no chão.

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Os mesmos duas vezes

A pompa e a circunstância do costume nos discursos oficiais da cerimónia de assinatura do contrato de adjudicação da conclusão da CRIL.

De acordo com o Portugal Diário, "A conclusão do troço final da CRIL permitirá desviar do eixo norte-sul 40 mil carros por dia e outros 12 mil da calçada de Carriche, segundo uma apresentação das Estradas Portugal, divulgada hoje na cerimónia de assinatura do contrato."

Há coisa de um mês, noutra cerimónia de circunstância e pompa (desta vez mais merecida - assinalava-se a conclusão de uma empreitada e não a aposição de autógrafos num contrato de prestação de serviços) o presidente da mesma empresa pública citado pelos jornais, afirmava que 22.500 veículos seriam desviados da 2ª Circular para o Eixo Norte-Sul.

Neste pingue-pongue de tira e põe, nesta contabilidade de vasos comunicantes, neste autista e interesseiro modo de apresentar as vantagens, fica-se com a sensação que, se a CRIL retira à Norte-Sul mais veículos que esta retirou à 2ª Circular, então a Norte-Sul perderá a sua relevância como descongestionadora do trânsito da 2ª Circular - principal argumento apresentado na sua inauguração, se não me falha a memória, para justificar a construção deste último troço. Perdendo esta relevância, então bastaria ter-se concluído a CRIL para libertar o trânsito da 2ª Circular, complementando-se esta obra com a ainda adiada Av. Santos e Castro.

Ou seja, um bocadinho mais de atenção e menos inércia mental teria poupado alguns euros ao erário público.

É uma chatice ver o tempo confirmar os nossos argumentos quando já não há hipótese de defenestrar pela janela da história o "medonho" que nos colaram à janela.

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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A reunião

O gabinete do Vereador José Sá Fernandes convidou o blog Viver na Alta de Lisboa para uma reunião nos Paços do Concelho, depois de gorada a primeira tentativa, por impossibilidade de agenda, para discutir o Parque Oeste, sua vivência e adequação ao bairro envolvente, fazer um balanço de um ano de utilização e apontar medidas para o futuro.

A reunião realizou-se com Pedro Soares, Coordenador do Gabinete do Vereador do Ambiente, Espaços Verdes e Plano Verde.

Na primeira parte da reunião foi-nos comunicado que medidas tenciona o Vereador adoptar para o Parque Oeste:

Colocação de uma malha de protecção junto às bermas do lago, que ficará submersa, acautelando quedas involuntárias de pessoas e objectos, facilitando também a saída da água, em caso de acidente.

Enrocamento das margens dos lagos, como forma dissuasora de aproximação à água.

Ainda em fase de estudo, prevê-se contornar os lagos com um pequeno murete que delimite os espaços e previna acidentes.

Reforço da sinalética existente, proibindo a entrada na água.

Estudo da instalação de um armazém central de jardinagem donde partirão todas as equipas de jardineiros que tratam dos espaços verdes desta zona de Lisboa, pretendendo-se com isto aumentar a frequência do espaço.

Promoção junto de entidades privadas ou associações do bairro para explorar um bar/esplanada no Parque.



O Viver concordou com a proposta da Vereação e propôs como medidas adicionais:


Instalação de bancos com encosto que, pela sua comodidade, convidem os visitantes a uma estadia mais prolongada.

Instalação de um parque infantil como modo de atrair crianças e suas famílias.

Instalação de equipamentos desportivos (campo de futsal, basketball, pista de skate) que atraiam e ocupem a população adolescente.

Retomar o modelo de vigilância inicial, entretanto abandonado pelo Vereação anterior, com pessoal contratado no bairro, mais eficaz na prevenção do vandalismo ou da utilização perigosa dos espaços.

Instalação de iluminação que garanta a segurança no atravessamento e utilização do Parque.


Estas propostas foram debatidas tendo encontrado bom acolhimento por parte do Coordenador do Gabinete. Algumas delas não são economicamente difíceis de concretizar, como a aplicação dos bancos, dos equipamentos desportivos e infantis; outras, como a iluminação nocturna, exigem um esforço financeiro mais difícil nestes momentos de debilitadas economias camarárias. Outras ainda, como a implantação do bar/esplanada, dependem da vontade, competência e energia de quem agarrar a ideia.

Acompanharemos de perto o evoluir da aplicação destas medidas. O Parque Oeste tem vindo a ser recuperado aos poucos de todo o abandono a que foi votado desde o início de 2007, e seria uma pena e desperdício não aproveitar este esforço para introduzir as alterações necessárias que o tornem mais usufruível.

No entanto, é importante que algumas destas medidas sejam aplicadas em simultâneo, dado funcionarem em simbiose. Sem os equipamentos desportivos e de mobiliário urbano que atraiam visitantes ao parque, a exploração do bar/esplanada pode ficar comprometida. O Armazém Central de Jardinagem ficará demasiado vulnerável sem vigilância nocturna.

Louvamos a atitude demonstrada pelo Gabinete de José Sá Fernandes, procurando conhecer a opinião dos moradores e agradecemos desde já o eco que as nossas propostas tiveram, dando-nos uma fundada esperança nas possibilidades reais de participação que a população pode ter na evolução da cidade.

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quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Mas afinal que cidades querem?


Vi esta notícia no DN, hoje de manhã. Prevê-se o pedido de licenciamento de 90 novos shoppings nos próximos dois anos. Garante-se que nem todos serão aprovados mas os números previstos, mesmo assim, impressionam.

É compreensível o sucesso destes centros comerciais. Uma grande concentração de lojas, grande variedade de oferta, temperatura amena faça chuva ou faça sol, sensação de segurança. A rua, nestes critérios, perde para a maioria das pessoas. É excusado moralizar aqui os novos hábitos consumistas da população que antes passeava na Baixa para ver montras e ir às compras e agora vai de automóvel ao Colombo ou Vasco da Gama. Por razões óbvia, já apontadas.

A consequência para a cidade, porém, não parece ser a melhor. Não existe mais população, ou seja, esta nova oferta comercial, em muitos casos, não complementa a anterior, substitui-a. As ruas outrora frequentadas ficam agora desertas, o comércio local fecha por falência ou muda-se para um shooping. E ruas sem gente são ruas menos seguras, as pessoas por isso evitam-nas, preferem assim usar o automóvel, num aparentemente irreversível círculo vicioso. É surpreendente que o estudo citado na notícia dê conta de uma recuperação do comércio de rua, apesar do aumento de centros comerciais.

Mas o que fazer para contrariar esta tendência, numa sociedade de mercado livre? Torná-lo menos livre, legislando e proibindo grandes aglomerados de comércio? Exigir dos donos destes Centros Comerciais contrapartidas no espaço público? Deixar tudo como está e esperar mais trinta anos para ver o que acontece ao resto da cidade?

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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Petição pelos CTT na Alta de Lisboa


Se sente falta de uma repartição dos CTT na Alta de Lisboa, zona urbana já com cerca de 20.000 moradores, deixe o seu nome na caixa de comentários.

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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Boleias

Na senda da procura de alternativa ao carro próprio, surge, de uma forma óbvia, o carro dos outros.

Uma boleia é menos um carro na cidade, menos um estacionamento, menos uma despesa em gasolina. Num burgo tão pequeno como Lisboa, é inacreditável que a partilha de carros não seja mais frequente. No meu prédio, por exemplo, há 2 ou 3 pessoas que trabalham na CML. E todos os dias saem 3 carros da mesma garagem com o mesmo destino. Não seria melhor alternar? É preciso mais alguma coisa para além de quebrar a inércia e organizar um esquema? Até dentro do pequeno núcleo familiar não é prática corrente e seria, em muitos casos, simples de implementar.

Há tempos soube deste site que faz esse trabalho de organização para viajens mais longas, que não são rotinas diárias. Mas parece-me a mim que o que é habitual será ainda mais fácil de institucionalizar.

Nem de propósito, recebi também por e-mail um alerta para esta reportagem sobre partilha de transporte ou car pooling, como lhe chamam. É um estudo interessante, vale a pena ver.



Em alguns países existem também vias dedicadas a carros com mais de 2 ou 3 passageiros. Mais um incentivo - a fluidez no trânsito - para além dos argumentos económicos e ecológicos a favor da partilha de carros.

Nós lá em casa partilhamos o carro em parte do trajecto de ida para o trabalho. Depois sigo de transportes. Confesso que demoro mais tempo assim do que se fizesse todo o trajecto de Metro. Mas também me agrada a companhia, por 15 ou 20 minutos, depois das correrias da manhã. E este é mais um ponto que poderiamos todos considerar, também: passar um pouco mais de tempo com quem gostamos.

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Parque Infantil - Rua Adriana de Vecchi

Parecem voltar a cair em saco roto as inúmeras queixas que, ao longo dos tempos, têm sido feitas por moradores junto das entidades competentes, respeitantes ao mau estado de conservação e limpeza do Parque Infantil da Rua Adriana de Vecchi entre nºs 1 e 3.

No final da semana passada, um morador devidamente identificado enviou mais um mail com a descrição dos factos, um pedido de intervenção e fotografias do corpus delicti para a Câmara Municipal de Lisboa, Polícia de Segurança Pública e Junta de Freguesia do Lumiar, com conhecimento para este blog.

Elementos arquitectónicos e das infraestruturas partidos não substituidos,


falta generalizada de limpeza,

ausência de ligação à rede de um bebedouro, são as queixas de quem espera e desespera por não ver à sua volta o ambiente urbano prometido tanto pela publicidade institucional como pela expectativa que gera viver numa cidade do primeiro mundo.

Não posso deixar de concordar com a exasperação de quem pressente que é mais a burrocracia e o desinteresse dos serviços (isto de desumanizar o erro atribuindo-o a coisas e não a funcionários diz também muito de todos nós) que a falta de verbas ou de desorganização a explicar o prolongamento desta situação. Deixo, no entanto, uma sugestão: se é tão óbvio que nem com a ajuda de S. Marcelo conseguirão que parte dos problemas se resolvam brevemente, porque é que não tentam desde já vocês moradores interessados, resolver os problemas na origem? E não, não estou a falar de expedições punitivas ou arames farpados - estou a falar de se entenderem com os vossos vizinhos. Porque não procurar compreender quem não vos compreende e procurar fazer-se compreendidos? Porque não procurar uma plataforma de entendimento, um campo comum de regras, deveres e obrigações? É uma utopia? Pois, mas utópico é também pensar que, algum dia, a PSP vai disponibilizar um agente 24 horas por dia para tomar conta do parque, ou que a junta vai ter um piquete de emergência para consertar a tempo os elementos que forem sendo destruídos. Será preferível viver num bunker com arame farpado à volta a procurar transformar o ambiente em que vivemos numa pacífica e activa Suiça?

No entretanto, senhores da Câmara, substituam lá o que está estragado, senhores da EPAL façam lá a ligação do bebedouro à rede, senhores da Junta pressionem lá a Higiene Urbana e, senhores da malta, vejam lá se empregam essa energia em coisas mais produtivas para todos.

PS - Procurem os responsáveis do Centro Social da Musgueira e peçam-lhes para contar a história dos últimos 40 anos: de como a utopia de um homem se tornou num projecto de vida para muitos e transformou a vida de muitos outros; de como se altera o futuro e a sua perspectiva, do que se fez e do que ainda há a fazer e que se faz, paulatinamente, pacientemente, dia após dia.

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domingo, 11 de novembro de 2007

Uma reunião

Num louvável esforço de audição de todas as partes, numa apreciável tentativa de auscultar opiniões, ouvir sugestões, definir soluções, decidiu o vereador Sá Fernandes organizar uma reunião no seu gabinete na passada 6ª feira dia 9 com algumas das entidades com intervenção nesta zona da cidade. Este blog foi um dos convidados.


Infelizmente, o espaço curto que mediou entre o convite e a realização do encontro - menos de 24 horas - tornou impossível a desmarcação dos compromissos profissionais que tínhamos agendados, pelo que não pudemos - com grande pena - estar presentes.


Do facto demos conhecimento, em tempo, a quem amavelmente nos convidou, apresentando datas alternativas.

Aguardamos assim, notícias. Ou da reunião havida ou da reunião a haver.

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sábado, 10 de novembro de 2007

Uma leve brisa na alvorada

Numa notícia distribuída ao final da tarde e que se pode ler, por exemplo, aqui, a Lusa dá conta do seguinte:

"O Movimento Cidadãos por Lisboa apresenta na próxima reunião de câmara várias propostas para aumentar a segurança rodoviária na cidade (...)
(...)
No Alto do Lumiar os vereadores do movimento assinalam um "cruzamento perigoso" na junção da avenida Helena Vaz da Silva com a rua Arnaldo Ferreira onde se cruzam "dezoito faixas" que obrigam a "atravessamentos muito longos" e mais sujeitos a acidentes.
Os Cidadãos por Lisboa afirmam que se trata de "um dos locais de maior risco de acidente rodoviário de toda a zona do Lumiar" e invocam um estudo que "propõe a construção de uma rotunda como forma de resolução deste problema", ressalvando que devem ser preservados os terrenos do Parque das Conchas, um espaço verde junto ao nó rodoviário.
Ainda na zona do Lumiar, o movimento defende a colocação de lombas junto das passadeiras nas avenidas Krus Abecassis e Helena Vaz da Silva, propensas a "situações recorrentes de corridas ilegais" nocturnas."
Depois da visita de Sá Fernandes, agora o agendamento de duas propostas de resolução dos pontos mais perigosos do traçado rodoviário da Alta - e que surge sem ser a reboque de mais um infeliz caso mediático - enche-nos de esperança de acreditar que, de facto, começa a existir um esboço de democracia participativa na cidade de Lisboa. É só um esboço, continuam muitos passos por dar, quer no aprofundamento do espírito comunitário dos seus habitantes, quer na consciência de que só participando se pode exigir, quer na percepção, por parte do poder, que o paradigma de só ouvir os eleitores durante as campanhas eleitoras está a mudar.
Fica também - perdoe-se-nos a imodéstia - o pequeno orgulho de sentirmos ter tido este blog carola e os seus magníficos leitores uma participação relevante (se não única pelo menos iniciática) nesta primeira vitória. Pelo que continuarão a contar connosco e, principalmente, continuaremos a contar convosco para dar continuidade ao que, nos tempos difíceis nos parece ser uma utopia sem personalidade jurídica e que, nos tempos como os de hoje, nos parece uma maluquice cheia de sentido.
(E vou acabar antes que a escrita se me engasgue, embargada pela emoção.)

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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Direito de resposta

O Gabinete do Vereador José Sá Fernandes emitiu ontem um comunicado sobre o acidente no Parque Oeste. Deixamos aqui o link para que os leitores o sigam e possam assim aumentar as visitas do blog Gente de Lisboa. As soluções apresentadas pelo Vereador estão lá para o vosso comentário.

Não podemos no entanto deixar de responder a dois parágrafos do comunicado que nitidamente nos visam e ofendem na nossa honra e dignidade.


É de lastimar que este caso humano tenha sido aproveitado politicamente, para se assacarem responsabilidades, a quem, de facto, não as tem.

José Sá Fernandes não pode ser responsabilizado, pela concepção deste parque, cuja construção data do anterior Executivo, e que, ao que tudo indica – sendo essa a convicção dos próprios moradores – tem características que põe em causa a segurança de quem o frequenta.



Nunca responsabilizámos José Sá Fernandes pelas opções contemporâneas da arquitectura de Isabel Aguirre. Dois anos antes de JSF ser responsável pelos espaços verdes de Lisboa já este blog discutia e punha em causa as opções que afastariam a população do Parque Oeste, deixando-o vazio, vulnerável e inseguro.

Nunca responsabilizámos JSF de ter tomado a decisão de dispensar os vigilantes contratados no bairro para os substituir pela inútil prestação de serviços da PROSSEGUR. Este contrato foi celebrado pelo anterior presidente da CML, Carmona Rodrigues.

Os apelos feitos em relação ao Parque Oeste por este blog nunca tiveram eco nem na CML, nem na UPAL, nem na SGAL, autistas perante a opinião do utilizador dos espaços.

No entanto, quando JSF foi investido Vereador dos Espaços Verdes, pelo seu passado de participação cívica como cidadão lisboeta, a esperança de novas possibilidades de diálogo entre a população e governo da cidade aumentaram.

Ao fim de cerca de um ano de utilização do Parque Oeste, fizemos um balanço, a nossa análise e as nossas propostas. A veemência aumentou por termos conhecimento de uma série de factos invisíveis ao cidadão comum através de funcionárias municipais que operavam no Parque.

Na sequência desse balanço, fizemos uma campanha de envio de emails para JSF, Vereador dos Espaços Verdes, para que analisasse a situação e tomasse as decisões devidas. Nenhuma resposta chegou em mais de um mês. Só depois da tragédia ocorrida no passado Domingo.

Acreditamos que as cidades devem servir as pessoas que lá vivem, acreditamos que a CML, o governo da Cidade eleito pela população, tem o dever de auscultar a opinião dos munícipes. Acreditamos que os cidadãos têm o dever cívico de contribuir para a construção de uma cidade cada vez melhor para todos. Fizemos o nosso trabalho, não remunerado, por pura entrega e dedicação cívica. Alertámos a tempo e horas.

Não utilizamos a tragédia humana para fazer ataques políticos. Não fazemos ataques políticos. Condenamos más políticas, não cores políticas. Gostaríamos de condenar a não resposta do JSF aos seus munícipes apenas pela ausência de infraestruturas no parque. Infelizmente, os acontecimentos de Domingo precipitaram a indignação da população, mas também as respostas do Vereador.

A vitimização política é uma forma de defesa patética que nada contribui para o aumento da qualidade de vida das cidades. Discutam-se os problemas com frontalidade e inteligência e aceite-se a participação cívica sem desconfianças e guerrilhas políticas imaginárias. Muito tempo em gabinetes e pouco nas ruas rouba-vos lucidez.

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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Tarde e a boas horas

E o Zé desceu à terra!


Hoje de manhã, o vereador do Ambiente, Espaços Verdes e Plano Verde visitou o Parque Oeste acompanhado do respectivo staff. Finalmente veio estudar a situação in situ, aperceber-se dos problemas, da situação, apreender o espaço.

Louvemos o senhor.

O Viver, contente por ver comprovada a validade das posições desde sempre tomadas por aqui, realizado por, finalmente, começar a ver satisfeito o seu pedido, espera sinceramente que esta visita seja um prenuncio da adaptação à realidade das promessas e expectativas geradas pelo então candidato durante a campanha eleitoral e que o recente atirar das queixas, chamadas de atenção e propostas dos cidadãos para uma gaveta de onde só sairam na sequência de uma situação de emergência mediática, tenha sido uma situação fruto da inexperiência de quem só agora começa e esteja completamente erradicada.

Hoje, sim, a visita do Zé é um bom prenúncio. É um dia de satisfação para todos os habitantes da Alta.


É pena que se faça depois e não antes de um acidente.


Vem tarde.


Mas vem em boas horas.

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terça-feira, 6 de novembro de 2007

O meu mundo a preto e branco

O nosso mundo seria tão mais tranquilo se pudessemos obrigar os nossos semelhantes a usar na testa os cartões com que os pré-julgamos.


Um post-it verde para todos os muçulmanos - todos eles obviamente apostados em aniquilar a civilização ocidental. Um post-it amarelo para todos os comerciantes de fancaria oriental - todos eles obviamente apostados em levar à falência honestos comerciantes e europeus países. Um post-it vermelho para todos os habitantes dos blocos de realojamento social - todos eles perigosos atiradores de pedras e perseguidores de crianças, mandriões que só vivem dos nossos impostos, gamadores de carteiras, facínoras, escrevinhadores de paredes, destruidores de placas de parede manhosas de condomínios privados.

Uma flor-de-lis tatuada no ombro de todos os condenados pela justiça portuguesa.

Uma estrela bordada no casaco de cada membro de uma religião diversa da maioritária (incluindo agnósticos e ateus os quais, como toda a gente sabe, são os mais perigosos de todos).

Um triângulo côr-de-rosa invertido tatuado na bochecha de cada homossexual.

O cabelo rapado com uma navalha romba em todas as mulheres adúlteras.

Um chip sob a pele de todos os habitantes de bairros problemáticos para a polícia os facilmente poder identificar depois de cada desacato surgido no final de convívios em centros sociais.

Como seria bom esse mundo seguro onde poderíamos chamar a polícia sempre que um desses post-its se aproximasse perigosamente do nosso território, onde poderíamos materializar seguramente no post-it mais próximo o papão com que assustamos as nossas crianças prodígio sempre que elas se recusam a comer a sopa, onde estaríamos sempre certos na nossa opinião.

Como seria bom não termos de enfrentar os nossos medos, confrontar as nossas opiniões com a realidade ou reconhecer que nos enganamos muitas vezes, a maior parte das vezes, nas nossas apressadas e generalizadas apreciações do outro.

Agora apareceram um senhores que, não sei se por idiotice se por inteligente marketing promocional, decidiram promover um negócio de autocolantes coloridos de acordo com o cadastro de cada automobilista e com colocação obrigatória em cada viatura. Não sei se me choca mais a proposta se a apatia com que os jornalistas de todos os media a transmitiram.

Provavelmente o que me choca mais é a percepção de que, desde que não seja no seu carro, a maior parte dos meus compatriotas até está de acordo com a sua aplicação. Não é assim tão diferente apontar o dedo ao senhor do carro do autocolante vermelho de apontar o dedo ao vizinho que é diferente de mim.

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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

The Finger

(Peço desde já desculpa pelo tom que se vai seguir; perante palhaçadas destas é-me difícil evitar a demagogia e a irritação)

Começo este post com um seráfico mail que recebemos aqui no blog, depois de muita insistência:

Na sequência do grave acidente ontem ocorrido, vem o Gabinete do Vereador José Sá Fernandes informar que já está em curso um processo de investigação policial, no sentido de averiguar as possíveis causas do acidente, sabendo-se que o processo encontra-se igualmente em acompanhamento na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa. Até à data desconhecem-se as condições em que ocorreu este lamentável acidente, sendo que as condições de segurança do Parque Oeste estão a ser avaliadas, por forma a serem apurados mecanismos mais eficazes de segurança de todos os utilizadores deste espaço verde da cidade.

Isto é que é actuação ATEMPADA E PROACTIVA!

Um mês depois da primeira catadupa de mails a chamar a atenção para o estado de abandono do parque - sem uma única resposta, sem uma única intervenção no terreno - vem o gabinete do senhor vereador (note-se: o "Zé" já não tem tempo para uma resposta pessoal, tão atarefado deve andar com o poder ou a ilusão dele, com as chafeanas esculturas para a Avenida da Liberdade ou com os entendimentos da coligação) responder que já está de dedo em riste à procura de culpados (pode olhar com detalhe para a própria mão: por cada dedo que aponta há três a apontar para si mesmo).

Não sei se me devo congratular com a eficácia da pressão da comunicação social (TVI à frente) ou com o desprezo pelo "povo" com que os representantes do povo nos brindam.

Porque é que inventa agora uma chibice à comissão de menores duns pais que devem estar pouco menos que desesperados pela desgraça que lhes bateu à porta? Fica descansado por ser vereador dum espaço que não oferece condições mínimas de segurança e socorro aos menores que o frequentam?

Senhor Vereador, este parque precisa - sempre precisou - de ser vigiado. Repare, não é policiado (pelo menos não mais do que o resto da cidade); é vi-gi-a-do. Porque, basicamente, a ideia de ordem introduz uma aparência de ordem que tende a ser seguida. Balda (falta de manutenção e conservação, pouca ou nenhuma limpeza) gera anarquia. Anarquia gera maus usos, gera destruição, que geram acidentes (não é?) que podem gerar violências. Por onde andam os vigilantes supostamente contratados?


Senhor vereador, este parque precisa de ma-nu-ten-ção. Se tivesse mandado um dos seus assessores há um mês atrás até aqui, saberia que a falta de limpeza da lago permitiu o crescimento de limos e plantas, limos e plantas que prenderam esta criança no fundo (e o próprio polícia que de lá a retirou). Saberia que há zonas deterioradas que podem causar acidentes a quem passa.

E saberia que a profundidade do lago poderia provocar acidentes mortais no caso de um menor que não soubesse nadar tivesse a desdita de dentro dele cair. Saberia que, dada a configuração do caminho que o atravessa - lajes afastadas sem guardas - uma distracção, mesmo de um adulto, pode resultar numa queda à água. E concluiria duas coisas: que a vigilância é a melhor prevenção e que, para além da limpeza imediata, são necessários ajustes ao parque para que melhor seja usufruido.


E agradeceria, reconhecido, aos cidadãos que resolveram usar do seu direito de participação e, em tempo, lhe chamaram a atenção para um problema que os seus serviços, assessores e gabinete não tiveram capacidade para identificar.

Senhora projectista, errar é humano, persistir no erro é burrice. Como muito bem sabe e parece defender, o paisagismo "bom" não é o que condiciona caminhos e usos é o que descobre o seu segredo e o utiliza - a priori ou após alguns meses de experiência - no projecto. Desde sempre este blog, ainda que incondicionalmente a favor da ideia - o parque urbano -, se bateu pela correcção do que achava serem enganos de projecto: a ausência de costas nos bancos e o seu diminuto número, a pouca atractividade que apresenta em termos de permanência dos utentes (topografia desfavorável - uma inevitabilidade? -, ausência de um bar/esplanada), a ausência de iluminação nocturna (reservada a alguns dos percursos de atravessamento), a falta de guardas junto ao lago. Não serão estes factores as principais causas para que este parque não apresente os mesmos niveis de frequência que a Quinta das Conchas apresenta? Não corresponderia um acréscimo de visitantes a um acréscimo de atenção que, entre outras ocorrências, poderia ter evitado ou minimizado um acontecimento como o de ontem? Estaremos à espera de uma outra ocorrência nocturna para entendermos que, com ou sem luz, o parque - como caminho mais curto entre dois pontos - continuará a ser utilizado depois do pôr-do-sol e, como tal, precisa de ser bem iluminado?

Persistirão projectista, SGAL e CML na ideia de que são os utentes que se devem cingir às condicionantes do parque e não a inversa? Quantos mais acidentes e baixos índices de ocupação serão necessários para vos convencer do contrário?

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domingo, 4 de novembro de 2007

Afogamento no Parque Oeste

Uma criança afogou-se hoje num dos lagos do Parque Oeste, pelas 15h30. Quando os bombeiros, INEM e polícia chegaram, retiraram-na da água. Esteve largos minutos a ser reanimada, como se vê na fotografia, e foi depois metida numa ambulância. Não percebi se sobreviveu. Talvez amanhã saibamos, pelos jornais. Também não consegui saber o que aconteceu. Umas pessoas diziam que escorregou ao abeirar-se do lago, outros faziam constar que a tinham empurrado.

Fez-se um parque urbano muito aprazível ao olhar, com lagos, num contexto urbano de realojamento social. Dirá muita gente que os lagos foram feitos para ser vistos e não usados, que existem até uma placas a proibir mergulhos. Mas não era previsível que os miúdos ali quisessem brincar? A CML substituiu o vigilante, que durante meses cumpriu a sua missão sem mácula, por uma empresa de segurança privada que não põe cá os pés.

Este blog incitou os leitores a enviar emails ao Vereador José Sá Fernandes para que tomasse conhecimento acerca do estado de abandono que se verifica no Parque Oeste. Muitas medidas são necessárias, novos equipamentos que tragam pessoas para o espaço (que aumenta naturalmente a segurança em casos de acidente como o ocorrido hoje e se torna também elemento dissuasor para o vandalismo já registado), uma nova filosofia menos arrogante perante o utente (bancos com encosto, iluminação nocturna), e vigilância real, com pessoal do bairro. Nenhuma resposta aos vários emails enviados por este blog a Sá Fernandes chegou à redacção.

E hoje o Zé fez falta.

Quem ainda tiver esperança naquele que fez das causas dos lisboetas a sua bandeira eleitoral, ou quiser apenas manifestar o seu desagrado, pode enviar novamente um mail...


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sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Programa de Festas de Novembro, no K'Cidade

Muitas actividades, para todos os gostos, no Centro de Inovação Comunitário do K'Cidade.

[recebido por email]

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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Das memórias e outros lugares


A vida, às vezes, surpreende-nos com estas coincidências. Há três posts abaixo o Tiago relembrava-nos a esquina da sua rua de infância; do prédio que por lá feneceu até que um (in)oportuno incêndio lhe precipitou a partida; das memórias que deixou.

Das memórias que nos deixam.

Pois a tal coincidência aconteceu ontem à tarde, na minha esquina, numa das esquinas da zona que o PUAL entendeu incluir na Alta do Lumiar, um incêndio entreteve a tarde dos que passavam ociosos e complicou a vida (pelo corte das vias) aos que queriam passar.



Um incêndio num prédio devoluto há muito, presumivelmente causado por uma vela mal apagada. Nada de muito inabitual nesta Lisboa que morre, esquecida pelos proprietários e pela Câmara Municipal.


Esperem... esquecida? Coincidência das coincidências, a memória hoje em dia já não é o que era, desde que se electronizou é muito menos volátil, permite recordar com mais propriedade e melhor acuidade os factos do passado.

No dia 3 de Maio de 2004, afixou a CML na porta deste edifício um edital em que, face ao grave risco de segurança que o edifício apresentava (rigorosamente o mesmo que apresentava 3 meses antes, 1 ano antes ou na altura em que foi parcialmente demolido) se intimava o proprietário a iniciar obras de demolição num prazo máximo de 5 dias, sob pena de ser a CML a iniciar obras coercivas para o mesmo fim, com as respectivas custas e coimas a serem suportadas pelo referido proprietário. Esta história, acompanhada de alguns comentários acerca da vacuidade dos processos de obras coercivas, contei-a eu no meu finado blog a 5 de Junho do mesmo ano, constatando não se terem ainda iniciado as mesmas.




2004, 2005, 2006, 2007... Nem obras de conservação, nem intervenção camarária, apenas uma apagada e vil senilidade imobiliária que hoje se desfez parcialmente em fumo.

Pois... memórias.

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